domingo, 20 de abril de 2014

Emissões de carbono cresceram duas vezes mais rápido no século 21

BERLIM - As emissões de dióxido de carbono (CO2) e dos demais gases de efeito estufa na atmosfera dobraram na primeira década do século 21 em relação aos últimos 30 anos do século 20. A revelação consta do relatório que o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas deve apresentar neste domingo, 13, em Berlim, na Alemanha. As negociações entre cientistas e delegados nacionais, porém, são lentas: até a noite desta sexta-feira, 11, após cinco dias de trabalho, apenas 50% do documento havia sido revisado.
O relatório diz respeito às estratégias de mitigação, ou seja, de controle e redução dos efeitos das mudanças climáticas geradas pela intervenção humana. Segundo o rascunho que ainda hoje será discutido pelos cientistas reunidos pelo IPCC, "emissões de gases de efeito estufa (GHG, em inglês) cresceram mais rapidamente entre 2000 e 2010". "As tendências atuais de emissões de gases de efeito estufa estão no topo dos níveis projetados para a próxima década", conclui o texto.
O IPCC adverte ainda que o crescimento médio das emissões, de 2,2% ao ano na primeira década do século 21, foi superior aos 1,3% registrados entre 1970 e 2010. No biênio 2010 e 2011, o nível chegou a 3%, conforme o jornal britânico The Guardian. Outro dado alarmante é que as emissões não pararam de crescer mesmo com a crise financeira internacional, que desacelerou o ritmo da atividade econômica mundial.
Para cumprir o objetivo de limitar o aumento médio da temperatura da Terra a 2ºC até o final de 2100, países desenvolvidos, como os Estados Unidos, seriam obrigados a cortar até 2030 pela metade suas emissões de GHG em relação a 2010. O dado mostra a urgência da mobilização internacional que seria necessária para mitigar os efeitos do aquecimento global. Países emergentes, como China, Índia e Brasil, também precisam participar de esforços semelhantes - a despeito de terem contribuído menos para as emissões de CO² na atmosfera desde o início da revolução industrial. "Estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa vai exigir transformações de larga escala nas sociedades humanas", adverte o IPCC no relatório em debate.
Custos. O rascunho do documento tende a desapontar investidores e líderes políticos que aguardam um balanço financeiro do custo das medidas de mitigação do aquecimento global. De acordo com dados obtidos pela agência Reuters, o texto afirma que uma dura redução das emissões de gases de efeito estufa implicaria uma perda "de consumo" avaliada entre 1% e 4% até 2030, de 2% a 6% até 2050 e de 2% a 12% até 2100, se comparado a nenhuma ação. "Estes custos não consideram os benefícios da mitigação, incluindo a redução dos impactos climáticos", diz o texto.
Os cientistas indicam, portanto, que haverá perda econômica, mas não detalham os dados, nem explicam o que consideram "consumo". "Nós vamos oferecer mais análise econômica desta vez, mas não vamos colocar isso como o único impacto", afirmou à agência o coordenador do IPCC, o indiano Rajendra Pachauri.
Em um dos estudos mais conclusivos sobre o impacto econômico da mitigação do aquecimento global, realizado pelo Banco Mundial em 2006, a estimativa era de que limitar as mudanças climáticas custaria cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, enquanto não tomar providências poderia custar entre 5% e 20% do PIB.

Fonte: Portal Estadão

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