domingo, 14 de agosto de 2011

Bairros de Natal têm sensações térmicas maiores que a temperatura

A alcunha de Cidade do Sol tem cada dia mais pertencido a Natal. Não só pela maior parte do ano proporcionar céu azul aos natalenses e turistas, mas sobretudo pela sensação térmica, que em alguns pontos da capital chega a apresentar diferença de até 3°C da temperatura marcada nos termômetros. Além das ilhas de calor comumente conhecidas, como o Alecrim e o Centro, bairros residenciais altamente adensados estão entrando na lista dos locais mais quentes do município, como Petrópolis e Ponta Negra. Para os especialistas, uma forma de aliviar essa quentura seria as cidades elaborarem um planejamento ambiental. Enquanto isso não acontece, o período ainda é de inverno, mas o calor já está castigando muita gente.

Embora boa parte da população tenha a impressão que está muito quente, nem sempre os termômetros marcam altas temperaturas. O meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Wellington Pinheiro, explica que uma coisa é o que está no termômetro, outra é o que sentimos de fato. A percepção popular é cientificamente conhecida como sensação térmica, fenômeno composto por vários elementos climáticos. Em Natal, a alta umidade do ar somada a ventos fortes resulta no aumento do calor.

A diferença do que sentimos para o que está marcado meteorologicamente pode chegar aos 4°C, principalmente nas denominadas ilhas de calor. A combinação de asfalto, pessoas, veículos e construções faz nascerem essas ilhas. Em uma análise superficial é possível citar imediatamente os bairros do Alecrim e Centro da Cidade. Porém, o engenheiro agrônomo, mestre em Arquitetura e Urbanismo, Leonardo Tinôco, ressaltou que Petrópolis já pode ser considerado uma ilha de calor e que a tendência é Ponta Negra passar pelo mesmo processo.

De acordo com o engenheiro, a ilha de calor se forma quando os ventos encontram os prédios e sobem aliados ao clima quente e úmido do litoral. Para quem está neste ambiente, a sensação é de uma estufa. Os prédios da Avenida Getúlio Vargas, principal via de Petrópolis, pode ser considerado um exemplo de local onde o fenômeno existe. As correntes de vento beneficiam os moradores dos prédios, mas as residências ficam no calor.

Adelma Pires, moradora de Felipe Camarão, é comerciante na Zona Norte e percebe a diferença climática entre sua casa e o trabalho. Na opinião dela, a Zona Norte é mais ventilada e menos quente. A visão da comerciante pode ser resultado do baixo adensamento da região, onde ainda não é possível fazer grandes prédios.

Planejamento Ambiental

Que arborizar as áreas ameniza o calor não é novidade para ninguém. Contundo, Leonardo diz que o poder público precisa criar um planejamento ambiental que aponte os caminhos para relação entre a densidade de ocupação e a área ambientalmente protegida. Por exemplo, diante de determinada quantidade de área construída ser construída também uma praça arborizada. Segundo o engenheiro, o estado ainda não tem Plano de Controle de Poluição Veicular. O projeto está sendo elaborado pelo Idema, após ter sido feito pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e ter virado objeto de Ação Judicial. Embora tenha certeza que a tendência com o passar dos anos é o aumento das temperaturas, Leonardo reconhece que 40% de Natal são Zonas de Proteção Ambiental (ZPA) e os vazios urbanos precisam ser ocupados. "A própria cidade precisa entender que o meio ambiente urbano é diferente do rural", ressaltou sobre o processo de ocupação. 

Por Maiara Felipe, da redação do DIARIODENATAL

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