sábado, 2 de fevereiro de 2013

O que bactérias estão fazendo nas nuvens?

De acordo com um novo estudo, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, microorganismos encontrados nas nuvens provavelmente desempenham um papel em sua formação e na ocorrência de chuva. O trabalho altera a visão de cientistas de como eles se espalham pelo mundo, e segue outros estudos que descobriram a existência disseminada de bactérias na baixa atmosfera.
Isto é importante por três razões, comenta o Climate Central. Primeiro, partículas como poeira e microorganismos têm um papel como blocos de construção de nuvens, servindo ao que cientistas se referem como núcleos de condensação. Basicamente, são as partículas em torno das quais se formam gotas de água ou cristais de gelo para formar uma nuvem e, eventualmente, precipitação.
Segundo, o estudo implica que bactérias podem viajar a grandes distâncias em ventos de altas altitudes. Isto significa que elas podem estar em uma tempestade de areia da África, cruzarem o Atlântico e serem depositadas no solo dos EUA. Isto tem implicações significativas sobre como as bactérias se distribuem mundialmente, e pode oferecer pistas sobre o modo de disseminação de  algumas doenças.
Finalmente, uma das maiores fontes de incerteza das projeções da mudança do clima é como as nuvens irão mudar em composição e abundância com o aquecimento global. Alguns tipos de nuvens ajudam a esquentar o planeta, e outras podem resfriá-lo refletindo a luz solar. Este estudo sugere que os efeitos das bactérias também precisam ser considerados nos cálculos da ciência do clima.
Cientistas coletaram amostras de micróbios que caem na Terra como neve e chuva, e que flutuam nos céus acima de populações humanas, costas, o rio Amazonas e topos de montanhas. Mas muitas partes do mundo ainda não tinham sido mapeadas. Agora, uma equipe que tinha como seus membros Terry Lathem e  Natasha DeLeon-Rodriguez, da Universidade da Georgia, tirou amostras da alta atmosfera sobre os oceanos.
A equipe coletou amostras não apenas de dois furacões no Atlântico, como das nuvens em torno deles, e de céus limpos sobre o oceano, a costa da Califórnia e outras locais nos EUA. Na média, as amostras tinham de 5.000 a 150.000 células microbiais a cada metro cúbico.
O mesmo volume de solo ou água do mar conteria dezenas ou centenas de milhões de micróbios, e não surpreende que as comunidades no ar sejam mais esparsas. Mas no alto as células vivas respondem por 20% de todas as partículas microscópicas, uma proporção muito maior que em qualquer outro lugar, informa a National Geographic.

Artigo de José Eduardo Mendonça, originalmente postado aqui.

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