Estudo mapeia efeitos do aquecimento na África

  José Eduardo Mendonça - para Planeta Sustentável

Três regiões devem se preparar para problemas em 20 anos
Pela primeira vez foram identificadas três regiões africanas que deverão se preparar para enfrentar problemas múltiplos em 20 anos. Cientistas alemães afirmam que elas se encontram no nordeste, centro e sudeste do continente.
Os pesquisadores, do Instituto de Pesquisa de Impacto Climático de Potsdam, publicaram seu estudo ontem no Global Change Biology. Segundo seu autor, o trabalhou buscou “identificar os locais onde a mudança será mais severa.”
As regiões abrangem partes do Sudão e Etiópia, os países que cercam o Lago Vitória na África Central e o canto sudeste onde se encontram partes da África do Sul, Moçambique e Zimbábue. Elas deverão ter estações mais secas, com a redução de colheitas, enquanto que enchentes ocorrerão perto do lago.
Os autores acreditam que a superposição de impactos irá criar áreas de risco. Até agora, dizem eles, a maioria dos estudos tratou de um aspecto dos problemas da mudança do clima, embora estresses múltiplos amplifiquem a vulnerabilidade. Além disso, afirmam, seu trabalho, ao mostrar um quadro composto,  mostra explicitamente a questão da incerteza.
Esta incerteza não necessariamente prejudica o desenvolvimento de estratégias. Na verdade, pode ajudá-las. A probabilidade de riscos e a severidade de danos pesam na hora de tomar decisões de adaptação adequadas.
Há no entanto uma boa notícia, segundo Christopher Müller, principal autor do estudo, “grandes países como a Nigéria e a região do Congo deverão ser muito menos impactados.” O aquecimento é com certeza uma questão global, mas os efeitos têm ampla variação no tempo e no espaço.
“Tudo diz respeito a riscos,” afirma Hermann Lotze-Campen, co-presidente de Impactos do Clima e Vulnerabilidade do Instituto. “Temos de viver com incertezas. Não temos dados perfeitos sobre o futuro, mas simulações de computador podem ajudar a entender as possibilidades. Os efeitos do aquecimento ameaçam as vidas das pessoas e não podem ser ignorados.”
As medidas de adaptação podem incluir melhor acesso aos mercados agrícolas internacionais para por exemplo vender gado antes de secas, sistemas de seguros para a variabilidade crescente das colheitas ou armazenamento de água em sistemas de cisternas, informa o EurekAlert.
Foto: Irina Fuhrmann/Oxfam