Cerca de 1,2
bilhão de pessoas – quase um quinto da população mundial – vive em áreas
que apresentam escassez física de água, enquanto mais 1,6 bilhão de pessoas
enfrentam o que pode ser chamado de carência econômica de água. Acredita-se que
essa situação tende a piorar, na medida que ocorra aumento populacional,
mudança queda em investimentos e qualidade de gestão, e que o uso ineficiente
dos recursos naturais existentes restrinjam a quantidade de água disponível
para as pessoas. Estima-se que por volta de 2024, cerca de 1,8 bilhão de
pessoas estejam vivendo em regiões com absoluta escassez de água, e que metade
da população mundial vivam sob tensões causadas pela água.
A escassez de água possui várias definições. A
escassez física ocorre quando não tem água suficiente para atender à demanda.
Seus sintomas incluem degradação ambiental severa, perda de águas subterrâneas
e distribuição desigual de água. A escassez econômica de água ocorre quando não
existem investimentos adequados, nem gestão apropriada que atenda a demanda de
pessoas que não possuem meios financeiros para fazer uso dos recursos
existentes para captar água. Neste caso, os sintomas incluem, normalmente, uma
infraestrutura pobre. Grande parte da África sofre com de escassez econômica de
água.
Mapa da escassez global da água (International Water Management Institute) |
A previsão atual é que a população mundial deverá
aumentar de 7 bilhões para 9,1 bilhões em 2050, fazendo uma grande pressão
sobre os recursos hídricos necessários para atender as demandas por alimento,
energia e uso industrial. No entanto, existem outras formas de pressão,
incluindo o crescimento urbano e excesso de consumo, a falta de gerenciamento
adequado, e a iminente ameaça das mudanças climáticas. Segundo a Organização
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e a ONU Água, o uso de
água cresceu em uma taxa maior que o dobro do crescimento populacional no
século passado.
Na escala global, 70 por cento da água retirada para
uso vão para o setor agrícola, 11 por cento para atender as demandas municipais
e 19 por cento são para fins industriais. Entretanto, esses números poder ser
distorcidos para alguns países que apresentam um uso muito alto de água, como a
China, Índia e os Estados Unidos da América.
A captação da água na agricultura é responsável por
44 por cento do total de água retirada entre os membros da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento e Cooperação (OCDE), mas esse percentual sobe para
mais de 60 por cento nos oito países da OCDE que dependem fortemente de
agricultura irrigada. Nas quatro economias em transição – Brasil, Rússia, Índia e China –, a agricultura
é responsável por 74 por cento da captação de água, mas isso varia de 20 por
cento na Rússia a 87 por centro na Índia.
Os formuladores de políticas devem introduzir
uma variedade de medidas para lidar com a escassez de água global. Uma iniciativa importante
é apoiar os pequenos agricultores.
Grande parte do investimento público
na gestão da água para fins agrícolas
tem se concentrado em sistemas de
irrigação em grande escala. Os
agricultores também podem usar a água de forma mais eficiente tomando uma série de
medidas, que incluem o
crescimento de um conjunto diversificado de culturas adaptadas às
condições locais e adoção de sistemas
de irrigação, como linhas de "gotejamento"
que levem água diretamente para as raízes das plantas.
As mudanças climáticas afetarão os recursos hídricos globais em níveis variados. Reduções
de escoamento do rio e recarga do aquífero são esperados na bacia do Mediterrâneo e nas regiões semi-áridas das Américas, Austrália e sul da África, afetando a disponibilidade de
água em regiões que já estão sofrendo
com a falta de água.
Na Ásia, as grandes áreas de terras irrigadas que dependem do degelo
da neve e das geleiras das montanhas para captar água serão afetadas pelas mudanças nos padrões de escoamento. Além disso, os deltas
de rios densamente povoados ficam sob os
riscos de uma redução de fluxos,
aumento da salinidade e elevação do nível do mar. O aumento das temperaturas vai se traduzir em
um aumento da demanda hídrica
para a agricultura em todos os lugares.
Para combater os efeitos da mudança climática, devem ser feitos esforços
para seguir uma abordagem de gestão integrada dos recursos hídricos em escala
global. Este processo envolve uma gestão hidríca que reconheça a natureza
holística do ciclo da água e a importância de administrar a relação
custo-benefício, que enfatize a importância de instituições eficazes e que seja
inerentemente adaptativa.
Tradução do inglês por Francisco A. da Costa, com permissão da autora, Suprya Kumar.
Uma versão mais detalhada, em inglês, pode ser lida aqui.
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