segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Termina expedição científica brasileira no interior da Antártica

Com o embarque no navio Ary Rangel da Marinha do Brasil, dos equipamentos utilizados na expedição científica Criosfera 1 realizado nesta segunda-feira (23), em Punta Arenas, no Chile, serão encerradas as atividades do evento, que instalou o primeiro módulo científico do país no interior da Antártica. A Expedição Criosfera, concebida e realizada pela comunidade científica nacional com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), marca um novo estágio no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ao comemorar-se o centenário da chegada do homem ao Polo Sul Geográfico e os 30 anos de atividades do Proantar, o Brasil finalmente tem um laboratório científico no interior da Antártica, ampliando a área geográfica de atuação do Proantar em mais de 4 milhões de km 2 .
Com a coordenação-geral do cientista e explorador polar Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a expedição científica teve pleno sucesso ao realizar várias atividades pioneiras. Primeiramente, instalou e colocou em funcionamento um laboratório automatizado e sustentável (toda a energia é provida por geradores eólicos e solares) para estudos atmosféricos a 670 quilômetros do Polo Sul Geográfico. O módulo, batizado de Criosfera 1, já está transmitido via satélite dados meteorológicos e da química atmosférica diretamente para o Brasil.
Essas informações serão essenciais para melhorar as previsões meteorológicas no país e para estudos sobre o impacto das mudanças do clima. O Criosfera 1 já mede a concentração do CO 2 (dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa). Essas concentrações naquele lugar isolado confirmam as medições realizadas em outros lugares remotos do mundo (chegam a 386 partes por milhão – ppm - por volume, um aumento de 40% desde o início da Revolução Industrial, no século 19).
Cooperação - A Expedição Criosfera foi uma missão interdisciplinar envolvendo 17 pesquisadores de sete instituições nacionais e duas chilenas. O grupo volta ao Brasil com amostras de gelo que contarão a história do clima e das mudanças na química da atmosfera ao longo dos últimos 300 anos. Houve ainda a medição com satélites e na superfície Antártica para saber como o gelo está respondendo as variações das mudanças do clima. Sobre isso, é essencial que os brasileiros lembrem que somos o sétimo país mais próximo da massa de gelo do planeta: 90% da criosfera (o conjunto da neve e gelo da Terra) está na Antártica. Esse volume é tão grande que se colocado sobre o Brasil cobriria os nossos 8,5 milhões de km 2 com uma camada homogênea de quase três quilômetros de espessura. Hoje, sabemos que mesmo pequenas variações neste gelo afetam o nível dos mares e nosso cotidiano.
No trigésimo ano do Proantar, a Expedição Criosfera também é um sucesso em termos de política internacional. Ao realizar uma missão no interior do continente, o Brasil demonstra mais uma vez o seu pleno interesse no futuro da região Antártica, quer ambientalmente como politicamente, reforçando sua posição no âmbito do Tratado da Antártica, o regime jurídico aplicado e que decidirá o futuro de seus 36 milhões de km 2 .
A expedição também recebeu apoio da Frente Parlamentar em Prol do Proantar da Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm) da Marinha, da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Equipe e instituições da Expedição Criosfera
  • Jefferson Cardia Simões - 53 anos, porto-alegrense, geólogo e glaciólogo, professor da UFRGS. É o coordenador-geral e científico da expedição.
  • Heitor Evangelista - 48 anos, carioca, físico, professor da Uerj. É o coordenador do módulo Criosfera 1.
  • Alexandre Santos de Alencar - 37 anos, carioca, biólogo, professor da Uerj
  • Carlos Ernesto G.C. Schaefer - 46 anos, carioca, agrônomo, professor da UFV
  • Cristiano Moreira Medeiros - 34 anos, Rio Grande (RS), geógrafo, técnico da Furg
  • Francisco Eliseu Aquino - 41 anos, Taquari (RS), geógrafo, professor da UFRGS
  • Guilherme Borges Fernandez - 40 anos, paulistano, geógrafo, professor da UFF
  • Heber Reis Passos - 49 anos, itamontense (MG), técnico do Inpe
  • Jandyr de Menezes Travassos - 59 anos, carioca, físico, pesquisador do ON
  • Jorge Arigony Neto - 36 anos, porto-alegrense, geógrafo, professor da Furg
  • Luís Fernando Magalhães Reis - 54 anos, porto-alegrense, geográfo, técnico da UFRGS
  • Marcelo Arévalo González - 51 anos, San Javier (Chile), engenheiro do CECS
  • Marcelo Sampaio - 49 anos, Santo André (SP), engenheiro do Inpe
  • Ricardo Janã Olbregón - 50 anos, Santiago do Chile, geógrafo, pesquisador do INACh
  • Rosemary Vieira - 45 anos, carioca, geógrafa, professora da UFF
  • Saulo Siqueira Martins (C) - 28 anos, belenense, físico, doutorando do ON,
  • Ulisses Franz Bremer (B) - 51 anos, Téofilo Otoni (MG), geógrafo, professor da UFRGS
Instituições Participantes (Sete nacionais, de quatro estados, e duas chilenas)
  • UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre
  • Uerj - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
  • Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos (SP)
  • UFF - Universidade Federal Fluminense, Campos dos Goytacazes e Niterói (RJ)
  • Furg - Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande (RS)
  • UFV - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa (MG)
  • ON - Observatório Nacional, Rio de Janeiro (RJ)
  • CECS - Centro de Estudios Científicos, Valdivia (Chile)
  • INACh - Instituto Antártico Chileno, Punta Arenas (Chile)
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Assessoria de Comunicação Social do CNPq
comunicacao@cnpq.br
(61) 3211-9414

2 comentários:

  1. O gás carbônico não é u principal gás de efeito estufa...é o vapor d'água,cerca de 97%...o carbono responde apenas por 0.04% da atmosfera...erro tendencioso desse blog!!!!

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    1. A observação tem procedência, quanto ao fato CO2 não ser o principal gás de efeito estufa. O autor *Anônimo* poderia contribuir propositivamente, indicando esta falha para a fonte, uma vez que o blog a indicou, com e-mail e telefone. Por outro lado, o autor do texto pode ter implicitamente se referido aos gases de efeito estufa que têm sofrido mudanças significativas ao longo das últimas décadas. A distribuição do vapor de água depende essencialmente da temperatura média da superfície terrestre, incluindo a superfície dos oceanos (a anomalias de TSM - temperatura superfície do mar). Fica o agradecimento ao "Anônimo*, de quem esperamos mais comentários.

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