Fome ainda atinge mais de 800 milhões, diz FAO
As últimas estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura) indicam que a redução da fome global
continua: cerca de 805 milhões de pessoas no mundo estão cronicamente
subnutridas, mais de 100 milhões a menos que na última década, e 209
milhões a menos que em 1990-92. No mesmo período, a prevalência da
subnutrição caiu de 18.7% para 11.3% globalmente e de 23.4% para 13.5%
em países em desenvolvimento.
Se os percentuais são positivos, a magnitude dos números ainda é
impressionante. Tanto que a segurança alimentar se encontra no centro
dos esforços mundiais na luta contra a mudança do clima, disse o
diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, em discurso na semana
passada na Cúpula do Clima da ONU, em Nova York.
“Não podemos chamar o desenvolvimento de sustentável enquanto a fome
ainda rouba de mais de 800 milhões de pessoas o direito a uma vida
decente,” afirmou ele, em referência ao mais recente relatório da entidade, O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo – 2014.
Apesar do progresso obtido, diz o trabalho, ainda existem “diferenças
marcantes” em regiões, como a África Subsariana, cuja situação pouco
mudou nos últimos anos. Uma em cada quatro pessoas na área se encontra
subnutrida. Como região mais populosa, a Ásia ainda tem o maior número
de habitantes nesta condição.
No passado, os esforços para alimentar o mundo eram focados em
melhorar a produção agrícola para se obter mais alimentos. Mas os
desafios de hoje, incluindo a mudança do clima, pedem uma nova
abordagem, disse Graziano.
“Precisamos mudar para sistemas alimentares mais sustentáveis, que
produzam mais com menos danos ambientais e que promovam o consumo
sustentável, uma vez que hoje jogamos fora de um terço à metade do que
produzimos,” prosseguiu ele.
Trata-se principalmente de uma questão de acesso, segundo o diretor. O
planeta produz alimentos suficientes para todos, mas a segurança
alimentar é uma outra questão: “As pessoas não estão com fome porque não
há comida disponível, mas porque não têm acesso a ela,” afirmou, de
acordo com o All Africa.
Por José Eduardo Mendonça para Planeta Sustentável.
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