segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ciência para o mar é vital para a soberania do país, diz Raupp

Na avaliação do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, a ciência para o mar é vital para a questão da soberania nacional, assim como os programas nuclear e espacial.
“São áreas tecnológicas estratégicas para o desenvolvimento do país. Para se desenvolver submarinos, por exemplo, precisamos ter capacitação forte em TI [tecnologia da informação], em redes de comunicação de dados, nanotecnologia e biotecnologia. É preciso lançar mão de todas as tecnologias, pois elas se somam”.
A declaração foi feita nesta quarta-feira (25) durante a abertura do 3º simpósio de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, no Rio de Janeiro. O evento, cujo tema é “A fronteira do conhecimento para a conquista do mar”, acontece até a sexta-feira (27), na Expansão do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).
Raupp destacou algumas ações do MCTI para a promoção da biodiversidade e o desenvolvimento regional sustentável, dentre elas, a aquisição do navio de pesquisa hidroceanográfica, em parceria com a Marinha, a Petrobras e a companhia Vale. A embarcação irá ampliar a presença da ciência brasileira no Atlântico Sul e Tropical. O navio está sendo construído na China, que detém a expertise em embarcações do tipo offshore (com capacidade para navegar em alto mar). A previsão é a de que o projeto esteja concluído até o segundo semestre de 2014.
“Temos como premissa a sustentabilidade da biodiversidade tanto da Amazônia quando do mar, portanto, a ciência e a tecnologia são os instrumentos que dispomos para usufruir dos recursos naturais sem destrui-los. Não queremos perder recursos naturais, mas sim, utilizá-los permanentemente”.
O ministro lembrou ainda que a criação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceanográficas e Hidroviárias (Inpoh), que prevê uma série de ações de interesse nacional em áreas específicas do conhecimento, como a conservação da biodiversidade marinha, a melhoria de processos associados à pesca, aquicultura e maricultura, bioprospecção, proteção e adaptação de zonas costeiras para as mudanças climáticas, realização de estudos sobre vias fluviais, hidráulica fluvial e portuária, além de formação de recursos humanos na área de hidroceanografia.
Biodiversidade marítima
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, Almirante-de-Esquadra Wilson Guerra, lembrou que as nações têm voltado suas atenções para o potencial do mar em termos de recursos naturais.
“A busca pelo conhecimento, utilizando todo o nosso potencial científico e tecnológico, pode e deve ser fortalecida nos ambientes acadêmicos, nos centros de pesquisa, nas fundações de amparo à pesquisa, nas federações das indústrias e comércio e em todos os outros segmentos ligados ao desenvolvimento científico, tecnológico e socioeconômico do país”.
Guerra também frisou a necessidade de unir esforços para que o país consiga controlar essa fonte de recursos minerais e biotecnológicos que podem ser explorados economicamente, como as bacias petrolíferas, as crostas cobaltíferas, as áreas ricas em manganês, níquel, cobre, titânio, platina, entre outros.
Além de painéis com palestras, o 3º Simpósio de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha contará com debates acerca de assuntos relacionados à área. A expectativa é a de que até mil pessoas participem do evento, que reúne representantes da academia, instituições civis, militares e empresas.
O objetivo do encontro é aprofundar os debates sobre as áreas de conhecimento ligadas às ciências do mar, apresentar o desenvolvimento científico e tecnológico no segmento e assegurar as riquezas de um imenso espaço oceânico, chamado pela Marinha brasileira de a “Amazônia Azul”, para as futuras gerações de brasileiros.

Texto: Juliana Leite – Ascom do MCTI

5º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental

Agência FAPESP – O Centro Universitário de Brasília (Uniceub) sediará, entre os dias 17 e 19 de outubro, o 5º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. O evento tem por objetivo promover o debate sobre práticas sustentáveis que podem ser adotadas pelo Brasil e capacitar jornalistas brasileiros para a cobertura dos temas socioambientais.
Com o tema “Os objetivos do desenvolvimento sustentável e a pauta ambiental”, o encontro pretende reunir jornalistas, pesquisadores, professores e estudantes de comunicação. Atividades como painéis, oficinas e exposição de trabalhos fazem parte da programação.
As inscrições podem ser feitas pelo site até o dia do evento.
A programação pode ser conferida no site http://jornalismoambiental.org.br/
 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

The new IPCC climate report

The time has come: the new IPCC report is here! After several years of work by over 800 scientists from around the world, and after days of extensive discussion at the IPCC plenary meeting in Stockholm, the Summary for Policymakers was formally adopted at 5 o’clock this morning. Congratulations to all the colleagues who were there and worked night shifts. The full text of the report will be available online beginning of next week. Realclimate summarizes the key findings and shows the most interesting graphs.
Global warming
It is now considered even more certain (> 95%) that human influence has been the dominant cause of the observed warming since the mid-20th century. Natural internal variability and natural external forcings (eg the sun) have contributed virtually nothing to the warming since 1950 – the share of these factors was narrowed down by IPCC to ± 0.1 degrees. The measured temperature evolution is shown in the following graph.

Figure 1 The measured global temperature curve from several data sets. Top: annual values. ​​Bottom: averaged values ​​over a decade.
Those who have these data before their eyes can recognise immediately how misguided the big media attention for the “wiggles” of the curves towards the end has been. Short-term variations like this have always existed, and they always will. These are mostly random, they are (at least so far) not predictable, and the IPCC has never claimed to be able to make predictions for short periods of 10-15 years, precisely because these are dominated by such natural variations.
The last 30 years were probably the warmest since at least 1,400 years. This is a result from improved proxy data. In the 3rd IPCC report this could only be said about the last thousand years, in the 4th about the last 1,300 years.
The future warming by 2100 – with comparable emission scenarios – is about the same as in the previous report. For the highest scenario, the best-estimate warming by 2100 is still 4 °C (see the following chart).

Figure 2 The future temperature development in the highest emissions scenario (red) and in a scenario with successful climate mitigation (blue) – the “4-degree world” and the “2-degree world.”
What is new is that IPCC has also studied climate mitigation scenarios. The blue RCP2.6 is such a scenario with strong emissions reduction. With this scenario global warming can be stopped below 2 ° C.
A large part of the warming will be irreversible: from the point where emissions have dropped to zero, global temperature will remain almost constant for centuries at the elevated level reached by that time. (This is why the climate problem in my opinion is a classic case for the precautionary principle.)
Sea-level rise
Sea levels are rising faster now than in the previous two millennia, and the rise will continue to accelerate – regardless of the emissions scenario, even with strong climate mitigation. (This is due to the inertia in the system.) The new IPCC scenarios to 2100 are shown the following graph.

Figure 3 Rise of the global sea level until the year 2100, depending on the emissions scenario.

This is perhaps the biggest change over the 4th IPCC report: a much more rapid sea-level rise is now projected (28-97 cm by 2100). This is more than 50% higher than the old projections (18-59 cm) when comparing the same emission scenarios and time periods.
With unabated emissions (and not only for the highest scenario), the IPCC estimates that by the year 2300 global sea levels will rise by 1-3 meters.
Already, there are likely more frequent storm surges as a result of sea level rise, and for the future this becomes very likely.
Land and sea ice
Over the last two decades, the Greenland and Antarctic ice sheets have been losing mass, glaciers have continued to shrink almost worldwide, and Arctic sea ice and Northern Hemisphere spring snow cover have continued to decrease in extent.
The Greenland ice sheet is less stable than expected in the last report. In the Eemian (the last interglacial period 120,000 years ago, when the global temperature was higher by 1-2 °C) global sea level was 5-10 meters higher than today (in the 4th IPCC report this was thought to be just 4-6 meters). Due to better data very ​​high confidence is assigned to this. Since a total loss of the Greenland ice sheet corresponds to a 7 meters rise in sea level, this may indicate ice loss from Antarctica in the Eemian.
In the new IPCC report the critical temperature limit at which a total loss of the Greenland ice sheet will occur is estimated as 1 to 4°C of warming above preindustrial temperature. In the previous report that was still 1.9 to 4.6 °C – and that was one of the reasons why international climate policy has agreed to limit global warming to below 2 degrees.
With unabated emissions (RCP8.5) the Arctic Ocean will likely become virtually ice-free in summer before the middle of the century (see figure). In the last report, this was not expected until near the end of the century.

Figure 4 The ice cover on the Arctic Ocean in the 2-degree world (left) and the 4-degree world (right).
Rainfall
The IPCC expects that dry areas become drier due to global warming, and moist areas even wetter. Extreme rainfall has likely already been increasing in North America and Europe (elsewhere the data are not so good). Future extreme precipitation events are very likely to become more intense and more frequent over most land areas of the humid tropics and mid-latitudes.
Oceans
At high emissions (red scenario above), the IPCC expects a weakening of the Atlantic Ocean circulation (commonly known as the Gulf Stream system) by 12% to 54% by the end of the century.
Last but not least, our CO2 emissions not only cause climate change, but also an increase in the CO2 concentration in sea water, and the oceans acidify due to the carbonic acid that forms. This is shown by the measured data in the graph below.

Figure 5 Measured CO2 concentration and pH in seawater. Low pH means higher acidity.
Conclusion
The new IPCC report gives no reason for complacency – even if politically motivated “climate skeptics” have tried to give this impression ahead of its release with frantic PR activities. Many wrong things have been written which now collapse in the light of the actual report.
The opposite is true. Many developments are now considered to be more urgent than in the fourth IPCC report, released in 2007. That the IPCC often needs to correct itself “upward” is an illustration of the fact that it tends to produce very cautious and conservative statements, due to its consensus structure – the IPCC statements form a kind of lowest common denominator on which many researchers can agree. The New York Times has given some examples for the IPCC “bending over backward to be scientifically conservative”. Despite or perhaps even because of this conservatism, IPCC reports are extremely valuable – as long as one is aware of it.
Further Commentary:
Mike Mann: Climate-Change Deniers Must Stop Distorting the Evidence
Stefan Rahmstorf: The Known Knowns of Climate Change

Source/Fonte: RealClimate

Comentário a 'What ocean heating reveals about'



Aproveitando mais essa dica, do Xico:

em e-mail anterior, eu previ o esfriamento global, baseado na ocorrência de 'Sol fraco' pelas próximas centenas de anos, o que deixaria passar mais raios cósmicos galáticos, em direção à Terra.  Os raios cósmicos, que são partículas, se transformam em outras partícula, ao entrar na atmosfera, cujos produtos mais estáveis, mas não tanto, são o neutron e o méson mü.  Os nêutrons aumentariam as camadas de nuvens e, portando, o albedo.

O aquecimento dos oceanos vem confirmar o enfraquecimento do Sol:  os neutrons chegam ao nível do mar com velocidades relativistas, i.e., com muita energia. Eles tem facilidade de colidir com prótons e nêutrons (maior seção de choque).   Assim, os nêutrons colidem muito com a água do oceano perto da superfície - nem chegam a afundar muito (skin depth).   Em solo, acontece a mesma coisa, mas os neutrons se aprofundam um pouco mais. Depois, emergem novamente, mais fraquinhos e ficam colidindo com nossos corpos, por exemplo, que possuem muita água.  Em toda sala, há um 'gás' de nêutrons.

O aquecimeno dos oceanos, conforme descrevi, é só superficial, já que os nêutrons perdem energia logo.  Será que mediram a temperatura no fundo dos oceanos?

Medidas em mares profundos mostram que o campo magnético sempre controlou a temperatura do fundo dos oceanos, também: menor campo magnético, maior temperatura do fundo dos oceanos, pelos últimos 500 mil anos. (Dá até para rir, da preocupação do pessoal, redescobrindo, novamente, coisas de apenas centenas de anos atrás, e conseguindo publicar na Nature.)

Então, podemos concluir que o efeito sobre os oceanos, apesar de ter comportamento inverso do aumento do albedo, em termos de temperatura, perde para o efeito do esfriamento, devido às mini eras do gelo já ocorridas, uma delas, na idade média.

Parece que o aquecimento do oceano contribui para o efeito inverso, visto que joga mais vapor, na atmosfera, que vai colidir com mais neutrons.   Parece com aquela equação predador-caça, muito conhecida em matemática, se aplicaria, de alguma forma, aqui.

Essa fusão de visão holística (clima global, milhares de anos) e específica: partículas subatômicas etc. fariam o Fritzjoff Kapra babar de deleite.

Feliz início de esfriamento global - já que não viveremos para ver a melhor parte.

EnivaldoBonelli, Físico, Professor da UFRN.

5º relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas

Por Karina Toledo, de Londres
Agência FAPESP – Caso as emissões de gases do efeito estufa continuem crescendo às atuais taxas ao longo dos próximos anos, a temperatura do planeta poderá aumentar até 4,8 graus Celsius neste século – o que poderá resultar em uma elevação de até 82 centímetros no nível do mar e causar danos importantes na maior parte das regiões costeiras do globo.
O alerta foi feito pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgaram no dia 27 de setembro, em Estocolmo, na Suécia, a primeira parte de seu quinto relatório de avaliação (AR5). Com base na revisão de milhares de pesquisas realizadas nos últimos cinco anos, o documento apresenta as bases científicas da mudança climática global.
De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos seis brasileiros que participaram da elaboração desse relatório, foram simulados quatro diferentes cenários de concentrações de gases de efeito estufa, possíveis de acontecer até o ano de 2100 – os chamados “Representative Concentration Pathways (RCPs)”.
“Para fazer a previsão do aumento da temperatura são necessários dois ingredientes básicos: um modelo climático e um cenário de emissões. No quarto relatório (divulgado em 2007) também foram simulados quatro cenários, mas se levou em conta apenas a quantidade de gases de efeito estufa emitida. Neste quinto relatório, nós usamos um sistema mais completo, que leva em conta os impactos dessas emissões, ou seja, o quanto haverá de alteração no balanço de radiação do sistema terrestre”, explicou Artaxo, que está em Londres para a FAPESP Week London, onde participou de um painel sobre mudança climática.
O balanço de radiação corresponde à razão entre a quantidade de energia solar que entra e que sai de nosso planeta, indicando o quanto ficou armazenada no sistema terrestre de acordo com as concentrações de gases de efeito estufa, partículas de aerossóis emitidas e outros agentes climáticos.
O cenário mais otimista prevê que o sistema terrestre armazenará 2,6 watts por metro quadrado (W/m2) adicionais. Nesse caso, o aumento da temperatura terrestre poderia variar entre 0,3 °C e 1,7 °C de 2010 até 2100 e o nível do mar poderia subir entre 26 e 55 centímetros ao longo deste século.
“Para que esse cenário acontecesse, seria preciso estabilizar as concentrações de gases do efeito estufa nos próximos 10 anos e atuar para sua remoção da atmosfera. Ainda assim, os modelos indicam um aumento adicional de quase 2 °C na temperatura – além do 0,9 °C que nosso planeta já aqueceu desde o ano 1750”, avaliou Artaxo.
O segundo cenário (RCP4.5) prevê um armazenamento de 4,5 W/m2. Nesse caso, o aumento da temperatura terrestre seria entre 1,1 °C e 2,6 °C e o nível do mar subiria entre 32 e 63 centímetros. No terceiro cenário, de 6,0 W/m2, o aumento da temperatura varia de 1,4 °C até 3,1 °C e o nível do mar subiria entre 33 e 63 centímetros.
Já o pior cenário, no qual as emissões continuam a crescer em ritmo acelerado, prevê um armazenamento adicional de 8,5 W/m2. Em tal situação, segundo o IPCC, a superfície da Terra poderia aquecer entre 2,6 °C e 4,8 °C ao longo deste século, fazendo com que o nível dos oceanos aumente entre 45 e 82 centímetros.
“O nível dos oceanos já subiu em média 20 centímetros entre 1900 e 2012. Se subir outros 60 centímetros, com as marés, o resultado será uma forte erosão nas áreas costeiras de todo o mundo. Rios como o Amazonas, por exemplo, sofrerão forte refluxo de água salgada, o que afeta todo o ecossistema local”, disse Artaxo.
Segundo o relatório AR5 do IPCC, em todos os cenários, é muito provável (90% de probabilidade) que a taxa de elevação dos oceanos durante o século 21 exceda a observada entre 1971 e 2010. A expansão térmica resultante do aumento da temperatura e o derretimento das geleiras seriam as principais causas.
O aquecimento dos oceanos, diz o relatório, continuará ocorrendo durante séculos, mesmo se as emissões de gases estufa diminuírem ou permanecerem constantes. A região do Ártico é a que vai aquecer mais fortemente, de acordo com o IPCC.
Segundo Artaxo, o aquecimento das águas marinhas tem ainda outras consequências relevantes, que não eram propriamente consideradas nos modelos climáticos anteriores. Conforme o oceano esquenta, ele perde a capacidade de absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Se a emissão atual for mantida, portanto, poderá haver uma aceleração nas concentrações desse gás na atmosfera.
“No relatório anterior, os capítulos dedicados ao papel dos oceanos nas mudanças climáticas careciam de dados experimentais. Mas nos últimos anos houve um enorme avanço na ciência do clima. Neste quinto relatório, por causa de medições feitas por satélites e de observações feitas com redes de boias – como as do Projeto Pirata que a FAPESP financia no Atlântico Sul –, a confiança sobre o impacto dos oceanos no clima melhorou muito”, afirmou Artaxo.
Acidificação dos oceanos
Em todos os cenários previstos no quinto relatório do IPCC, as concentrações de CO2 serão maiores em 2100 em comparação aos níveis atuais, como resultado do aumento cumulativo das emissões ocorrido durante os séculos 20 e 21. Parte do CO2 emitido pela atividade humana continuará a ser absorvida pelos oceanos e, portanto, é “virtualmente certo” (99% de probabilidade) que a acidificação dos mares vai aumentar. No melhor dos cenários – o RCP2,6 –, a queda no pH será entre 0,06 e 0,07. Na pior das hipóteses – o RCP8,5 –, entre 0,30 e 0,32.
“A água do mar é alcalina, com pH em torno de 8,12. Mas quando absorve CO2 ocorre a formação de compostos ácidos. Esses ácidos dissolvem a carcaça de parte dos microrganismos marinhos, que é feita geralmente de carbonato de cálcio. A maioria da biota marinha sofrerá alterações profundas, o que afeta também toda a cadeia alimentar”, afirmou Artaxo.
Ao analisar as mudanças já ocorridas até o momento, os cientistas do IPCC afirmam que as três últimas décadas foram as mais quentes em comparação com todas as anteriores desde 1850. A primeira década do século 21 foi a mais quente de todas. O período entre 1983 e 2012 foi “muito provavelmente” (90% de probabilidade) o mais quente dos últimos 800 anos. Há ainda cerca de 60% de probabilidade de que tenha sido o mais quente dos últimos 1.400 anos.
No entanto, o IPCC reconhece ter havido uma queda na taxa de aquecimento do planeta nos últimos 15 anos – passando de 0,12 °C por década (quando considerado o período entre 1951 e 2012) para 0,05°C (quando considerado apenas o período entre 1998 e 2012).
De acordo com Artaxo, o fenômeno se deve a dois fatores principais: a maior absorção de calor em águas profundas (mais de 700 metros) e a maior frequência de fenômenos La Niña, que alteram a taxa de transferência de calor da atmosfera aos oceanos. “O processo é bem claro e documentado em revistas científicas de prestígio. Ainda assim, o planeta continua aquecendo de forma significativa”, disse.
Há 90% de certeza de que o número de dias e noites frios diminuíram, enquanto os dias e noites quentes aumentaram na escala global. E cerca de 60% de certeza de que as ondas de calor também aumentaram. O relatório diz haver fortes evidências de degelo, principalmente na região do Ártico. Há 90% de certeza de que a taxa de redução da camada de gelo tenha sido entre 3,5% e 4,1% por década entre 1979 e 2012.
As concentrações de CO2 na atmosfera já aumentaram mais de 20% desde 1958, quando medições sistemáticas começaram a ser feitas, e cerca de 40% desde 1750. De acordo com o IPCC, o aumento é resultado da atividade humana, principalmente da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento, havendo uma pequena participação da indústria cimenteira.
Para os cientistas há uma “confiança muito alta” (nove chances em dez) de que as taxas médias de CO2, metano e óxido nitroso do último século sejam as mais altas dos últimos 22 mil anos. Já mudanças na irradiação solar e a atividade vulcânica contribuíram com uma pequena fração da alteração climática. É “extremamente provável” (95% de certeza) de que a influência humana sobre o clima causou mais da metade do aumento da temperatura observado entre 1951 e 2010.
“Os efeitos da mudança climática já estão sendo sentidos, não é algo para o futuro. O aumento de ondas de calor, da frequência de furacões, das inundações e tempestades severas, das variações bruscas entre dias quentes e frios provavelmente está relacionado ao fato de que o sistema climático está sendo alterado”, disse Artaxo.
Impacto persistente
Na avaliação do IPCC, muitos aspectos da mudança climática vão persistir durante muitos séculos mesmo se as emissões de gases estufa cessarem. É “muito provável” (90% de certeza) que mais de 20% do CO2 emitido permanecerá na atmosfera por mais de mil anos após as emissões cessarem, afirma o relatório.
“O que estamos alterando não é o clima da próxima década ou até o fim deste século. Existem várias publicações com simulações que mostram concentrações altas de CO2 até o ano 3000, pois os processos de remoção do CO2 atmosférico são muito lentos”, contou Artaxo.
Para o professor da USP, os impactos são significativos e fortes, mas não são catastróficos. “É certo que muitas regiões costeiras vão sofrer forte erosão e milhões de pessoas terão de ser removidas de onde vivem hoje. Mas claro que não é o fim do mundo. A questão é: como vamos nos adaptar, quem vai controlar a governabilidade desse sistema global e de onde sairão recursos para que países em desenvolvimento possam construir barreiras de contenção contra as águas do mar, como as que já estão sendo ampliadas na Holanda. Quanto mais cedo isso for planejado, menores serão os impactos socioeconômicos”, avaliou.
Os impactos e as formas de adaptação à nova realidade climática serão o tema da segunda parte do quinto relatório do IPCC, previsto para ser divulgado em janeiro de 2014. O documento contou com a colaboração de sete cientistas brasileiros. Outros 13 brasileiros participaram da elaboração da terceira parte do AR5, que discute formas de mitigar a mudança climática e deve sair em março.
De maneira geral, cresceu o número de cientistas vindos de países em desenvolvimento, particularmente do Brasil, dentro do IPCC. “O Brasil é um dos países líderes em pesquisas sobre mudança climática atualmente. Além disso, o IPCC percebeu que, se o foco ficasse apenas nos países desenvolvidos, informações importantes sobre o que está acontecendo nos trópicos poderiam deixar de ser incluídas. E é onde fica a Amazônia, um ecossistema-chave para o planeta”, disse Artaxo.
No dia 9 de setembro, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) divulgou o sumário executivo de seu primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1). O documento, feito nos mesmos moldes do relatório do IPCC, indica que no Brasil o aumento de temperatura até 2100 será entre 1 ° e 6 °C, em comparação à registrada no fim do século 20. Como consequência, deverá diminuir significativamente a ocorrência de chuvas em grande parte das regiões central, Norte e Nordeste do país. Nas regiões Sul e Sudeste, por outro lado, haverá um aumento do número de precipitações.
“A humanidade nunca enfrentou um problema cuja relevância chegasse perto das mudanças climáticas, que vai afetar absolutamente todos os seres vivos do planeta. Não temos um sistema de governança global para implementar medidas de redução de emissões e verificação. Por isso, vai demorar ainda pelo menos algumas décadas para que o problema comece a ser resolvido”, opinou Artaxo.
Para o pesquisador, a medida mais urgente é a redução das emissões de gases de efeito estufa – compromisso que tem de ser assumido por todas as nações. “A consciência de que todos habitamos o mesmo barco é muito forte hoje, mas ainda não há mecanismos de governabilidade global para fazer esse barco andar na direção certa. Isso terá que ser construído pela nossa geração”, concluiu.

Brasil e Reino Unido avançam em pesquisas conjuntas sobre clima

Por Fernando Cunha, de Londres
Agência FAPESP – Pesquisadores brasileiros e britânicos têm sobrevoado a Amazônia desde setembro de 2012, usando equipamentos avançados para investigar como as queimadas na região alteram o clima local e de todo o planeta.
Eles participam do projeto South American Biomass Burning Analysis (Sambba), uma das iniciativas da Rede Brasil-Reino Unido de Investigação da Composição da Atmosfera da Amazônia apresentadas pelos professores Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), e Gordon McFiggans, da University of Manchester, no painel sobre mudanças climáticas da FAPESP Week London 2013.
“A Amazônia oferece uma oportunidade única de pesquisa e, do ponto de vista científico, é muito interessante tentar entender a complexa rede de interações entre clima, biologia, atmosfera, química, física, além de fatores socioeconômicos e aspectos da biodiversidade”, disse Artaxo.
Durante a sessão, foram apresentados vários projetos conjuntos desenvolvidos por pesquisadores do Reino Unido e do Brasil com foco nos fenômenos resultantes da relação biosfera-atmosfera na Amazônia.
O painel também teve a participação dos pesquisadores Luciana Gatti, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), associado à USP, e Hartmut Boesch, da Universidade de Leicester, no Reino Unido.
Os participantes do Sambba usam os equipamentos avançados para coletar dados sobre a composição química e as propriedades físicas da fumaça emitida nas queimadas.
Eles também investigam como as partículas sólidas e os gases lançados na atmosfera em decorrência do fogo e do metabolismo da vegetação modificam a composição das nuvens, alteram a química da atmosfera e interagem com a radiação solar.
O Sambba é desenvolvido por meio de parceria entre a USP, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a University of Manchester e o serviço meteorológico britânico (UK-Met-Office). O projeto tem apoio da FAPESP e do Natural Environment Research Council (Nerc), um dos sete conselhos de pesquisa do Reino Unido, que financiou parte do custo de um avião usado em sobrevoos na Amazônia.
A cooperação com pesquisadores da University of Manchester estabelece uma rede de estudos sobre os ciclos de aerossóis e a formação de nuvens. O efeito da queima de biomassa, das precipitações e as relações entre radiação também estão entre os tópicos focados pela rede.
Outras vertentes de estudos que interessam à rede são a expansão da agricultura, as mudanças climáticas e processos que podem provocar perda de biodiversidade e afetar o funcionamento de ecossistemas, disse Artaxo.
“A colaboração que mantemos há muitos anos com pesquisadores brasileiros tem sido bastante produtiva, mas a estrutura dos acordos, agora mais numerosos com o Reino Unido, nos permite atividades únicas para aumentar o conhecimento sobre os recursos ambientais no Brasil e aproveitar ainda mais a capacidade de pesquisa de cientistas brasileiros e britânicos em projetos conjuntos”, disse McFiggans.
Projeto Amazonica
Desde janeiro de 2000, a equipe da professora Luciana Gatti realiza medições para estabelecer o ciclo de carbono na região de Santarém, no Pará. Ampliado em 2010 com a formação do consórcio Amazonica, o projeto apoiado pela FAPESP e pelo Nerc passou a incluir as regiões das estações meteorológicas de Rio Branco e Tabatinga entre as áreas de coleta de dados para aumentar a compreensão sobre o balanço de emissões.
Situadas no oeste do Estado do Amazonas, essas áreas podem oferecer informações mais completas sobre grande parte da Bacia Amazônica. “Os dados atmosféricos coletados nessas duas estações agregam informações sobre absorção e emissão de carbono e outros gases levados pela massa de ar que percorre todo o estado, desde a costa”, explicou Gatti.
Segundo a pesquisadora, ainda são necessárias coletas e análises por períodos mais longos, porque, além das variações climáticas em curso, as observações devem considerar as influências de diferentes ecossistemas e as características específicas da vegetação e do solo nas áreas de coleta, entre outros parâmetros.
Medições por satélites
Harmut Boesch, da Universidade de Leicester, participa do projeto “The UK-Brazil Reseach Network for an Amazonian Carbon Observatory”, iniciado há um ano em São Paulo. A hipótese central da colaboração com o Ipen, com apoio do Nerc e da FAPESP, é descobrir se satélites podem ajudar a entender o funcionamento do ciclo de carbono e o fluxo de gases de efeito estufa na Amazônia, levantando dados sobre a composição da atmosfera levando em conta a grande variabilidade da região. “Essa linha de pesquisa ainda é muito nova, mas oferece grande potencial”, disse o pesquisador.
“Queremos usar os dados coletados em sobrevoos realizados no âmbito do projeto coordenado por Luciana Gatti e estabelecer a possibilidade de comparar as observações de satélites com esses dados. Se isso for confirmado, pretendemos preencher as lacunas existentes nas atuais medições”, disse. Os dados obtidos em voos são coletados em três pontos diferentes, duas vezes por mês, e os satélites podem observar toda a região. Com o uso dos dois métodos, segundo Boesch, as emissões e a absorção de carbono poderão ser quantificadas com muita precisão em todo o território.
O grande reservatório de carbono existente no solo da Amazônia tem um importante papel no ciclo de carbono global. Entretanto, ainda há poucos dados para integrar análises sobre os ciclos de carbono na região. “Os dados produzidos poderão ser usados para o monitoramento do fluxo de gases de efeito estufa sobre a Amazônia e para a adaptação de modelos que poderão ser utilizados para previsão de cenários futuros”, disse Boesch.
Realizada pela FAPESP, de 25 a 27 de setembro, em Londres, com apoio da Royal Society e do British Council, a FAPESP Week London discute temas avançados de pesquisa e busca ampliar oportunidades de colaboração entre cientistas brasileiros e europeus nos campos da Biodiversidade, Mudanças Climáticas, Ciências da Saúde, Bioenergia e Nanotecnologia.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

What ocean heating reveals about global warming

The heat content of the oceans is growing and growing.  That means that the greenhouse effect has not taken a pause and the cold sun is not noticeably slowing global warming.
NOAA posts regularly updated measurements of the amount of heat stored in the bulk of the oceans.  For the upper 2000 m (deeper than that not much happens) it looks like this:
heat_content2000m
Change in the heat content in the upper 2000 m of the world’s oceans. Source: NOAA

The amount of heat stored in the oceans is one of the most important diagnostics for global warming, because about 90% of the additional heat is stored there (you can read more about this in the last IPCC report from 2007).  The atmosphere stores only about 2% because of its small heat capacity.  The surface (including the continental ice masses) can only absorb heat slowly because it is a poor heat conductor.  Thus, heat absorbed by the oceans accounts for almost all of the planet’s radiative imbalance.
If the oceans are warming up, this implies that the Earth must absorb more solar energy than it emits longwave radiation into space. This is the only possible heat source. That’s simply the first law of thermodynamics, conservation of energy. This conservation law is why physicists are so interested in looking at the energy balance of anything. Because we understand the energy balance of our Earth, we also know that global warming is caused by greenhouse gases – which have caused the largest imbalance in the radiative energy budget over the last century.
If the greenhouse effect (that checks the exit of longwave radiation from Earth into space) or the amount of absorbed sunlight diminished, one would see a slowing in the heat uptake of the oceans. The measurements show that this is not the case.
The increase in the amount of heat in the oceans amounts to 17 x 1022 Joules over the last 30 years.  That is so much energy it is equivalent to exploding a Hiroshima bomb every second in the ocean for thirty years.
The data in the graphs comes from the World Ocean Database.  Wikipedia has a fine overview of this database.  The data set includes nine million measured temperature profiles from all of the world’s oceans.  One of my personal heroes, the oceanographer Syd Levitus, has dedicated much of his life to making these oceanographic data freely available to everyone.  During the Cold war that even landed him in a Russian jail for espionage for a while, as he was visiting Russia on his quest for oceanographic data (he once told me of that adventure over breakfast in a Beijing hotel).
How to deny data

Ideologically motivated “climate skeptics” know that these data contradict their claims, and respond … by rejecting the measurements. Millions of stations are dismissed as “negligible” – the work of generations of oceanographers vanish with a journalist’s stroke of a pen because what should not exist, cannot be. “Climate skeptics’” web sites even claim that the measurement uncertainty in the average of 3000 Argo probes is the same as that from each individual one.  Thus not only are the results of climate research called into question, but even the elementary rules of uncertainty calculus that every science student learns in their first semester.  Anything goes when you have to deny global warming.  Even more bizarre is the Star Trek argument – but let me save that for later.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Meio Ambiente: Recomposição Vegetal de Lagoa



Por João Paulo de Lima
A ECOSIN Soluções Ambientais, Empresa Júnior do Curso de Ecologia do Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), estabeleceu parceria com a empresa GM Engenharia e Empreendimentos para prestação de serviços de recomposição da vegetação em área que sofreu desmatamento próximo à Lagoa de Arituba, no litoral sul do Rio Grande do Norte. Os trabalhos que começaram no mês de julho têm encerramento  previsto para o final de  outubro.

Inicialmente, foi realizado um levantamento florístico e fitossociológico da área, onde, posteriormente, será feito o plantio de 2000 mudas de espécies nativas. Nesse serviço, estão envolvidos 15 alunos de graduação em Ecologia da UFRN, que terão a oportunidade de vivenciar um aprendizado prático em preparação para atuação no mercado profissional.

O passo seguinte prevê a orientação aos comerciantes do entorno para  fazer o plantio como forma de compensar os impactos causados por suas atividades na localidade. Também está previsto atuar juntamente com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), na promoção de atividades de educação ambiental com banhistas e turistas durante os dias de plantio.

Cristina Brito, diretora de Gestão de Pessoas da ECOSIN, explica que o principal objetivo da ação é conservar a biodiversidade, a fim de promover uma recomposição vegetal de qualidade e com grandes chances de alcançar o equilíbrio e a perpetuação da floresta implantada.

Ela ressalta ainda que “a importância de trabalhos como este, desenvolvido pela ECOSIN, não é apenas atender à condicionante estabelecida pelo IDEMA, mas também associar a questão ambiental técnico-científica por meio dos levantamentos florísticos e fitossociológicos em áreas onde existem poucos estudos”.
A empresa júnior, além de realizar trabalhos de consultoria, também promove cursos, palestras e participa de cursos na área, a fim de adquirir um maior conhecimento sobre o que é trabalhado, exemplo disso foi o II Workshop de Consultoria Ambiental – Logística Reversa, evento gratuito destinado aos cursos da área ambiental e ciências correlatas da UFRN, da UnP e do IFRN, realizado em dezembro de 2012 pela ECOSIN.


Criada em novembro de 2010, por iniciativa de um grupo de 25 alunos e o apoio de professores do curso de Ecologia, a ECOSIN– Soluções Ambientais tem o objetivo de proporcionar aos alunos do curso do Centro de Biociências (CB) uma melhor experiência de mercado, oferecendo a vivência prática de conhecimentos teóricos, relativos às áreas de consultoria ambiental
ECOSIN

Criada em novembro de 2010, por iniciativa de um grupo de 25 alunos e o apoio de professores do curso de Ecologia, a ECOSIN– Soluções Ambientais tem o objetivo de proporcionar aos alunos do curso do Centro de Biociências (CB) uma melhor experiência de mercado, oferecendo a vivência prática de conhecimentos teóricos, relativos às áreas de consultoria ambiental.

Desenvolver o espírito crítico, analítico e empreendedor de seus membros, experimentar o contato direto com o mercado de trabalho relacionado à área ambiental, consiste em outras oportunidades oferecidas pela ECOSIN.

O grupo de alunos conta com a orientação de duas professoras tutoras que acompanham os serviços prestados pela empresa. Renata Panosso, coordenadora do curso de Ecologia da UFRN, e Adriana Carvalho participam das reuniões corporativas e trocam informações frequentes com a diretoria da empresa júnior, tanto para ciência dos acontecimentos, quanto para ajudar, sugerir, opinar e orientar os serviços ou eventos promovidos pela empresa.
 
Atualmente, a empresa conta com a participação de 20 alunos, que se dividem nas funções de presidência,  de diretorias (projetos, financeira, gestão de pessoas, comunicação e marketing) e de consultoria.
Contato  

Boletim produzido pela Agência de Comunicação da UFRN - AGECOM
Reitora: Ângela Maria Paiva Cruz
Vice-Reitora: Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes
Superintendente de Comunicação: José Zilmar Alves da Costa
Diretor da Agência Comunicação: Francisco de Assis Duarte Guimarães
Telefones: (84)3215-3116, (84)3215-3132 - Fax: (84)3215-3115
E-mail: boletim@agecom.ufrn.br

Seminário - Ciências Climáticas: Desertificação do Nordeste do Brasil

MAPEAMENTO DAS ÁREAS PROPÍCIAS À DESERTIFICAÇÃO NO NORDESTE DO BRASIL

COM BASE EM FATORES CLIMÁTICOS

Mônica C. Damião Mendes
 
Programa de Pós-graduação em Ciências Climáticas
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


25/09/2013 às 15h00 no Auditório do DFTE

Resumo: O Nordeste do Brasil tem como característica climática ser uma região cujo regime pluviométrico é variável tanto no tempo quanto no espaço. As chuvas têm um regime escasso na região semiárida (com total abaixo de 800 mm anuais) e um regime normal e/ou abundante no norte e leste do Nordeste (com total acima de 1000 mm anuais).  Nas áreas semiáridas e áridas verifica-se uma diminuição dos recursos hídricos, devido às chuvas irregulares. Este trabalho tem como objetivo analisar a influência das variáveis climáticas no processo de desertificação no Nordeste do Brasil, com base em percentis de precipitação (25 %, 50% , 75% e 90%) extraídos dos dados do projeto GPCP. Temperatura, precipitação, umidade relativa e radiação solar foram usados para obter a evapotranspiração potencial (ETP), que posteriormente foi utilizado na obtenção do índice de desertificação. O indice de desertificação é calculada a partir da subtração entre a precipitação e evapotraspiração, dividido pelo desvio padrão de precipitação, durante o período de estudo (1979-2009). Áreas suscetíveis à desertificação baseadas no percentil P25 (chuvas inferior a 25%) se estende na região semiárida do Nordeste Brasileiro, no qual foram encontrados 4  núcleos de desertificação (No Seridó Potiguar e região central do Rio Grande do Norte, no oeste de Pernambuco e nordeste da Bahia, na Paraíba e no centro da Bahia). Finalmente, também obteve-se a tendência espacial e temporal da precipitação, das temperaturas máxima e mínima e umidade relativa. Os resultados mostraram uma tendência positiva ou crescente da precipitação e da temperatura máxima na região de desertificação, sugerindo que o efeito de precipitação no processo de desertificação pode está associado com a ocorrência de dias sem precipitação (períodos de estiagem) e ao aumento da evaporação provocada pela alta as temperaturas durante o dia (aumento de temperatura máxima).



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Editais apoiam continuidade de programa antártico e pesquisa em ilhas

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) lançou nesta semana novas chamadas públicas para o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e o Programa Arquipélago e Ilhas Oceânicas. A data final para inscrição das propostas é 4 de novembro.
A Chamada 64/2013 dispõe de R$ 13,8 milhões para apoiar projetos do Proantar, que, no verão de 2012 para 2013, completou 31 anos de atuação. Membro pleno do Tratado da Antártica desde 1975, o Brasil precisa manter um substancial programa científico para garantir papel ativo nas decisões sobre a preservação ambiental e o futuro político do continente gelado.
Em relação ao edital lançado em 2009, que encerra atividades na 32ª Operação Antártica, no próximo verão, a atual chamada estabelece prioridade para projetos executados em cooperação internacional, principalmente com países sul-americanos parceiros, além de apoiar a participação de cientistas brasileiros em fóruns internacionais, sobretudo aqueles ligados ao Sistema do Tratado da Antártica.
Outra novidade é que as propostas devem prever em seu orçamento, quando necessário, o custeio com a logística científica, ou seja, diárias e passagens para deslocamento de membros da equipe para atividades de campo ou treinamento no país e no exterior, transporte de material, desembaraço alfandegário e fretamento de aeronaves, entre outros pontos.
As linhas de pesquisa seguem diretrizes do plano de ação de 2013 a 2022 para a ciência antártica brasileira, documento elaborado a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), submetido à comunidade científica e em processo de aprovação pelo Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas (Conapa) e pela Subcomissão para o Proantar da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm).
Ilhas oceânicas
Com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), a Chamada 62/2013 destina R$ 7 milhões a projetos de monitoramento do fluxo de dióxido de carbono (CO2) em ambientes marinhos, dinâmica de ecossistemas insulares no Oceano Atlântico, biodiversidade e biotecnologia marinha em ilhas oceânicas, modelagem, previsão climática e observação oceânica e geologia marinha.
O edital inova ao estimular a implantação de um sistema remoto e integrado de observação do gás carbônico nos pontos mais afastados do território nacional, a fim de usar as ilhas como plataformas para monitorar e compreender o fluxo de gases e as interações entre oceano, atmosfera e continente.

Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Postdoctoral Research Assistant in Environmental Engineering

The newly established Graduate Program in Environmental Engineering of
The Federal University of Technology – Paraná (Brazil) invites
applications for a Postdoctoral Research Assistant position. The post
is funded by CAPES (The Coordination for Enhancement of Higher
Education Personnel) and the initial appointment is for 12 months,
with the possibility of annual renewal (up to 60 months) based on
performance.
The Graduate Program in Environmental Engineering (PPGEA) was
established in 2012, and has two research areas: Air Pollution and
Atmospheric Processes (www.atmopsher.org), and Environmental
Sanitation. PPGEA comprises 11 permanent Professors,
technical/administrative staff and 20 students at Master’s level.
The successful candidate should conduct and take part in the research
activities in one of the areas of research of the Program, and is
expected to develop an internationally recognised publication record,
mentor undergraduate students in the candidate’s area of expertise,
and teach graduate courses.

Qualifications:
The candidate should have a Doctoral degree in the fields of
Environmental Sciences, Environmental and Sanitation Engineering,
Remote Sensing, Applied Mathematics, Physics, Meteorology, or Climate
Modelling (or a related field).
We seek a candidate with strong quantitative and interdisciplinary
skills, full of initiative and willing to support the various academic
and research activities conducted in the group. You must have
published high quality research in the peer-reviewed literature and be
able to work collaboratively as a member of an interdisciplinary
research team.

Desired skills:
Experience with topics like: radiation transfer modeling, remote
sensing data analysis, environmental/atmospheric/physical modelling,
meteorology, air pollution, and laboratory and field measurements;
wastewater treatment processes, urban and industrial water reuse,
phytoremediation of toxic metals, ecology of continental aquatic
systems, river limnology, environmental microbiology, environmental
molecular microbiology, biodegradation of pesticides in soils,
numerical methods for environmental engineering, air pollution
monitoring/control.
Programming experience (C and Linux shell scripts) as well as skills
with packages like IDL, Matlab, R is an asset.
Excellent English communication, technical writing and presentation.
The knowledge of Portuguese and Spanish would be an advantage.

Applications:
The candidate should specify one of the research areas and send
his/her application to:
Email:ppgea-ld@utfpr.edu.br
Subject: Postdoctoral Application

The following documents should be included:
Copy of the Doctoral certificate
A cover letter explaining the interest in the position
A Lattes CV for Brazilians candidates (http://lattes.cnpq.br/) or an
European-style Curriculum vitae in English for foreigner candidates
(http://europass.cedefop.europa.eu/en/documents/curriculum-vitae)

Place of work:
The candidate will work on the campus of the Federal University of
Technology in Londrina (Paraná state). Londrina is the lively centre
of an economic region with 500 thousands inhabitants, as well as a
thriving business city in southern Brazil. The city hosts many
universities, has a pleasant living environment, accommodation at
affordable prices and is surrounded by beautiful natural landscapes.
The city occupies a key logistic location in southern Brazil, with
frequent air and road links to the largest cities in the region,
including São Paulo, Rio de Janeiro and Curitiba.

Salary: R$ 49,200 (€ 16,300) per annum, tax free.
Starting date: immediately.

Please considerer the local references for prices before any
evaluation about the salary: the average cost of renting a studio flat
with bathroom, room and cooking facilities is about R$800,00 per
month; a meal cost between R$10,00 and R$30,00 (R$2,50 is the
subsidized price for students at University.

For informal inquiries, please contact:
Prof  Jorge Martins
Professor of Physics
jmartins@utfpr.edu.br

Por trás do desmatamento da Amazônia

Por Elton Alisson
Agência FAPESP – O consumo interno do Brasil e as exportações de soja, carne bovina e outros produtos primários provenientes da Amazônia são responsáveis por mais da metade das taxas de desmatamento e, consequentemente, das emissões de gases de efeito estufa (GEE) registradas pelo bioma.
A avaliação é de um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo (USP), no âmbito de um Projeto Temático, realizado no Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).
Os resultados do estudo foram apresentados no dia 12 de setembro durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima), realizada pela FAPESP em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), em São Paulo.
“Mais da metade das emissões de GEE da Amazônia acontecem por conta da demanda de consumo fora da região, para abastecimento interno do país ou para exportação”, disse Joaquim José Martins Guilhoto, professor da FEA e um dos pesquisadores participantes do projeto.

Leia mais.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Seca no RN: Novo decreto declara situação de emergência para 150 municípios

O Governo do Estado publicou hoje (19) um novo decreto que declara situação de emergência para 150 municípios do Rio Grande do Norte em decorrência da seca. Esta é a terceira vez que o Executivo decreta “situação de emergência”, em pouco mais de um ano, para obter mais celeridade e acesso à ajuda do governo federal. O decreto entra em vigor hoje e vale até março de 2014.
Júnior SantosNovo decreto da seca atinge 150 municípios do RN e tem duração de 180 diasNovo decreto da seca atinge 150 municípios do RN e tem duração de 180 dias

O decreto anterior venceu no último dia 15. Na análise dos membros da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, o decreto é o reconhecimento ao estado de seca configurado entre janeiro de 2012 e setembro deste ano.

Para a Defesa Civil, "fica claramente cristalizado do ponto de vista climático um quadro de seca severa, e que o impacto dessa seca é complexo e diferenciado, com sérias consequências negativas para a atividade rural do estado, afetando com prejuízos econômicos e danos para o contingente populacional desses municípios, prejudicando todos os elos da cadeia produtiva da sociedade nas áreas rurais do Estado".

Um relatório da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape), a partir dos valores do Produto Interno Bruto (PIB) em anos normais, aponta que a seca causa prejuízos de R$ 3,818 bilhões ao estado. Isso representa, ainda segundo texto do decreto nº 23.801 publicado hoje, uma redução de 46,76% na contribuição da formação do total da produção obtida pelo Rio Grande do Norte em anos de inverno normal.

A lista de municípios do decreto pode ser conferida na publicação do Diário Oficial do Estado.

Fonte: Portal TNonline

Pós-doutorado em Modelagem Climática e Oceânica com Bolsa da FAPESP

Agência FAPESP – O Projeto Temático “Modelo Brasileiro do Sistema Climático Global”, apoiado pela FAPESP, tem três oportunidades de Bolsa de Pós-Doutorado para pesquisa no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo.
Os bolsistas atuarão na área de Geociências e utilizarão o Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre (BESM, na sigla em inglês) para executar e analisar simulações climáticas de longo prazo com relevância para os processos de mudanças climáticas globais. As oportunidades oferecidas são para atuar em pesquisa e desenvolvimento em uma das seguintes áreas: atmosfera, superfície terrestre ou oceano.
Os candidatos devem possuir título de doutor em meteorologia, física, oceanografia, ciências atmosféricas, geociências ou áreas correlatas. Será exigida experiência em programação (Fortran 90 e scripts, preferencialmente) em ambiente Linux/Unix e fluência em inglês. Experiência em modelagem numérica e em modelos de uma única coluna (SCM) e/ou “Cloud Resolving Models” (CRM) será considerada um diferencial.
Para mais informações sobre as vagas, enviar e-mail ao professor Paulo Nobre (paulo.nobre@cptec.inpe.br) ou ( renata.rodrigues@inpe.br).
A data limite para inscrições é 30 de setembro de 2013. Mais informações sobre a oportunidade: http://www.fapesp.br/oportunidades/480.
O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP (no valor de R$ 5.908,80 mensais) e Reserva Técnica. A Reserva Técnica de Bolsa de PD equivale a 15% do valor anual da bolsa e tem o objetivo de atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.
Caso o bolsista de PD resida em domicílio diferente e precise se mudar para a cidade onde se localiza a instituição sede da pesquisa, poderá ter direito a um Auxílio Instalação. Mais informações sobre a Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP estão disponíveis em www.fapesp.br/bolsas/pd.
Outras vagas de Bolsas de Pós-Doutorado, em diversas áreas do conhecimento, estão no site FAPESP-Oportunidades, em www.fapesp.br/oportunidades.

Mudanças no clima podem tornar obsoletas as unidades de conservação do país

Por Noêmia Lopes
Agência FAPESP – Os efeitos do aquecimento global no Brasil provocarão deslocamentos de aves, mamíferos, anfíbios e outros animais em direção a regiões com temperatura e umidade mais compatíveis às suas necessidades, indicam estudos da Rede Brasileira de Pesquisa e Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) em diferentes biomas.
“Em consequência dessa movimentação, nosso atual sistema de unidades de conservação pode ficar obsoleto ou não muito eficiente”, afirmou Alexandre Aleixo, coordenador da sub-rede Biodiversidade e Ecossistemas da Rede Clima e pesquisador do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), durante a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima), ocorrida em São Paulo na semana passada.
Um dos grupos vinculados à sub-rede, formados por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), debruçou-se sobre a situação de 431 espécies de anfíbios que habitam a Mata Atlântica e fez projeções para o futuro (até 2080) a partir de três modelos climáticos.
Os resultados, publicados em artigo na revista PLoS One, projetam uma redução de 72% na área atual de distribuição desses anfíbios e a extinção regional de 12% das espécies. “Nesse cenário, muitos dos animais terão de se dispersar para outros locais, uma vez que as condições de temperatura e umidade já não lhes serão adequadas”, explicou Aleixo.
O artigo também indica quais seriam os pontos prioritários do bioma em termos de inclusão nos sistemas de conservação, a fim de oferecer proteção às espécies que forem forçadas a se deslocar por conta das mudanças climáticas.
Ainda sobre o bioma Mata Atlântica, uma segunda pesquisa apresentada por Aleixo – um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com base em análises estatísticas para 2050 – revela o impacto das alterações no clima sobre a riqueza de espécies de aves.
Considerando apenas o aumento de temperatura, 117 espécies podem perder área de distribuição, seis podem entrar no grupo de espécies ameaçadas e uma espécie pode ser extinta. Considerando o aumento de temperatura e a ocorrência de desmatamento, os números sobem para 120, 14 e dois, respectivamente.
“Também deve ocorrer movimentação entre as aves. Mas fica bastante claro que não são somente os deslocamentos que preocupam – a possibilidade de mais espécies ficarem ameaçadas requer atenção”, afirmou Aleixo.
De acordo com o pesquisador, a situação é semelhante para outros grupos de animais, em diferentes regiões do país, como exemplifica um segundo estudo da UFG, que também resultou em artigo publicado na PLoS One.
Desenhando cenários sobre o impacto das mudanças climáticas na distribuição das 55 espécies de marsupiais que ocorrem no Brasil, concluiu-se que em 2050 a maioria das espécies pode ter uma redução significativa de habitats adequados.
As taxas de movimentação, nesse caso, também seriam relativamente altas, mas com variações ao redor do país. Os locais com clima atrativo seriam alguns pontos da região dos Pampas, a porção sul da Mata Atlântica, o norte do Cerrado e da Caatinga e o noroeste da Amazônia.
Já para o bioma Amazônia, diversos modelos climáticos preveem que o setor de menor umidade, próximo a Tocantins, vai se tornar ainda mais seco.
“As nossas previsões para 2020 e 2050 também apontam para um impacto muito maior das mudanças climáticas no sul da Amazônia do que ao norte da região, em função de variáveis ambientais e de altas taxas de desmatamento. Podemos ter um colapso do sistema florestal no sudeste da Amazônia, com imensos prejuízos para a biodiversidade”, disse Aleixo.
Esses e outros resultados da sub-rede Biodiversidade e Ecossistemas contribuem para responder uma das questões norteadoras do grupo: historicamente, ao longo da evolução das espécies, outras modificações climáticas teriam contribuído para a aquisição de uma resiliência natural por parte de alguns animais?
“Por enquanto, não temos indícios disso”, afirmou Aleixo. “As evidências mostram que a fauna sofre com as grandes modificações – no caso amazônico, particularmente com os processos de secamento da floresta.”