domingo, 30 de agosto de 2015

La mitad de la población depende del agua de las montañas

¿Cómo le afecta el cambio climático?


La mitad de la población mundial depende del agua que nace de las montañas. Éstas ayudan a la creación de las nubes, lluvias, nevadas y ríos, además de ser las guardianas del hielo que, cuesta abajo, nos proporcionan el agua para beber, generar energía y producir alimentos.
Sin embargo, a pesar de su gran tamaño, las montañas son ecosistemas frágiles y los glaciares de sus cumbres están desapareciendo.
Así, debido al cambio climático, la disponibilidad del agua está variando en un momento en que su demanda se incrementa. La gestión integrada y apropiada de los recursos hídricos de las montañas debe convertirse en una prioridad mundial.
Les dejamos una infografía que muestra la importancia de cuidar las montañas y cómo el cambio climático afecta a sus ecosistemas.

Por iagua

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Global sea levels climbed 3 inches since 1992, NASA research shows


Sea levels worldwide rose an average of nearly 3 inches (8 cm) since 1992, the result of warming waters and melting ice, a panel of NASA scientists said on Wednesday.
In 2013, a United Nations panel predicted sea levels would rise from 1 to 3 feet (0.3 to 0.9 meters) by the end of the century. The new research shows that sea level rise most likely will be at the high end of that range, said University of Colorado geophysicist Steve Nerem.
Sea levels are rising faster than they did 50 years ago and “it’s very likely to get worse in the future,” Nerem said.
The changes are not uniform. Some areas showed sea levels rising more than 9 inches (25 cm) and other regions, such as along the U.S. West Coast, actually falling, according to an analysis of 23 years of satellite data.
Scientists believe ocean currents and natural cycles are temporarily offsetting a sea level rise in the Pacific and the U.S. West Coast could see a significant hike in sea levels in the next 20 years.
“People need to understand that the planet is not only changing, it’s changed,” NASA scientist Tom Wagner told reporters on a conference call.
“If you’re going to put in major infrastructure like a water treatment plant or a power plant in a coastal zone ... we have data you can now use to estimate what the impacts are going to be in the next 100 years,” Wagner said.
Low-lying regions, such as Florida, are especially vulnerable, added Michael Freilich, director of NASA's Earth Science Division.
”Even today, normal spring high tides cause street flooding in sections of Miami, something that didn’t happen regularly just a few decades ago,” Feilich said.
More than 150 million people, mostly in Asia, live within 3 feet (1 meter) of the sea, he added.
The biggest uncertainty in forecasting sea level rise is determining how quickly the polar ice sheets will melt in response to warming temperatures.
“Significant changes are taking place today on ice sheets,” said Eric Rignot, a glaciologist at the University of California in Irvine. “It would take centuries to reverse the trend of ice retreat.”
Scientists said about one-third of the rise in sea levels is due to the expansion of warmer ocean water, one-third to ice loss from the polar ice sheets and the remaining third to melting mountain glaciers.

Reporting by Irene Klotz; Editing by David Adams and Cynthia Osterman via Reuters

Simpósio internacional na UFRJ discute modelagem, análise e observações de ondas geradas pelo vento

O Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ convida a comunidade científica a participar do ‘Brazilian Symposium on Ocean Waves’, que será realizado nos dias 14, 15 e 16 de março de 2016 no campus da Ilha do Fundão

O foco do simpósio abrange modelagem, análise e observações de ondas geradas pelo vento. Nosso objetivo é incrementar a discussão e colaboração dentro deste campo de investigação.

Esta reunião será realizada em sessão plenária, com tempo reservado para debate para identificar as questões-chave de pesquisa dentro do Brasil e da investigação internacional da comunidade. Todas as apresentações serão em inglês.

O simpósio irá cobrir alguns temas de pesquisa, como:
ondas geradas pelo vento, mecânica dos fluidos de ondas aquáticas, clima de ondas, ondas em engenharia oceânica, observações e sensoriamento remoto, processos costeiros, interações ar-mar.

Comitê Organizador
Alexander Babanin, Australia, Co-Chair
Nelson Violante-Carvalho, Brazil, Co-Chair
Uggo de Pinho, Brazil
Erick Rogers, USA
Lev Shemer, Israel
Takuji Waseda, Japan

Registre seu interesse ou submeta um resumo até 31/12/2014 para: ababanin@swin.edu.au ou n_violante@oceanica.ufrj.br

El Niño: Bringing up baby



Beware the return of the world’s most powerful climatic phenomenon


IT IS a long way from the western Pacific Ocean to the flooded streets of Buenos Aires where, this month, the city’s Good Samaritans have been distributing food and candles by kayak after some unseasonably heavy rain. But there is a link. Its name is El Niño.

El Niño (Spanish for “The Boy”) is a Pacific-wide phenomenon that has global consequences. A Niño happens when warm water that has accumulated on the west side of the Pacific floods eastward with the abatement of the westerly trade winds which penned it up. (The long, dark equatorial streak on the map above, which shows sea-surface temperatures for August 10th-16th, indicates this.) The trade winds, and their decrease or reversal, are part of a cycle called ENSO (El Niño Southern Oscillation—see article).


The consequences of this phase of ENSO include heavy rain in south-eastern South America, western North America and eastern Africa, and drought in Australia, India and Indonesia. Another consequence, around Christmastide, is the sudden disappearance of the food supply of the Pacific anchoveta—and thus of the livelihoods of Peruvian fishermen. It was these fishermen who gave the phenomenon its name, the Boy in question being the young Jesus Christ.

El Niño-watchers at America’s National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) noted worrisome ENSO-related changes in both sea temperature and air pressure earlier this year. They declared the return of the Boy in March. Australia’s Bureau of Meteorology decided to wait until May. Such forecasts can be wrong. Despite signs of the phenomenon last year, no monstrous event actually emerged. But during July the surface temperature of the central equatorial Pacific was almost 1°C higher than expected, and its equivalent in the eastern Pacific was more than 2°C above expectations. Among other things, that puts the temperatures in these areas well above the 26.5°C minimum needed for the formation of tropical storms. Right on cue, on July 12th, six such cyclones spun in the Pacific—more than on any previous day in over four decades.

Article in full here via The Economist.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

IPCC e INPE promovem encontro com a comunidade no dia 14 de setembro

No dia 14 de setembro, das 14h00 às 17h30, em São José dos Campos (SP), acontece o “Encontro com a Comunidade: Mudança do Clima”. Na ocasião, pesquisadores, professores e estudantes interessados no tema “Mudança do Clima” terão a oportunidade de um encontro com líderes do IPCC, o painel climático da ONU.
O evento é parte do Workshop sobre Projeções Climáticas Regionais e seu Uso em Estudos de Impactos e Riscos, promovido pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Para participar do “Encontro com a Comunidade” – evento gratuito – é necessário submeter pedido de inscrição no site do INPE. As vagas são limitadas.

INPE via JC online

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Pesquisadores do INPE diagnosticam as condições de seca no Sudeste

Publicado na versão online da revista Theoretical and Applied Climatology, o artigo Precipitation diagnostics of an exceptionally dry event in São Paulo, Brazil apresenta um diagnóstico das condições de déficit de chuva observadas sobre o sudeste do Estado de São Paulo, incluindo sua região metropolitana, durante os dois últimos verões (2013/2014 e 2014/2015).
Segundo Caio Coelho, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e um dos autores do trabalho, o artigo responde a uma série de questões sobre a manifestação de eventos extremos de seca.
Os resultados obtidos pelos pesquisadores da Divisão de Operações do CPTEC/INPE revelam a excepcionalidade do déficit de chuva observado durante o verão 2013/2014, quando comparado a outros verões desde 1961/62, e que a região estudada vem sofrendo com déficit de chuva desde o final da década de 1990. Eventos de seca semelhantes foram observados no passado, porém de menor magnitude em termos de déficit de chuva. Um dos fatores que contribuiu para o déficit expressivo de precipitação durante o verão 2013/2014 foi o término exageradamente antecipado da estação chuvosa.
Outro trabalho do CPTEC/INPE publicado na versão online da revista Climate Dynamics, realizado em colaboração com pesquisadores da Universidade de São Paulo e Universidade Federal de Itajubá, destaca que a seca sobre o Sudeste durante o verão 2014 teve como raiz as condições de chuvas anômalas na região tropical ao norte da Austrália, desencadeando uma sequência de processos entre a região tropical e extratropical do oceano Pacífico, até atingir a região Sudeste do Brasil e oceano Atlântico adjacente.
Este trabalho, intitulado The 2014 southeast Brazil austral summer drought: regional scale mechanisms and teleconnections, revela o estabelecimento de um sistema anômalo de alta pressão sobre o oceano Atlântico adjacente aquecido, que forçou os sistemas frontais a realizar trajetórias oceânicas, favoreceu a manutenção do aquecimento oceânico através da incidência de radiação solar, transportou umidade da Amazônia para o sul do Brasil, e desfavoreceu a formação de eventos de Zona de Convergência do Atlântico Sul, um dos principais mecanismos de produção de chuva sobre a região Sudeste do Brasil.

Mais detalhes sobre os estudos na página: http://www.cptec.inpe.br/noticias/noticia/127760
via JC Online

Urânio contamina água na Bahia

Há 15 anos extração em única mina explorada na América Latina é feita pela Indústrias Nucleares do Brasil, estatal federal que sempre negava problema

Uma tampa de ferro cobre a boca do poço, no sítio de Osvaldo Antônio de Jesus. A proteção enferrujada tem um furo no meio. Abaixo dela, um reservatório com 90 metros de profundidade está cheio d’água. Osvaldo ergue a tampa e aponta o líquido, um bem precioso para quem vive por esses cantos de Lagoa Real, no sertão da Bahia. Por cerca de um ano, foi esse o poço que garantiu boa parte do consumo diário de sua família. Há poucas semanas, porém, nenhuma gota pôde mais ser retirada dali. Sua água está contaminada por urânio.

Veja o texto na íntegra: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,uranio-contamina-agua-na-bahia,1748686
via JC Online.
(André Borges e Dida Sampaio/O Estado de S.Paulo)

domingo, 23 de agosto de 2015

O clima realmente afeta nossa saúde?

Em 2013, neurocientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, reportaram um dos mais estranhos casos da história da medicina: o de um homem que dizia conseguir farejar o clima.
Se uma tempestade se aproximava, ele sentia um cheiro quase insuportável de excrementos de gambá misturado com o de cebolas cruas. Os pesquisadores não conseguiram explicar a causa desses sintomas bizarros.
É provável que a maioria de nós não seja dotada desse "talento" - ainda bem. Mas mudanças na atmosfera – mesmo as mais sutis – parecem ter uma relação estreita com mudanças em nosso corpo.
Enquanto cientistas ainda precisam confirmar algumas dessas conexões, as evidências não deixam de ser intrigantes. Se forem confirmadas, elas significam que tudo no corpo humano – do risco de um ataque cardíaco ao sexo de um futuro bebê – depende do clima.
Eis aqui alguns desses mistérios – alguns mitos, outros verdades.

A umidade provoca reumatismo?

Apesar de sempre ouvirmos histórias de como o tempo frio e úmido atinge nossas articulações, ainda não é possível afirmar que isso realmente ocorre.
Em 2009, uma análise de nove estudos realizados até então sobre o assunto concluiu que não há um efeito consistente do clima sobre os sintomas da artrite reumatoide.
É mais provável que se trate de um caso de "tendência de confirmação": se você já acredita que a chuva traz dor, tende a notar mais os dias de mau tempo em que se sente desconfortável e a ignorar quando se sente bem.
Mesmo assim, não se trata de um caso encerrado, já que outros estudos pretendem investigar o fenômeno mais a fundo.

Menos pressão no ar causa dor de cabeça?

Você já se sentiu carregando o mundo nas costas? Isso pode ser porque existe cerca de 1 tonelada de ar fazendo pressão sobre nossas cabeças a todo momento.
Parece ser a receita certa para uma dor de cabeça. E, para algumas pessoas, é justamente isso o que acontece.
O cientista Kazuhito Kimoto, da Faculdade de Medicina de Dokkyo, no Japão, e seus colegas pediram para que 28 pacientes com enxaqueca escrevessem o diário de suas dores durante um ano. Ao comparar os dados com o histórico da meteorologia no mesmo período, eles perceberam que a dor coincidia com a queda na pressão atmosférica.
Apesar de a equipe ter estudado um pequeno grupo de voluntários, outro estudo japonês confirmou o efeito, descobrindo que a venda de analgésicos aumenta quando o barômetro cai.
Um dos motivos poderia ser o fato de a queda de pressão do ar prejudicar o sistema vestibular – a cavidade na cabeça que nos ajuda a manter o equilíbrio –, provocando episódios de tontura e de dor de cabeça.

O frio pode 'congelar' o coração?

Além de ser a estação da gripe, o inverno também traz um aumento regular no número de ataques cardíacos. Segundo um estudo da Universidade de Pequim, as mortes por problemas cardíacos aumentam 40% no inverno em comparação com a primavera e o verão.
Apesar de décadas de estudo, ninguém ainda sabe porquê, mas a pesquisa chinesa descobriu que uma temperatura mais fria parece aumentar a pressão arterial – um dos fatores de risco para o infarto.

O calor ajuda a gerar mais meninos?

Temos a impressão de que a população mundial é dividida exatamente em 50% de homens e 50% de mulheres. Mas a verdade é que essas proporções variam muito de acordo com o clima.
No Hemisfério Norte, por exemplo, há mais chances de meninos serem concebidos em anos mais quentes do que naqueles em que o frio durou mais meses do que o normal.
O exato motivo para isso ainda é um enigma. Pode ser que a temperatura altere o equilíbrio hormonal da mulher ou a produção de esperma no homem.
Já alguns cientistas acreditam se tratar de um mecanismo evoluído nas mulheres para aumentar as chances de passar seus genes adiante. Isso porque os meninos têm menos chances de se reproduzir do que as meninas se estiverem em más condições de saúde. Então nosso corpo decidiria o sexo baseado em nosso ambiente atual.
De qualquer forma, o efeito é minúsculo e tende a variar de região para região do mundo. Apesar de ser algo biologicamente interessante, esse não é um fator para orientar sua decisão de ter filhos.

O sol pode matar?

O sol está constantemente banhando a Terra com tempestades geomagnéticas e radiações cósmicas. A atmosfera terrestre, em tese, deveria nos proteger dessas reviravoltas espaciais, mas talvez não estejamos totalmente a salvo delas.
Uma equipe de cientistas da Lituânia examinou os registros de mais de 1 milhão de mortes durante um período de 25 anos, e descobriu que a mortalidade por distúrbios cardíacos ou derrame parecia atingir um pico durante períodos com eventos extremos do clima espacial.
Estranhamente, outro estudo descobriu que aquelas pessoas nascidas durante períodos de intensa atividade cósmica tendem a viver até cinco anos a menos do que aqueles nascidos em períodos calmos. Isso também reduziria sua fertilidade.
Evidentemente, mais investigações precisam ser feitas para confirmar os resultados e tentar encontrar explicações.
Pode ser difícil acreditar que nossa saúde dependa de algo tão imprevisível como o tempo da Terra, então imagine uma tempestade de partículas a milhões de quilômetros de distância.

Por David Robson - BBC Future
Leia mais em BBC Brasil.


 




sábado, 22 de agosto de 2015

Observatório Atto, na Amazônia, será inaugurado neste sábado.

Agência FAPESP – O Observatório da Torre Alta da Amazônia (Atto), a 150 quilômetros a nordeste de Manaus, em meio à floresta, será inaugurado neste sábado (22/08), após um ano de construção.
A Torre, com 325 metros, é um projeto teuto-brasileiro em que estão envolvidos o Instituto Max Planck de Química, o Instituto Max Planck para Biogeoquímica, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
O observatório é um dos quatro principais sítios de pesquisa da campanha científica Green Ocean Amazon (GOAmazon), que conta com o apoio da FAPESP (leia mais sobre o GOAmazon em agencia.fapesp.br/18691).
Com custos de cerca de € 8,4 milhões, o projeto foi financiado no lado alemão pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) e no lado brasileiro pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo governo do Amazonas.
Instalado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, o Observatório Atto está equipado com um moderno equipamento de medição para coletar dados sobre gases de efeito estufa, partículas de aerossóis, propriedades de nuvens, processos de camada-limite e transporte de massas de ar.
De acordo com Antonio Manzi, pesquisador do Inpa e coordenador brasileiro do Atto, o projeto foi concebido como um laboratório de referência mundial para as interações entre as florestas tropicais e a atmosfera. “Os resultados obtidos fornecerão um grande avanço na representação das florestas tropicais, em modelos de sistemas meteorológicos e da Terra para gerar previsões de tempo e cenários muito mais precisos sobre o clima", explicou Manzi à Assessoria de Comunicação do Inpa.
“Todos os dados que estamos gerando com esta nova torre de medição estão sendo incorporados a modelos para predizer o desenvolvimento do clima”, afirmou o vice-presidente da Sociedade Max Planck, Ferdi Schüth, ao Inpa. “Os resultados da medição da Atto também estarão disponíveis para os formuladores de políticas desenvolverem mais regulações sobre a política de ambiente e metas climáticas globais.”
Os dados coletados no Observatório Atto também serão utilizados por pesquisadores brasileiros e norte-americanos envolvidos no projeto GOAmazon. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Inauguração da Torre Alta na floresta amazônica

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a Universidade do Estado do Amazonas e a Sociedade Max Planck inaugurarão a torre de medição de 325 metros na floresta amazônica brasileira
A 150 quilômetros ao nordeste de Manaus, no meio da densa floresta tropical brasileira¸ o Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO) será inaugurado após um ano de construção, neste sábado (22). A Torre Alta, de 325 metros, é um projeto conjunto entre o Brasil e a Alemanha em que estão envolvidos o Instituto Max Planck de Química, o Instituto Max Planck para Biogeoquímica, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Além de representantes de organizações científicas, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, o governador do Estado do Amazonas, José Melo, e representantes da embaixada alemã no Brasil estarão presentes na inauguração.
Bem acima das copas das árvores da floresta tropical, um moderno equipamento de medição irá coletar dados sobre gases de efeito estufa, partículas de aerossóis, propriedades de nuvens, processos de camada-limite e transporte de massas de ar. “Com a Torre Alta estamos atingindo um marco na pesquisa do sistema Terra. Todos os dados que estamos gerando com esta nova torre de medição estão sendo incorporados a modelos para predizer o desenvolvimento do clima”, explica Ferdi Schüth, vice-presidente da Sociedade Max Planck. Os resultados da medição, enfatiza Schüth, também estarão disponíveis para os formuladores de políticas desenvolverem mais regulações sobre a política de ambiente e metas climáticas globais.
“Nós projetamos o Observatório como um laboratório de referência mundial para as interações entre as florestas tropicais e a atmosfera. Os resultados obtidos fornecerão um grande avanço na representação das florestas tropicais em modelos de sistemas meteorológicos e da Terra para gerar previsões de tempo e cenários muito mais precisos sobre o clima”, explicou Antonio Manzi, cientista do Inpa e coordenador brasileiro do projeto ATTO.
“Além disso, os parceiros do lado do Brasil, especialmente aqueles na Amazônia, têm enfatizado que o maior legado do projeto ATTO para a comunidade brasileira será a experiência a ser transferida por meio do trabalho conjunto entre cientistas e estudantes brasileiros e estrangeiros”, comentou Rodrigo Souza, professor da UEA.
“A localização da torre na floresta tropical brasileira, situada longe das influências humanas, garante dados relativamente não adulterados”, explica Meinrat O. Andreae, diretor do Departamento de Biogeoquímica do Instituto Max Planck de Química, instituição responsável pela coordenação do projeto no lado alemão. “Além disso, a Torre Alta permitirá aos cientistas, a partir de agora, realizarem medições mais contínuas nas camadas mais altas da atmosfera de modo a gerar relatórios mais confiáveis sobre o desenvolvimento da nossa atmosfera”, completou Andreae.
Do topo da torre de medição, pesquisadores também podem rastrear alterações em grandes áreas de floresta tropical causadas por massas de ar que as atravessam. Ao analisar essas interações, eles querem chegar a importantes conclusões sobre a importância da floresta tropical para a química e a física da atmosfera.
O objetivo específico dos cientistas é, em primeiro lugar, compreender melhor as fontes de produção e de consumo de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. “Nós também não entendemos adequadamente o papel que a floresta desempenha na formação de partículas de aerossol e, portanto, a formação de nuvens. Uma série de segredos está esperando para ser descoberta usando nossa nova torre de medição”, Jürgen Kesselmeier, coordenador do Projeto da Sociedade Max Planck, resumindo as numerosas esperanças depositadas em ATTO.
Luiz França, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, aponta: “Esta fascinante cooperação científica é uma clara ilustração de como uma tarefa gigantesca que beneficia todo o planeta e a humanidade pode ser desenvolvida quando dois grandes países, localizados em diferentes e distantes continentes, trabalham juntos em harmonia. Nosso conhecimento sobre a região amazônica e a Terra não será o mesmo quando este empreendimento magnífico e impressionante estiver em pleno funcionamento.”
Os custos de cerca de 8,4 milhões de euros, aproximadamente R$ 26 milhões, para a construção da ATTO e os primeiros cinco anos de operação estão sendo compartilhados pela Alemanha e o Brasil. O projeto foi financiado pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Governo do Amazonas.

(MCTI, Inpa e Instituto Max Planck)

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Clima será a principal pauta da visita de Merkel ao Brasil

O governo brasileiro deve aproveitar a visita da chanceler alemã, Angela Merkel, a Brasília nesta quinta (20) para reforçar o compromisso no combate a mudanças climáticas, mas enfatizando que as potências precisam ajudar os países menos desenvolvidos a cumprirem suas metas.
Merkel será recebida pela presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto e ficará menos de 24 horas no Brasil. Levará uma comitiva de sete ministros e cinco secretários de outras pastas.
O encontro faz parte do que a Alemanha classifica de relações bilaterais de "alto nível", ou seja, que são prioritárias para o seu governo.
Merkel tenta intensificar a campanha entre os países emergentes para evitar um fracasso na conferência do clima (COP21) em dezembro, em Paris. Ela e Dilma já encontraram-se em junho em Bruxelas depois da reunião do G7 em que a alemã conduziu o discurso das potências em reduzir o uso de combustíveis fósseis.
A chanceler deve ressaltar a importância do Brasil como ponte de diálogo entre os países ricos e os menos desenvolvidos em relação às metas a serem debatidas no fim do ano. Dilma, por sua vez, pretende reforçar o discurso de que as grandes forças têm de dar suporte para que todos consigam cumpri-las.
A previsão é que haja uma declaração sobre clima separadamente do comunicado conjunto em que as duas líderes vão focar na importância desta relação de "alvo nível" entre os países.

Leia mais no Portal Folha - UOL 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Mudanças climáticas: FAPESP e NERC lançam nova chamada de propostas

Agência FAPESP – A FAPESP e o Natural Environment Research Council (NERC), um dos Conselhos de Pesquisa britânicos, anunciam uma nova oportunidade de financiamento a projetos colaborativos entre pesquisadores do Reino Unido e do Estado de São Paulo.
O foco da colaboração está em pesquisas sobre a Ciência do Sistema Terrestre e sobre Mudanças Ambientais Globais.
Podem participar da chamada, no Estado de São Paulo, pesquisadores principais elegíveis para financiamento da FAPESP que demonstrem excelência em um ou mais dos seguintes pontos:
1) Desenvolver pesquisa de elevado impacto e com resultados direcionados a áreas de interesse do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) ou do Programa FAPESP de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA).
2) Realização de atividades que posicionem a colaboração internacional no centro de sua abordagem, que adicionem valor à capacidade de pesquisa brasileira e que promovam resultados que não poderiam ser obtidos isoladamente por pesquisadores em São Paulo;
3) Realização de atividades com resultados duradouros que promovam benefícios além do período dos auxílios oferecidos pela FAPESP e pelo NERC.
A FAPESP está especialmente interessada em propostas em que o foco geográfico da colaboração esteja na América do Sul e nos oceanos adjacentes, particularmente nas regiões Amazônica e do Atlântico Sul.
Na chamada, há duas opções de financiamento. Na primeira, denominada Pump Priming Award, pesquisadores interessados no Estado de São Paulo podem submeter propostas solicitando até o equivalente a £ 40 mil por proposta de até dois anos de duração.
Na segunda, Pump Priming Plus Awards, podem ser submetidas propostas à FAPESP de até três anos de duração, nas seguintes condições: a) até £ 40 mil por proposta ou; b) até £ 60 mil por proposta caso o pesquisador responsável solicite, como parte do projeto, a organização de pelo menos um workshop internacional, a ser realizado no Estado de São Paulo.
Podem submeter propostas pesquisadores responsáveis por Auxílios à Pesquisa FAPESP vigentes, nas modalidades Auxílio à Pesquisa Regular, Projeto Temático, Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), Programa de Melhoria do Ensino Público, Programa de Pesquisa em Políticas Públicas e Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE). Pesquisadores Principais de Projetos Temáticos, CEPIDs e PITEs vigentes também podem submeter propostas.
A FAPESP apoiará as propostas aprovadas com a cobertura de despesas de curto prazo para atividades de intercâmbio com pesquisadores do NERC (despesas de mobilidade), despesas para a realização de workshops e pequenas despesas de pesquisa (serviços e equipamentos de baixo custo).
Propostas serão recebidas até o dia 24 de setembro de 2015, às 16 horas (hora em Londres).
A chamada de propostas (em inglês) está publicada em: www.fapesp.br/9623.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Seca no Nordeste e as consequências da má gestão dos recursos hídricos.

 Entrevista especial com João Abner Guimarães Júnior

 “A prioridade no momento é fazer medidas de curto prazo, porque estamos atravessando a maior seca do século, temos o maior problema de carro-pipa da história, e esse já é um indicador da falência do sistema de abastecimento na região”, adverte o engenheiro hidráulico.
Foto: http://sitionovornemfoco.blogspot.com.br
O primeiro diagnóstico acerca da seca mais intensa do último século que atinge o Nordeste brasileiro, é de que existe água disponível para o consumo humano no Ceará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, mas para ter acesso a ela é preciso resolver o problema da má gestão dos recursos hídricos na região, afirma João Abner Guimarães Júnior à IHU On-Line.
Na entrevista a seguir, concedida por telefone, o engenheiro hidráulico explica que a seca continua agindo na região, e os caminhões-pipa chegam a transitar 300 quilômetros para buscar água no litoral nordestino e abastecer as cidades do interior do Rio Grande do  Norte, por exemplo, a um custo de até 100 reais o metro cúbico da água.
Entre as regiões que enfrentam uma situação de crise de abastecimento de água para o consumo humano, João Abner Guimarães Júnior destaca a situação de Seridó, no sertão nordestino, que poderia ser abastecida pela barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que fica a 70 quilômetros de distância. “As duas maiores cidades da região, entre elas, Caicó, que tem 50 mil habitantes, estão na iminência de colapso total de água, apesar de ter água na região”, informa.
De acordo com o professor, a situação de falta de acesso à água não é uma peculiaridade do Rio Grande do Norte, ao contrário, “se repete na Paraíba e, por incrível que pareça, no Ceará também, que é o estado que detém 50% das reservas de água do Nordeste”.
Para resolver esse quadro, o engenheiro hidráulico propõe a construção de adutoras de caráter regional, “as quais seriam sustentadas pelos maiores reservatórios, aqueles que têm reserva de água substancial apesar da seca”. Segundo ele, essas obras tornariam a água que já está disponível nos estados acessível à população. Contudo, lamenta, atualmente esses empreendimentos competem recursos públicos da União com a obra da transposição do Rio São Francisco, “que, se funcionar, só vai beneficiar menos de 5% do semiárido”, adverte.
João Abner Guimarães Júnior é doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento, professor nos cursos de Engenharia Sanitária e Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Sobre a transposição do Rio São Francisco, publicou diversos artigos, tais como A transposição do Rio São Francisco e o Rio Grande do Norte, O lobby da transposição e O mito da transposição.
Confira a entrevista.
Foto: http://apodiariooblog.blogspot.com.br
IHU On-Line - O senhor informa que hoje em Seridó, no Rio Grande do Norte, se enfrenta a maior seca da história, mas, ao mesmo tempo, na região existe a segunda maior reserva de água. Qual é o problema que faz com que na região muitas cidades enfrentem uma crise de abastecimento hídrico?
João Abner Guimarães Júnior – Exato. A 70 quilômetros da cidade de Seridó, encontra-se a segunda maior reserva de água do Nordeste. A seca, na verdade, atinge a agricultura, a pecuária e o consumo de água humano. Seridó tem tradição na pecuária, e a economia da região está sofrendo um efeito prolongado por causa da seca há quase quatro anos, e não adianta sugerir que seja feito um processo de irrigação, porque não tem água para irrigação. Apesar dessa situação, é preciso ter foco na questão do abastecimento humano. Hoje há um recorde de caminhões-pipa circulando no Nordeste, e temos de enfrentar essa questão, porque esse é o sistema de abastecimento mais absurdo do mundo, que está entregando água no interior do estado do Rio Grande do Norte a um custo que chega a até 100 reais o metro cúbico da água.
Esse tipo de situação tem solução, porque tem água no Nordeste, e a seca está nos mostrando isso. Mas, mesmo assim, 70% da população do Rio Grande do Norte é abastecida pela água que vem do litoral, e 40% da população do interior tem à sua disposição a segunda maior barragem acima do Rio São Francisco, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Além disso, existem outras duas reservas de água, mais duas barragens menores, as quais têm boas reservas de água subterrânea. Então, o primeiro diagnóstico é justamente esse, de que a seca está mostrando que tem água no Nordeste, no Ceará, na Paraíba, mas o que existe é um problema de gestão dessa água. Numa situação como essa que estamos enfrentando atualmente, o consumo humano deve ser prioritário, e por isso precisamos de estrutura para alocar essa água de modo que ela seja usada para o abastecimento.
Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Serid%C3%B3
As maiores cidades da região de Seridó ficam a 70 quilômetros dessa barragem, mas elas não são abastecidas com a água da barragem. As duas maiores cidades da região, entre elas, Caicó, que tem 50 mil habitantes, estão na iminência de colapso total de água, apesar de ter água na região. Existem 700 milhões de metros cúbicos de água armazenados, apesar da ausência de uma política de gestão de água das barragens. A barragem se encontra com a comporta aberta, e está liberando 5 mil litros de água por segundo, e o consumo do estado é de 6 ou 7 mil litros. Então, isso mostra que tem água para o abastecimento.
IHU On-Line – Via a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, é possível abastecer a cidade, deixando assim de utilizar os caminhões-pipa?
João Abner Guimarães Júnior – Sim, via adutoras. Temos uma tradição de adutoras na região. A maior delas tem 350 quilômetros e a segunda maior tem 250 quilômetros, e outra ainda tem 170 quilômetros. Então, se houvesse uma adutora que capturasse a água dessa barragem e abastecesse essas cidades, ela seria a quarta maior adutora do estado. Ela ainda não foi construída, mas não há um problema técnico que impeça que isso seja feito.
Para você ter uma ideia, essa barragem hoje está abastecendo cidades e comunidades rurais da região mais alta do estado, que é a Chapada da Borborema, que tem um desnível de 700 metros, ou seja, a água está sendo bombeada por cima dessa chapada. Então, se há condições de levar água a essa região, também há condições de levar água para Caicó, que está a 70 quilômetros de distância da barragem. Então, tecnicamente é tudo muito viável e economicamente também. Uma adutora que resolveria o problema de água em Caicó custaria em torno de 35 milhões, ou seja, quase nada em relação ao que o governo federal vem investindo na área de recursos no Nordeste.

"Quase toda a população das cidades urbanas do interior que não tem acesso à água potável está comprando a água que vem de Natal"

 
IHU On-Line – E qual é a distância que os caminhões-pipa percorrem para buscar água e abastecer as cidades que estão enfrentando crise de abastecimento?
João Abner Guimarães Júnior – O mais grave é que os caminhões-pipa estão pegando água no litoral para abastecer as zonas rurais das cidades que vão entrar em colapso por conta da falta de abastecimento. Às vezes, a distância entre a região em que se pega água e onde se abastece chega a ser de até 300 quilômetros. Quer dizer, o carro-pipa não está pegando água da barragem mais próxima, o que é um absurdo. Por isso, o governo do estado tem de preparar uma infraestrutura para que o carro-pipa pegue água das reservas do interior, porque isso geraria um custo muito menor e seria possível abastecer as cidades num tempo menor também.
Alguns caminhões-pipa particulares estão atendendo parte da população e cobrando 100 reais o metro cúbico da água, como eu disse antes. Quase toda a população das cidades urbanas do interior que não tem acesso à água potável está comprando a água que vem de Natal.
IHU On-Line – Quantas cidades do Rio Grande do Norte estão enfrentando esse problema de abastecimento?
João Abner Guimarães Júnior – Praticamente todas as cidades que estão fora dos sistemas de adutoras. A estimativa é de que até o final do ano cerca de 40 cidades terão o sistema de abastecimento completamente comprometido; isso representa 20% da população. Por sorte, temos uma grande rede de adutoras, que se estendem por mais de dois mil quilômetros, e que atendem mais de 50% das cidades do interior do estado.
Então, hoje tem dois tipos de consumidores de água no interior do estado: os consumidores privilegiados, que têm acesso à água potável, que é fornecida pelo sistema de adutoras; e aqueles que estão fora do sistema e que estão enfrentando o colapso do abastecimento de água.
Mas essa situação do Rio Grande do Norte se repete na Paraíba e, por incrível que pareça, no Ceará também, que é o estado que detém 50% das reservas de água do Nordeste. No Ceará existem várias cidades que não estão sendo abastecidas pelos maiores reservatórios de água e isso é uma grande contradição, porque os maiores reservatórios de água atendem à irrigação para uso agrícola, embora, com a crise, esteja sendo restringido o acesso hídrico aos pequenos agricultores. As áreas de irrigação de maior escala estão sendo atendidas por cinco metros de água por segundo, que está sendo liberada pela comporta da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, atendendo as exigências de irrigação para a exportação, principalmente da banana.
De outro lado, muitas cidades do Ceará também não têm acesso à água das grandes barragens e são sustentadas por reservatórios menores, que já secaram. Essa é uma realidade do Ceará, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do interior de Pernambuco também.
IHU On-Line – A solução do abastecimento de água para o consumo depende da construção de novas adutoras?
João Abner Guimarães Júnior – Sim, na prática seria preciso uma infraestrutura de adutoras de caráter regional, as quais seriam sustentadas pelos maiores reservatórios, aqueles que têm reserva de água substancial apesar da seca.

"A estimativa é de que até o final do ano cerca de 40 cidades terão o sistema de abastecimento completamente comprometido; isso representa 20% da população"

 
Defendo que essa rede de adutoras deve se estender para a zona rural, porque a população rural está cada vez menor, e corresponde a cerca de 20% dos municípios do sertão. Como o consumidor rural consome menos que o consumidor urbano, um acréscimo de 10% a mais nessas vazões que comprometem a reserva de água da região resolveria o abastecimento de água rural. Defendo um programa de água para todos, com adutoras, usando como exemplo o Programa Luz para Todos. O custo para levar energia para todas as casas do Nordeste foi de aproximadamente mil reais por pessoa e, segundo minha estimativa, com um valor menor do que esse, entre 500 e mil reais, é possível levar água através de uma adutora para todas as pessoas da região. Esse deveria ser o principal projeto do governo federal para acabar com o carro-pipa do Nordeste.
IHU On-Line – Quantas adutoras seriam necessárias?
João Abner Guimarães Júnior – Na verdade, as maiores adutoras no meu estado já estão prontas, e a única região que não tem adutoras é a de Seridó. A outra região que está numa situação de colapso de abastecimento, que é a região de Alto Oeste, está quase concluindo o projeto de um grande adutor, que será abastecido pela segunda maior barragem da região, e essa localidade resolverá o problema em relação ao abastecimento urbano. O que defendo é que as adutoras que hoje atendem a população urbana têm capacidade de atender a população rural.
IHU On-Line – E qual tem sido o papel da indústria da seca nesse período de crise intensa?
João Abner Guimarães Júnior – A indústria da seca está atuando como sempre atuou. Se você for ver os investimentos do governo federal para o Nordeste, verá que existe uma ampliação de recursos para infraestrutura hídrica para os períodos de seca como esse que estamos enfrentando, e a indústria da seca atua nessa plataforma. Nesse momento, a obra que o governo federal está desenvolvendo na região é a transposição do Rio São Francisco, que está com muitas dificuldades por conta da restrição de recursos que o governo está fazendo com todos os investimentos, e isso vai atingir diretamente a obra da transposição.
De outro lado, está havendo uma forte articulação das bancadas do estado da Paraíba para pressionar o governo federal a retomar as obras da trasnsposição do Rio São Francisco, como se isso fosse uma prioridade. Mas a prioridade no momento atual é fazer medidas de curto prazo, porque estamos atravessando a maior seca do século, temos o maior problema de carro-pipa da história, e esse já é um indicador da falência do sistema de abastecimento humano na região. Então, a prioridade deveria ser insistir em tornar a água que já existe aqui, acessível, ou seja, deveria se investir num projeto que permitisse que essa água chegasse às pessoas de um modo que não seja através do carro-pipa, como está chegando hoje.

"Nós estamos pagando o preço da obra da transposição agora, com essa seca"

 
IHU On-Line – Como está acontecendo o debate público sobre essa proposta de construir adutoras e encontrar outros meios de tornar a água existente acessível à população? Como o poder público se manifesta?  
João Abner Guimarães Júnior – Tentei no ano passado dar início a esse debate, durante o período eleitoral. À época, fizemos uma mobilização pedindo uma solução definitiva para o abastecimento de água. A população se mobilizou, fechou as duas principais ruas da cidade, e houve uma promessa do governo do estado de resolver o problema, mas os recursos que deveriam ter vindo para a construção da obra não estão chegando.
Para se ter ideia, no Rio Grande do Norte está sendo construída a segunda maior barragem do estado, que é a barragem de Oiticica, e a prioridade em relação às verbas é para essa barragem. Há pouco tempo o Ministro da Integração esteve aqui anunciando recursos para a seca, mas a maior parte dos recursos foi para a barragem. Entretanto, o fato é que essa obra não vai resolver em nada o problema da seca atual. Então, está faltando foco em soluções de caráter de curto prazo e emergencial. O debate não é fácil, mas no próximo mês teremos uma nova discussão na Assembleia para tratar desse assunto. Alguns deputados já estão começando a se interessar por essa temática, mas a maioria deles quer fortalecer o lobby para dar continuidade à transposição do Rio São Francisco.
IHU On-Line – Como a obra da transposição dificulta o enfrentamento da seca na região Nordeste?
João Abner Guimarães Júnior – O principal problema é que esse é o único projeto que o governo federal tem para o Nordeste e para o semiárido. Isso é o mais absurdo. Já comprovamos a incapacidade dessa obra, porque ela terá uma influência de apenas 5% no semiárido. Então, como um projeto que, se funcionar, só vai beneficiar menos de 5% do semiárido, pode ser encarado como obra prioritária? E como essa pode ser a única obra que o governo tem para a região em relação aos recursos hídricos?
Essa obra se transformou num grande atoleiro, porque consome muitos recursos públicos. Para o Nordeste, teria sido melhor se essa obra já estivesse concluída, porque pelo menos poderíamos comprovar logo a sua ineficiência, mas enquanto a obra não for concluída, ela ainda vai continuar consumindo muitos recursos e vai disputar recursos do orçamento da União, especialmente numa época como essa, de crise, com todo e qualquer investimento que seja feito na região. Por isso digo que, na hora em que o meu estado embarcou nesse projeto da transposição, é como se ele tivesse vendido a alma ao demônio. Nós estamos pagando o preço da obra da transposição agora, com essa seca. Mas, neste momento, seria preciso foco e esforço para aplicar dinheiro em obras efetivas, que tivessem um efeito imediato. 

"A transposição sinaliza a paralisação do Estado brasileiro em adotar ações mais efetivas na região"

 
Não tem como avaliar o malefício que uma obra dessas não só vem trazendo, como vai trazer para o futuro. A transposição sinaliza a paralisação do Estado brasileiro em adotar ações mais efetivas na região.
IHU On-Line – Que relação estabelece entre a Operação Lava Jato e a obra da transposição do Rio São Francisco?
João Abner Guimarães Júnior – Tudo faz parte da mesma conjuntura, não temos como separar uma coisa da outra, porque os atores são os mesmos e os interesses também. O primeiro ponto que deveríamos destacar é a falta de compromisso com os aspectos técnicos, ou seja, como uma obra dessas, em seu laudo ambiental, não detectou nenhum impacto ao rio.

Todas as denúncias que foram feitas em relação à inviabilidade ambiental e econômica da transposição, e em relação ao próprio custo da água, não foram consideradas. Estima-se que a água oriunda da transposição vai custar 400 milhões de reais por ano, só com a manutenção desse sistema. Mas quem vai pagar essa conta?
Para essa obra poder continuar, ela tem de ter um interesse econômico e político, nos moldes dos que estão sendo denunciados hoje na Operação Lava Jato.
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
João Abner Guimarães Júnior – Teríamos de fazer justiça, porque estamos atravessando um período de seca. Eu já passei outros períodos de seca, vi uma grande seca em 1958, depois em 1970, e assim por diante. Mas, apesar da dificuldade, outro aspecto da seca que tem de ser evidenciado é a importância dos programas sociais que o governo desenvolveu na região, como o Programa Bolsa Família, o Programa Luz para Todos. Se não fossem esses programas sociais, a realidade seria outra. Hoje não enfrentamos problemas relacionados a invasões e saques. Por isso, é preciso avançar na questão do abastecimento de água para consumo humano. É possível, factível e existem recursos para isso, mas é preciso de uma articulação  política para eliminar o carro-pipa do Nordeste. A última seca mostra que nós temos condições de fazer isso, porque temos oferta hídrica; ou seja, a seca nos mostra que a região tem água para o consumo humano, e se nós gerirmos a água adequadamente em relação à população, a realidade da seca será outra.

Fonte: IHU - Portal Unisinos

Ambientalistas mandam carta de repúdio ao governo.

Flexibilização de áreas de proteção e do licenciamento ambiental ignora as crises hídrica e energética, dizem
O conjunto de medidas anti-crise apresentando pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), ao governo – apelidado de Agenda Brasil – foi fortemente criticado pelo movimento ambientalista por conta das propostas que visam flexibilizar terras indígenas, áreas naturais protegidas e o licenciamento ambiental.
Leia texto na íntegra:  O Estado de S. Paulo

Leia também: ISA - ISA assina manifesto das organizações socioambientalistas sobre a ‘Agenda Brasil’

 Fonte: Jornal da Ciência.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Observatório do Clima divulga projeção das emissões brasileiras

Relatórios setoriais do SEEG, o sistema de estimativa de emissões de Gases de Efeito Estufa, analisam o perfil de carbono de cinco setores da economia; relatório-síntese projeta trajetória de CO2 até 2030. Do Observatório do Clima

Nesta terça-feira (11/08), às 11h, o Observatório do Clima (OC) divulgará as análises setoriais sobre as emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) do Brasil e uma projeção da trajetória de emissões do país até 2030.
Trata-se de um aprofundamento e da síntese anual do SEEG, o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, ferramenta do OC que mensura e sistematiza as principais informações sobre as emissões brasileiras.
O relatório compila e esclarece dados desde 1970 até 2013, além de trazer um conjunto inédito de recomendações para a participação brasileira para o novo acordo climático global, a ser firmado na 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas, que acontecerá em Paris, no mês de dezembro.
O Brasil é um dos dez maiores emissores de CO2 do planeta. E, devido ao desmatamento descontrolado da última metade do século 20, contribuiu significativamente para o aumento verificado da temperatura global.
Serão divulgadas análises detalhadas de cinco setores da economia (Agropecuária, Energia, Processos Industriais, Resíduos e Mudança de Uso da Terra), por Estado e por tipo de gases liberados na atmosfera.
Após a apresentação dos principais pontos do inventário, o secretário executivo do OC, Carlos Rittl, o coordenador do SEEG, Tasso Rezende de Azevedo, e especialistas de organizações nas cinco frentes econômicas abrangidas estarão à disposição para esclarecer dúvidas dos jornalistas.
Evento: Divulgação do inventário atualizado do SEEG
Quando: Terça-feira, 11/08/2015, às 11h

Local
: EAESP/FGV – R. Itapeva, 432, 6º andar, sala 604

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Bethe, Teller, Trinity and the End of the Earth

By John Horgan
 
The 70th anniversary of the bombings of Hiroshima and Nagasaki has reminded me of an extraordinary incident that occurred during the Manhattan Project, when Edward Teller and other physicists feared the fission bomb they were building might incinerate the planet. I heard about the incident in 1991 while preparing for an interview with Hans Bethe, who headed the Manhattan Project’s theoretical division. Teller reportedly did calculations suggesting that a fission explosion might generate heat so intense that it would trigger runaway fusion in the atmosphere. (Ironically, Teller later helped create thermonuclear bombs, in which fission catalyzes a vastly more powerful fusion explosion.) Teller brought his concerns to other physicists, including Bethe, an authority on fusion (and pretty much everything else in nuclear physics). After considering Teller’s concerns, Bethe and others concluded… Well, I’ll let Bethe tell the story in his own words. Here is an exact transcript of my interview with him, which took place at his home in Ithaca, New York.
Horgan: I wonder if you could tell me a little bit about the story of Teller's suggestion that the atomic bomb might ignite the atmosphere around the Earth.
Bethe: It is such absolute nonsense [laughter], and the public has been interested in it… And possibly it would be good to kill it once more. So one day at Berkeley -- we were a very small group, maybe eight physicists or so -- one day Teller came to the office and said, "Well, what would happen to the air if an atomic bomb were exploded in the air?"  The original idea about the hydrogen bomb was that one would explode an atomic bomb and then simply the heat from the atomic bomb would ignite a large vessel of deuterium… and make it react.  So Teller said, "Well, how about the air?  There's nitrogen in the air, and you can have a nuclear reaction in which two nitrogen nuclei collide and become oxygen plus carbon, and in this process you set free a lot of energy.  Couldn't that happen?"  And that caused great excitement.

 Read in full @ Scientific American

See also the paper by Konopinski, Marvin and Teller.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Computer Model Forecasts Flu Outbreaks in a Subtropical Climate

Study in Hong Kong Predicts Outbreaks by Flu Strains and Is First to Forecast Flu in a Subtropical Climate

Scientists at Columbia University’s Mailman School of Public Health and the School of Public Health of Li Ka Shing Faculty of Medicine at the University of Hong Kong have shown for the first time that it is possible to predict the timing and intensity of influenza outbreaks in subtropical climates like Hong Kong where flu seasons can occur at different times and more than once during a year. Results appear online in the journal PLOS Computational Biology.
Since the 2013-2014 season, the Mailman School scientists have published weekly regional flu forecasts for over 100 cities in the United States using a system recognized by the U.S. Centers for Disease Control and Prevention. Much like weather forecasting, their system employs a computer model to generate multiple simulations that mimic the behavior of an outbreak and are then knit together to generate an overall prediction.
In the new study, the researchers used data from a network of 50 outpatient clinics and laboratory reports in Hong Kong from 1998 to 2013 as a test case to retrospectively generate weekly flu forecasts. The system was able to forecast both the peak timing and peak magnitude for 44 epidemics in 16 years caused by individual influenza strains, including influenza A (H3N2), influenza B, and both seasonal and the 2009 pandemic outbreaks of influenza A (H1N1).
The technique predicted the peak timing of the outbreak three weeks in advance of the actual peak with accuracy as high as 93 percent. Prediction accuracy varied depending on the strength of the outbreak and how far in advance the prediction was made. In general, forecasts for specific strains were more accurate than those for aggregate epidemics, and the peak and magnitude of outbreaks were more accurate than the timing of their onset or their duration.
The researchers began publishing real-time flu predictions for U.S. cities with information on specific strains for the 2014-2015 flu season on the Columbia Prediction of Infectious Disease website and expect to publish real-time predictions for Hong Kong in advance of the next influenza season, which will appear on the Columbia website and the Hong Kong group website.
“These forecasts provide information at lead times that can be valuable for both the public and health officials,” says senior author Jeffrey Shaman, PhD, associate professor of Environmental Health Sciences at the Mailman School. “Individuals may choose to get a flu vaccine to protect themselves against infection, while officials can anticipate how many vaccines and other supplies are needed, as well as the number of clinicians and nurses needed.”
With a population of over 7 million, Hong Kong is one of the most densely populated cities in the world. The city is highly connected with mainland China and other regions around the world and attracts more than 50 million visitors annually. “Hong Kong is a crossroads to Asia and the rest of the world, serving as an entry and exit point for flu outbreaks year round, and the region of South East Asia with Hong Kong at its center is often referred to as the global epicenter for flu.” says Benjamin J. Cowling, PhD, professor at the School of Public Health, Li Ka Shing Faculty of Medicine, University of Hong Kong.

Forecasting Flu in the Subtropics

Seasonal influenza outbreaks in temperate climates like the United States are restricted to the winter months. By contrast, outbreaks in the subtropics such as Hong Kong happen year-round.  In addition, outbreak intensity, duration, and timing are more variable in the subtropics than in temperate regions. “The irregularity of flu outbreaks in subtropical climates makes forecasting more challenging,” says first author Wan Yang, PhD, an associate research scientist at the Mailman School.
Yang and her co-authors modified the flu forecasting system used in the United States to account for the dynamics of a subtropical climate, adding mathematical techniques that prompt the system to recalibrate itself and let go of certain assumptions. “We design the system to pay attention to the data when there are changing dynamics, and promptly recognize any change in flu activity throughout the year,” explains Yang.
Looking ahead, the researchers hope to refine the system to account for cross-immunity due to prior infections from related strains, for varying transmission dynamics among age groups, or spatial connectivity among sub-regions.
Worldwide, influenza kills an estimated 250,000 to 500,000 people each year. In the U.S. (population 320 million) about 35,000 and in Hong Kong (population 7.2 million) about 750 die from the flu every year. 
This research project was led by Wan Yang and Jeffrey Shaman at Columbia University’s Mailman School of Public Health, in collaboration with Benjamin J. Cowling and Eric H. Y. Lau at the School of Public Health, Li Ka Shing Faculty of Medicine, which is a WHO Collaborating Center for Infectious Disease Epidemiology and Control.

- See more at: https://www.mailman.columbia.edu/public-health-now/news/computer-model-forecasts-flu-outbreaks-subtropical-climate#sthash.8TDllfC3.dpuf

sábado, 1 de agosto de 2015

Climate Change Adaptation: Science and Assessments - UNEP

Science and knowledge are critically important to enable society to understand and respond to threats posed by climate change. Decision makers need sound information on vulnerabilities to climate change grounded in the best science available. Equally important is sound information on the potential social and economic impacts of climate change, particular on more vulnerable groups like the extreme poor.
UNEP has a legacy of facilitating credible impact assessments based on the drivers-pressures-state-impact-responses (DPSIR) framework used for the Global Environment Outlook (GEO) series. It has developed different vulnerability and impact assessment (VIA) methodologies suitable for different purposes, including climate change VIA assessment at the national and municipal levels. Assessments respond to demands from Governments, and are normally led by them. They aim to support development of effective and costed adaptation options, and to create more clarity on the choices available to decision makers based on sound science and knowledge. The scientific and assessment activities lay the foundation for UNEP’s policy support and capacity building work.

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