sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Promessas para conter aquecimento global são insuficientes

Alister Doyle e Marton Kru - Reuters, via O Estado de São Paulo
As políticas das principais nações são insuficientes para limitar o aquecimento global e os Estados Unidos estão fora do rumo até mesmo na promessa fraca de limitar as emissões de gases de efeito estufa, mostrou um estudo científico nesta sexta-feira, 30.
O relatório Climate Action Tracker, divulgado nos bastidores de negociações entre os quase 200 países em Doha sobre a mudança climática, afirmou que um endurecimento das políticas ainda era possível para evitar inundações prejudiciais, ondas de calor e elevação dos mares.
Os grandes emissores China, Estados Unidos, União Europeia e Rússia têm classificações "inadequadas" para os seus planos para ajudar a limitar o aquecimento global a um teto acertado com a ONU de menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais, apontou.
Entre os maiores emissores, apenas o Japão e a Coreia do Sul têm políticas formais para os cortes que eram "suficientes". O Brasil tem classificação "média" no estudo, assim como Índia e Indonésia.
Somando-se todos os compromissos nacionais e tendo em conta o aumento das emissões, o mundo estava caminhando para um aquecimento de cerca de 3,3ºC, segundo o estudo.
"Estamos fora do rumo e os Estados Unidos provavelmente não vão cumprir a sua promessa", disse Niklas Hoehne, do grupo de pesquisa Ecofys, que compila o estudo com o Análises Climáticas e o Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático.
Ele disse à Reuters que os outros principais emissores estavam no caminho para, pelo menos, cumprir as restrições prometidas nas emissões até 2020, como parte dos esforços para evitar uma mudança grave que iria prejudicar a água e os alimentos.
Obama quer cortar emissões
O presidente norte-americano, Barack Obama, pretende reduzir as emissões dos EUA em 17% abaixo dos níveis de 2005, até 2020. O chefe da delegação dos EUA em Doha, Johnathan Pershing, reafirmou a meta e disse que Washington vem fazendo "enormes" esforços.
Mas o Senado dos EUA nunca ratificou a promessa de Obama, feita em 2009. Hoehne afirmou que os Estados Unidos poderiam intensificar a ação reduzindo as emissões de usinas de carvão existentes, dando mais incentivos para energias renováveis ou códigos de construção mais difíceis.
Pershing disse que as emissões dos EUA parecem ter atingido o pico, estimuladas por políticas de energia limpa de Obama. A meta dos EUA está sendo ajudada por uma mudança do carvão para o gás de xisto, menos poluente, e por uma desaceleração econômica.
"Dois graus é viável. É possível, mas temos que começar agora, não esperar até 2020 para agir", disse Bill Hare do Análises Climáticas. "Quanto mais você esperar, mais difícil fica", disse Michiel Schaeffer, também do Análises Climáticas.
Veja também:
RELATÓRIO: Leia o documento divulgado pelo Climate Action Tracker (em inglês)



Zona costeira fortalecida

País precisa melhorar a formação de pessoal e qualificar órgãos de gestão ambiental do setor

SOPHIA GEBRIM

A necessidade de reforço das estratégias para formação de pessoal e melhor qualificação dos órgãos de gestão ambiental, nos três níveis de governo, responsáveis pela área costeira brasileira foi destacada, nesta quarta-feira (28/11), pela gerente de Zoneamento Costeiro da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Leila Swerts, durante o encerramento da 43ª Reunião do Programa de Geologia e Geofísica Marinha (PGGM), em Cananéia, São Paulo.

O programa reúne um grupo de instituições de ensino e pesquisa com o objetivo de alinhar conceitos, métodos, formulação de projetos a nível nacional e internacional e formação de recursos humanos em oceanografia geológica, geologia e geofísica marinha e da zona costeira. Participam dele 25 órgãos, 17 instituições efetivas e oito colaboradoras, entre elas o Ministério do Meio Ambiente, universidades federais e instituições de pesquisa.

“Durante o encontro apresentamos o Sistema de Modelagem Costeira Brasileiro, reforçando as estratégias para formação de pessoal e melhor qualificação dos órgãos de gestão ambiental responsáveis pela área costeira”, afirmou Leila Swerts. Os participantes da reunião confirmaram o interesse na aproximação com a gestão costeira federal e apresentaram seus trabalhos e estudos voltados para o aumento do conhecimento sobre a base física e geológica da zona costeira no Brasil.

O PGGM nasceu no final de 1969, com o intuito de discutir diretrizes para a pesquisa oceanográfica no Brasil visando esboçar, em grandes linhas, um programa nacional que permitiria ao país se integrar em qualquer programa internacional, de modo a resguardar fundamentalmente os interesses nacionais. O grupo tem como base o avanço da Geologia e Geofísica Marinha no mundo, nas previsões de carência de recursos naturais em um futuro próximo, e na vastidão da costa e plataforma continental brasileira, discutiu sobre a filosofia do programa, meios de execução (navios), deficiências existentes, formação de pessoal e instrumentação básica necessária.

Fonte: portaL do MMA

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

COP18: Emissões de carbono do Brasil podem ter caído 35%

Queda no desmatamento ajuda, mas emissões dos setores de energia e agricultura estão subindo

Giovana Girardi - Enviada especial - Agência Estado
DOHA - A queda que a taxa de desmatamento da Amazônia vem apresentando nos últimos anos - e que chegou ao nível de 4.656 km² entre agosto de 2011 e julho de 2012 - já pode ter promovido uma queda de 35% nas emissões totais do País entre 2005 e 2011. Enquanto no resto do mundo subiu 9%.
É o que sugere uma estimativa independente das emissões do País no período feita pelo engenheiro florestal Tasso Azevedo, consultor na área de clima e florestas e ex-diretor do Serviço Floresta Brasileiro. O total de emissões brutas, que era de 2,4 gigatoneladas (Gt) de carbono em 2005, pode ter caído para 1,584 Gt em 2011. Levando em conta o que é absorvido pelas florestas, a emissão líquida pode ter diminuído de 2,19 Gt para 1,267 Gt.
O cálculo foi divulgado nesta quarta-feira, 28, pelo pesquisador para coincidir com a realização da Conferência do Clima da ONU, que é realizada até o dia 7 em Doha, no Catar, e sai à frente do governo federal, que também está finalizando o relatório com a divulgação de sua própria estimativa de emissões dos últimos anos.
O último inventário nacional das emissões nacionais foi divulgado em 2010, com dados referentes a 2005. O novo está previsto para 2014, trazendo possivelmente dados de 2010. Como o intervalo de tempo é grande e sempre reflete o passado, "as estimativas oferecem uma ideia de como está a trajetória das emissões e a tendência em relação à meta de redução prevista na política nacional de mudanças climáticas", explica Azevedo.
Trabalhando com dados e metodologia dos inventários anteriores e informações abertas dos setores disponíveis na internet ou em relatórios, a análise concluiu que a importância do setor de mudança do uso da terra (onde se encaixa o desmatamento) começa a perder importância. De um papel de cerca de 60% das emissões nacionais (1,57 Gt em 2005), ele agora responde por 1/3 do total, ou seja, 570 milhões de toneladas(Mt). Os setores de energia e agricultura, por sua vez, estão subindo um pouco, respectivamente passaram de 329 Mt para 436 Mt; e de 416 Mt para 444 Mt. Até 2011 eles ocupavam respectivamente o segundo e o terceiro lugar, mas, de acordo com Azevedo, já devem assumir o primeiro e o segundo lugar em 2012, por conta da queda de 27% na taxa do desmatamento na comparação com 2011. No total, ele acha que a emissão neste ano já pode ficar abaixo de 1,5 Gt.
De acordo com Azevedo, que apresentou os dados para a equipe da ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira e para a equipe do Ministério da Ciência e Tecnologia que está conduzindo a estimativa nacional, os números dele devem diferir em no máximo 2% dos oficias. A delegação do MMA que está em Doha não quis opinar sobre os dados antes de vê-lo, mas, pelo que o Estado apurou, a agricultura também começa a despontar com mais importância no dado oficial, principalmente por causa da pecuária.
Nesse ritmo, o País fica abaixo da meta que estabeleceu voluntariamente de reduzir até 2020 36,1% das emissões que ocorreriam no cenário de business-as-usual. Isso significa que se as emissões continuassem crescendo no ritmo que vinham até 2005, poderíamos chegar ao final da década com 3,2 Gt de emissão - a meta então era ficar em 2,08 Gt. Como os outros setores devem crescer, provavelmente chegaremos a esse valor mesmo até lá.
"A notícia é muito boa, mas a tendência para 2020 dos outros setores já é de uma curva para cima, ainda abaixo de 2005, mas apontando uma subida, então já é preciso planejar os esforços para apontar para baixo", diz.
As emissões per capita no Brasil, que chegaram a 16 toneladas de CO2/hab/ano caíram a 8 t/hab/ano em 2011. A média mundial é de cerca de 7 t/hab/ano. A estimativa do Pnuma era que em 2030 o mundo tem de estar com 36 Gt de emissões, contra as quase 50 Gt de hoje. Considerado a conta por pessoa, cai para 4,5. "A notícia é boa, mas não estamos em berço esplêndido. Nossa taxa per capita continua alta."
O que é necessário fazer, diz, é "jogar mais riqueza em cada tonelada emitida". Ou seja, melhorar a eficiência a fim de produzir mais com menos emissão. Hoje para cada tonelada emitida no Brasil, segundo Azevedo, são produzidos US$ 1.600. Para o mundo atingir suas metas, considera-se que teriam de ser US$ 20 mil/tonelada em 2050, com uma emissão total anual de "somente" 10 Gt.




terça-feira, 27 de novembro de 2012

Inpe detecta menor desmatamento da Amazônia desde 1988

Pelo quarto ano seguido, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) registrou a menor taxa de desmatamento da Amazônia Legal na série histórica, iniciada em 1988 pelo Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites (Prodes). A estimativa aponta desflorestamento de 4.656 quilômetros quadrados (km²) de agosto de 2011 a julho de 2012, com queda de 27% em relação aos 12 meses anteriores.
O resultado confirma a tendência de redução desde 2004, quando houve devastação de 27.772 km² – seis vezes o atual índice. A margem de erro é de 10% e a divulgação dos dados finais está prevista para meados de 2013.
Durante a apresentação dos dados, nesta terça-feira (27), no Ministério do Meio Ambiente (MMA), o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, afirmou que a pasta “tem todo o empenho em participar desse esforço de acompanhar o que ocorre na Amazônia e em todos os ecossistemas brasileiros”. O apoio ocorre por meio de ações executadas pelo Inpe, unidade de pesquisa em São José dos Campos (SP).
“O Inpe gera dados para o MMA atuar tempestivamente, com a fiscalização, por meio do Deter [Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real], e fornece informações de maior precisão a cada ano, com o Prodes, para determinar o desmatamento e balizar essas operações”, disse.
Raupp destacou o uso de satélites internacionais para gerar as imagens mapeadas pelo Prodes, mas recordou que Inpe e MCTI projetam e constroem tecnologia para aprimorar a capacidade da iniciativa. “Desenvolvemos um satélite maior, o CBers-3, em parceria com a China, e o Amazônia-1, feito completamente no Brasil”, lembrou. “Os dois satélites vão portar sensores desenhados especialmente para esse trabalho de monitoramento ambiental.”
Capacidade ampliada
“Nós vamos enxergar mais”, previu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. “Ao investir nessa nova família de satélites, o Brasil demonstra que prioriza o monitoramento da Amazônia.” Segundo ela, a futura tecnologia possibilita ao Inpe subsidiar de forma mais detalhada as ações de fiscalização e combate ao desmate ilegal na região, sob liderança do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama/MMA).
De acordo com o diretor do Inpe, Leonel Perondi, o Prodes ganha precisão desde 1988. “A metodologia e a base de dados [do projeto] vêm evoluindo ao longo dos anos”, contou. “Aqui temos um exemplo dos produtos e serviços desenvolvidos pelo instituto, cuja missão começa na pesquisa básica, passa pela pesquisa aplicada e chega a ações com impacto na vida da sociedade.”
Atualmente, o Inpe exporta o método para países africanos com florestas tropicais. “Existe um programa, no âmbito de uma cooperação multilateral, em que o instituto oferece essa tecnologia de monitoramento”, afirmou Perondi.
O coordenador do programa Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano, apresentou os novos dados do desmatamento. Ao evento no MMA, também compareceram a diretora de Políticas e Programas Temáticos do MCTI, Mercedes Bustamante, e o presidente do Ibama, Volney Zanardi.
Meta de redução
Izabella Teixeira comemorou o fato de o Brasil ter atingido 76,2% dos 80% de desmatamento na Amazônia que se comprometeu a reduzir até 2020. “Ouso dizer que foi a única boa notícia ambiental que o planeta teve no ano, do ponto de vista de mudanças do clima”, avaliou. “Jogar a taxa abaixo dos 5 mil km²  é um grande marco, para que a gente possa eliminar o desmatamento ilegal.”
Com a Política Nacional sobre Mudança do Clima, o país assumiu o compromisso voluntário de baixar entre 31,6% e 38,9% as emissões de gases de efeito estufa até 2020. “Cada vez que reduzimos a taxa de desmatamento, o desafio cresce”, disse Izabella. “Obviamente, temos muito trabalho pela frente.”
A partir de 2013, segundo a ministra, o Ibama passa a autuar de forma eletrônica infrações por desmatamento ilegal. “O dispositivo evita que o fiscal possa ser cooptado para errar nas coordenadas ou preencher o auto inadequadamente”, explicou Izabella. “Hoje em dia, isso alimenta uma indústria de escritórios de advocacia, que usam recursos para derrubar as multas.”
O ministro Raupp parabenizou os funcionários do Ibama responsáveis pelo desenvolvimento do projeto. “Vocês entraram na idade da inovação”, assinalou. “O MCTI defende que o futuro está na inovação, que o traz para o presente.”
Leia mais.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI 


UFRN: Congresso de Matemática Aplicada e Computacional começa amanhã

O Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET), junto com o Departamento de Matemática (DM), o Departamento de Estatística (DEST) e o Departamento de Informática e Matemática Aplicada (DIMAp) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN), promove o Congresso de Matemática Aplicada e Computacional (CMAC) - Nordeste. O evento acontece a partir desta quarta-feira, 28, até a sexta-feira, 30.

A recepção e entrega de material serão realizadas no hall dos anfiteatros do CCET a partir das 8h30. A programação é diversificada e acontece em locais diferenciados. O CMAC-Nordeste 2012 é um evento derivado do Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC), que se destaca no cenário brasileiro.

O CMAC tem como objetivo a divulgação da Matemática Aplicada e Computacional a um público amplo e a formação de capital humano na área da Matemática Aplicada e Computacional com integração, trocas de experiências e intercâmbio acadêmico e científico entre professores e pesquisadores atuantes no País.

O programa final com a programação e os locais das atividades pode ser conferido no endereço eletrônico http://www.cmac.org.br/nordeste/2012/index.php.

Texto da AGECOM da UFRN.

Nota do Blog
O Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas (PPGCC) da UFRN participará ativamente deste evento. Nos dias 28 e 29, haverá o Minisimpósio "Ciências Climáticas e suas Multidisciplinaridades", coordenado pelo Prof. Dr. Paulo Sergio Lucio, do Departamento de Estatística da UFRN. O minisimpósio ocorrerá no Anfiteatro A do CCET, das 14:00 às 15:30.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Começa a cúpula mundial da mudança climática em Doha

DOHA - A Cúpula das Nações Unidas sobre Mudança Climática começou hoje em Doha, no Catar, com a participação de cerca de 17 mil pessoas e com o objetivo de avaliar os progressos dos diferentes países na redução da emissão dos gases do efeito estufa (GEE).

A conferência, que acontece até o dia 7 de dezembro, foi inaugurada pela presidente da cúpula anterior e ministra de Relações Exteriores sul-africana, Maite Nkoana-Mashabane, no Centro Nacional de Convenções da capital do Catar.
Maite passou o bastão para o diretor da Autoridade Administrativa de Controle e Transparência do Catar, Abdullah bin Hamad al Attiyah, que assumiu o cargo de presidente da 18ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança Climática (COP18/CMP8).
Em seu discurso, a ministra sul-africana insistiu na necessidade de "caminhar com a perspectiva de 2020 e conseguir fundos para lutar contra a mudança climática". Insistiu que Doha oferece uma oportunidade única para "fazer história" e abrir um novo capítulo para 2020.
Por sua vez, Attiyah assinalou que a cúpula do Catar representa um desafio adicional, já que marca o final do primeiro período de compromisso do Protocolo de Kioto. E se mostrou "disposto a seguir escutando o que for necessário para enfrentar o desafio comum da humanidade e fazer o possível para assegurar um futuro melhor" para a geração atual e para as vindouras.
Attiyah acrescentou que esta conferência é "uma oportunidade de ouro" e apostou na transparência, na participação e no fortalecimento do papel das partes como princípios básicos para a negociação.
Antes de continuar com os discursos dos delegados dos 194 países participantes, interveio, além disso, a secretária-geral da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Christiana Figueres.
Figueres destacou que esta reunião servirá para marcar o final do primeiro período de compromisso de Koto, o que, acrescentou, chama para uma "urgente resposta contra a mudança climática". Na sua opinião, a cúpula de Doha "apresenta o desafio único de olhar em direção ao presente e ao futuro".
Esta e a primeira cúpula sobre mudança climática realizado no Oriente Médio e a maior que acontece na história do Catar. 
 
Fonte: agência Efe via Estadão
 

Ciclo de Seminário PPGCC-UFRN


 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS FATORES DE OCORRÊNCIA DE SECAS NA BACIA DO RIO GUANDU - ESPÍRITO SANTO. 

Walter Batista Junior 

Universidade Federal de Viçosa – MG


 
28/11/2012 às 09h00 na Sala do PROIN DFTE-CCET-UFRN


Resumo: A fim de compreender a dinâmica de seca relacionada com o clima e para
identificar o grau de suscetibilidade dos municípios que configuraram a bacia do Rio
Guandu para o fenômeno da seca, este estudo aplicou o Índice Padronizado de
Precipitação (SPI em Inglês) e o Índice de Susceptibilidade ao Fenômeno da Seca
(ISFS). A partir da utilização de series temporal das precipitações mensais, de 33
anos de dados, oriundas de 14 estações pluviométricas da Agência Nacional de águas
(ANA) dispostas dentro e no entorno da Bacia do Rio Guandu. As séries resultantes do
SPI foram obtidas a partir das médias móveis de 3, 6 e 12 meses (SPI3, SPI6 e SPI12)
em diferentes tratamentos para o estudo das décadas de 70, 80 e 90. Na avaliação 
dos tratamentos realizados, os SPIs apresentam os seguintes resultados: Incidência
de maior ocorrência de secas meteorológicas ou agrícolas, nas partes central e norte
da bacia, com reflexos diretos sobre as culturas de ciclo curto; as secas
hidrológicas podem acontecer ao longo de toda a bacia, com reflexos diretos sobre
culturas perenes; maior incidência de eventos secos e chuvosos na década de 90,
colocando a região em estudo sobre ameaça de ocorrência de secas (meteorológicas,
agrícolas e hidrológicas), mais intensas e de enchentes mais frequentes. Como
consequência, os resultados aqui encontrados validam a utilização do SPI, para
caracterização de diferentes tipos de secas, com o auxilio de médias móveis de
precipitação para o calculo do índice. Com relação ao estudo do ISFS, os resultados
demonstram a viabilidade de sua utilização para estudos no âmbito de bacias
hidrográficas e também validam a sua utilização em regiões exteriores ao semiárido
nordestino.
 
Nota: o evento é de acesso livre ao público interessado.
 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Semiárido em Foco aborda influência da temperatura na vida urbana

O Semiárido em Foco desta sexta-feira, dia 23, aborda o tema Temperatura e geotecnologias: relevância para os estudos urbanos no Semiárido brasileiro, com palestra do professor Erivaldo de Souza, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), Campus de Princesa Isabel.
O clima do Semiárido afeta diretamente a vida humana, sobretudo nos longos períodos de estiagens, caracterizados pelo aumento das temperaturas em níveis elevados. Este aspecto, quando associado à distribuição espacial das populações humanas sob formas inadequadas de habitação urbana, pode comprometer suas condições de vida e, inclusive, ocasionar problemas ligados à saúde humana. Assim, o objetivo da palestra é apresentar uma amostragem de dados obtidos por meio da utilização de geotecnologias voltadas à mensuração do conforto térmico em cidades do Semiárido paraibano, com o intuito de entender e eventualmente contribuir para mitigar as consequências de se viver sob condições térmicas elevadas.
Discutir este tema relacionado com temperatura, planejamento urbano, geotecnologias e saúde pública é de fundamental relevância se considerarmos que mais de 60% da população do Semiárido brasileiro reside, atualmente, na zona urbana, conforme apontou a Sinopse do Censo Demográfico para o Semiárido Brasileiro, lançada este ano pelo Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI).
A palestra ocorre a partir das 14h, na sede do INSA, em Campina Grande (PB) e é aberto ao público. 

Sobre o Palestrante
O Professor Erivaldo de Souza possui graduação em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Especialização em Geoprocessamento e Cartografia Digital pela mesma Instituição. Desde 2011, é professor do IFPB no curso de Gestão Ambiental, com atuação nos seguintes temas: geoprocessamento, aerofotos, vetorização topológica, modelagem e animação 3d, realidade virtual e termografia. 
 
Com informações do Portal do INSA.
 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Oportunidade em Sensoriamento Remoto (anúncio em inglês)

Remote sensing of Argentinean-Chilean lakes along physical and bio-climatic gradients

Project SAFER is seeking a qualified doctoral student focusing on the geomorphologic, hydrodynamic and biogeochemical classification and potential changes of major lakes in Chile and Argentina (30° a 46° S).
The project will employ a combination of tools, potentially including airborne (hyper-spectral) and/or satellite based remote sensing (MODIS etc.), calibrated against a network of situ lake sensors, field sampling
and existing field data. The student will work directly with Chilean, Argentine and U.S. based collaborators, interact with a cohort of graduate student within a multidisciplinary framework, and participate in the Global Lake Ecological Observatory (GLEON) network.

Pre-requisites: The position is offered to residents of Latin American countries, with a preference toward Chile and Argentina. Must be proficient in English (TOEFL or equivalent), enrolled in a doctoral program (or potential to enroll starting with the spring 2013 semester), with an emphasis on limnology, oceanography, remote sensing or equivalent interdisciplinary focus. Must be willing to travel extensively, become a GLEON member, and participate in the annual meeting in Bahia Blanca Argentina in November 2013.

There is funding for 1 to 4 years, depending on student performance, with additional funds of for project related expenses and participation in meetings. Candidates will be strongly supported in securing additional funding for continued studies with collaborators in U.S. based institutions (e.g., becas CONICYT or CONICET).

For more information contact: Gerardo Perillo gmeperillo@criba.edu.ar, or Brian Reid brian.reid@ciep.cl
 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Temperatura da Terra pode subir até 4 graus

Aquecimento deve ocorrer até o fim do século, segundo o Banco Mundial, se o padrão de emissões não for alterado

BRUNO DEIRO - O Estado de S.Paulo
Um relatório encomendado pelo Banco Mundial alerta para os efeitos de um aquecimento de 4°C na temperatura do planeta até o fim do século. Caso sejam mantidas as emissões nos níveis atuais, ondas de calor, longos períodos de estiagem, enchentes e outros desastres naturais deixariam de ser eventos ocasionais.
Segundo o estudo, o cenário para 2100 projeta um aumento de temperaturas de forma desigual - em áreas continentais, a temperatura pode subir até 6°C até meados de 2060. Os picos de calor ocorrerão nos países de maior latitude, mas o maior aumento de temperatura média será nos trópicos, com 15% a 20% a mais de elevação no nível do mar do que o restante do planeta. Secas e ciclones também serão mais frequentes nessas regiões, de acordo com o Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto do Clima (PIK).
Em locais como o Mediterrâneo, o norte da África e o Oriente Médio, quase todos os meses de verão devem ser mais quentes do que as ondas de calor extremo sentidas hoje. Em julho, a região do Mediterrâneo poderá ter temperaturas 9° C mais altas que as atuais.
Para o físico Paulo Artaxo, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os países mais pobres podem sofrer mais. "Países em desenvolvimento, como o Brasil, são mais vulneráveis pela falta de estrutura para lidar com desastres naturais. Além disso, temos áreas em que as temperaturas já são elevadas."
Os pesquisadores estimam que desde o período pré-industrial a temperatura já aumentou em 0,8°C. O estudo, porém, deixa claro que se as medidas de redução de emissões forem tomadas nos próximos meses ainda é possível manter o aumento em 2°C nos próximos 80 anos. "Seria o cenário mais otimista. Não é a tábua da salvação, mas poderia evitar desastres maiores", diz Artaxo.
Agricultura. Estudos da Embrapa Informática, com dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), projetam os danos causados por um aquecimento de 2ºC na agricultura do País.
"Há soluções de adaptação, como manejo diferenciado, modificações genéticas e adubagem correta. Culturas como soja, milho, arroz e feijão sofreriam riscos grandes, enquanto que para cana de açúcar e mandioca haveria aspectos positivos", diz Eduardo Assad, agroclimatologista da Embrapa. As regiões Sul e Nordeste seriam as mais atingidas.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Prêmio Vale-Capes Ciência e Sustentabilidade recebe inscrições

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) realiza a 1ª edição do prêmio Vale-Capes Ciência e Sustentabilidade. As inscrições estão abertas até às 18h do dia 26 de novembro.

Serão premiadas teses de doutorado e dissertações de mestrado defendidas em 2011, sendo avaliadas ideias, soluções e processos inovadores para questões como redução do consumo de água e energia, redução de gases do efeito estufa (GEE), aproveitamento, reaproveitamento e reciclagem de resíduos e/ou rejeitos e tecnologia socioambiental com ênfase no combate à pobreza.

A pré-seleção dos trabalhos será feita pelos programas de pós-graduação de todo o país, reconhecidos no Sistema Nacional de Pós-Graduação.

Cada programa de doutorado e de mestrado deverá instituir uma comissão de avaliação, que verificará a adequação das teses e dissertações aos temas definidos. Após a indicação dos trabalhos selecionados pela comissão de avaliação, o coordenador do programa de pós-graduação será responsável por sua inscrição junto à Capes, exclusivamente, pelo site: http://www.pvc.capes.gov.br/inscricao.

O prêmio foi criado a partir de uma parceria entre a Capes e a Vale, firmada durante a conferência Rio +20.

O edital pode ser conferido na íntegra na página da Capes: http://www.capes.gov.br/.

Seminário do PPGCC

USO DE COMPONENTES PRINCIPAIS E DOS ÍNDICES PCD E PCP NA ANÁLISE DA INTERFERÊNCIA DA VARIABILIDADE TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO NO DIMENSIONAMENTO DE CISTERNAS DE APROVEITAMENTO
DE ÁGUA DAS CHUVAS

Profa. Adelena Maia
 
Departamento de Engenharia Civil da UFRN

23/11/2012 às 14h00 no Auditório do DFTE-CCET-UFRN
Resumo: Sistemas de aproveitamento de água de chuva têm sido cada vez mais aplicados, por buscar o uso racional da água, com o seu aproveitamento direto da fonte, e o aumento da oferta hídrica. O dimensionamento de reservatórios para este aproveitamento muitas vezes é realizado através de equações empíricas que levam em consideração apenas a precipitação média anual como variável meteorológica. O presente trabalho visa comprovar que a variabilidade temporal das precipitações é um fator relevante neste dimensionamento, e avaliar como ocorre esta interferência. A área de estudo é o Estado do Rio Grande do Norte e o Método de Simulação foi o adotado para o dimensionamento das cisternas. Na primeira etapa do trabalho foram realizados estudos em doze localidades do Rio Grande do Norte, sendo utilizados os índices Precipitation Concentration Degree (PCD) e Precipitation Concentration Period (PCP) para medir a variabilidade temporal da precipitação. Na segunda etapa do trabalho, ainda em andamento, a variabilidade temporal da precipitação foi avaliada através da análise das componentes principais geradas pelas precipitações mensais de trinta e nove localidades. Na primeira etapa do trabalho concluiu-se que os índices PCD e PCP foram ferramentas capazes de indicar regiões homogêneas em termos de variabilidade de precipitação, e que a diferença de regime pluviométrico é altamente relevante no dimensionamento das cisternas, e por conta disto, deve ser considerado no processo de dimensionamento. Na segunda etapa do trabalho se observou que as componentes principais geradas foram capazes de classificar as estações de acordo com o seu padrão de distribuição temporal de precipitação.
 

Euroclima publica apresentações de workshop voltado à América Latina

Portal do MCT - 16/11/2012 - 18:11
Estão disponíveis na internet as apresentações do 2° Workshop do Euroclima, projeto da Comissão Europeia para combate aos efeitos das mudanças climáticas na América Latina. Realizado de 22 a 25 de outubro no Centro Regional do Nordeste (CRN) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), em Natal, o evento foi promovido em parceria com o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). 
Para discutir os efeitos da desertificação, degradação das terras e seca na América Latina, o encontro reuniu participantes de 16 países: Argentina, Brasil, Costa Rica, Chile, Cuba, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, além de representantes das Nações Unidas. O download das apresentações pode ser feito aqui.
Entre as atividades, nos dias 22 e 23 foi realizado um curso prático sobre o TerraMA2, plataforma computacional open source desenvolvida no Inpe destinada a qualquer usuário interessado em desenvolver o seu próprio sistema operacional de riscos ambientais. Vinte e quatro pesquisadores participaram do curso, organizado pelo coordenador do Lapis, Humberto Barbosa, e por Eymar Lopes, da Divisão de Processamento de Imagens do Inpe.
Nos dias 24 e 25 foram apresentados e discutidos os dados históricos ambientais de cada país, o cenário atual e as ações presentes e futuras de gestão ambiental.
“A reunião serviu como uma plataforma de capacitação para formação de redes regionais e troca de experiência na América Latina. O objetivo é aproximar a investigação científica e a aplicação prática de metodologias para monitorar e mitigar os problemas de desertificação, degradação e seca na região”, informa pesquisadora do CRN Neusa Paes Leme, uma das organizadoras do evento, que teve ainda como responsáveis Paulo Barbosa, da Comissão Europeia, e Humberto Barbosa.
Também transmitido ao vivo pela web, o evento registrou a participação de 650 internautas.
Texto: Ascom do Inpe

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Desmatamento da Amazônia

Texto de Caroline Faria para a InfoEscola
A Amazônia ocupa uma área de mais de 6,5 milhões de km² na parte norte da América do Sul, passando por nove países: o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
85% dessa região fica no Brasil (5 milhões de km², 7 vezes maior que a França) em 61% do território nacional e com uma população que corresponde a menos de 10% do total de brasileiros. A chamada “Amazônia Legal” compreende os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão perfazendo aproximadamente 5.217.423km².
Quando falamos em desmatamento na Amazônia é comum as pessoas confundirem a região citada acima com o estado do Amazonas, o que limita a compreensão do verdadeiro problema que essa região enfrenta. Em toda a região amazônica calcula-se que cerca de 26.000km são desmatados todos os anos.
No Brasil, só em 2005 foram 18.793km² de áreas desmatadas, sendo que uma das principais causas é a extração de madeira, na maior parte ilegal. Segundo dados do Grupo Permanente de Trabalho Interministerial Sobre Desmatamento na Amazônia, desde 2003 foram apreendidos cerca de 701mil m³ de madeira em tora provenientes de extração ilegal. Devido à dificuldade de fiscalização e a pouca infra-estrutura na maior parte da região, alguns moradores se vêem forçados a contribuir com a venda de madeira ilegal por não terem nenhum outro meio de renda ou mesmo por se sentirem coibidos pelos madeireiros. Até mesmo alguns índios costumam trabalhar na atividade ilegal de extração de madeira, vendendo a tora de mogno, por exemplo, a míseros R$30, quando na verdade, o mogno chega a valer R$3 mil reais no mercado.
Outras causas apontadas são os crescimentos da população e da agricultura na região. Até 2004, cerca de 1,2 milhões de hectares de florestas foram convertidas em plantação de soja só no Brasil. Isso porque desmatar áreas de florestas intactas custa bem mais barato para as empresas do que investir em novas estradas, silos e portos para utilizar áreas já desmatadas.
Além de afetar a biodiversidade (a Amazônia possui mais de 30% da biodiversidade mundial), o desmatamento na Amazônia afeta, e muito, a vida das populações locais que sem a grande variedade de recursos da maior bacia de água doce do planeta se vêem sem possibilidade de garantir a própria sobrevivência, tornando-se dependentes da ajuda do governo e de organizações não governamentais.
Nos últimos anos a Amazônia Brasileira vêm registrando a pior seca de sua história. Em 2005, alguns lagos e rios tiveram sua vazão reduzida a tal ponto que não passavam de pequenos córregos de lama, alguns até chegaram a secar completamente, ocasionando a morte dos peixes. O pior é que esse efeito tende a se agravar com o tempo. Com os rios secando e a diminuição da cobertura vegetal, diminui a quantidade de evaporação necessária para a formação de nuvens, tornando as florestas mais secas.
Contudo, diversas ações vêm sendo tomadas pra impedir que o pior aconteça e preservar toda a riqueza proporcionada pela Amazônia. ONG’s como o Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF, IPAM (Instituto de Pesquisas da Amazônia) e diversas outras entidades, realizam campanhas e estudos com o objetivo de divulgar e facilitar o desenvolvimento sustentável e a recuperação das áreas degradadas da Amazônia no Brasil. Quanto às iniciativas do governo, 19.440.402 hectares foram convertidos em Unidades de Conservação (UC) na Amazônia de 2002 a 2006, totalizando 49.921.322ha, ou, 9,98% do território. Sem contar os 8.440.914ha de Flonas (Floresta Nacional) criadas em territórios indígenas. Outro projeto que visa à consolidação de Unidades de Conservação na Amazônia é o projeto ARPA (Áreas Protegidas da Amazônia) que tem como meta atingir um total de 50milhões de hectares de UC até 2013 e conta com apoio e investimentos de instituições como o Banco Mundial e o WWF.
Fontes:
- Amazonia.org.br
- Asociación Latinoamericana para los Derechos Humanos
- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
- Sistema Brasileiro de Vigilância da Amazônia
- Greenpeace

Nasa mostra retrato do ar na Terra


A Nasa divulgou uma imagem de alta definição que mostra concentrações na atmosfera de poeira (em vermelho), levantada da superfície pelo vento; de sal marinho (azul), carregado por ciclones; de fumaça (verde) produzida por incêndios; e de partículas de sulfato (branco), emitidas por vulcões e combustíveis fósseis.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Desmatamento na Amazônia

Em outubro de 2012, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou 487 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representou um aumento de 377% em relação a outubro de 2011 quando o desmatamento somou 102 quilômetros quadrados. Devido a cobertura de nuvens, foi possível monitorar 83% do território, um valor bem superior a outubro de 2011 (51%).
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2012 a outubro de 2012 totalizou 1.151,6 quilômetros quadrados. Houve  aumento de 125% em relação ao período anterior (agosto de 2011  a outubro de 2011) quando o desmatamento somou 511 quilômetros quadrados.
Em outubro de 2012, pouco mais de um terço (36%) do desmatamento ocorreu no Pará e um pouco menos (30%) em Mato Grosso. O restante ocorreu no Amazonas com 17%, Rondônia com 12% e outros Estados (Acre, Tocantins e Roraima).
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 266,5 quilômetros quadrados em outubro de 2012. Em relação a outubro de 2011, quando a degradação florestal somou 456 quilômetros quadrados, houve uma diminuição de 42%.
A degradação florestal acumulada no período (agosto 2012 a outubro 2012) atingiu 611 quilômetros quadrados. Em relação ao período anterior (agosto de 2011 a outubro de 2011), quando a degradação somou 1.245 quilômetros quadrados, houve redução de 51%.
Em outubro de 2012, o desmatamento detectado pelo SAD comprometeu 26 milhões de  toneladas de CO2 equivalente.  No acumulado do período (agosto 2012 a outubro de 2012) as emissões de CO2 equivalentes comprometidas com o desmatamento totalizaram  57 milhões de toneladas, o que representa  um aumento de 27% em relação ao período anterior (agosto de 2011 a outubro de 2011).

Veja mais em:
Martins, H., Fonseca, A., Souza Jr., C., Sales, M., & Veríssimo, A. 2012. Boletim Transparência Florestal da Amazônia Legal (outubro de 2012) (p. 13). Belém: Imazon.
Visitando o site do IMAZON ou leia mais no Portal do UOL.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Simpósio de sensoriamento remoto recebe artigos até 18/11/2012

13/11/2012 - 19:31
Foi prorrogado até domingo (18) o prazo para submissão de trabalhos ao 16º Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), que será realizado em Foz do Iguaçu (PR) de 13 a 18 de abril. Promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) e pela Sociedade de Especialistas Latino-Americanos em Sensoriamento Remoto (Selper), o evento é considerado o maior do Brasil sobre tecnologias relacionadas a satélites e geoprocessamento.  
É possível submeter trabalhos em duas categorias – Artigos ou Artigos de Iniciação Científica. Os aprovados serão apresentados em sessão técnica oral ou em sessão interativa de painéis, a critério do comitê técnico-científico responsável por analisar os trabalhos submetidos.
O comitê levará em conta a importância e a originalidade do assunto, a pertinência do tema ao simpósio e o rigor científico, entre outros aspectos.
Leia mais. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Campanha científica monitora chuvas no Sul

Um sistema de acesso aberto na internet trará informações atualizadas sobre chuvas na região de Santa Maria (RS). O SOS Chuva Sul, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), também reunirá dados de descargas elétricas, monitoramento da precipitação, previsão imediata e imagens de satélites, além dos acumulados de chuva por municípios e bacias hidrográficas nos últimos dias.
O sistema faz parte do Projeto Chuva, que iniciou sua quinta campanha científica, e será realizado até 15 de dezembro no Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais (CRS) do Inpe, situado no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Nesta campanha, serão feitas medições de intensos aglomerados de precipitação, denominados complexos convectivos de mesoescala (CCMs), frentes frias, linhas de instabilidade e convecção local.
Campanhas científicas do Projeto Chuva já foram realizadas em Alcântara (MA), Fortaleza, Belém e São José dos Campos (SP). As próximas acontecerão em Brasília e Manaus.
“Nas campanhas anteriores o SOS foi extremamente útil para as ações da Defesa Civil e para a população em geral, pois mostra em tempo real as condições de tempo, os riscos de eventos extremos e os acumulados em cada município que permitem verificar os locais que estão mais vulneráveis”, diz o pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe Luiz Augusto Toledo Machado, coordenador do projeto.
Como nas outras campanhas, durante o Chuva Sul serão promovidos cursos de treinamento sobre os temas estudados e sobre a previsão de eventos extremos, ministrados por especialistas do Brasil, dos Estados Unidos, da França e da Argentina. Será, ainda, realizado o projeto piloto de previsão por conjuntos, utilizando multimodelos regionais de alta resolução (Brams, WRF e ETA), sob a responsabilidade do pesquisador Christopher Cunningham, do CPTEC.

Texto: Ascom do Inpe

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

UFRN: Pós-Graduação em Ciências Climáticas está com inscrições abertas

As inscrições para o Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas (PPGCC) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão abertas até o dia 12 de novembro, para o período de 2013.1.

Estão sendo oferecidas 10 vagas para Doutorado e 10 para o Mestrado, sendo quatro delas para o Programa de Qualificação Institucional (PQI) da UFRN.

Podem se candidatar à seleção para o mestrado graduados em curso superior reconhecido pelo Ministério de Educação e Cultura, em qualquer área do conhecimento que tenha afinidade com as linhas de pesquisa do mestrado do PPGCC. No caso do doutorado, o candidato precisa ter concluído mestrado reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

A documentação deve ser entregue na secretaria do programa, no horário das 9h às 12h e das 14h às 17h, ou enviada por via postal. Neste último caso, a documentação completa deverá ser postada até o dia 12 de novembro via SEDEX e chegar à Secretaria do PPGCC até o dia 15 de novembro.

Os editais completos estão disponíveis no seguinte link: 


Cientistas querem saber como nuvens influenciam mudança do clima

Estudo feito por cientistas dos Estados Unidos, publicado nesta quinta-feira (8) na revista “Science”, apresenta uma metodologia que poderá fornecer mais detalhes sobre o efeito das nuvens sobre a temperatura da Terra.
Elaborada pelos pesquisadores John Fasullo e Kevin Trenberth, ambos do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR), dos Estados Unidos, o método usa como parâmetro a umidade relativa do ar, um indicador que poderá ser inserido em modelos climatológicos usados em centros mundiais de pesquisa.
Assim como dióxido de carbono (CO2) influencia na alteração da temperatura, as nuvens também podem interferir no clima. Elas têm um duplo efeito de regulação da temperatura do planeta.
De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), as nuvens que se formam em regiões altas, a até 18 km de distância da superfície terrestre (como a cumulus nimbus), refletem os raios do sol para o espaço e proporcionam um “esfriamento” da Terra. Já nuvens que se encontram mais próximas do solo retêm o calor emitido do solo (radiação infravermelha) e criam uma espécie de “estufa”.
“O que [a metodologia] tentará saber é: quando o planeta se aquecer, qual dos dois sistemas de nuvens predominará? Se as nuvens predominantes forem aquelas que absorvem o calor do solo, a temperatura global pode aumentar em 5 ºC. Já no cenário otimista, se predominarem nuvens que absorvem a radiação do sol, o planeta esquentará menos”, explica Artaxo.
Ele diz ainda que outro ponto importante para ser respondido é a interação das nuvens com os gases causadores do efeito estufa. No entanto, segundo Artaxo, a falta de dados sobre a formação de nuvens ao longo dos tempos é um dos principais problemas enfrentados pelos cientistas, que não conseguem desenhar cenários de mudança climática com esses dados.

Mais informações no Portal G1.

Mudança Climática: O Fim dos Maias

Mudança climática pode ter ajudado a destruir civilização maia, diz estudo

Cientistas avaliaram chuvas na América Central para chegar à conclusão.
Grandes secas desencadearam fim do povo maia, sugere pesquisa.

Cientistas de universidades dos Estados Unidos, da Alemanha, da Grã-Bretanha e da Suíça realizaram um estudo que aponta que mudanças climáticas ocorridas no passado podem ter contribuído para o crescimento e o fim da civilização maia clássica, que habitou a região da América Central há mais de mil anos.
O estudo foi publicado no site da revista "Science", nesta quinta-feira (8). De acordo com os pesquisadores, já era cogitada a hipótese de que o clima pode ter causado a desintegração da sociedade maia, mas ainda não havia medições precisas sobre como e quando estas mudanças climáticas ocorreram.

Leia mais no Portal G1

 

Uma Nova Terra?

Segundo o portal G1, pode ter sido descoberto uma nova Terra, planeta com condiçõs físicas semelhantes às da Terra:

"Um novo planeta localizado na "vizinhança" da Terra, a 42 anos-luz, poderia ter o clima e a atmosfera parecidos com os nossos e ser capaz de abrigar vida, aponta um estudo feito por astrônomos das universidades de Hertfordshire, na Inglaterra, e Goettingen, na Alemanha.
Essa "super-Terra", denominada HD 40307g, fica em um sistema de seis planetas e orbita a chamada zona habitável, distância da estrela principal onde a água, se estiver presente, pode ser encontrada em estado líquido."

Trata-se de uma descoberta importante, uma vez que poderemos ter encontrado uma situação similar à Terra, e que pode nos ajudar a compreender o clima em nosso planeta. Abaixo publicamos uma nota do Prof. Dr. José Dias, pesquisador da UFRN na área de exoplanetas.

Nota do Prof. José Dias

Excelente notícia a descoberta desta super-terra. Para contextualizar é importante dizer que um planeta extra-solar, ou exoplaneta é um planeta fora do Sistema Solar e que hoje  já foram  descobertos  mais de  800 destes tais planetas.  Há uma expectativa que existam bilhões de planetas na Via Láctea (a nossa galáxia).

Alguns destes exoplanetas são relativamente leves, sendo somente algumas vezes mais massivos que a Terra, estes são conhecidos como "Super-Terras".  Algumas destes abrigam condições climáticas favoráveis a  existência de água no seu estado  liquido.  Os estudos estatísticos mais recentes  indicam que estas super-terras são mais frequentes que os  planetas gigantes (planetas gasosos e  bem maiores que Júpiter).

Desta forma, a descoberta de planetas extra-solares do tipo Super-Terras, e que orbitam uma  zona habitável (onde é possível encontrar água no estado  líquido) é sempre de grande interesse e muito excitante.  O planeta encontrado em torno da estrela HD 40307, faz parte de um sistema planetário  composto por 6 planetas que circunda a estrela central e esta "Super-Terra"   encontra-se exatamente a uma distância na qual pode-se ter água na forma liquida em sua  superfície.

Tais descobertas de planetas que possam apresentar possibilidade físico-químicas adequadas a hospedagem da vida fora da terra intensificaram a busca por  vida extraterrestre.  No meu grupo há alunos em doutoramento que
trabalham na triagem de estrelas muito parecidas com o Sol (Gêmeas solares) na esperança de contribuir na busca de planetas do tipo terra nestas estrelas.

Saudações Astronômicas 
José-Dias
 
 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Bolsas para Cambridge: Física da Sustentabilidade

Universidade de Cambridge oferece bolsa em Física

Agência FAPESP – O Winton Programme for the Physics of Sustainability, no Departamento de Física da Universidade de Cambridge, Reino Unido, oferece bolsas de estudos para pós-doutorado em Física da Sustentabilidade, com início em outubro de 2013.
O apoio cobrirá as despesas com encargos da universidade, além de oferecer um valor de 13.590 libras por ano para gastos de manutenção e contribuição para gastos em pesquisa.
A seleção está aberta a candidatos de outros países. “Não temos restrições com relação aos candidatos, que podem ser de todo o mundo, mas nos anos anteriores tivemos muito poucas submissões de candidatos do Brasil”, disse Nalin Patel, gerente do programa.
Por conta disso, Patel destaca que gostaria de ver maior interesse pela oportunidade por parte de pesquisadores brasileiros. Serão selecionados em torno de sete bolsistas.
“Os candidatos devem trabalhar em uma área relacionada à Física da Sustentabilidade e devem ter um supervisor em um departamento de Física, embora cossupervisão com outro departamento seja permitida”, disse.
Os interessados devem preencher o formulário de interesse disponível em www.winton.phy.cam.ac.uk/expression-of-interest-form-2013 e enviá-lo para o e-mail winton@phy.cam.ac.uk até o dia 4 de dezembro de 2012.
Mais informações sobre a bolsa podem ser obtidas com o professor Patel pelo e-mail nlp28@cam.ac.uk. Uma proposta de pesquisa com duas páginas deverá ser enviada após requisição até 14 de fevereiro de 2013.
Mais informações sobre o programa: www.winton.phy.cam.ac.uk/directory/scholars.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Inpe lança boia de meteorologia e oceanografia na Antártica

Estudos sobre as interações entre o oceano, a zona costeira e a atmosfera na região da ilha Deception, na Antártica, serão beneficiados com os dados coletados por novos equipamentos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI). No âmbito do projeto Interception, o lançamento e a ancoragem de uma boia meteo-oceanográfica de grande porte foram realizados entre quinta-feira (1°) e sábado (3), durante as atividades da 31ª Operação Antártica do Programa Antártico (Proantar).
Foi a primeira vez na história do Proantar que esse tipo de instrumento foi lançado em águas polares por um navio brasileiro – o Navio Polar Almirante Maximiano, da Marinha. A boia, de aproximadamente 700 quilos e 2 metros (m) de diâmetro, abriga vários sensores oceanográficos e meteorológicos e uma plataforma (PCD-Argos) que permite o recebimento dos dados medidos em tempo quase real.
Os meteorologistas Marcelo Santini e Rose Freitas, do Centro Regional Sul (CRS) do Inpe, coordenaram o lançamento nas águas da baía de Port Foster, na ilha Deception, formada por um vulcão ativo cujo cume se projeta para fora da água acima do nível do mar – a forma de ferradura permite a entrada de navios na área da cratera vulcânica destruída.
“O forte aquecimento das águas costeiras do Oceano Austral encontradas na baía semifechada interna da ilha regula localmente os fluxos de calor na interface com a atmosfera, no oceano aberto adjacente e também na zona costeira contígua à ilha”, diz o pesquisador do CRS/Inpe em Santa Maria (RS) Ronald Buss, que coordena o Interception – Interações Oceano-Atmosfera-Zona Costeira em Microescala na Ilha Deception, arquipélago das Shetland do Sul, Antártica. O projeto foi motivado pela completa falta de dados meteo-oceanográficos na região.
O diretor do Inpe, Leonel Perondi, destaca que o sistema foi completamente construído e integrado por uma empresa brasileira. “Assim, nesta realização, cumprem-se dois importantes objetivos da atuação do instituto: avanço do conhecimento científico e suas aplicações e avanço da qualificação da indústria nacional para o projeto e fabricação de produtos com conteúdo tecnológico”, comenta.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Simpósio discute desenvolvimento sustentável para Norte e Nordeste

Mudanças climáticas e desenvolvimento regional são algumas das questões em discussão no 6º Simpósio Amazônia: Desenvolvimento Regional Sustentável nas Regiões Norte e Nordeste, que o Congresso Nacional realiza ao longo desta terça-feira (6) – veja a programação. O evento é promovido por duas comissões: a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado (CDR) e a Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional da Câmara (CAINDR).
Para o senador Wellington Dias (PT-PI), que participou da abertura, eventos como esse permitem debater um planejamento conjunto para essas regiões, “inclusive porque há muitos problemas em comum”. Como exemplo, ele citou a discussão de um modelo tributário e fiscal que penalize menos a população de baixa renda.
Por outro lado, o senador, que é presidente da Subcomissão Permanente de Desenvolvimento do Nordeste, avalia que o conhecimento acumulado, “que não existia décadas atrás”, também permite um planejamento mais específico para cada estado.
– Não é possível pensar em uma economia verde sem um olhar específico. Há, por exemplo, muitos Nordestes – declarou.
Já o deputado federal Sarney Filho (PV-MA), que é presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara (CMADS), lembrou que, “como o resto do mundo, o Brasil está vivendo os efeitos das mudanças climáticas”. Ele citou estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) segundo o qual as áreas mais vulneráveis do país a essas mudanças seriam a Amazônia e a Região Nordeste.
Terras degradadas
Também participam do simpósio pesquisadores de diversas entidades. Paulo Barreto, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) é um deles. Ele argumentou, na manhã desta terça-feira, que o país pode aumentar sua produção agropecuária sem aumentar o desmatamento – uma das soluções, afirmou, é elevar a produtividade dos pastos já existentes. Outra solução sugerida pelo pesquisador para estimular a produtividade e reduzir o desmatamento é o uso do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).
Outro expediente defendido por vários participantes do simpósio foi o uso de mecanismos financeiros que compensem a ação de agricultores que implementem práticas sustentáveis. Um dos defensores dessa medida foi o diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Paulo Moutinho.
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


Fenômenos climáticos extremos e conectados

Por Washington Castilhos
Agência FAPESP – Teleconexões são associações remotas. O que acontece em um lado do planeta pode ter efeito no outro lado. Um exemplo é o El Niño, fenômeno climático de origem tropical provocado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, produzindo seca no Nordeste brasileiro e chuvas intensas no Sul do Brasil, entre outros efeitos.
Outro exemplo de teleconexão remete à origem do El Niño: a causa do fenômeno – o aquecimento do Pacífico oeste – pode estar relacionada ao aquecimento do Oceano Índico.
Segundo José Marengo, pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a identificação de teleconexões e a análise de suas influências na circulação atmosférica podem ser úteis para a compreensão da ocorrência de eventos anômalos em várias partes do mundo.
“Teleconexões estão associadas a causas naturais e não à influência antrópica. Em uma fase de tempo de 100 anos, podem ser observados diferentes padrões de oscilação, com efeitos sobre o clima de uma determinada região, como o El Niño, a Oscilação Decanal do Pacífico e a Oscilação do Atlântico Norte. Estamos vivendo, por exemplo, um período mais frio do Oceano Pacífico, com o Atlântico desempenhando um papel mais importante”, disse Marengo, que é membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), no Simpósio Inter-relações Oceano-Continente no Cenário das Mudanças Globais, realizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em outubro.
Estudos recentes mostram que o El Niño tem diferentes facetas. Ao analisar os fenômenos ocorridos entre 1900 e 2012, o grupo liderado por Edmo Campos, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo observou 14 eventos mais secos e 14 mais molhados.
“A explicação para isso vem do Atlântico Sul, que tem papel determinante para saber se o El Niño será ‘seco’ ou ‘molhado’. No Atlântico ocorre uma série de fenômenos importantes para o clima global. O El Niño não depende do Atlântico, mas, a partir das relações entre este e o Oceano Pacífico, seus impactos serão diferentes”, disse Campos, que coordena projetos de pesquisa financiados pela FAPESP, como o “Impacto do Atlântico Sul na célula de circulação meridional e no clima”.
De acordo com Campos, observações e modelos indicam que variações na célula de revolvimento meridional (em inglês Meridional Overturning Cell, MOC) estão fortemente relacionadas a importantes mudanças climáticas. Até o momento, a maior parte das observações tem se concentrado no Atlântico Norte.
“Entretanto, estudos indicam que o Atlântico Sul não é um mero condutor passivo de massas de água formadas em outras regiões e que mudanças no fluxo de retorno da MOC no Atlântico Sul poderiam impactar significativamente o clima regional e global”, disse Campos à Agência FAPESP.
“Dessa forma, uma MOC enfraquecida resulta em um Atlântico Sul mais quente, o que pode implicar mais chuva no Nordeste brasileiro. O El Niño passou a ter um papel mais passivo, enquanto o Oceano Atlântico tem hoje um papel mais ativo”, destacou.
Eventos extremos
Björn Kjerfve, presidente da World Maritime University (WMU), na Suécia, ressalta que os oceanos têm papel preponderante em qualquer cenário de mudança climática. “Os oceanos são reguladores do clima do planeta. Se a temperatura média da Terra aumentar em 1 grau, uma determinada quantidade de gelo vai derreter”, disse Kjerfve no simpósio.
O aquecimento do Atlântico Sul resultou no furacão Catarina, que atingiu a região sul do Brasil em março de 2004. O aquecimento do Atlântico Norte levou à formação do Sandy, que atingiu a costa leste dos Estados Unidos há poucos dias. “Furacões têm uma relação próxima à temperatura do mar. Eles só ocorrem se a temperatura da superfície do oceano estiver acima de 26º graus. O Catarina aconteceu porque de alguma forma a temperatura da água estava acima da média”, disse Campos.
Ao persistir a tendência do aquecimento das águas do Atlântico Sul, o Brasil poderá ver a passagem de novos furacões. “Na média global, a quantidade de chuva aumentou e a temperatura do planeta também, mas não sabemos se isso criará condições favoráveis para a ocorrência desses eventos”, disse Campos, lembrando que os relatórios do IPCC não apontam para uma resposta definitiva sobre a ocorrência de eventos extremos, como os furacões.
O inverno quente e início de primavera frio experimentados pelo Brasil em 2012 podem significar um ajuste natural. “Estamos saindo de um período seco. Isso é atribuído ao aquecimento global, que tem causas naturais e antrópicas. O ser humano amplifica o aquecimento. Porém, não se pode atribuir essas anomalias exclusivamente à ação antrópica”, disse Campos, que coordena o Projeto Pirata, programa de cooperação entre Brasil, França e Estados Unidos criado em 1995 para observar o Oceano Atlântico.
“Sabemos muito mais do Pacífico do que do Atlântico. A conexão mais importante entre o oceano e a nossa costa é a região tropical, por isso é importante monitorar a região de bifurcação com o Sul equatorial. O pré-sal, por exemplo, será afetado por fenômenos que ocorrem muito distante dali”, disse o professor do IO-USP.
“Em termos de ciência oceanográfica, ainda não avançamos muito. Mas o primeiro país a sofrer alterações diretas em função das variações do Atlântico Sul será o Brasil. Estamos conectados com o Atlântico, por isso o país precisa ser a referência dos estudos sobre o Atlântico Sul”, disse Campos.