O dia 28 de abril, hoje, é um dia especial, porém pouco divulgado. Para chamar um pouco mais a atenção, nesta semana o Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br), lançou edital dedicado à caatinga. Pois é, hoje é o Dia Nacional da Caatinga. Há um boa cobertura sobre o significado desse dia. Basta uma busca como "dia nacional da caatinga" na internet para descobrirmos vários artigos de jornais, revistas e blogs.
Neste blog são divulgados tópicos relacionados às questões de clima e ambiente, de interesse científico, tecnológico, educacional ou social. (In this blog we deal with some topics concerning climate and environment, with focus on scientific, technological, educational or social issues).
sábado, 28 de abril de 2012
Fundo Clima investirá R$ 390 milhões
ASCOM - MMA: 27/04/2012
Sophia Gebrim
O Fundo Clima investirá R$ 390 milhões em projetos de mitigação de efeitos das mudanças climáticas e preservação ambiental. O valor disponível para este ano é 70% superior ao destinado em 2011, de R$ 230 milhões. Para operar a alocação dessed recursos, o Ministério do Meio Ambiente divulgou nesta sexta-feira (27/04), por meio da Secretaria de Mudanças Climáticas, o Plano Anual de Aplicação de Recursos (PAAR 2012) do Fundo. O relatório, disponível no portal do MMA, detalha as linhas de financiamento e projetos com carteiras de crédito disponíveis de acordo com as necessidades de cada setor.
O PAAR é elaborado anualmente pelo Ministério do Meio Ambiente, aprovado pelo Comitê Gestor do Fundo Clima e deve conter informações sobre andamento dos projetos em execução, orçamento destinado e recursos disponíveis para aplicação. Além do detalhamento das prioridades gerais e específicas para o ano, detalhamento das modalidades de seleção, formas de aplicação e limites dos recursos alocados, bem como o limite de despesas para pagamento do agente financeiro.
"Para elaborarmos a proposta de aplicação dos recursos disponíveis ouvimos sugestões do Comitê Gestor e entidades públicas e privada", destaca o gerente do Fundo Clima, Marcos Del Prette. Ele explica, ainda, que o PAAR também foi objeto de discussão prévia com vários parceiros e agentes interessados, com oficinas setoriais com as diretorias do Ministério do Meio Ambiente envolvidas na questão.
Também participaram das discussões representantes do Grupo Executivo sobre Mudança do Clima e do Comitê Gestor, antes de ser submetido à plenária e aprovado pelo mesmo Comitê Gestor do Fundo Clima.
SETORES
Os recursos do Fundo Clima podem ser direcionados à ações e projetos ligados ao combate ao desmatamento dos biomas brasileiros, geração e distribuição de energia elétrica, agropecuária, produção de carvão vegetal e melhoria dos processos na siderurgia, transporte público urbano e sistemas modais de transportes interestadual de carga e passageiros, indústria de transformação e bens de consumo duráveis, indústrias químicas, fina e de base, indústria de papel e celulose, mineração, indústria da construção civil, serviços de saúde.
O fundo também apoia ações estratégicas relacionadas às elaboração da estratégia nacional de adaptação às mudanças climáticas e aos seus efeitos, áreas susceptíveis à desertificação (incluindo o combate à seca e uso responsável dos recursos hídricos), zona costeira, sistemas de prevenção e alerta de desastres naturais.
Sophia Gebrim
O Fundo Clima investirá R$ 390 milhões em projetos de mitigação de efeitos das mudanças climáticas e preservação ambiental. O valor disponível para este ano é 70% superior ao destinado em 2011, de R$ 230 milhões. Para operar a alocação dessed recursos, o Ministério do Meio Ambiente divulgou nesta sexta-feira (27/04), por meio da Secretaria de Mudanças Climáticas, o Plano Anual de Aplicação de Recursos (PAAR 2012) do Fundo. O relatório, disponível no portal do MMA, detalha as linhas de financiamento e projetos com carteiras de crédito disponíveis de acordo com as necessidades de cada setor.
O PAAR é elaborado anualmente pelo Ministério do Meio Ambiente, aprovado pelo Comitê Gestor do Fundo Clima e deve conter informações sobre andamento dos projetos em execução, orçamento destinado e recursos disponíveis para aplicação. Além do detalhamento das prioridades gerais e específicas para o ano, detalhamento das modalidades de seleção, formas de aplicação e limites dos recursos alocados, bem como o limite de despesas para pagamento do agente financeiro.
"Para elaborarmos a proposta de aplicação dos recursos disponíveis ouvimos sugestões do Comitê Gestor e entidades públicas e privada", destaca o gerente do Fundo Clima, Marcos Del Prette. Ele explica, ainda, que o PAAR também foi objeto de discussão prévia com vários parceiros e agentes interessados, com oficinas setoriais com as diretorias do Ministério do Meio Ambiente envolvidas na questão.
Também participaram das discussões representantes do Grupo Executivo sobre Mudança do Clima e do Comitê Gestor, antes de ser submetido à plenária e aprovado pelo mesmo Comitê Gestor do Fundo Clima.
SETORES
Os recursos do Fundo Clima podem ser direcionados à ações e projetos ligados ao combate ao desmatamento dos biomas brasileiros, geração e distribuição de energia elétrica, agropecuária, produção de carvão vegetal e melhoria dos processos na siderurgia, transporte público urbano e sistemas modais de transportes interestadual de carga e passageiros, indústria de transformação e bens de consumo duráveis, indústrias químicas, fina e de base, indústria de papel e celulose, mineração, indústria da construção civil, serviços de saúde.
O fundo também apoia ações estratégicas relacionadas às elaboração da estratégia nacional de adaptação às mudanças climáticas e aos seus efeitos, áreas susceptíveis à desertificação (incluindo o combate à seca e uso responsável dos recursos hídricos), zona costeira, sistemas de prevenção e alerta de desastres naturais.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Cresce valorização da divulgação científica
Por Fábio de Castro, em 17/04/2012
Agência FAPESP – Editor de Ciência do Financial Times há duas décadas, o jornalista britânico Clive Cookson acredita que os temas científicos têm se tornado mais familiares e mais valorizados para o público, graças a uma cobertura jornalística que se revela pouco a pouco mais profunda e mais precisa que no passado.
Essa transformação, de acordo com Cookson, deve-se em parte às novas tecnologias que facilitaram o trabalho do jornalista nos últimos anos. Mas, segundo ele, a principal razão para que o noticiário de ciência ganhasse mais qualidade está em uma mudança de atitude dos próprios cientistas, que perceberam a importância da comunicação.
Cookson, que atua há mais de 30 anos na cobertura dos temas de ciência e tecnologia, em diversos países e diferentes veículos e contextos, participou nesta segunda-feira (16/4) do seminário “Ciência na Mídia”, promovido pela FAPESP na sede da Fundação, em São Paulo.
O evento teve o objetivo de estimular a reflexão, por parte de todos os envolvidos na produção e divulgação científicas, sobre as maneiras de propiciar um espaço para a troca de conhecimentos e a proposição de novos modos de pensar a divulgação desses temas na sociedade. Em entrevista exclusiva à Agência FAPESP, Cookson comentou esses temas.
Agência FAPESP – Como tem evoluído a cobertura jornalística sobre ciência, considerando os seus 30 anos de experiência na área?
Clive Cookson– Apesar de existirem muitos blogs e sites de ciência, as pessoas continuam obtendo a maior parte de suas informações sobre o que está acontecendo no mundo científico por meio da mídia tradicional: jornais impressos, revistas, TV e rádio. Assim, o cientista se comunica com o público por meio desses veículos não especializados em ciência. Essa não é uma relação trivial. Mas sou muito otimista, porque, olhando com essa perspectiva de 30 anos, percebo que os cientistas estão se tornando muito melhores na tarefa de se comunicar com a mídia.
Agência FAPESP – O que mudou nessa relação, da perspectiva dos cientistas?
Clive Cookson– Eles estão se tornando muito mais proativos, mais abertos. Perderam o medo do contato com os repórteres. É uma mudança muito grande se você olha em uma perspectiva de longo tempo. E acredito que se trata de algo até certo ponto generalizado. Aqui no Brasil percebi que os cientistas são muito abertos.
Agência FAPESP – Qual pode ter sido a razão para essa transformação?
Clive Cookson– Os cientistas perceberam – certamente nos Estados Unidos e Europa, mas acho que no Brasil também – que é mais provável conseguir investimentos públicos e auxílios para fazer suas pesquisas na medida em que eles se tornam bons comunicadores. Na Grã-Bretanha os conselhos de pesquisa incluem explicitamente a comunicação dos resultados científicos como um dos critérios importantes para conseguir investimentos. De modo geral, podemos dizer que você tem mais facilidade para conseguir o investimento se você estiver preparado para comunicar. Isso é verdade para os pesquisadores, de forma individual, mas também em uma perspectiva mais geral: os pesquisadores sabem que a ciência como um todo terá mais apoio público se os cientistas gastarem um pouco de tempo e esforço para falar com jornalistas.
Agência FAPESP – Além dessas mudanças do lado da comunidade científica, houve também evolução do lado da produção da notícia? A qualidade do jornalismo melhorou?
Clive Cookson– Houve melhora, mas nada que justificasse um aumento muito grande da confiança dos pesquisadores nos jornalistas. A qualidade do jornalismo melhorou, mas não acho que isso tenha acontecido porque os jornalistas se tornaram melhores. O que ocorreu é que ficou muito mais fácil escrever uma matéria sobre ciência, agora que podemos ter acesso a artigos científicos na internet, podemos obter comentários por e-mail e coisas assim. Quando eu comecei no ofício, se quiséssemos ter acesso a um artigo era preciso ir às bibliotecas e para um simples comentários era preciso ter muita sorte e localizar os pesquisadores por telefone na hora certa.
Agência FAPESP – No Brasil os jornalistas de ciência, com frequência, têm formação em jornalismo, mas não uma formação científica. Qual é a característica dos divulgadores na Inglaterra?
Clive Cookson– Na Inglaterra há uma mistura. A maior parte dos jornalistas de ciência tem uma formação em ciência. Eu, por exemplo, sou formado em química. Mas há outros ótimos jornalistas de ciência que têm seu background em artes ou humanidades e depois começaram a trabalhar com ciência e foram excepcionalmente atraídos pela área. Acho que há prós e contras em ambos os casos.
Agência FAPESP – Em uma situação hipotética: se o senhor tivesse que contratar um repórter, iria preferir um indivíduo com uma formação científica, que escreve bem, mas não tem nenhuma experiência prévia em jornalismo, ou alguém que é um jornalista capaz e talentoso, mas sem qualquer envolvimento com ciência, nem experiência em jornalismo científico?
Clive Cookson– Se eu estivesse contatando essa pessoa para um trabalho de reportagem de ciências em um jornal, por exemplo, não hesitaria: escolheria o jornalista que tem experiência em reportagem, em vez de escolher o cientista. Acho que a capacidade para ser um bom jornalista é de fato o mais importante. Não adianta ser um bom cientista que escreve corretamente. Porque a ciência realmente requer um texto diferente, vívido. Prefiro um excelente jornalista que um excelente cientista para fazer isso.
Agência FAPESP – A percepção do público em relação à importância da ciência também tem mudado?
Clive Cookson– Minha impressão é que o conhecimento sobre ciência em meio ao público geral melhorou sim. Ainda não é o suficiente, mas acho que, em geral, a população ficou mais alfabetizada em ciência que há alguns anos atrás. Muita gente passou a entender melhor as bases da ciência. As pessoas têm mais intimidade com temas e termos centrais no mundo científico. Até certo ponto a internet contribuiu com isso, mas não sei se há grande potencial para melhorar muito mais, porque na rede também temos muito ruído e desinformação.
Agência FAPESP – Os jornalistas procuram fazer a ciência mais atraente para o público. Ao mesmo tempo, tendem a mostrar exclusivamente os resultados de sucesso, deixando em segundo plano o processo de produção da ciência. Com isso não se corre o risco de mistificar a ciência junto ao público?
Clive Cookson– Tem toda razão, esse é um problema absolutamente fundamental na relação entre jornalismo e ciência. No noticiário não há tempo nem espaço para descrever todos os passos da produção da ciência, mostrando ao público que não se trata de mágica, mas de um processo difícil, pontuado de dificuldades e fracassos momentâneos. O que deixa essa situação pior é que mesmo que você privilegie as pesquisas de qualidade, publicadas em revistas de prestígio, os artigos científicos também não lhe darão pistas sobre o processo de como a ciência funciona. Você só conseguiria dar ao público uma educação científica se fosse possível acompanhar o trabalho por meses a fio no laboratório. Geralmente isso é impossível.
Agência FAPESP – Além disso os insucessos raramente são publicados, não é?
Clive Cookson– Sim, essa é outra questão. A publicação, em particular na área de saúde, normalmente descreve apenas os resultados positivos. Os resultados negativos quase nunca têm espaço em publicações. É preciso estar atento a isso para não dar uma falsa impressão de que a ciência é feita só de acertos.
Agência FAPESP – Quando se noticia os resultados de um novo estudo, pode ser difícil repercutir a notícia com outros cientistas, porque muitas vezes eles alegam que ainda não tiveram contato com o artigo. Como o senhor lida com essa situação?
Clive Cookson– É uma situação extremamente difícil. Em primeiro lugar porque os cientistas normalmente não indicam seus competidores que trabalham na mesma área e que poderiam contribuir com um comentário. Além disso, geralmente é difícil conseguir um comentário sobre um artigo que acaba de sair e que não foi lido por quase ninguém. Na Inglaterra temos uma organização é muito útil, nesse sentido, para os jornalistas da área de saúde: o Science Media Centre.
Agência FAPESP – Como funciona?
Clive Cookson– É um serviço que foi criado há exatos 10 anos e reúne cientistas que atuam como se fosse assessores de imprensa. Eles pegam qualquer estudo e avaliam se é controverso, ou interessante o suficiente para render uma manchete. Então usamos seus contatos, que fazem comentários com grande qualidade. Acho que o SMC fez mais que qualquer outra instituição para melhorar a cobertura jornalística de ciência na Inglaterra. Eles têm excelentes bases de dados e uma incrível lista de contatos especializados. É muito eficiente.
Agência FAPESP – Muita gente vê os repórteres de ciência como tradutores de uma linguagem especializada para a linguagem do senso comum. O que o senhor acha dessa noção?
Clive Cookson– Parte do que fazemos pode ser visto como uma espécie de tradução, mas espero que nosso trabalho seja algo mais criativo e complexo que isso. Acho que os jornalistas são capazes de colocar novas maneiras de se olhar para a ciência que os próprios cientistas não poderiam proporcionar. É algo mais que simplesmente traduzir. Podemos gerar imagens, comparações, que os cientistas não conceberiam. Não se trata apenas de questão de simplificar uma linguagem, mas de fornecer uma interpretação nova de ideias, contextos e visões. E, mesmo no campo da linguagem, acho que esse trabalho extrapola a simples tradução: devemos ser autores capazes de tornar o conhecimento mais vívido, mais interessante para o público.
Agência FAPESP – Como foi sua trajetória? Por que se interessou por ciência?
Clive Cookson– Sempre me interessei por ciência e me formei em Química em Oxford. Mas dois fatos mudaram minha trajetória. Um deles é que notei que o jornalismo científico na Inglaterra não era bom. Ao mesmo tempo, percebi que eu não seria brilhante o suficiente para fazer um bom doutorado em química. Eu sabia que se não fosse tão brilhante, um doutorado em química poderia se transformar em algo não muito criativo, uma espécie de trabalho braçal para um orientador. Eu sabia que não era na verdade bom o suficiente para me tornar um grande cientista. Mas percebi que poderia escrever bem sobre ciência.
Agência FAPESP – E como começou de fato a atuar como jornalista?
Clive Cookson– Fui aceito em um programa de treinamento de um jornal local, em Londres. Depois de dois anos, tive a oportunidade de ir para Washington, nos Estados Unidos, por quatro anos, para trabalhar no suplemento de Educação Superior do Times. Foi uma experiência fantástica, eu escrevia sobre as universidades e institutos de pesquisa norte-americanos. Depois voltei para Londres para me tornar repórter de tecnologia do Times. Comecei, na década de 1980, a trabalhar na rádio BBC, como correspondente da área da saúde. E de lá fui para o Financial Times, onde tenho atuado como editor de ciência nos últimos 20 anos.
Agência FAPESP – Editor de Ciência do Financial Times há duas décadas, o jornalista britânico Clive Cookson acredita que os temas científicos têm se tornado mais familiares e mais valorizados para o público, graças a uma cobertura jornalística que se revela pouco a pouco mais profunda e mais precisa que no passado.
Essa transformação, de acordo com Cookson, deve-se em parte às novas tecnologias que facilitaram o trabalho do jornalista nos últimos anos. Mas, segundo ele, a principal razão para que o noticiário de ciência ganhasse mais qualidade está em uma mudança de atitude dos próprios cientistas, que perceberam a importância da comunicação.
Cookson, que atua há mais de 30 anos na cobertura dos temas de ciência e tecnologia, em diversos países e diferentes veículos e contextos, participou nesta segunda-feira (16/4) do seminário “Ciência na Mídia”, promovido pela FAPESP na sede da Fundação, em São Paulo.
O evento teve o objetivo de estimular a reflexão, por parte de todos os envolvidos na produção e divulgação científicas, sobre as maneiras de propiciar um espaço para a troca de conhecimentos e a proposição de novos modos de pensar a divulgação desses temas na sociedade. Em entrevista exclusiva à Agência FAPESP, Cookson comentou esses temas.
Agência FAPESP – Como tem evoluído a cobertura jornalística sobre ciência, considerando os seus 30 anos de experiência na área?
Clive Cookson– Apesar de existirem muitos blogs e sites de ciência, as pessoas continuam obtendo a maior parte de suas informações sobre o que está acontecendo no mundo científico por meio da mídia tradicional: jornais impressos, revistas, TV e rádio. Assim, o cientista se comunica com o público por meio desses veículos não especializados em ciência. Essa não é uma relação trivial. Mas sou muito otimista, porque, olhando com essa perspectiva de 30 anos, percebo que os cientistas estão se tornando muito melhores na tarefa de se comunicar com a mídia.
Agência FAPESP – O que mudou nessa relação, da perspectiva dos cientistas?
Clive Cookson– Eles estão se tornando muito mais proativos, mais abertos. Perderam o medo do contato com os repórteres. É uma mudança muito grande se você olha em uma perspectiva de longo tempo. E acredito que se trata de algo até certo ponto generalizado. Aqui no Brasil percebi que os cientistas são muito abertos.
Agência FAPESP – Qual pode ter sido a razão para essa transformação?
Clive Cookson– Os cientistas perceberam – certamente nos Estados Unidos e Europa, mas acho que no Brasil também – que é mais provável conseguir investimentos públicos e auxílios para fazer suas pesquisas na medida em que eles se tornam bons comunicadores. Na Grã-Bretanha os conselhos de pesquisa incluem explicitamente a comunicação dos resultados científicos como um dos critérios importantes para conseguir investimentos. De modo geral, podemos dizer que você tem mais facilidade para conseguir o investimento se você estiver preparado para comunicar. Isso é verdade para os pesquisadores, de forma individual, mas também em uma perspectiva mais geral: os pesquisadores sabem que a ciência como um todo terá mais apoio público se os cientistas gastarem um pouco de tempo e esforço para falar com jornalistas.
Agência FAPESP – Além dessas mudanças do lado da comunidade científica, houve também evolução do lado da produção da notícia? A qualidade do jornalismo melhorou?
Clive Cookson– Houve melhora, mas nada que justificasse um aumento muito grande da confiança dos pesquisadores nos jornalistas. A qualidade do jornalismo melhorou, mas não acho que isso tenha acontecido porque os jornalistas se tornaram melhores. O que ocorreu é que ficou muito mais fácil escrever uma matéria sobre ciência, agora que podemos ter acesso a artigos científicos na internet, podemos obter comentários por e-mail e coisas assim. Quando eu comecei no ofício, se quiséssemos ter acesso a um artigo era preciso ir às bibliotecas e para um simples comentários era preciso ter muita sorte e localizar os pesquisadores por telefone na hora certa.
Agência FAPESP – No Brasil os jornalistas de ciência, com frequência, têm formação em jornalismo, mas não uma formação científica. Qual é a característica dos divulgadores na Inglaterra?
Clive Cookson– Na Inglaterra há uma mistura. A maior parte dos jornalistas de ciência tem uma formação em ciência. Eu, por exemplo, sou formado em química. Mas há outros ótimos jornalistas de ciência que têm seu background em artes ou humanidades e depois começaram a trabalhar com ciência e foram excepcionalmente atraídos pela área. Acho que há prós e contras em ambos os casos.
Agência FAPESP – Em uma situação hipotética: se o senhor tivesse que contratar um repórter, iria preferir um indivíduo com uma formação científica, que escreve bem, mas não tem nenhuma experiência prévia em jornalismo, ou alguém que é um jornalista capaz e talentoso, mas sem qualquer envolvimento com ciência, nem experiência em jornalismo científico?
Clive Cookson– Se eu estivesse contatando essa pessoa para um trabalho de reportagem de ciências em um jornal, por exemplo, não hesitaria: escolheria o jornalista que tem experiência em reportagem, em vez de escolher o cientista. Acho que a capacidade para ser um bom jornalista é de fato o mais importante. Não adianta ser um bom cientista que escreve corretamente. Porque a ciência realmente requer um texto diferente, vívido. Prefiro um excelente jornalista que um excelente cientista para fazer isso.
Agência FAPESP – A percepção do público em relação à importância da ciência também tem mudado?
Clive Cookson– Minha impressão é que o conhecimento sobre ciência em meio ao público geral melhorou sim. Ainda não é o suficiente, mas acho que, em geral, a população ficou mais alfabetizada em ciência que há alguns anos atrás. Muita gente passou a entender melhor as bases da ciência. As pessoas têm mais intimidade com temas e termos centrais no mundo científico. Até certo ponto a internet contribuiu com isso, mas não sei se há grande potencial para melhorar muito mais, porque na rede também temos muito ruído e desinformação.
Agência FAPESP – Os jornalistas procuram fazer a ciência mais atraente para o público. Ao mesmo tempo, tendem a mostrar exclusivamente os resultados de sucesso, deixando em segundo plano o processo de produção da ciência. Com isso não se corre o risco de mistificar a ciência junto ao público?
Clive Cookson– Tem toda razão, esse é um problema absolutamente fundamental na relação entre jornalismo e ciência. No noticiário não há tempo nem espaço para descrever todos os passos da produção da ciência, mostrando ao público que não se trata de mágica, mas de um processo difícil, pontuado de dificuldades e fracassos momentâneos. O que deixa essa situação pior é que mesmo que você privilegie as pesquisas de qualidade, publicadas em revistas de prestígio, os artigos científicos também não lhe darão pistas sobre o processo de como a ciência funciona. Você só conseguiria dar ao público uma educação científica se fosse possível acompanhar o trabalho por meses a fio no laboratório. Geralmente isso é impossível.
Agência FAPESP – Além disso os insucessos raramente são publicados, não é?
Clive Cookson– Sim, essa é outra questão. A publicação, em particular na área de saúde, normalmente descreve apenas os resultados positivos. Os resultados negativos quase nunca têm espaço em publicações. É preciso estar atento a isso para não dar uma falsa impressão de que a ciência é feita só de acertos.
Agência FAPESP – Quando se noticia os resultados de um novo estudo, pode ser difícil repercutir a notícia com outros cientistas, porque muitas vezes eles alegam que ainda não tiveram contato com o artigo. Como o senhor lida com essa situação?
Clive Cookson– É uma situação extremamente difícil. Em primeiro lugar porque os cientistas normalmente não indicam seus competidores que trabalham na mesma área e que poderiam contribuir com um comentário. Além disso, geralmente é difícil conseguir um comentário sobre um artigo que acaba de sair e que não foi lido por quase ninguém. Na Inglaterra temos uma organização é muito útil, nesse sentido, para os jornalistas da área de saúde: o Science Media Centre.
Agência FAPESP – Como funciona?
Clive Cookson– É um serviço que foi criado há exatos 10 anos e reúne cientistas que atuam como se fosse assessores de imprensa. Eles pegam qualquer estudo e avaliam se é controverso, ou interessante o suficiente para render uma manchete. Então usamos seus contatos, que fazem comentários com grande qualidade. Acho que o SMC fez mais que qualquer outra instituição para melhorar a cobertura jornalística de ciência na Inglaterra. Eles têm excelentes bases de dados e uma incrível lista de contatos especializados. É muito eficiente.
Agência FAPESP – Muita gente vê os repórteres de ciência como tradutores de uma linguagem especializada para a linguagem do senso comum. O que o senhor acha dessa noção?
Clive Cookson– Parte do que fazemos pode ser visto como uma espécie de tradução, mas espero que nosso trabalho seja algo mais criativo e complexo que isso. Acho que os jornalistas são capazes de colocar novas maneiras de se olhar para a ciência que os próprios cientistas não poderiam proporcionar. É algo mais que simplesmente traduzir. Podemos gerar imagens, comparações, que os cientistas não conceberiam. Não se trata apenas de questão de simplificar uma linguagem, mas de fornecer uma interpretação nova de ideias, contextos e visões. E, mesmo no campo da linguagem, acho que esse trabalho extrapola a simples tradução: devemos ser autores capazes de tornar o conhecimento mais vívido, mais interessante para o público.
Agência FAPESP – Como foi sua trajetória? Por que se interessou por ciência?
Clive Cookson– Sempre me interessei por ciência e me formei em Química em Oxford. Mas dois fatos mudaram minha trajetória. Um deles é que notei que o jornalismo científico na Inglaterra não era bom. Ao mesmo tempo, percebi que eu não seria brilhante o suficiente para fazer um bom doutorado em química. Eu sabia que se não fosse tão brilhante, um doutorado em química poderia se transformar em algo não muito criativo, uma espécie de trabalho braçal para um orientador. Eu sabia que não era na verdade bom o suficiente para me tornar um grande cientista. Mas percebi que poderia escrever bem sobre ciência.
Agência FAPESP – E como começou de fato a atuar como jornalista?
Clive Cookson– Fui aceito em um programa de treinamento de um jornal local, em Londres. Depois de dois anos, tive a oportunidade de ir para Washington, nos Estados Unidos, por quatro anos, para trabalhar no suplemento de Educação Superior do Times. Foi uma experiência fantástica, eu escrevia sobre as universidades e institutos de pesquisa norte-americanos. Depois voltei para Londres para me tornar repórter de tecnologia do Times. Comecei, na década de 1980, a trabalhar na rádio BBC, como correspondente da área da saúde. E de lá fui para o Financial Times, onde tenho atuado como editor de ciência nos últimos 20 anos.
Mestrado em Ciências Climáticas na UFRN
Na última reunião do Comitê Técnico Científico da CAPES, foi aprovada a proposta de criação do Curso de Mestrado em Ciências Climáticas da UFRN. Em breve a Coordenação do PPGCC divulgará maiores informações, incluindo o processo de seleção para a primeira turma, que deverá ingressar no segundo semestre letivo da UFRN deste ano.
domingo, 15 de abril de 2012
Nordeste tem aumento de 469% de cidades em emergência por estiagem
O número de municípios que decretaram situação de emergência por conta da estiagem que atinge o Nordeste não para de crescer e já é o maior dos últimos cinco anos, segundo levantamento realizado pelo UOL nesta sexta-feira (13). Pelo menos 458 municípios estão com decretos em vigor, sendo que metade deles já tiveram reconhecimento federal. Mais de 140 decretos foram publicados esta semana. Cerca de 4 milhões de pessoas já estão em áreas atingidas.
De acordo com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, 222 decretos de emergência já haviam sido reconhecidos pelo órgão federal. Fora esses, mais de 200 municípios que também decretaram a situação terão a documentação analisada e poderão ser reconhecidos ou não. Ao todo, houve um aumento de 469% em relação ao número de cidades com decretos reconhecidos pelo governo federal, em comparação ao ano passado.
No Rio Grande do Norte, o governo do Estado decretou, nesta quinta-feira (12), situação de emergência em 139 municípios. O governo informou que os decretos foram publicados após a conclusão de um parecer técnico detalhando a situação agroclimática do Estado, apresentado no último dia 5. Segundo a Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte), as chuvas entre janeiro e março foram consideradas irregulares e de baixo volume. A estimativa é que 500 mil pessoas sejam afetadas.
A matéria completa está disponível no Portal do UOL aqui.
De acordo com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, 222 decretos de emergência já haviam sido reconhecidos pelo órgão federal. Fora esses, mais de 200 municípios que também decretaram a situação terão a documentação analisada e poderão ser reconhecidos ou não. Ao todo, houve um aumento de 469% em relação ao número de cidades com decretos reconhecidos pelo governo federal, em comparação ao ano passado.
- Mapa cedido pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Ufal mostra vegetação do semiárido, as áreas em vermelho são as mais afetadas, e as amarelas são são áreas em transição e que também sofrem com a estiagem
A matéria completa está disponível no Portal do UOL aqui.
terça-feira, 10 de abril de 2012
Seminário do PPGCC
A coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas tem satisfação de anunciar a retomada do Ciclo de Seminários para o ano 2012. Abaixo o título e palestrante desta quarta-feira, dia 11.
O evento é aberto a todos que tiverem interesse.
“Análise dos efeitos da Radiação Solar Ultravioleta em populações habitantes a diferentes altitudes”
Jaime Rodriguez Coariti PPGCC/CCET/UFRN
Data: 11 de abril de 2012 Horário: 16h
Local: Auditório do Departamento de Física - DFTE
RESUMO: A exposição inadequada à Radiação Ultravioleta (R-UV) aumentou a incidência de câncer de pele e outras doenças da pele de forma significativa no mundo. Diante da relevância, o estudo definiu três cidades brasileiras caracterizadas por possuir um clima tropical típico do pais (São Paulo - SP, Ilhéus - BA e Itajubá - MG) e, três cidades bolivianas caracterizadas por estarem localizadas a altitudes elevadas acima de 3600 m (La Paz, El Alto e Coroico). A metodologia utilizada para este trabalho foi dividida em duas partes independentes, mas complementares. Uma destina-se à área médica e a outra corresponde à física da R-UV. Os resultados da pesquisa apresentaram Índices Ultravioleta (IUV) elevados e uma porcentagem significativa de doenças dermatológicas correspondentes às fotodermatoses. Concluiu-se que existe uma necessidade imediata de incorporação de medidas de prevenção e conscientização da população, através de medidas simples como o incentivo ao uso habitual de métodos de proteção individual..
Sobre o Palestrante: Medico cirurgião Pela “Universidad Mayor de San Andrés - UMSA” - La Paz – Bolívia; Mestre em Epidemiologia pela “Universidad Mayor de San Andrés - UMSA” - La Paz – Bolívia; Mestre em Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela “Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI” – Minas Gerais – Brasil; Bacharel em Sistema de Informação Geográfica pela “Escuela Militar de Ingenieria - EMI” – La Paz – Bolívia; Aluno do Doutorado do Programa de Ciências Climáticas - UFRN
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Simpósio Internacional sobre Mudanças Climáticas em Natal
O Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas da UFRN está atualmente organizando o Simpósio Internacional: CLIMATE CHANGE, IMPACTS AND VULNERABILITIES IN BRAZIL: PREPARING THE BRAZILIAN NORTHEAST FOR THE FUTURE (CCIV2012), que ocorrerá durante os dias de 27 de maio a 1 de junho de 2012 em Natal/RN, Brasil.
O principal objetivo desse evento será reunir pesquisadores do Brasil e do exterior interessados nas questões ambientais envolvendo mudanças climáticas, vulnerabilidades e adaptações no Nordeste brasileiro. Ao final do evento deverão ser apresentadas sugestões, com base científica, a respeito de formação de redes de pesquisas e também recomendações para políticas públicas para o enfrentamento das alterações sócio-ambientais que podem ser causadas por mudanças climáticas no semi-árido, nas zonas costeiras, no rico ecossistema - caatinga -, e na saúde pública (como efeitos da radiação solar e propagação de dengue).
Para mais informações sobre o CCIV2012 consulte a página do evento:
http://www.ccet.ufrn.br/cciv2012/
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