Agência FAPESP – Um encontro para divulgar informações
científicas sobre possíveis impactos de riscos de extremos climáticos –
como ondas de calor, recordes de temperaturas altas e forte precipitação
de chuvas – e dos desastres a eles relacionados, bem como as opções
disponíveis para o gerenciamento desses impactos será realizado nos dias
16 e 17 de agosto, em São Paulo.
O workshop “Gestão dos Riscos dos Extremos Climáticos e Desastres na
América Central e na América do Sul – O que podemos aprender com o
Relatório Especial do IPCC sobre Extremos?” debaterá o resultado das
avaliações feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) no Relatório Especial sobre Gestão dos Riscos de
Extremos Climáticos e Desastres (SREX, na sigla em inglês) nas Américas
do Sul e Central.
O evento será realizado pela FAPESP e pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com o IPCC, o Overseas
Development Institute (ODI) e a Climate and Development Knowledge
Network (CDKN), ambos do Reino Unido, e apoio da Agência de Clima e
Poluição e do Ministério de Relações Exteriores da Noruega.
O workshop tem por objetivo reunir líderes empresariais, acadêmicos,
pesquisadores e organizações da sociedade civil cujas políticas ou
programas possam ser afetados por eventos climáticos extremos.
Durante o encontro serão abordadas questões como exposição e
vulnerabilidade no contexto do SREX, com observações sobre extremos
climáticos, impactos e perdas, opções de gerenciamento de riscos para a
melhoria de práticas atuais e futuras.
Composto por nove capítulos e quatro anexos, o SREX foi preparado
durante dois anos por 220 autores de 62 países, envolvendo os grupos de
trabalho I e II do próprio painel do IPCC. Foram recebidos 18.784
comentários de governos, de especialistas e agências internacionais
durante as três rodadas de revisão.
De acordo com o IPCC, as alterações no clima do planeta têm sido
responsáveis por padrões de eventos extremos, em diversas partes do
mundo. As consequências desses eventos poderiam ser reduzidas, pois
vulnerabilidades sociais e exposição a riscos também contribuem para seu
impacto, embora nem sempre eventos climáticos levem a desastres.
O SREX é resultado de um esforço multidisciplinar entre os cientistas
que estudam os aspectos físicos das mudanças climáticas e de suas
experiências em impactos, adaptação e vulnerabilidade, bem como de
peritos em gestão de risco de desastres.
Os dados e informações contidos no relatório permitem que os
formuladores de políticas possam aprofundar as discussões, com base nos
resultados e no exame do material em que o IPCC baseia suas avaliações. O
relatório identifica as lições aprendidas com a vasta experiência no
gerenciamento de riscos de desastres, com foco crescente na adaptação
para mudanças climáticas.
O relatório destaca períodos prolongados de altas temperaturas e
ondas de calor em diversas regiões do mundo. Indica o provável aumento
na frequência de eventos de precipitação intensa ou aumento na proporção
do total de chuvas intensas em muitas áreas, em especial nas latitudes
elevadas e em regiões tropicais, e no aumento do rigor do inverno nas
latitudes médias do norte do planeta.
O documento também aponta um aumento na duração e intensidade das
secas em algumas regiões do mundo, incluindo o sul da Europa e do
Mediterrâneo, Europa Central, América Central e México, além da África
Austral e em diferentes áreas da América do Sul.
Pesquisadores prepararam um documento de 592 páginas, com base nas
mais recentes informações técnicas e científicas, e o submeteram a duas
rodadas de revisões, feitas por especialistas e governos.
“Há muitas opções atualmente disponíveis que poderiam melhorar a
preparação para uma resposta eficaz aos eventos climáticos extremos e
catástrofes e aumentar a recuperação a partir deles”, diz Vicente
Barros, do Centro de Investigación del Mar y la Atmósfera da Argentina e
vice-presidente do Grupo de Trabalho 2 do IPCC.
Um dos organizadores do workshop, Jose Marengo, pesquisador do Centro
de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Inpe e um dos autores do
SREX, destaca a importância do relatório para as Américas Central e do
Sul nas ações dos governos para enfrentar os desastres naturais
associados principalmente a chuvas intensas e períodos secos.
“O aumento já observado dos extremos de chuva no sudeste da América
do Sul mostra um forte impacto em sistemas naturais e humanos, em áreas
urbanas e rurais, incluindo áreas vulneráveis da cidade de São Paulo,
que são afetadas pelas intensas chuvas e enchentes todos os anos”,
disse.
“Essa tendência poderá piorar no futuro, caso não sejam tomadas
medidas para a adaptação, pois as projeções mostram uma tendência de
aumento nos extremos de chuva em regiões densamente povoadas, como o
Estado de São Paulo, entre outros”, disse Marengo.
O workshop em São Paulo faz parte de uma série de eventos, com
caráter de discussão regional, realizados em 2012 em diferentes partes
do mundo. Os encontros visam fornecer informação sobre possíveis
impactos dos extremos climáticos e desastres por região, além de opções
de gerenciamento dos potenciais riscos deles decorrentes, conforme as
avaliações do IPCC.
O evento incluirá uma coletiva de imprensa, apresentação do Relatório
Especial por seus autores, sessões especiais para discussão sobre a
política nacional e regional e um conjunto de miniworkshops, destinados a
promover o diálogo e a partilha sobre as implicações do Relatório
Especial para as partes interessadas e formuladores de políticas em
níveis local, regional e nacional.
O workshop “Gestão dos Riscos dos Extremos Climáticos e Desastres na
América Central e na América do Sul” será realizado no Centro de
Convenções Albert Einstein – Auditório Moise Safra, Av. Albert Einstein,
627, São Paulo. A participação no workshop é gratuita.
Mais informações e inscrição: www.fapesp.br/ipccsrex
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