Professora da UFRN diz que título de "cidade com o ar mais puro das Américas" dado à Natal não passa de um mito sem fundamento científico
Por Paulo de Sousa
A pesquisadora diz que esse título foi dado pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) décadas atrás a partir de um relatório, “mas nunca foi fundamentada em dados científicos”. Segundo Judith Hoelzemann, que é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a qualidade do ar em Natal como um todo é boa, pois, como toda cidade litorânea, têm sua atmosfera renovada constantemente pela brisa marítima.
Contudo, na opinião da cientista, existem pontos em Natal em que a qualidade do ar pode estar comprometida com a poluição causada pela emissão de gases expelidos pelos veículos e a concentração de edifícios, que impedem a circulação da brisa marítima. “Bairros como Alecrim, as avenidas de maior tráfego de veículos e outros locais que têm poucas árvores podem apresentar níveis de concentração de poluentes prejudiciais à saúde. Contudo, não existem dados que possam comprovar essa qualidade do ar na cidade”.
Judith Hoelzemann lidera uma equipe de pesquisadores na UFRN que pretende criar uma rede de monitoramento da qualidade do ar em Natal, montando vários equipamentos capazes de medir os níveis de concentração de poluentes na atmosfera da cidade em diversos pontos da capital potiguar. No entanto, essa iniciativa esbarra, segundo a professora, na falta de investimentos da sociedade em geral nesse sentido. Atualmente, apenas a universidade, o Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro de Tecnologia do Gás e Energia do RN (CTGás-RN) apoiam a ideia. “É preciso que haja interesse da população em investir nessa pesquisa, que é tão importante para a saúde de todos”, ressalta.
“Precisamos deixar essa cultura de circularem vários carros grandes pela cidade com apenas o condutor nele. É preciso investir em transporte público de qualidade e acabar com a ideia de que ônibus é para gente pobre. Em muitos países desenvolvidos, os ricos é que usam o transporte de massa, pois acham mais cômodo. É preciso também incentivar a construção e utilização de ciclovias, pois contribui em muito para a saúde da população”.
O Congresso reuniu 414 participantes de vários países, sendo 1/3 do público de origem brasileira. O Brasil foi o primeiro país na América Latina a receber esse evento, que teve a sua 13ª edição.
Fonte: Portal NoAr
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