sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cemaden acompanha cheia no Amazonas e seca no Nordeste

11/05/2012 - 20:30
A cheia de enormes proporções na Amazônia vem exigindo medidas emergenciais dos governos federal, estadual e municipais. Como uma das principais estruturas do sistema nacional de prevenção e alertas, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI) acompanha ininterruptamente a subida do Rio Amazonas e de seus afluentes, bem como fatores que podem agravar seus impactos.

O problema atual no Amazonas está diretamente relacionado ao ocorrido no Acre em fevereiro. O grande volume de água recebido pelo Rio Acre deflagrou a segunda maior cheia registrada no estado, que afetou principalmente a cidade de Brasileia. Foram afetadas mais de 140 mil pessoas. A tragédia foi registrada em edição do programa jornalístico Profissão Repórter que mostra também a seca no Piauí e o funcionamento do Cemaden.

Como as precipitações continuam em índices extremamente altos, a situação crítica verificada nas cabeceiras da Bacia Amazônica, meses atrás, está se deslocando para a calha principal do rio e ao longo dos afluentes principais, que apresentam níveis hidrométricos bem acima do normal – ou seja, estão muito mais “altos” – para esta época do ano. A cheia ainda não atingiu seu ápice nas cidades da calha principal. Há prognósticos indicando que será próxima, se não superior, à maior cheia histórica, registrada em 2009.

"Nos últimos sete anos, tem-se observado uma exacerbação do ciclo sazonal de enchente e vazantes em rios amazônicos, com secas (2005 e 2010) e enchentes (2009 e 2012) que quebraram recordes históricos", explica o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre.

Além dos riscos à moradia e à integridade física dos habitantes, eventos como a atual enchente no Norte do país afetam o sustento da população ribeirinha, com a dificultação da pesca e o alagamento das áreas de várzea usadas pela agricultura, que frustra a safra dos pequenos produtores.

Mais de 20 municípios no estado do Amazonas já tiveram a situação de emergência reconhecida pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional. Estima-se que o pico da cheia deverá ser registrado no fim deste mês ou no início de junho.

O coordenador de Operações do Cemaden, Carlos Frederico Angelis, explica que, com relação a possíveis mortes, o momento mais preocupante será a baixa dos rios, quando podem ocorrer movimentação nas encostas ao longo do leito do rio Solimões e tributários. Na tradição de ocupação amazônica, muitas casas ficam nas margens dos cursos d’água.

O Cemaden, a Agência Nacional de Águas (ANA/MMA), o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad/MI), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/Mapa) e o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) têm se reunido semanalmente para trocar informações e embasar a tomada de decisões em função das enchentes da Amazônia.

Seca

Ao mesmo tempo, o Cemaden monitora a situação do Semiárido nordestino, que deve passar por seca severa este ano. A população da área que deverá ser afetada, conforme estimativa do centro, é de mais de 25 milhões, dos quais 7,8 milhões na área rural, distribuídos em 1.100 municípios de toda a região Nordeste.

“Choveu muito pouco no período tradicionalmente úmido”, comenta o coordenador Carlos Frederico Angelis. “Com isso, a região entrará na época seca em situação delicada, com nível baixo nos reservatórios. O pior está por vir. Tudo indica que haverá prejuízos para a população.”

Angelis conta que a antecipação desse cenário a partir das análises do Cemaden, identificando inclusive as localidades a serem mais afetadas, permitiu que o governo adotasse medidas de apoio.

Entre elas, a perfuração ou recuperação de milhares de poços, o adiantamento de recursos do programa federal Água para Todos para construção de cisternas e outras estruturas, a ampliação do Garantia Safra e o crédito emergencial para agricultores de pequeno, médio e grande portes, além de setores da agroindústria ligados à pecuária leiteira e à caprinocultura.

Agora, o Cemaden começa a estender sua área de atuação para a proteção da produção agrícola, com alertas, por exemplo, sobre riscos de colapso de safras de subsistência na região Semiárida do Nordeste. “O foco principal será na agricultura familiar, que é hoje o segmento mais sujeito a colapsos em função de extremos climáticos”, explica o secretário Nobre. "Queremos minimizar os impactos dessas quebras de safra e o prejuízo social que elas acarretam."

Fonte: Portal do MCT.

Comentário do Blog
A nota acima do MCT vem de encontro, e no bom sentido, à preocupação apontada por este blog sobre o papel do Cemaden e outros órgãos governamentais, com respeito ao quadro da seca atual no Nordeste do Brasil (NEB). O que não entendemos, ainda, é por qual razão o MCT não usa os recursos e instalações físicas do Centro Regional do Nordeste, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CRN-INPE), localizada em Natal-RN, como base para monitoramento de problemas climáticos, como seca, desertificação e problemas costeiros no NEB. Além do fato de Natal ter uma posição estratégica privilegiada, tanto para monitorar diretamente o Semi-Árido e, ao mesmo tempo, toda a região tropical do Oceano Atlântico, entre a América do Sul e a África, esta cidade é a sede da UFRN, onde foi implantado recentemente o Programa de


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