sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Instituto Nacional de Pesquisas sobre os Oceanos



Em audiência no Senado nesta quinta-feira (13), o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, recebeu apoio para a criação do Instituto Nacional de Pesquisas sobre os Oceanos (Inpo). O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH), senador Paulo Paim (PT-RS), propôs-se a defender a aprovação do projeto.

Segundo o ministro Raupp, a criação do Inpo vai articular uma infraestrutura para sustentar pesquisas de longo prazo nos 8,5 mil quilômetros do litoral brasileiro, que se estendem por 17 estados e 463 municípios. “O oceano que temos aqui para estudar começa lá no Amapá, na foz do Amazonas, e vai até o Rio Grande, sem contar com a Antártica”, apontou, durante a sessão da CDH. “Esse grande instituto que queremos construir tem que contemplar essa extensão e essa variabilidade.”

Para Raupp, o oceano se destaca, ao lado da região amazônica, como um grande ecossistema no qual o país deve interferir com bastante ciência e tecnologia. “O ministério tem políticas especiais e uma estrutura de centros de pesquisa na Amazônia, mas há outro grande depositário de recursos naturais que temos intenção de utilizar para o desenvolvimento do Brasil. Nós temos que nos dedicar ao oceano tanto quanto nos dedicamos à Amazônia”, enfatizou. “Os oceanos brasileiros são a Amazônia azul. Então, temos duas ‘amazônias’ para cuidar.”

O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento da pasta, Carlos Nobre, lembrou que um documento do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) já sugeria, em 2007, a implantação do Inpo. “Essa ideia vem amadurecendo, é um pleito antigo da comunidade científica nacional, para quem o Brasil necessita de uma estrutura no governo federal que dê vazão às políticas científicas e tecnológicas, pelo aproveitamento adequado de nossos recursos naturais e pela preservação da biodiversidade do vasto Oceano Atlântico sob nossa responsabilidade”, contextualizou.

De acordo com Nobre, o instituto contribuiria para resolver certo atraso nacional em ciências oceânicas. “Em relação a esse potencial e a essa responsabilidade, temos muito a fazer”, disse. “É um diagnóstico muito claro, que temos há muitos anos, e o momento é mais que indicado para recuperarmos esse passivo de conhecimento e de uso dos recursos oceânicos em prol da sociedade brasileira e do desenvolvimento sustentável do país.”

O secretário explicou que a produção de conhecimento pode ajudar a entender o papel do oceano na regulação climática e facilitar a exploração de uma fonte de alimentos, energia e riqueza mineral. “Esse potencial tem que ser realizado e o Brasil tem que se preparar para isso”, afirmou Nobre, que ainda ressaltou a “enorme responsabilidade com a conservação da biodiversidade” e o desenvolvimento da biotecnologia, “uma área que está emergindo com muita força, talvez a que mais reserva boas surpresas nas próximas décadas”.

“A independência energética que o Brasil tem em relação a óleo e gás vem do oceano”, acrescentou o secretário. “Mas, depois que esse recurso acabar – e ele vai acabar –, precisamos pensar qual serão as fontes futuras, e elas são inegavelmente as renováveis”. Segundo Nobre, cabe à ciência e à tecnologia demonstrar a viabilidade econômica das novas energias. “A eólica já está pronta, mas nem começamos a fazer sua exploração offshore, oceânica, cujo potencial é até maior do que em terra. Também podemos tirar energia da agitação marítima, das ondas e da maré, além do biodiesel de algas.”

Modelo

Instituições dos Estados Unidos, da França, do Japão e do Reino Unido servem de inspiração para o Inpo. “São países onde a oceanografia é muito bem estabelecida, tradicional, centenária”, explicou o secretário de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI. “Os exemplos do Japão e da França se aplicam ao conceito que nós queremos propor para o Brasil”, avaliou. Em comum, segundo ele, os dois modelos têm unidades regionais, sem uma instalação física central.

A articulação sugerida pelo ministro Raupp busca unir iniciativas de centros já estabelecidos. “É um esforço conjunto em respeito à história dessas atividades, algo semelhante à nossa atuação na Antártica”, disse. “O governo precisa abrir espaço para as organizações que têm e tiverem essa tradição.”

Ao fim da audiência, o senador Paulo Paim reiterou seu apoio à proposta. “Entendo que é unanimidade, que todos querem o Instituto Nacional de Pesquisas sobre os Oceanos”, afirmou. “Claro que o debate deve ser aprofundado, mas nós tentaremos junto com outras comissões [do Senado] garantir também a questão do orçamento.”

Navio oceanográfico

Em paralelo à criação do Inpo, o MCTI participa da compra de uma plataforma de relevância mundial. “Estamos às vésperas de assinar um acordo histórico para o Brasil, porque vamos adquirir pela primeira vez um navio que realmente representa o estado da arte de pesquisa oceanográfica de mar aberto”, antecipou Carlos Nobre. “Ele estará, assim que chegar ao Brasil, possivelmente em 2013, entre os cinco mais importantes navios da especialidade no planeta, com possibilidade de multiplicar em até dez vezes nossa capacidade de pesquisa.”

“Precisamos de plataformas oceânicas para explorar o nosso objeto de pesquisa”, completou Marco Antonio Raupp. “Por isso, estamos articulando uma parceria, de responsabilidade do MCTI e da Marinha, mas também com recursos da Vale e da Petrobras – empresas que têm interesse na exploração do mar.

Além das atividades científicas e tecnológicas, portanto, atividades econômicas estão se manifestando nesse interesse por desenvolver uma infraestrutura para fazer pesquisas que façam jus ao nosso paradigma de desenvolvimento, que é o crescimento econômico com sustentação ambiental e social.”

Fonte: Portal do MCT.

Nota do Blog

Sem dúvida uma excelente iniciativa e deve ser apoiada por toda a comunidade científica. Particularmente, somos favoráveis a implantação da sede desse Instituto em Natal, devido à posição geográfica estratégica do estado do Rio Grande do Norte. Em termos de costa brasileira, fica aproximadamente a meio caminho entre o Amapá e o Rio Grande do Sul. Apesar da distante da Antártida, Natal está mais próxima, em termos gerais, da África, Europa e Américas do Norte e Central. Além disso, estaria em consonância com as palavras do Ministro Raupp, uma vez que seria o primeiro Instituto Nacional de Pesquisas no Nordeste brasileiro.

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