Novo plano estratégico marca 4ª Reunião da CNCD |
A
quarta Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Combate à Desertificação
(CNCD), pela primeira vez sediada em uma cidade do Semiárido brasileiro,
Campina Grande (PB), foi encerrada na última sexta-feira, dia 1º de junho, com
novo plano de ações estratégicas elaborado pelos representantes dos governos e
da sociedade civil. Na ocasião, foi deliberado sobre a proposta de inserção do
Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI) na CNCD e como correspondente
científico do Brasil na Convenção das Nações Unidas para Combate à
Desertificação (UNCCD - sigla em inglês de United Nations Convention to Combat
Desertification).
Um dos
destaques da Reunião foram os encaminhamentos de um plano de ações emergenciais
e estruturantes para a convivência com a semiaridez, inclusive com a seca.
Dentre as deliberações, consta a elaboração de um documento contendo o ingresso
da CNCD no Comitê Integrado de Combate à Seca na Região do Semiárido, o resgate
das ações previstas nos Planos de Ações dos Estados (PAEs) de forma que
integrem as ações de convivência com a semiaridez junto ao Comitê. Este tema é
oportuno se considerarmos que atualmente cerca de 60% da população residente no
Semiárido brasileiro, quase 12 milhões de habitantes, está afetada pela
estiagem, aspecto que requer atuação dos governos nas dimensões emergencial e
estrutural.
O diretor do Departamento de Combate à
Desertificação (DCD/MMA), Francisco Campello, durante a Reunião, destacou o que
considera os dois principais desafios para a Comissão: construir um processo
participativo e democrático para combater a desertificação, com base na
experiência da convivência e no resgate das tecnologias sociais e acompanhar a
implementação dos compromissos assumidos pelo Brasil junto à Convenção das
Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. “A
grande estratégia da Comissão é justamente não perder o esforço de planejamento
feito a nível de cada Estado no seu plano estadual de combate à desertificação
e mitigação dos efeitos da seca. Que as ações emergenciais sejam promotoras de
projetos estruturantes, o que significa o resgate das tecnologias sociais
implementadas para a convivência com o Semiárido, de forma que possamos, mesmo
numa situação de emergência por ocasião das estiagens, construir cenários
futuros de convivência com o Semiárido”, ressalta Campello.
Outro
aspecto discutido na 4ª Reunião foi o acompanhamento das políticas de fomento,
com destaque para as metas do Fundo Clima, linha de crédito do Ministério do
Meio Ambiente (MMA) que vai injetar R$ 1,2 bilhão, sendo cerca de 40% destes
recursos destinados ao Semiárido brasileiro em projetos de combate à
desertificação e mitigação dos efeitos da seca.
O
Código Florestal também foi tema de deliberações: os membros da CNCD aprovaram
moção de apoio à nota pública sobre o novo Código Florestal Brasileiro, emitida
pelo Comitê em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, baseado
no que estabelece a Constituição Federal de que todos têm direito ao ambiente
ecologicamente equilibrado. Os membros da CNCD expressaram, por meio do
referido documento, o desejo pela construção de um Código Florestal que
concilie conservação, produção e defesa dos bens comuns e dos direitos dos
povos e comunidades tradicionais e as normas específicas voltadas ao Semiárido
brasileiro no que se refere às áreas suscetíveis à desertificação.
Outro
tema discutido foi a instituição da Política Nacional de Agroecologia e Produção
Orgânica (PNAPO), a ser lançada na Rio+20, cujo objetivo consiste em promover a transição
agroecológica e a produção orgânica como base do desenvolvimento rural
sustentável, possibilitando à população a melhoria de qualidade de vida por
meio da oferta de alimentos saudáveis e do uso sustentável dos recursos naturais.
Dentre
os encaminhamentos, ressaltou-se também a participação dos membros da CNCD na
Rio+20, com destaque para os Pontos Focais dos PAEs nos diversos eventos da
Conferência.
Os
membros da CNCD, movidos pelo sentimento da convivência e pela afirmação da
vida no Semiárido brasileiro, convivência com a seca, combate à sua indústria e
seus (des)governos, também expressaram apoio à declaração sobre o atual momento
de estiagens na região, emitida pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA)
e baseado no fundamento das necessidades, potencialidades e interesses das
populações locais e nos princípios da conservação, uso sustentável e
recomposição ambiental dos recursos naturais do Semiárido, de forma que estes
aspectos promovam o desenvolvimento humano, social, cultural e econômico do
Semiárido brasileiro.
Texto: Catarina Buriti - Fonte: Portal do INSA
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