Por Júnior
Marinho
Quando
pensamos ou ouvimos falar no Semiárido Brasileiro, o senso comum nos remete a
uma paisagem seca e sem vida. No entanto, estudos do Programa de Pesquisa em
Biodiversidade do Semiárido (PPBio Semiárido) estimam que só o Bioma das
Caatingas, incluído totalmente no Semiárido, possua uma biodiversidade da ordem
de mais de 20 mil espécies, entre animais, fungos e plantas.
O
PPBio Semiárido é um programa do Governo Federal criado pelo Ministério de
Ciência e Tecnologia (MCT), em parceria com o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com sede na Universidade
Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, tem por objetivo articular
atividades de instituições de pesquisa do Nordeste no intuito de, num período
de dez anos, caracterizar a biodiversidade e promover o desenvolvimento
científico dessa região.
A
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é uma das instituições de
pesquisa que compõe o programa, que já está na terceira edição desde sua
criação em 2006. A Pós-Graduação em Sistemática e Evolução do Departamento de
Botânica, Ecologia e Zoologia (DBEZ) no Centro de Biociências (CB), coordenada
pelo professor Iuri Goulart Baseia, colabora com o projeto especificamente na
coleta, no registro e na identificação dos fungos presentes no Semiárido
Brasileiro.
Iuri
Goulart, que também é responsável por coordenar todo o nicho que se refere a
fungos no PPBio Semiárido, explica que estudos desse porte nunca haviam sido
realizados nesta região. “No passado, havia uma falsa noção de que o Semiárido
era um ecossistema pobre, por isso estamos realizando uma pesquisa de base.
Nela constatamos que, além das poucas espécies de fungos conhecidas, há muitos
gêneros novos que nunca foram descritos pela ciência”, afirma.
O processo de pesquisa é realizado nos cerca de 800mil km2 do Semiárido, por meio de expedições em seis áreas do Bioma Caatinga definidas pelo programa como de “Extrema Importância Biológica” e espalhadas pelos estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Piauí (PI) e Bahia (BA). A ação produz uma rede de inventários e amplia a coleção biológica, caracterizando a biodiversidade da região.
O processo de pesquisa é realizado nos cerca de 800mil km2 do Semiárido, por meio de expedições em seis áreas do Bioma Caatinga definidas pelo programa como de “Extrema Importância Biológica” e espalhadas pelos estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Piauí (PI) e Bahia (BA). A ação produz uma rede de inventários e amplia a coleção biológica, caracterizando a biodiversidade da região.
Para a bióloga de fungos,
Bianca Denise Barbosa da Silva, que participou do programa em sua Primeira
Etapa (2006-2009) como bolsista de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial
(DTI) do CNPq pela Pós-Graduação em Sistemática e Evolução da UFRN, a fase da coleta
é fundamental. “Foi imprescindível conhecer o habitat e a vegetação dos locais
onde coletei os fungos de interesse para a pesquisa. Isso ajudou muito na
descrição dos materiais estudados”, enfatiza. “O projeto capacita os biólogos
da graduação e da pós-graduação da UFRN para atuarem na área de identificação
de fungos, área carente no país”, completa.
São muitos os frutos da
participação da UFRN no PPBio Semiárido. Um deles foi a colaboração no Guide to the Common “Fungi of the
Semiarid Region of Brazil” (Guia dos Fungos Comuns do Semiárido
Brasileiro), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
(Fapesb) e editado pela TECC Editora em 2013.
Com um linguajar bastante
técnico e edição bilíngue, a publicação procura contribuir com estudantes e
biólogos profissionais de todo o mundo que tenham interesse na região do
Semiárido. Primeiro guia de campo que trata dos fungos macroscópicos dessa
região, inclui o trabalho de 17 micólogos da UEFS, UFRN e Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC) que trabalham com fungos no Brasil.
No livro, a equipe de pós-graduandos
da UFRN composta por Bianca Denise Barbosa da Silva, Larissa Trierveiler
Pereira, Eduardo Fazolino Perez, Theomara Ottoni Batista dos Santos e o
professor Iuri Goulart Baseia ficou responsável pelo capítulo referente aos
fungos Gasteróides (Gasteromicetos), compondo um total de 23 espécies
ilustradas.
Segundo Iuri Goulart, além
do livro, de cunho mais acadêmico, duas outras ações que giram em torno da
participação da UFRN no PPBio Semiárido podem trazer benefícios diretos à
sociedade. “Não basta ir ao Seridó do Rio Grande do Norte, por exemplo, coletar
espécies, publicar e a população local não ser beneficiada. Estamos produzindo
cartilhas explicativas, com um linguajar mais acessível, para distribuir nas
escolas da região e informar à comunidade sobre a biodiversidade local”, afirma
o coordenador.
Outra área em potencial é a
indústria farmacêutica. Quando os pesquisadores do Departamento de Botânica,
Ecologia e Zoologia (DBEZ) detectam que um fungo, identificado no programa do
PPBio Semiárido, tem potencial e ocorre em grande quantidade com capacidade
para ser explorado, essa espécie é coletada e levada para análise no
Departamento de Bioquímica (DBQ). Os estudos bioquímicos revelam se certas
substâncias presentes em determinado fungo têm potencial farmacológico.
Programa de pesquisa em biodiversidade
O
programa de Pesquisa em Biodiversidade- PPBio foi criado pelo MCTI em 2004,
incluído no Plano Plurianual do Governo Federal e oficializado pela Portaria
MCT nº 268 de 18 de junho de 2004, que define seus objetivos, tendo sido
modificado pelas portarias MCT nº 382, de junho de 2005, e MCT nº 388, de 22 de
junho de 2006.
De
abrangência nacional, o programa tem como objetivo central articular a
competência regional e nacional para que o conhecimento da biodiversidade
brasileira seja ampliado e disseminado de forma planejada e coordenada. O
programa iniciou sua atividades na região amazônica, fortalecendo a atuação dos
institutos do MCTI na região: o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia
(INPA) na Amazônia Ocidental e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) na
Amazônia Oriental.
Posteriormente,
o programa foi expandido para o Semiárido, mediante colaboração com a
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Em 2010, a Mata Atlântica
também foi abrangida pelo PPBio, por meio de um projeto piloto, no âmbito do
Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para a Biodiversidade
(PROBIO II), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com
o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Por meio de ações da rede ComCerrado, o PPBio também passou a
abranger, recentemente, o Bioma Cerrado.
Fonte: Boletim produzido pela Agência de Comunicação
da UFRN – AGECOM
Reitora: Ângela
Maria Paiva Cruz
Vice-Reitora: Maria de
Fátima Freire de Melo Ximenes
Superintendente de Comunicação: José
Zilmar Alves da Costa
Diretor da Agência Comunicação:
Francisco de Assis Duarte Guimarães
E-mail: boletim@agecom.ufrn.br
Outros créditos: Iuri
Baseia e Wallacy Medeiros
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