A atmosfera de Marte pode ter desaparecido por ação de ventos solares,
que atingiram com força o planeta vermelho, o que explicaria o motivo de
ter perdido a água que uma vez cobriu o hemisfério norte, informou a
Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) nesta quinta-feira (5). O
anúncio foi feito graças aos dados colhidos pela missão Maven (Mars
Atmosphere and Volatile Evolution), em que sondas foram enviadas para
lá.
De acordo com análises dos cientistas, as tempestades solares foram
as responsáveis por transformar o clima do planeta vermelho, de um
ambiente quente e propício para existência de vida, para um local frio e
com características de deserto.
O que aconteceu, segundo a
Nasa, foi que a atmosfera de Marte foi atacada por ventos solares e teve
partículas "arrancadas", prejudicando sua proteção e afetando
diretamente a mudança climática.
"Para explicar de maneira bem
simples, o que houve pode ser comparado com o momento em que saímos do
banho e o vento tira as gotas de água do nosso cabelo. Os ventos solares
varreram parte das partículas da atmosfera de Marte", explicou o
professor Bruce Jakosky, investigador do principal laboratório de física
atmosférica e espacial da Universidade do Colorado, nos EUA.
Os
pesquisadores afirmam que a perda de gás na atmosfera do planeta
vermelho continua acontecendo, mas atualmente em taxas menores do que no
início de sua formação.
"Pela primeira vez temos como explicar a evolução de Marte, como
antigamente a atmosfera conseguia reter água líquida por ser mais densa,
e como foi fragilizada. O processo começou quando o Sol estava muito
ativo e o planeta em formação, vulnerável, por isso as mudanças
climáticas foram enormes. Hoje o fenômeno segue, mas lentamente. Para a
atmosfera sumir por completo pode levar alguns bilhões de anos", afirmou
Jakosky.
As medições indicam que os ventos solares são capazes
de "varrer" os gases da atmosfera marciana com uma velocidade de 100
gramas por segundo.
Os dados da missão mostram também que quando
as tempestades solares bombardeiam Marte, as partículas da atmosfera se
perdem até 20 vezes mais rápido do que normalmente ocorre, o que levou
os cientistas a acreditarem que Marte já teve uma atmosfera tão densa
quanto a Terra, ou até mais.
Por não ter campo magnético, os
gases na superfície do planeta sofrem mais a ação do Sol, ou seja,
perde-se muita matéria com a passagem dessas "rajadas" provocadas pelas
explosões solares. Os estudos mostram que essa perda é maior do que se
imaginava.
O que se sabe atualmente sobre a atmosfera marciana é
que é bem diferente da Terra, sendo composta principalmente por dióxido
de carbono (95,3%) e com pequenas porções de outros gases, como
nitrogênio, argônio, neon e oxigênio.
"Isso dá indícios sobre a
história de Marte e ajuda a compor a ideia de como era o planeta, que
tem 4,6 bilhões de anos", diz Enos Picazzio, professor do Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São
Paulo (IAG - USP). Com o enfraquecimento do magnetismo marciano, a
magnetosfera do planeta perdeu intensidade e a atmosfera de Marte ficou
mais exposta à ação do vento solar e das "rajadas" decorrentes das
explosões solares.
Paula Moura - Colaboração para o UOL
Leia matéria completa no Portal UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário