Berlim - O desmatamento na
Amazônia e a política ambiental brasileira levaram o
país a cair da 7ª para a 33ª posição no Índice de Proteção do Clima, publicado
pela ONG alemã Germanwatch, em parceria com a rede de entidades ambientalistas Clima Action Network Europe. O índice foi divulgado
durante a Conferência do Clima, encerrada neste final de semana, no Catar. A listagem, realizada anualmente, avalia os esforços dos 57 maiores
emissores de gases do efeito estufa contra as mudanças climáticas. Os dados consideram o período de 2005 a 2010, para os quais há estatísticas
disponíveis de todos os países do estudo. O ano de 2011, em que o Brasil registrou o menor índice de desmatamento da história, não
foi incluído.
Entre os líderes estão Dinamarca,
Suécia e Portugal. Essas nações ocupam, respectivamente, as posições quatro,
cinco e seis do ranking. Os três primeiros lugares ficaram vazios, como nos
anos anteriores, pelo fato de os autores considerarem que nenhum país tem feito
o suficiente para limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius.
Portugal ficou em uma boa posição sobretudo por causa da crise econômica, que
levou à queda na produção industrial. Mas não só: diferente de outros países em
crise, Portugal manteve as políticas ambientais.
Um motivo para a queda da posição brasileira foi
a mudança na metodologia do estudo, que considera pela primeira vez as emissões
provocadas pelo desmatamento florestal. "O Brasil é de longe a principal
fonte de tais emissões. Com quase 5 toneladas de CO2 per capita, as emissões
originadas do desmatamento são mais que o dobro de suas emissões per capita produzidas
por combustíveis fósseis".
Mas a avaliação negativa da
política nacional para meio ambiente e do desflorestamento praticado durante o
período analisado também contribuíram para a piora no desempenho brasileiro.
Segundo o documento, a queda brasileira no ranking também seria
"dramática" se o índice já tivesse considerado as emissões devidas ao
desmatamento em sua versão anterior. Mesmo nesta hipótese, o Brasil teria
perdido 19 posições, caindo não do 7°, mas do 14° para o 33° lugar.
"Particularmente dramática é
a queda devido à política nacional", ressalta o estudo. Considerada
relativamente boa na edição anterior, ela foi avaliada de forma pessimista
desta vez. "Especialistas criticaram, por exemplo, que dois terços de
todos os investimentos planejados no setor de elétrico entre 2011 e 2020 se
baseiam na extração de petróleo e em grandes e insustentáveis projetos
hidrelétricos", destaca o documento. Considerando-se isoladamente o
quesito "política climática nacional", o Brasil caiu do 11° melhor
desempenho no ano passado para a posição de número 50. "Outro tema
importante é a discussão do Código Florestal, a qual deveria apoiar e proteger
a biodiversidade e a contribuição das florestas como ecossistema, mas, de
acordo com nossos especialistas, o projeto do código foi substancialmente
enfraquecido no processo legislativo e finalmente vetado pela presidente Dilma
Roussef".
"O Brasil está entre os países que mais
caíram de posições no ranking", comentou Jan Burck, da Germanwatch e um
dos autores do estudo, em entrevista à DW Brasil. "Sobretudo por causa das
grandes quantidades de floresta desmatadas nos últimos anos" completou.
"Entre as grandes economias, o Brasil é tem uma das maiores emissões per
capita. O país ainda tem que se empenhar mais para combater o problema e tentar
parar o desmatamento", alertou.
A Alemanha caiu da 6ª para a 8ª
posição. Os especialistas em clima temem que a transição energética promovida
pelo governo alemão e o desenvolvimento de energias renováveis sejam
paralisados.
Por Marcio Damasceno, para Deutsche Welle
Fonte: TN Online
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