Para diretor-executivo do IPAM, País assumiu um compromisso
internacional na Conferência do Clima, mas os números indicam que
estamos indo na direção contrária do que é necessário para cumprir
acordo
O aumento do desmatamento na Amazônia, divulgado na semana passada
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), acende um sinal
amarelo na sociedade: a meta climática assumida pelo país, para cortar
emissões de gases estufa, está em risco.
“O Brasil assumiu um compromisso internacional na Conferência do
Clima, no ano passado, mas os números atuais indicam que estamos indo na
direção contrária do que é necessário para cumprir o acordo”, afirma o
diretor-executivo do IPAM, André Guimarães. Os dados estão em discussão
hoje, em Brasília, em um evento promovido pelo Ministério de Meio
Ambiente.
O desmatamento na Amazônia é o maior dos últimos quatro anos. De
agosto de 2014 a julho de 2015, a taxa de corte raso foi de 6.207
quilômetros quadrados, o que representa um aumento de 24% em relação ao
período anterior.
A mudança no uso da terra ainda é a principal causa da emissão dos
gases estufa no Brasil. Com o desmatamento da floresta amazônica, o país
coloca em xeque a ratificação do Acordo de Paris, que deve entrar em
vigor em 30 dias.
Para mudar esse cenário, uma série de medidas é necessária. É preciso
investir em fiscalização, principalmente das áreas não designadas, e
monitoramento da aplicação de políticas públicas que incentivem a
conservação.
Além disso, é preciso abraçar a discussão sobre o fim do desmatamento, tanto o legal quanto o ilegal. Um
artigo científico recém-publicado por pesquisadores do IPAM e da
Universidade Federal do Pará indica que há seis grandes obstáculos para
que o desmatamento zero seja alcançado, e para cada um deles uma
estratégia diferente precisa ser colocada em prática.
“O fim do desmatamento na Amazônia é urgente se quisermos ter um
clima mais equilibrado e benéfico para a região, para a agricultura e
para o país. Para chegar lá, será preciso ir além do comando e
controle”, explica o pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho. “A
conservação da floresta amazônica terá de ser compensada
financeiramente. E o caminho mais promissor é o mecanismo de REDD+,
atualmente em discussão no âmbito da Convenção de Mudança Climática da
ONU.”
O IPAM propõe um sistema simples de distribuição de benefícios de
REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal),
chamado de “estoque-fluxo”. Por este sistema, os Estados que reduzirem
as emissões por desmatamento e mantiverem as florestas conservadas
seriam beneficiados.
“Nós temos competência, capacidade e determinação para que o
desmatamento da Amazônia seja controlado e o Brasil seja um manancial de
boas práticas na gestão de florestas”, diz Guimarães. “Ao unirmos todas
essas características, o país pode ajudar o mundo no controle das
mudanças climáticas.”
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) é uma
organização científica, não governamental e sem fins lucrativos que há
21 anos trabalha pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia, de modo a
gerar prosperidade econômica, justiça social e a conservação da
integridade funcional dos ecossistemas da região.
Conheça mais em ipam.org.br.
Assessoria de imprensa - via JC online.
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