O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, e o
comissário europeu para Pesquisa, Ciência e Inovação, Carlos Moedas,
assinaram nesta terça-feira (17), no Rio de Janeiro, uma declaração
conjunta de intenções a fim de ampliar a cooperação entre o Brasil e a
União Europeia (UE) em pesquisas oceanográficas focadas no Oceano
Atlântico.
O acordo abrange projetos relacionados à abordagem ecossistêmica;
mudanças climáticas; sistema de observação e modelagem; segurança
marítima; saúde e bem-estar; protocolos de amostragem; acesso e uso de
dados; e novas tecnologias para atender as necessidades da sociedade.
Para o ministro Celso Pansera, o acordo bilateral é estratégico,
tanto para o Brasil quanto para a União Europeia por permitir um
intercâmbio maior entre os pesquisadores das duas regiões. Além disso,
ele frisou a relevância brasileira na pesquisa do Atlântico Sul, parte
fundamental para entender o funcionamento de todo o Atlântico, inclusive
nas porções Tropical e Norte.
“A proposta de uma colaboração em pesquisa no Atlântico permite
intensificar a troca de pesquisadores e formação conjunta de recursos
humanos em pesquisa marinha, bem como aumentar a produção de
conhecimento sobre o Atlântico”, afirmou o ministro. “O Brasil é, hoje,
um parceiro importante na pesquisa oceânica global. Fato é que a
pesquisa oceânica de escala global não pode ser realizada senão pelas
vias colaborativas e da intensa troca entre parceiros, em especial
parceiros da Europa”, completou.
Atualmente, a UE conta com 11 projetos de pesquisa marinha no
Atlântico Norte. Segundo Carlos Moedas, é possível aplicar parte do
conhecimento adquirido nos estudos naquela região na parte austral do
oceano. Para tanto, é preciso maturar a parceria com o Brasil no
Atlântico Sul. O comissário europeu estipulou um prazo de seis meses
para estruturar todo o projeto.
“A experiência que temos é que queremos montar no próximo ano um
programa de ciência em que vamos ter exatamente os tópicos no detalhe do
que poderemos fazer em conjunto”, contou. “No nosso acordo sobre o
Atlântico Norte temos 11 projetos em funcionamento, alguns deles em
parceria com o próprio Brasil, a África do Sul. Poderemos replicar,
eventualmente, projetos muito similares a esse, e os projetos do Norte
também poderão funcionar com o próprio Sul”.
“O Atlântico é um só. Teremos seis meses para avaliar e ver todos
esses números. Primeiro, é importante a vontade política, e depois
definir um programa de ciência”, observou Moedas.
Temas
Sete áreas foram elencadas como prioritárias para a cooperação
bilateral: observação oceânica transatlântica e sistemas de previsão;
segurança alimentar, incluindo aquicultura; conservação e uso
sustentável da biodiversidade do Atlântico, incluindo usos inovadores
como biotecnologia; tecnologia oceânica; mentalidade marinha; interações
continente-oceano, incluindo fluxo de nutrientes; e pesquisa polar,
especialmente as interligações entre o Atlântico e a Antártica.
Os temas selecionados estão sendo discutidos no Workshop Cooperação
Brasil-União Europeia em Pesquisa Marinha, que termina nesta
terça-feira. O encontro acontece na sede da Academia Brasileira de
Ciências (ABC) e reúne pesquisadores brasileiros europeus para discutir
aspectos da cooperação entre as regiões.
“São vários os campos para o fortalecimento dessas atividades e que
essas potencialidades foram perfeitamente levantadas e discutidas
durante as sessões. Diante desta constatação, quero reiterar o
compromisso do MCTI e do governo brasileiro em aprofundar os laços com a
União Europeia em pesquisa marinha”, ressaltou Pansera.
Pesquisa conjunta
Com o acordo de cooperação, Brasil e União e União Europeia passam a
compartilhar informações sobre as atividades desenvolvidas em cada área e
a discutir as prioridades para ações conjuntas, o que vai permitir a
identificação de desafios e metas comuns, bem como oportunidades de
cooperação técnica e científica e o compartilhamento de apoio técnico e
logístico.
Além disso, o planejamento das atividades de pesquisa e processos
inovadores será alinhado e complementado entre pesquisadores brasileiros
e europeus para assegurar sinergias e evitar eventual duplicação de
esforços para pesquisa marinha no âmbito da cooperação bilateral. A
parceria prevê ainda o intercâmbio de pesquisadores e técnicos entre
universidades e institutos de pesquisa brasileiros e europeus.
Parte importante desta parceria é o Navio de Pesquisa
Hidroceanográfico Vital de Oliveira. A estrutura de laboratórios da
embarcação será um fator preponderante para a qualidade dos estudos a
serem conduzidos pela parceria entre brasileiros e europeus, de acordo
com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O Vital de Oliveira está em missão conjunta entre Brasil, Estados
Unidos e França para a instalação de boias fixas de monitoramento de
dados no Atlântico Norte, no âmbito do Projeto Pirata. A expectativa é
que a embarcação atraque em águas brasileiras em 4 de dezembro.
Colaboração em pesquisa no Atlântico Sul e Tropical
Em outubro de 2015, Brasil, Argentina, África do Sul, Angola e
Namíbia, juntamente com representantes dos estados membros da UE,
começaram o processo de definição de uma agenda para colaboração em
pesquisa científica no Atlântico Sul e Tropical. No Workshop Sul-Sul,
realizado em Brasília (DF), Brasil e África do Sul assinaram uma
declaração com o objetivo de aperfeiçoar os mecanismos de cooperação em
pesquisa oceânica. Está prevista a criação de um grupo de trabalho para
formular uma agenda que estimule projetos concretos a partir de
instrumentos nacionais e internacionais existentes.
“A coordenação em pesquisa marinha com a União Europeia agrega à
cooperação que estamos formando com nossos parceiros da África do Sul”,
destacou Celso Pansera.
Fonte: MCTI via Jornal da Ciência
Nenhum comentário:
Postar um comentário