Elton Alisson, de Paris | Agência FAPESP – A
Secretaria Estadual do Meio Ambiente lançou internacionalmente na
terça-feira (08/12), durante um evento paralelo à 21ª Conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), na Embaixada do Brasil
em Paris, o Protocolo Climático do Estado de São Paulo.
O Protocolo visa estimular empresas e entidades estabelecidas no
Estado de São Paulo a adotarem medidas de mitigação e adaptação às
mudanças climáticas, incluindo iniciativas de redução das emissões de
gases de efeito estufa, de aumento da eficiência hídrica e energética e
de práticas de responsabilidade socioambiental, com intuito de atender à
Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC).
De adesão voluntária, o Protocolo Climático já conta com a adesão de
mais de 60 empresas e entidades, como o Carrefour, a Natura, o Grupo
Votorantim, a Dow e Associação Paulista de Supermercados (Apas), entre
outras.
“O Protocolo permitirá ao Governo do Estado de São Paulo identificar
empresas e entidades líderes em mitigação e adaptação às mudanças
climáticas, que podem servir de modelo para outras”, disse Patricia
Iglecias, secretária estadual do Meio Ambiente, durante o evento.
De acordo com ela, o Protocolo foi apresentado ao secretário geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, na última sexta-feira
(04/12), durante o Climate Summit for Local Leaders – outro evento
paralelo à COP21 que reuniu centenas de representantes de municípios,
estados e regiões do mundo em Paris, para discutir ações de mitigação e
adaptação às mudanças climáticas implementadas por governos subnacionais
.
Os estados de Goiás, Rio de Janeiro e o Distrito Federal também
manifestaram interesse de replicar a experiência do protocolo, contou
Iglecias.
“Esperamos que outros estados também repliquem essa iniciativa. O
papel dos governos subnacionais e o engajamento das empresas e da
sociedade civil são fundamentais para implementação das medidas de
mitigação e adaptação que estão sendo discutidas pelos governos
nacionais na COP21”, avaliou.
Durante o evento, 28 empresas e entidades que aderiram ao protocolo
climático paulista apresentaram exemplos de medidas de redução de
emissões de gases de efeito estufa e de boas práticas socioambientais
que implementaram nos últimos anos e assinaram o termo de adesão ao
Protocolo.
A Natura, por exemplo, atingiu a meta de reduzir em 33,2% suas
emissões de gases de efeito estufa em 2013 por meio de medidas como a
substituição de embalagens por versões mais ecológicas.
“Conseguimos uma redução de 41% nas emissões de gases de efeito
estufa na produção de uma de nossas principais linhas de produtos por
meio da substituição da embalagem por uma versão com refil [que pode ser recarregada]”, disse Keyvan Macedo, gerente de sustentabilidade da fabricante de cosméticos.
O Carrefour, por sua vez, conseguiu reduzir 450 mil quilômetros no
transporte de produtos do seu centro de distribuição para as lojas, em
razão de um programa de logística inteligente, reduzindo a emissão de
poluentes. A empresa estabeleceu a meta de reduzir suas emissões de
gases de efeito estufa em 40% até 2025 e 70% até 2040. A Dow, por sua
vez, tem um plano para diminuir as emissões de gases de efeito estufa
nas Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, segundo representantes da
empresa.
“São Paulo produz bens e serviços de alto valor agregado e pode
trazer uma considerável vantagem competitiva se passar a produzir cada
vez mais com maior eficiência e menor intensidade de carbono”, avaliou
Iglecias.
“A transição para uma economia que atenda a essas necessidades pode e
deve ser impulsionada por parcerias com o setor privado”, afirmou.
Assinatura de memorandos
Durante o evento, também foi assinado um memorando de entendimento
entre a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, o Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade (Funbio) e o R20 – Regions of Climate Action – uma
iniciativa internacional lançada em 2011 pelo ator e ex-governador da
Califórnia, nos Estados Unidos, Arnold Schwarzenegger para promover uma
economia de baixo carbono – para captação de US$ 50 milhões para o
Programa Nascentes, de restauração dos mananciais paulistas.
Também foi lançado no evento um Protocolo de Boas Práticas
Sociambientais para o Setor Financeiro com a Federação Brasileira de
Bancos (Febraban).
O protocolo funcionará como uma regulamentação estadual da normativa
do Banco Central a respeito das políticas internas socioambientais de
instituições financeiras atuantes no Estado de São Paulo.
“O Protocolo de Boas Práticas Socioambientais para o Setor Financeiro
surgiu de um termo de minuta de responsabilidade socioambiental
desenvolvido pela Febraban e o Ministério Público Federal em parceria
com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente”, explicou Iglecias.
A secretária também anunciou durante o evento o lançamento do Fundo Climático Paulista.
A ideia do fundo é captar recursos para substituição das atuais
fontes energéticas de edifícios públicos paulistas por alternativas mais
eficientes.
“Queremos que isso traga uma mudança da matriz energética dos prédios
públicos do Estado de São Paulo. Entendemos que o setor público também
tem que dar sua contribuição para mitigação e adaptação às mudanças
climáticas”, afirmou Iglecias.
Participaram do evento o embaixador do Brasil na França, Paulo César
de Oliveira Campos, o secretário de mudanças climáticas e qualidade
ambiental do Brasil, Carlos Klink, os deputados Ricardo Tripoli e
Orlando Morando, e representante de ONGs, órgãos do governo de São
Paulo, entidades e associações do Brasil e da França.
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