por Mariana Della Barba
Da BBC Brasil em São Paulo
A cúpula do clima da ONU, a COP 19, conseguiu esboçar
neste sábado um compromisso de última hora para elaborar medidas que
levem a um novo acordo contra o aquecimento global.
Ainda que modesto, o compromisso foi comemorado
pelos participantes, após as negociações terem estado à beira do
fracasso e terem avançado um dia além do previsto - por conta de
divergências entre países ricos e países em desenvolvimento a respeito
de suas respectivas responsabilidades quanto à redução de emissão de
gases do efeito estufa.Mais de 190 países concordaram em elaborar "contribuições" (já que a palavra "compromissos" foi rejeitada) para o novo acordo, que só deve ser concluído em 2015 para vigorar em 2020.
Após Índia e China terem argumentado que países em desenvolvimento não devem ter as mesmas obrigações que os desenvolvidos em conter emissões - o que levou ao principal impasse das negociações -, chegou-se a um acordo de que todos devem agir para conter as emissões, informa a agência Reuters.
Críticas
Nem os ambientalistas e os diplomatas mais entusiasmados esperavam grandes avanços das negociações da COP 19, em Varsóvia, na Polônia.Mas as cenas vistas nos últimos dias do evento deram a medida dos pontos de fracasso nas negociações, que pretendiam chegar a alguns acordos para reduzir o aquecimento global e mitigar seus efeitos.
Primeiro, choveram críticas ao país sede, que decidiu abrigar concomitantemente à COP uma convenção sobre carvão, um dos combustíveis mais poluentes do planeta. Em seguida, o governo demitiu o ministro de Meio Ambiente da Polônia, Marcin Korolec, que também era o presidente da cúpula, enfraquecendo seu poder de liderança.
Outra cena que marcou a conferência ocorreu na quinta-feira, quando todas as grandes ONGs ambientais e sociais abandonaram o evento por estarem frustradas com o andamento das negociões. Milhares de ambientalistas foram vistos devolvendo seus crachás e deixando o local da COP.
"No geral, os resultados dessa COP ficaram muito aquém das expectativas, que já eram baixíssimas", disse à BBC Brasil Bruno Toledo, membro do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV), que foi a Varsóvia acompanhar a cúpula.
"Os avanços foram muito marginais e vimos até alguns retrocessos no processo de negociação que pretendia pavimentar o caminho para a COP de Paris (2015)."
A meta das últimas cúpulas da ONU é alcançar, daqui a dois anos na França, um novo entendimento global a fim de substituir o Protocolo de Kyoto – o acordo internacional que restringe as emissões causadoras do efeito estufa e que expira em 2020.
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