terça-feira, 28 de maio de 2013

Comitê ressalta avanços do Brasil em pesquisa climática

O comitê científico conjunto do Programa Mundial de Pesquisa Climática (WCRP, na sigla em inglês) está no Brasil pela primeira vez para realizar, até a próxima sexta-feira (31), a sua 34ª reunião anual. Na abertura do evento, ocorrida hoje (27), em Brasília, dirigentes da organização reconheceram o ganho de protagonismo da pesquisa brasileira na área de mudanças climáticas.
Na avaliação do presidente do comitê científico, Antonio Busalacchi, o Brasil mudou de patamar desde sua primeira visita ao país, há duas décadas, quando participou de encontros sobre seca em Fortaleza. “Nos últimos 20 anos, foi realmente instigante constatar o desenvolvimento e a transformação deste país em uma liderança em questões climáticas”.
O diretor do WCRP na Organização Meteorológica Mundial (OMM), Ghassem Asrar, afirma que os progressos recentes antecipam um futuro estimulante para a ciência brasileira. “O momento é perfeito porque estamos planejando o futuro do programa”.
A OMM patrocina o WCRP ao lado do Conselho Internacional para a Ciência (Icsu) e da Comissão Oceanográfica Intergovernamental, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Para o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, o fato de o comitê se reunir no país atesta a maturidade da ciência climática brasileira.
Em discurso na cerimônia de abertura, Nobre destacou o compromisso nacional no contexto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. “Temos hoje uma liderança clara em política climática, no sentido de que o Brasil é o único país em desenvolvimento a estabelecer metas voluntárias de redução e estabilização das emissões de gases de efeito estufa”, lembrou.
O secretário anunciou que R$ 38 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) devem financiar pesquisa climática nos próximos três anos. “O Brasil avançou bastante nas reduções, na mitigação, mas precisamos evoluir ainda mais na adaptação da sociedade, do sistema econômico, da agricultura, do uso da água, em como proteger a biodiversidade em face das mudanças climáticas, como adaptar as cidades costeiras brasileiras com o inevitável aumento do nível do mar”, ponderou.
Segundo ele, em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, o governo federal divulgará a primeira estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do país – o documento faz parte do compromisso firmado voluntariamente no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.
No mesmo dia, informou Nobre, o Ministério do Meio Ambiente deve anunciar planos setoriais de mitigação de impactos ambientais. “Esses dois lançamentos mostram que o compromisso brasileiro está sendo perseguido com bastante tenacidade”.

Monitoramento 

De acordo com Nobre, os sistemas observacionais do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI) atuam na adaptação a extremos climáticos. “Estamos no segundo ano de seca consecutiva no Nordeste do Brasil”, lamentou. “É um desastre natural de grandes proporções no país. Isso afeta mais de 10 milhões de pessoas.”
“Criamos um programa para controlar os impactos das secas no Nordeste, onde vamos colocar 1.000 pluviômetros, 500 medidores de umidade do solo, 100 estações agrometeorológicas e quatro radares”, detalhou o secretário. “A ideia é realmente aumentar a nossa capacidade – hoje algo limitada – de prever consequências na agricultura e no abastecimento de água.”
Outro passo importante do Brasil, segundo Nobre, ocorreu com o lançamento da pedra fundamental do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas e Hidroviárias (Inpoh), na última sexta-feira (24). A unidade deve funcionar como organização social, em modelo semelhante ao do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que gerencia quatro laboratórios nacionais.
A reunião do comitê científico do WCRP segue até sexta-feira (31). Sessenta cientistas de renome mundial estão em Brasília para avaliar iniciativas globais ligadas ao clima nas ciências atmosférica, oceânica, hidrológica e da criosfera. A Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI (Seped) compõe a comissão organizadora do evento.

Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI

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