segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ONU: Desastres associados ao clima foram os mais devastadores em 2015.

Em 2015, 92% dos 98,6 milhões de pessoas afetadas por 346 desastres enfrentaram fenômenos naturais como secas, enchentes e tempestades, associados ao clima. No ano passado, o mais quente já registrado, ondas de calor mataram 7.346 pessoas, quase um terço do total de indivíduos mortos em catástrofes. Governos e organizações têm buscado conter riscos e combater mudanças climáticas. Propostas de agência da ONU que limitam emissões de carbono da indústria de aviação civil foram elogiadas por Ban Ki-moon.

Enchentes agudas afetaram regiões do Paquistão, em 2015. O país também foi um dos mais afetados pelas ondas de calor registradas no ano passado. Temperaturas extremas mataram mais de 1,2 mil paquistaneses em 2015. Foto: PMA / Amjad Jamal

O Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) destacou que os desastres relacionados ao clima foram os que mais afetaram a população mundial em 2015, o ano mais quente já registrado.
Dos 98,6 milhões de pessoas atingidas pelas 346 catástrofes verificadas, 92% enfrentaram fenômenos naturais como secas, enchentes e tempestades, diretamente associadas às condições climáticas.
Segundo informações compiladas pela agência da ONU, os desastres de 2015 mataram 22.773 pessoas. Entre as vítimas estão 7.346 indivíduos, mortos por ondas de calor que afetaram cerca de 1,2 milhão de cidadãos na França, na Índia e no Paquistão.
No ano passado, os desastres de maior impacto, levando-se em conta a quantidade de pessoas afetadas, mas não necessariamente mortas, foram as secas, cujo número chegou a 32. Essas graves estiagens atingiram 50,5 milhões de indivíduos.
As 152 enchentes verificadas no ano passado foram o segundo tipo de catástrofe mais devastador, provocando a morte de 3.310 indivíduos e afetando outros 27,5 milhões. Esses números representam um aumento significativo comparado à média para os últimos dez anos, ao longo dos quais 85,1 milhões de pessoas foram afetadas e 5.938 pessoas foram mortas por cheias e alagamentos.
Além desses desastres, 90 tempestades, atingiram a Ásia e o Pacífico. Entre esses fenômenos, 48 tiveram a intensidade de ciclones. As precipitações e ventanias violentas são atribuíveis à elevação do nível e das temperaturas dos mares, segundo o UNISDR.
Em escala global, as tempestades mataram 996 pessoas e afetaram 10,6 milhões apenas em 2015. Na última década, foram registradas 17.778 mortes associadas a esse fenômeno climático, afetando 34,9 milhões de pessoas.
“A principal mensagem dessa análise de tendências é de que a redução dos gases do efeito estufa e a adaptação à mudança climática são vitais para países que buscam reduzir o risco de desastre agora e no futuro”, disse o chefe do UNISDR, Robert Glasser.
A diretora Centro para a Pesquisa sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED), Debarati Guha-Sapir, alertou para o perigo das ondas de calor, responsáveis por quase um terço das mortes provocadas por desastres em 2015. “A mortalidade advinda de temperaturas extremas é muito subestimada e precisa de uma melhor avaliação de seu impacto”, afirmou.

Governos têm se empenhado para conter riscos e combater mudanças climáticas

Em meio ao cenário analisado pelo UNISDR, novas iniciativas trazem esperança para o combate às mudanças climáticas.
No último dia 9 de fevereiro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou as regras sugeridas pela Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), que propôs pela primeira vez limites obrigatórios para as emissões de carbono oriundas da indústria de aeronaves. Nos próximos 15 anos, o número de voos mundiais deve dobrar, o que representará um aumento significativo da quantidade de gases danosos ao meio ambiente liberados na atmosfera.
As medidas estipuladas pela agência determinam o aprimoramento da eficiência dos aviões e o estabelecimento de novos padrões para a construção dos veículos. As regras passarão a ser obrigatórias a partir de 2028, caso sejam adotadas pelo Conselho da ICAO.
A Organização acredita que é possível reduzir as emissões de carbono investindo em inovações tecnológicas, como alterações na estrutura, na propulsão ou na aerodinâmica das aeronaves.
A agência da ONU está particularmente preocupada com os aviões que pesam mais de 60 toneladas, responsáveis por mais de 90% das emissões globais da aviação.

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