Nível do mar, inundações, atividades litorâneas e erosão do solo são avaliados por pesquisador espanhol.
SOPHIA GEBRIM - postado no portal do MMA
A
zona costeira é afetada diretamente pelo nível do mar, inundações,
atividades litorâneas e erosão do solo. Depois de três anos de estudo
desses efeitos no litoral de países da América Latina e Caribe, o
professor da Universidade de Cantabria (Espanha), Iñigo Losada
Rodriguez, apresentou, nesta segunda-feira (24/06), na sede do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Brasília, os
resultados da pesquisa na palestra “Metodologia, ferramentas e bases de
dados para a avaliação dos impactos das mudanças climáticas nas zonas
costeiras da região de América Latina e Caribe”.
A atividade,
parte da cooperação entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a
Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), reuniu
especialistas e técnicos da área, interessados em conhecer a experiência
desenvolvida pelo professor espanhol. “A nossa expectativa é ampliar
informações sobre o cenário climático e atividades que afetam
diretamente o clima, pensando que os aspectos ambientais de hoje podem
ser alterados no futuro”, destacou o diretor do escritório da Cepal no
Brasil, Carlos Mussi. Para ele, a iniciativa garante um amplo
intercâmbio de informações entre os participantes.
RESULTADOS
A
pesquisa de Losada, desenvolvida em parceria entre o Instituto de
Hidráulica da Universidade de Cantabria e a Cepal, analisou 72 mil km da
costa. “Verificamos as alterações detectadas na dinâmica costeira e a
influência da variabilidade climática na vulnerabilidade costeira da
América Latina e Caribe, com a previsão dos impactos e riscos previstos
para o futuro da região”, apontou Losada. Segundo ele, a proposta do
estudo é fornecer informações para elaboração de políticas de
desenvolvimento econômico e sustentável para a região que considerem a
análise de riscos das mudanças climáticas.
Ele apresentou os
impactos considerados, que foram: inundação permanente e temporária,
erosão, atividade portuária, segurança de obras, branqueamento dos
corais, entre outros. “Para inundação, por exemplo, o desafio era obter
uma série temporal horária de nível do mar”, citou. Assim, foi feita uma
análise de componentes e a partir dela, calculou-se a cota de inundação
para um nível da água com período de recorrência de 500 anos. Os
resultados principais incluíram a inundação costeira em função do
aumento do nível do mar, para a qual a distribuição de população na
costa foi o fator de maior peso.
Outra verificação da pesquisa é
que o peso relativo da franja costeira (área ocupada na costa) é maior
em países insulares, enquanto que em número de pessoas destacam-se o
Brasil, o México e a Argentina. “Quanto à erosão de praias, apesar de se
mostrar generalizada, foi observado que a diversidade de praias gera
potenciais impactos distintos”, acrescentou.
Outro ponto
destacado é a alteração na altura e direção de ondas, que pode provocar
erosão por mudança no perfil. Além disso, explica, as praias têm
dualidade funcional: servem para recreação e defesa da costa, de maneira
tal que as taxas de erosão alteram a sua vulnerabilidade. No que se
refere a obras e portos, é possível calcular probabilidades de falhas em
função de eventos extremos.
Os resultados numéricos do estudo estão disponíveis no link: www.c3a.ihcantabria.com
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