Nível do mar sobe alguns milímetros por ano. Situação ainda não preocupa especialistas
LUCIENE DE ASSIS
Até
 o dia 16 de maio, a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) 
enviará à Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental (SMCQ)
 do Ministério do Meio Ambiente (MMA) relatório contendo as conclusões 
oferecidas pelos integrantes da Força Tarefa da Zona Costeira para o 
Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas (PNA). O documento se
 baseia em mais de um ano de discussões, consolidadas durante oficina 
encerrada nesta terça-feira (29/04), em Brasília. Representantes da 
academia, pesquisadores, especialistas, órgãos gestores e de 
gerenciamento da informação estão preocupados com as possíveis 
consequências que as mudanças no clima possam acarretar contra os 45 
milhões de brasileiros que moram no litoral.
O aumento do nível 
das águas do mar é um dos elementos estudados pelo grupo. De acordo com o
 gerente de Geodésia e Cartografia do Instituto Brasileiro de Geografia e
 Estatística (IBGE), Cristiano Francisco Orlando, que integra a Força 
Tarefa, o monitoramento do nível do mar começou a ser feito pelo órgão 
há mais de 50 anos, ainda na década de 1960, no litoral de Santa 
Catarina. “Constatamos que o nível do mar vem subindo alguns milímetros 
por ano, mas, por enquanto, isso não é preocupante”, assegurou.
CONSTRUÇÃO COLETIVA
A
 versão final do documento, a ser consolidado pela FGV-SP, conterá as 
prioridades identificadas pelos especialistas e técnicos que integram o 
grupo, além de indicar prazos e propor ações. “Vamos sistematizar todo o
 conteúdo das discussões, contando como foi o processo de construção 
coletiva e a participação de todos os atores, objetivando subsidiar a 
elaboração do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas (PNA)”,
 explicou a gestora de Relacionamento e Mobilização do Centro de Estudos
 em sustentabilidade da FGVSP, Maria de Toledo Piza.
A primeira 
versão do PNA deve estar concluída até o final deste ano e será 
apresentada aos integrantes do Comitê Interministerial sobre Mudança do 
Clima (CIM), segundo explicou a analista ambiental do Departamento de 
Licenciamento e Avaliação Ambiental da SMCQ, Mariana Egler. Até o final 
de 2015, o CIM deverá aprovar e publicar a versão final do PNA. 
“Trata-se de um trabalho pioneiro e estruturante de consulta a 
especialistas, elaborado em bases participativas”, comemorou.
O 
plano de adaptação às mudanças climáticas levará em conta a fragilidade 
do ecossistema costeiro, a potencial elevação do nível do mar e a 
possibilidade de ocorrência de eventos extremos, como ondas gigantes e 
tornados, capazes de comprometer a qualidade de vida de quem vive nas 
cidades litorâneas. Para o diretor de Zoneamento Territorial da 
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU) do MMA, 
Adalberto Sigismundo Eberhard, o plano tentará prever essas ocorrências 
com base nos conhecimentos científicos acumulados, bem como preparar a 
sociedade para as consequências desses eventos sobre as populações 
costeiras, a economia e o meio ambiente.
IMPACTOS 
Entre
 as propostas concretas, definidas pelos membros da Força Tarefa, estão,
 também, a elaboração de modelagens e simulações com a finalidade de 
compreender a dinâmica futura do mar em relação ao continente e, em 
decorrência, estabelecer critérios emergenciais governamentais e não 
governamentais para enfrentar as alterações climáticas, segundo 
Eberhard. O professor do Instituto de Oceanografia da Universidade de 
São Paulo (USP) Alexandre Turra enumerou outros três pontos, 
considerados por ele marcantes e prioritários para o PNA: a geração de 
informações atreladas às demandas de gestão; o aprimoramento do processo
 de gestão e de planejamento costeiro integrado; e a necessidade de se 
reduzir as pressões sobre o ambiente costeiro, com a criação de unidades
 de conservação para aumentar a resiliência (capacidade de resistir a 
pressões em situações adversas) dos ecossistemas da costa.
De 
acordo com Turra, as medidas devem ser implantadas no curto prazo, pois a
 situação é preocupante por conta das incertezas associadas ao tema 
mudanças climáticas. O professor da USP acredita serem necessárias a 
adoção de medidas de precaução emergenciais para reduzir possíveis 
prejuízos, como a perda de vidas e impactos negativos na economia e no 
meio ambiente.
Fonte: Portal do MMA
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