Agência FAPESP – A seca que atinge o sudoeste da Amazônia,
especialmente o Acre, deve se agravar ainda mais nos próximos meses,
alertou o Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS) do
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), de
acordo com a Assessoria de Comunicação Social do Ministério.
Segundo a previsão, o rio Acre deve atingir o seu mais baixo nível
histórico (entre 1,20m e 1,30m) e impactar a navegação e o abastecimento
de comunidades ribeirinhas da região. O levantamento é válido para os
meses de agosto, setembro e outubro deste ano.
O Acre é o estado mais afetado pela estiagem que se estende também
para o norte da Amazônia. Desde março, o volume de chuvas é deficitário
na região, em parte por conta do El Niño, que começou no outono do ano
passado. O fenômeno está associado ao aquecimento das águas do Oceano
Pacífico equatorial, alterando os ventos em boa parte do planeta e o
regime de chuvas. Na região Norte, leva à seca. A partir de junho, o La
Niña, fenômeno oposto, começou a se desenvolver de forma fraca.
"Esta estiagem é fruto de uma interação de vários fenômenos,
notadamente o El Niño e a La Niña. Ela já se estende há quase seis
meses, e não temos uma noção exata de quando vai normalizar. Estamos
acompanhando a situação mensalmente para avaliar como ela se comporta",
afirmou o chefe da Divisão de Pesquisas do Centro Nacional de
Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, à Assessoria de Comunicação Social do MCTIC.
O documento alerta ainda para o alto risco de queimadas e incêndios
florestais, especialmente na área central do Brasil e no sul e no leste
da Amazônia. O número de focos de incêndio pode atingir máximas
históricas. Contudo, a adoção de medidas de controle pode mitigar o
problema no trimestre.
Poucas chuvas no Nordeste
A região Nordeste também deve sofrer mais com a estiagem no período
analisado. De acordo com o grupo de previsão climática do MCTIC,
tradicionalmente, agosto é o último mês da estação chuvosa na parte
leste da região, mas tem chovido pouco desde abril, início do período de
precipitações na região. Com a baixa incidência de chuvas nos últimos
anos, a tendência é que a situação se repita na zona da mata, que já
apresenta valores abaixo da média para a época do ano.
"O panorama de poucas chuvas nessa área vem se arrastando desde 2012,
e os níveis dos reservatórios e dos rios estão muito baixos, mesmo na
zona da mata. E isso gera problemas para a população, porque pode haver
desabastecimento", destacou José Marengo.
Participam do GTPCS o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres
Naturais (Cemaden) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa). A íntegra do documento pode ser acessada aqui no endereço http://www.cemaden.gov.br/previsao-climatica-para-o-trimestre-aso2016/.
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