De acordo com um novo estudo, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences,
microorganismos encontrados nas nuvens provavelmente desempenham um
papel em sua formação e na ocorrência de chuva. O trabalho altera a
visão de cientistas de como eles se espalham pelo mundo, e segue outros
estudos que descobriram a existência disseminada de bactérias na baixa
atmosfera.
Isto é importante por três razões, comenta o Climate Central.
Primeiro, partículas como poeira e microorganismos têm um papel como
blocos de construção de nuvens, servindo ao que cientistas se referem
como núcleos de condensação. Basicamente, são as partículas em torno das
quais se formam gotas de água ou cristais de gelo para formar uma nuvem
e, eventualmente, precipitação.
Segundo, o estudo implica que bactérias podem viajar a grandes
distâncias em ventos de altas altitudes. Isto significa que elas podem
estar em uma tempestade de areia da África, cruzarem o Atlântico e serem
depositadas no solo dos EUA. Isto tem implicações significativas sobre
como as bactérias se distribuem mundialmente, e pode oferecer pistas
sobre o modo de disseminação de algumas doenças.
Finalmente, uma das maiores fontes de incerteza das projeções da
mudança do clima é como as nuvens irão mudar em composição e abundância
com o aquecimento global. Alguns tipos de nuvens ajudam a esquentar o
planeta, e outras podem resfriá-lo refletindo a luz solar. Este estudo
sugere que os efeitos das bactérias também precisam ser considerados nos
cálculos da ciência do clima.
Cientistas coletaram amostras de micróbios que caem na Terra como
neve e chuva, e que flutuam nos céus acima de populações humanas,
costas, o rio Amazonas e topos de montanhas. Mas muitas partes do mundo
ainda não tinham sido mapeadas. Agora, uma equipe que tinha como seus
membros Terry Lathem e Natasha DeLeon-Rodriguez, da Universidade da
Georgia, tirou amostras da alta atmosfera sobre os oceanos.
A equipe coletou amostras não apenas de dois furacões no Atlântico,
como das nuvens em torno deles, e de céus limpos sobre o oceano, a costa
da Califórnia e outras locais nos EUA. Na média, as amostras tinham de
5.000 a 150.000 células microbiais a cada metro cúbico.
O mesmo volume de solo ou água do mar conteria dezenas ou centenas de
milhões de micróbios, e não surpreende que as comunidades no ar sejam
mais esparsas. Mas no alto as células vivas respondem por 20% de todas
as partículas microscópicas, uma proporção muito maior que em qualquer
outro lugar, informa a National Geographic.
Artigo de José Eduardo Mendonça, originalmente postado aqui.
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