O comitê científico conjunto do Programa Mundial de Pesquisa Climática (WCRP, na sigla em inglês) está no Brasil pela primeira vez
para realizar, até a próxima sexta-feira (31), a sua 34ª reunião anual.
Na abertura do evento, ocorrida hoje (27), em Brasília, dirigentes da
organização reconheceram o ganho de protagonismo da pesquisa brasileira
na área de mudanças climáticas.
Na avaliação do presidente do comitê científico, Antonio Busalacchi, o
Brasil mudou de patamar desde sua primeira visita ao país, há duas
décadas, quando participou de encontros sobre seca em Fortaleza. “Nos
últimos 20 anos, foi realmente instigante constatar o desenvolvimento e a
transformação deste país em uma liderança em questões climáticas”.
O diretor do WCRP na Organização Meteorológica Mundial (OMM), Ghassem
Asrar, afirma que os progressos recentes antecipam um futuro estimulante
para a ciência brasileira. “O momento é perfeito porque estamos
planejando o futuro do programa”.
A OMM patrocina o WCRP ao lado do Conselho Internacional para a Ciência
(Icsu) e da Comissão Oceanográfica Intergovernamental, da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Para o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e
Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI),
Carlos Nobre, o fato de o comitê se reunir no país atesta a maturidade
da ciência climática brasileira.
Em discurso na cerimônia de abertura, Nobre destacou o compromisso
nacional no contexto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima. “Temos hoje uma liderança clara em política climática,
no sentido de que o Brasil é o único país em desenvolvimento a
estabelecer metas voluntárias de redução e estabilização das emissões de
gases de efeito estufa”, lembrou.
O secretário anunciou que R$ 38 milhões do Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) devem financiar
pesquisa climática nos próximos três anos. “O Brasil avançou bastante
nas reduções, na mitigação, mas precisamos evoluir ainda mais na
adaptação da sociedade, do sistema econômico, da agricultura, do uso da
água, em como proteger a biodiversidade em face das mudanças climáticas,
como adaptar as cidades costeiras brasileiras com o inevitável aumento
do nível do mar”, ponderou.
Segundo ele, em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o governo
federal divulgará a primeira estimativa anual das emissões de gases de
efeito estufa do país – o documento faz parte do compromisso firmado
voluntariamente no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima.
No mesmo dia, informou Nobre, o Ministério do Meio Ambiente deve
anunciar planos setoriais de mitigação de impactos ambientais. “Esses
dois lançamentos mostram que o compromisso brasileiro está sendo
perseguido com bastante tenacidade”.
Monitoramento
De acordo com Nobre, os sistemas observacionais do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI)
atuam na adaptação a extremos climáticos. “Estamos no segundo ano de
seca consecutiva no Nordeste do Brasil”, lamentou. “É um desastre
natural de grandes proporções no país. Isso afeta mais de 10 milhões de
pessoas.”
“Criamos um programa para controlar os impactos das secas no Nordeste,
onde vamos colocar 1.000 pluviômetros, 500 medidores de umidade do solo,
100 estações agrometeorológicas e quatro radares”, detalhou o
secretário. “A ideia é realmente aumentar a nossa capacidade – hoje algo
limitada – de prever consequências na agricultura e no abastecimento de
água.”
Outro passo importante do Brasil, segundo Nobre, ocorreu com o
lançamento da pedra fundamental do Instituto Nacional de Pesquisas
Oceânicas e Hidroviárias (Inpoh), na última sexta-feira (24). A unidade
deve funcionar como organização social, em modelo semelhante ao do
Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que gerencia quatro laboratórios nacionais.
A reunião do comitê científico do WCRP segue até sexta-feira (31).
Sessenta cientistas de renome mundial estão em Brasília para avaliar
iniciativas globais ligadas ao clima nas ciências atmosférica, oceânica,
hidrológica e da criosfera. A Secretaria de Políticas e Programas de
Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI (Seped) compõe a comissão
organizadora do evento.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI
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