Objetivo é evitar prejuízos, como a perda de 30% dos rebanhos este ano.
LUCAS TOLENTINO
A seca no Brasil será minimizada por meio de medidas de prevenção e
convivência com a semiaridez. A criação de um sistema de monitoramento e
a implantação, a nível nacional, das resoluções da Convenção das Nações
Unidas de Combate à Desertificação aparece entre as ações para
minimizar os problemas causados pela estiagem no país. O objetivo é
evitar prejuízos, como a perda de 30% dos rebanhos este ano, e encontrar
alternativas para a produtividade e o desenvolvimento sustentável nas
regiões afetadas.
O plano de ações para frear os transtornos da
seca passa por discussão, entre esta quarta (23/10) e quinta-feira
(24/10), em Brasília, na 5ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de
Combate à Desertificação (CNCD). Presidido pela ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, o órgão colegiado deliberativo é formado
por 44 representantes da sociedade civil, do setor produtivo e dos
governos federal e estaduais e municipais dos 11 Estados afetados pelo
fenômeno – todos os nove do Nordeste, acrescidos de Minas Gerais e
Espírito Santo.
SISTEMA
Uma plataforma
digital será colocada em funcionamento com o objetivo de prever pontos
que serão afetados e subsidiar ações de adaptação, a exemplo do que já
ocorre no monitoramento de deslizamentos de terras e outros desastres
causados por chuvas no país. Após três anos de trabalho, o banco de
dados que dará suporte à elaboração do Sistema de Alerta Precoce de
Secas e Desertificação está pronto e foi apresentado na reunião da
comissão.
O material servirá para a consolidação do sistema, em
fase de elaboração em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE) para ser inserido no Centro de Monitoramento de
Desastres Naturais. A intenção é gerar indicadores de áreas suscetíveis a
desertificação a tempo de que ações sejam tomadas. A plataforma usará
informações como dados sobre solos, cobertura de terra e geomorfologia
para emitir os alertas.
CONVIVÊNCIA
A
comissão também focou os resultados alcançados pela delegação brasileira
na Conferência das Partes (COP 11) da Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação, realizada em setembro deste ano em Windhoek,
capital da Namíbia. O objetivo é alinhar os temas acordados entre a
comunidade internacional com as políticas brasileiras e o Plano Nacional
de Combate à Desertificação.
O intuito é estimular ações de
adaptação à realidade das regiões afetadas pela seca. “Estão sendo
desenvolvidas estratégias de convivência sustentável com a semiaridez”,
explicou o diretor de Combate à Desertificação do MMA e
secretário-executivo da comissão, Francisco Campello. Segundo ele, as
políticas públicas em desenvolvimento fomentarão o uso produtivo e
consciente das terras atingidas pelo fenômeno.
O MMA, em
parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
(IICA), apoia a elaboração dos Programas Estaduais de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca nos 11 Estados afetados.
Os programas contêm as necessidades e as áreas que devem ser priorizadas
em cada uma das unidades federadas.
SAIBA MAIS
A desertificação se traduz na degradação da terra nas zonas áridas,
semiáridas e subúmidas secas e decorre de fatores como variações
climáticas e atividades humanas. No Brasil, o processo é resultado do
uso inadequado dos recursos florestais da caatinga e do cerrado para
atividades como práticas agropecuárias sem manejo dos solos e o
fornecimento de biomassa florestal para atender 30% da matriz energética
do Nordeste e outras regiões, por meio de desmatamento.
As
chamadas áreas suscetíveis à desertificação representam 16% de todo o
território brasileiro. Ao todo, são 1.488 municípios e a população rural
diretamente afetada pelo processo de degradação chega a 10 milhões de
habitantes. Essas regiões concentram 66% da pobreza rural do país.
Fonte: portal do MMA
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