quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pesquisadora da Nasa está no Brasil pelo Ciência sem Fronteiras

O Ciência sem Fronteiras (CsF) foi a oportunidade para a astrônoma Rosaly Lopes voltar ao país após mais de 20 anos trabalhando no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa), na Califórnia. Além de promover o intercâmbio e levar alunos brasileiros para estudar no exterior, o programa busca atrair pesquisadores renomados ao Brasil para atuarem em setores estratégicos, como é o caso da área aeroespacial.

Com o objetivo de estreitar os laços entre os cientistas da Nasa com o Brasil, a pesquisadora esteve em audiência com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, nesta quarta-feira (12), em Brasília, acompanhada do diretor de Ciências da Terra do JPL, Jim Graff, e do gerente do departamento, Amit Sen e do conselheiro para assuntos de meio ambiente, ciência e saúde da Embaixada dos Estados Unidos, Paul Hanna. “O Ciência sem Fronteiras é um ótimo instrumento para a colaboração internacional e para a educação”, comentou Rosaly Lopes.
Os representantes do JPL apresentaram ao ministro Raupp e ao presidente da Agência Espacial Brasileira, José Raimundo Coelho, as possibilidades de cooperações futuras nas áreas de percepção remota, estudos da terra e da Amazônia e ciclo de carbono.
O ministro Marco Antonio Raupp também conversou com Rosaly sobre o que classificou de “importante missão” da brasileira, diante da possibilidade de atuar como intermediadora no processo de intercâmbio dos estudantes e entre as duas agências espaciais. “Estamos muito entusiasmados em explorar as colaborações entre o JPL e a AEB. Eu tenho uma missão agora, que já considerava que tinha, de estreitar os laços entre as nossas organizações”, disse ela.
Rosaly Lopes destacou as cooperações já existentes entre as instituições, além do CsF. Em 10 de junho de 2011, por exemplo, o satélite SAC-D/Aquarius foi lançado por um foguete Delta 2, da base de Vandenberg, na Califórnia (EUA), para estuar a relação entre os níveis de salinidade dos oceanos, o clima terrestre e as mudanças ambientais. De junho de 2010 a março de 2011, o satélite passou por ensaios ambientais no Laboratório de Integração de Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), em São José dos Campos (SP).
José Raimundo Coelho avaliou a reunião como um passo importante para aumentar essa parceria com objetivos concretos. “Rosaly trabalha há muito tempo no JPL. É uma pessoa competente e dedicada à arte da ciência, comprometida com isso, e, estando no Brasil, vai certamente nos criar oportunidades novas de cooperação”, disse.
Júpiter
Ainda jovem, a carioca e ex-Garota de Ipanema trocou a Cidade Maravilhosa pelo sonho de desvendar os mistérios do Universo. Apoiada pela família, ela saiu do Rio de Janeiro, aos 18 anos, para estudar astronomia na Universidade de Londres, pela falta de recursos no Brasil na época. Lá, se encantou com os vulcões ao cursar uma disciplina sobre a geologia dos planetas.
A cientista, que já esteve à frente da Missão Cassini (que explora, com um satélite, o planeta Saturno e suas luas), é considerada uma das maiores especialistas em vulcões do mundo. Ela encontrou 71 deles ativos em Io, lua de Júpiter. Por esse feito, entrou para o Guiness americano, o livro dos recordes.
“É importante estudar os processos vulcânicos de outros planetas por funcionarem como laboratórios naturais para entender melhor os processos geológicos na Terra”, comentou a astrônoma. Agora ela ficará três anos no Brasil, onde pretende desenvolver um trabalho sobre ciência planetárias dos vulcões da lua de Io.
Rosaly está atuando no Inpe em parceria com o físico Walter Gonzalez, da Divisão de Geofísica Espacial, que estuda as tempestades geomagnéticas. “Essa lua, Io, por causa das erupções vulcânicas, causa efeitos no sistema magnetosférico que tem ao redor de Júpiter. E o doutor Gonzales é um especialista nesta parte de magnetosfera e eu sou especialista na Lua Io e nos vulcões, então nós fizemos esse casamento”, comentou. A magnetosfera é a parte exterior da atmosfera de um astro.
  Texto: Denise Coelho – Ascom do MCTI

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