quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O mar e a Lei Florestal

Quinze ministérios e outros órgãos discutem como a zona costeira pode ser explorada de modo ecologicamente sustentável

SOPHIA GEBRIM

A gestão da zona costeira brasileira perante a nova Lei Florestal foi discutida nesta terça-feira (30/10), em Brasília, na 44ª Reunião Ordinária do Grupo de Integração do Gerenciamento Costeiro (Gi-Gerco). Ligado à Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), é formado por representantes de 15 ministérios, Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma), Ministério Público Federal e universidades de todo o país.

Após detalhar tópicos da lei, entre eles o artigo 11, que define a zona costeira como patrimônio nacional e sua ocupação e exploração devem ser de modo ecologicamente sustentável, o presidente do Grupo Gi-Gerco e diretor de Zoneamento Territorial do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adalberto Eberhard, abordou o item da lei que trata dos zoneamentos costeiros. “Assim como cada estado possui o seu Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), instrumento de ordenamento e planejamento econômico e ambiental, a nova Lei Florestal determina que cada um dos 17 estados costeiros façam o seu ZEE Costeiro”, explicou.

Segundo o diretor do MMA, a determinação é que os estudos sejam feitos na escala de 1 para 10 mil. “Isso quer dizer que cada 10km de costa deve ter um mapa de 1 metro, com todas as definições e características daquela área”. Para ele, o objetivo é auxiliar no que for preciso os estados para a realização do estudo, que ainda não tem data para começar. “Estamos numa discussão preliminar sobre esse assunto, já nos antecipando e discutindo como será possível contribuir, no futuro com o ZEE Costeiro, que ainda não tem data para começar”, acrescentou.

NO MUNDO

Ao término da reunião, a analista ambiental do Departamento de Zoneamento Territorial do MMA, Márcia Oliveira, falou sobre a missão brasileira que irá a Espanha, no período de 5 a 9 de novembro. O objetivo será conhecer a experiência espanhola na gestão costeira integrada e seus casos exitosos de aplicação do Sistema de Modelagem Costeira (SMC), ferramenta utilizada para gestão costeira, bem como conhecer o estágio atual da customização do SMC-Brasil.

“Essa missão faz parte de acordo firmado em 2010 entre os governos brasileiro e espanhol”, explica Márcia. O acordo, que é de cooperação técnica, científica e tecnológica, é ferramenta para execução do Projeto Transferência de Metodologias e Ferramentas de Apoio à Gestão da Costa Brasileira, entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), com a participação do Ministério do Meio Ambiente e da Secretaria do Patrimônio da União, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de São Paulo (USP), Universidade da Cantábria (IHC/Espanha) e o Instituto Ambiental Brasil Sustentável (IABS).

O projeto tem como objetivo contribuir para uma melhor gestão da costa brasileira, permitindo entender e dar soluções a problemas de erosão que ocorrem em quase 40% da costa brasileira, estudar problemas de impacto ambiental, delimitar zonas de domínio público e privado ao longo do litoral permitindo recuperar espaços públicos já ocupados e proteger as populações em áreas de risco.

NASA: Solo de Marte é semelhante ao do Havaí

Um instrumento chamado CheMin, colocado na sonda Curiosity, analisou com raio-X partículas do terreno marciano. O objetivo é descobrir pistas sobre a história geológica recente do planeta. Como os cientistas já desconfiavam, a maior parte do solo é composta por materiais basálticos de origem vulcânica, exatamente como o terreno das ilhas do Havaí, nos Estados Unidos.
As amostras tiradas em Marte contêm tanto poeira que estava a milhares de quilômetros do local da sonda, mas foi trazida por tempestades, quanto areia originária da região.
"Até agora, os materiais que a Curiosity analisou são consistentes com nossas ideias iniciais que tínhamos sobre a cratera Gale, mostrando uma transição no tempo de um ambiente úmido para um seco", diz David Bish, um dos pesquisadores do projeto CheMin. 

A matéria completa foi publicada no Estadao online.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

UFRN promove workshop sobre desertificação e degradação das terras

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas (PPGCC) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em parceria com a Universidade Federal de Alagoas, e Centro Regional do Nordeste (CRN) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) promoveu entre os dias 22 e 25 de outubro, o 2° Workshop Latino Americano do EUROCLIMA sobre Desertificação, Degradação das Terras e Seca na América Latina.

Participaram do encontro, representantes de 16  países da América Latina: Argentina, Brasil, Costa Rica, Chile,  Cuba, Equador,  El Salvador, Estados Unidos das Américas,  Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela e representantes das Nações Unidas e UNESCO.


No workshop foram apresentados os dados históricos ambientais de cada país, o cenário atual e as ações presentes e futuras de gestão ambiental. A reunião serviu como uma plataforma sobre a degradação da terra e desertificação na América Latina. O objetivo foi aproximar a investigação científica e a aplicação prática de metodologias para monitorar e mitigar os problemas da desertificação na região.

 
Os trabalhos apresentados no encontro estão disponíveis no site:
http://www.euroclima.org/eventos/2nd-regional-euroclima-workshop-on-dldd_es.

O que é EUROCLIMA


O EUROCLIMA é um programa ambiental conjunto entre a União Europeia e América Latina, enfocando as mudanças climáticas.

O objetivo é contribuir e melhorar o conhecimento dos locais de decisão da América Latina e da comunidade científica sobre os problemas e consequências da mudança climática para assim integrá-los nas políticas de desenvolvimento sustentável.

Livro sobre Engenharia Ambiental

Pesquisadores da USP de São Carlos lançam livro sobre engenharia ambiental 

Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Os cursos de graduação em engenharia ambiental são relativamente novos no Brasil – o mais antigo, criado pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), completa 21 anos em 2012. Em função disso, há uma carência de publicações na área, principalmente em português, voltadas para estudantes universitários.
Um livro lançado por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) – que formou sua primeira turma do curso de graduação em engenharia ambiental em 2007 – pretende preencher parte dessa lacuna.
Intitulada Engenharia ambiental – conceitos, tecnologia e gestão, a publicação foi organizada por Maria do Carmo Calijuri e Davi Gasparini Fernandes, ambos da EESC.
Calijuri coordena atualmente um Projeto Temático apoiado pela FAPESP. Fernandes realiza doutorado direto, com Bolsa da FAPESP, no âmbito do projeto coordenado por Calijuri.
O livro é composto por 30 capítulos, escritos por 52 especialistas das áreas de Engenharia (ambiental, civil, mecânica, agronômica, de produção, química, de recursos hídricos, sanitária e florestal), Ciências Biológicas, Oceanografia, Ecologia, Administração, Matemática, Arquitetura e Urbanismo, Física, Geologia, Meteorologia, Geografia e Medicina.
Os capítulos são distribuídos em cinco eixos temáticos, correspondentes aos cinco anos de duração do curso de graduação em engenharia ambiental oferecido pela EESC da USP.
O primeiro eixo, chamado “Fundamentos”, apresenta os conceitos básicos de Engenharia, Biologia, Ecologia, Química e Física, entre outras áreas, que embasam a engenharia ambiental.
O segundo eixo, denominado “Ecossistemas aquáticos e terrestres”, descreve os ecossistemas onde o engenheiro ambiental irá atuar, como rios, mares, oceanos, florestas e aquíferos, entre outros.
O terceiro eixo, intitulado “Impactos ambientais”, trata dos problemas com os quais o engenheiro ambiental irá deparar. Já o quarto eixo, sobre “Ações mitigadoras de impactos ambientais”, destaca as ferramentas de que o profissional pode dispor para solucionar os impactos ambientais, como o tratamento de efluentes e recuperação de áreas degradadas.
Por fim, o quinto e último eixo, nomeado “Gestão ambiental”, aborda os aspectos legais sobre o meio ambiente, como o novo Código Florestal brasileiro.
“Os cinco eixos do livro seguem uma linha lógica de aprendizado do estudante de graduação em engenharia ambiental”, disse Fernandes à Agência FAPESP.
“O aluno pode começar a utilizar o livro logo a partir do primeiro ano do curso de graduação, e ao longo dos cinco anos de duração do curso adquire conhecimento para que, no final, tenha uma visão completa e integrada sobre o meio ambiente e seja capaz de identificar, prevenir e mitigar os impactos a que os sistemas ambientais são submetidos, que é o objetivo do livro”, disse.
De acordo com Fernandes, os autores de cada capítulo estabeleceram uma ampla conexão de seus assuntos com os demais tratados no livro, e cada capítulo se encerra com uma breve revisão dos conceitos nele tratados, que são ilustrados com exemplos.
Um dos capítulos do livro, por exemplo, aborda a gestão ambiental em empresas, que se configuraram em um novo campo de atuação dos engenheiros ambientais.
“Com esse capítulo, nós pretendemos mostrar como as empresas podem tornar seus processos produtivos menos impactantes e buscar o equilíbrio entre os aspectos sociais, econômicos e ambientais, que compõem a tríade da sustentabilidade ambiental”, explicou Fernandes.
O livro pode ser encontrado nas principais livrarias do país, ou pode ser comprado pelo site da editora Elsevier nas versões impressa e e-book (livro eletrônico). Além do Brasil, a publicação também será distribuída para outros países de língua portuguesa.

sábado, 27 de outubro de 2012

Luis Gomes - Um ano sem água

Na próxima segunda-feira(29), a cidade de Luís Gomes (452 de quilômetros de Natal) completa um ano sem água nas torneiras e bate um triste recorde no Estado.

O colapso no sistema de abastecimento teve início em outubro de 2011 quando secou o açude Dona Lulu Pinto, principal manancial do município, deixando toda a população à mercê de carros-pipa. A partir daí, deu-se início a uma corrida desesperada por água potável que gerou filas e bate bocas durante meses.


Só para se ter uma idéia, nos últimos 12 meses, os governos Federal, estadual e municipal disponibilizam juntos cerca de 300 mil litros de água tratada por dia para atender à demanda da cidade. Sem contar com os carros particulares que abastecem as residências por um preço médio de R$ 20,00, uma caixa com mil litros.

Todo esse líquido é transportado em caminhões-pipa que viajam mais de 100 km -- entre ida e volta -- e circulam dia e noite distribuindo em diversos pontos os milhares de litros para suprir a necessidade dos mais de 2 mil lares.

Atualmente as cisternas comunitárias estão com o abastecimento regular. As filas, que antes geravam confusões, estão mais controladas e mais educadas.


Passado os momentos mais críticos, aqueles em que toda água chegada era pouca e parecia não render nas caixas, moradores das zonas urbana e rural convivem e se adaptam naturalmente a um dos mais longos períodos de estiagem que a serra de Luís Gomes já viu.


Adaptação

Ser breve ao tomar um banho e reutilizar o mesmo líquido no vaso sanitário, são apenas duas das várias formas de economizar que o povo serrano aprendeu nos últimos 365 dias e, é também, uma prova de que o homem é um produto do meio em que vive.

O crescente agravamento da falta de água em Luís Gomes não só mostrou que o homem pode se adequar ao meio em que vive como levou as pessoas a estabelecer normas próprias para economizar e mudar seus hábitos com relação ao consumo racional da água.

O costume de lavar carros e calçadas, deixar caixas transbordando por toda a noite e o desperdício de água de uma forma geral, práticas comuns nos tempos de abundância, já não são mais vistos nos dias atuais.



Vegetação sofre em razão do calor e do tempo seco

Apesar do clima ameno que a chapada da serra oferece durante o ano inteiro, a jardinagem urbana vem sofrendo com a carência de líquido. O verde, que antes predominava nos canteiros e nas praças, vem perdendo espaço para o cinza característico da caatinga nordestina.

Leiras de hortaliças, plantas ornamentais e fruteiras localizadas em chácaras e quintais de casas, já foram reduzidas pela metade por falta do precioso líquido em suas raízes.

Agricultura e economia de subsistência em queda livre

As roças de milho e feijão, cultivos tradicionais na região do semi-árido nordestino, não resistiram à falta de chuva e ao calor excessivo e o prejuízo nesse tipo de plantação ficou acima dos 85%. Em contrapartida, os agricultores foram contemplados com o Seguro Safra, programa do Governo Federal que é acionado quando ultrapassa os 50% de perca na lavoura.

Fonte de fartura no município, os cajueiros, que devido à grande quantidade de árvores não podem ser regados manualmente, sofrem com o tempo seco e registram a menor produção de castanha-de-caju dos últimos 20 anos.

A confecção do doce caseiro também foi afetada pela falta de chuva, que esse ano teve um acumulado de apenas 424mm, divido em pequenas precipitações.

Produzidas a partir da mandioca, um tubérculo que se adaptou ao solo e ao clima serrano, a fabricação de goma e de farinha está em declínio devido à aridez que vem mudando a paisagem dessa região do Rio Grande do Norte.

A fabricação artesanal da rapadura, um subproduto da cana-de-açúcar, teve queda superior a 90% por causa da seca. Segundo os donos de engenhos, as moagens não chegaram a 10% se comparadas há anos anteriores, e alguns produtores estão transformando os poucos canaviais que restam em ração animal para suavizar a fome do rebanho.

Já as pinheiras, outra fonte econômica do município e que já foram sinônimos de fortuna nas décadas de 70, 80 e 90, estão quase dizimadas por conseqüência das doenças, das pragas e das freqüentes estiagens que vêm transformando os campos em uma verdadeira Mata Branca.

Pecuária

Embora não seja um município de grandes criações, a seca e falta d’água já deu sua parcela de contribuição para diminuir ainda mais a quantidade de gado, ovelhas, porcos e galinhas em todo território Luís-gomense.

Por ausência de pasto, alimento básico para sustentar as cabeças de gado, o preço da carne de boi chegou a ser vendida a um preço de R$ 9.00, o quilo. Sem a oferta de animais gordos ou magros, o preço voltou a subir e já não se acha mais bois para suprirem a demanda dos frigoríficos locais.

O leite e o queijo coalho, que costumam desaparecer em tempos de escassez, estão cada vez mais difíceis e o pouco que têm no comércio sofrem aumentos periodicamente devido ao preço do resíduo, um tipo de ração animal que custa cerca de R$ 50,00 um saco com 50 kg.

Como não teve produção de milho, a criação de galinha caipira ficou praticamente impossível e muitos já desistiram de criar e reproduzir as aves no quintal de casa. Os ovos, que eram fontes de alimento e ainda davam um reforço nas finanças dos criadores, encontra-se com a produção reduzida em mais de 80%.

Turismo, fauna e flora

No turismo a seca deixa sua marca. Os pontos turísticos Mirante da Serra e Mirante do Rela, amargam quedas significantes devido ao tempo de escassez hídrica.

No caso do Mirante da Serra, que depende de muita água para alimentar as duas grandes piscinas, o local está operando só a parte de bar. A vegetação acinzentada também tem deixado o ambiente com a cor da caatinga brasileira.

Já o Rela, que depende exclusivamente de água para sustentar o leito do riacho e suas cachoeiras e, ainda, manter a vegetação sempre verde, perdeu cerca de 90% dos turistas e visitantes por causa da estiagem.

Os macacos-prego, que são nativos do lugar, quase não são mais vistos pulando de galho em galho. A procura de alimentos, alguns deles já foram avistados nas proximidades do Conjunto Sol Nascente, zona periférica da cidade.

Solução

Ao completar 100 dias sem água nas torneiras e devido aos transtornos causados pelo desabastecimento, o MP (Ministério Público) elaborou uma ação civil pública com pedido de tutela antecipada e deu o prazo de seis meses para que a Caern resolvesse o problema em definitivo permitindo a retomada de forma contínua do fornecimento de água nas torneiras.

Na mesma época, os moradores bloquearam a BR 405 por duas horas, na altura do distrito de Placas, para pedir uma solução imediata para o problema da falta d’água em Luís Gomes.

Paralela à ação de distribuição e para atender aos pedidos do MP e, ainda, aos manifestos populares, uma força tarefa realizada através da Semarh(Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos), aumentou a quantidade de carros-pipas, de reservatórios e perfurou vários poços artesianos -- alguns com boa vazão -- para tentar sanar a situação de penúria que vem eliminando as pequenas plantações situadas nas zonas urbana e rural do município. No entanto, os poços continuam inoperantes à espera de bombas, canos e cataventos.

Já os trabalhos de conclusão da Adutora Alto Oeste, que estiveram parados por dois anos, foram retomados no início de junho passado.

Os serviços recomeçaram entre as cidades de Rafael Fernandes e José da Penha, trecho que se encontra quase pronto e que possibilitará a chegada da água até o município de Luís Gomes.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Gilberto Jales, que no último mês de setembro visitou o canteiro de obras juntamente com o diretor-presidente da Caern, Yuri Tasso, a cidade de Luís Gomes e outras que compõem o sistema adutor Alto Oeste receberão água até o final deste ano.

Jales informou ainda que os dois sistemas, Santa Cruz e Pau dos Ferros -- que somam 320 quilômetros de adutora -- beneficiarão mais 200 mil pessoas.

Com a água da barragem de Santa Cruz, serão beneficiadas as cidades de Itaú, Rodolfo Fernandes, Tabuleiro Grande, Riacho da Cruz, Umarizal, Olho D’água dos Borges, Lucrécia, Frutuoso Gomes, Antônio Martins e João Dias.

O açude de Pau dos Ferros, beneficiará as cidades de Luís Gomes, São Francisco do Oeste, Rafael Fernandes, Marcelino Vieira, Pilões, Alexandria, Tenente Ananias, Riacho de Santana, Água Nova, José da Penha, Major Sales, Paraná e Pau dos Ferros. Alguns testes já foram realizados no trecho entre Rafael e Riacho de Santana.

Túnel do Tempo

A cidade de Luís Gomes teve acesso à água encanada no ano de 1981. Antes, todo o município era abastecido por animais que sobre o lombo carregavam duas ancoretas com água trazidas de cacimbas cacimbões e lagoas. O jumento, que por mais de 30 anos esteve afastado desse tipo de trabalho, voltou à atividade nessa seca.

No ano de 1999, o município serrano foi atingido por uma curta estiagem que fez o açude Dona Lulu Pinto secar pela primeira vez deixando toda população das zonas urbana e rural sem água nas torneiras por um período de mais de 90 dias. Sendo essa temporada, o primeiro teste de resistência para o povo serrano.

Durante este período os Luís-gomenses foram abastecidos por carros-pipa, que na ocasião cobravam cerca de R$ 50.00 por um tanque com 7 mil litros d’água.

Em 2001, enxergando futuras secas e o crescimento urbano acelerado, uma reforma aumentou em um metro o nível d’água do reservatório. No entanto, não foi suficiente e quatro anos depois a comunidade sofre novamente com a escassez. Na época, com menos de 5% de sua capacidade total, a água do açude foi considerada imprópria para o consumo humano.

Por estar situado a 645 metros do nível do mar e não ter locais para construções grandes barragens, o povo serrano sempre sofreu e teve dificuldade de acesso a esse líquido tão importante e indispensável ao ser humano.


Alguiberto Morais
Site Serra de Luís Gomes

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Insa promove palestra sobre mudanças climáticas e recursos hídricos

“Mudanças climáticas, recursos hídricos e adaptação ao Semiárido” é o tema da palestra, da série Semiárido em Foco, que o Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI) realiza, nesta sexta-feira (26), na sede em Campina Grande (PB). O objetivo é contribuir para a formulação de políticas públicas específicas, por meio de parcerias, além de ampliar, fortalecer e consolidar as ações já existentes.
O palestrante será o professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Carlos de Oliveira Galvão, que abordará questões relacionadas às bacias hidrográficas da região, ao reservatório Epitácio Pessoa, em Boqueirão (PB) e às cisternas rurais. Galvão coordena um grupo de pesquisa que trabalha com mudanças climáticas para a modelagem hidrológica do Semiárido brasileiro.
Cisternas são tanques construídos para armazenar imediatamente as águas captadas da chuva em uma superfície próxima. No meio rural, elas são geralmente empregadas para acumular o líquido sobre o telhado das residências para consumo doméstico. No Brasil, como em muitos outros países, as águas das cisternas rurais são utilizadas inclusive para beber, quase sempre sem qualquer tratamento.
Segundo a mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente e bolsista pesquisadora do Insa, Ana Paula Silva dos Santos, durante a palestra serão feitas projeções de impactos ambientais na região do Semiárido e fornecidas explicações de como se adaptar às mudanças climáticas, levando em conta a adoção de um sistema eficiente de gestão dos recursos hídricos. “A intenção do instituto é de valorizar a cooperação, o aprendizado coletivo, os saberes locais, a capacidade inovadora das organizações locais, de modo que contribua com o desenvolvimento sustentável da região e com a melhoria das condições de vida da população”, assinalou.
Todo o material produzido (slides, textos, vídeos das palestras) será distribuído sob a forma de blocos temáticos, por meio do site do Semiárido em Foco, a ser lançado ainda neste ano. “A idéia é organizar um banco de dados referente ao histórico dos temas debatidos visando ampliar o acesso do público ao material do programa”, acrescentou a pesquisadora.
Além de representante científico do país junto à Conferência das Nações Unidas para Combate a Desertificação (UNCCD), o Insa desenvolve projeto estruturante articulado com a rede de monitoramento do clima Eumetcast e com a Agência Espacial Européia (Programa Desertwork). A  finalidade é estudar as dinâmicas do processo de desertificação, estratégias de recuperação, manejo de áreas degradadas e mudanças climáticas do semiárido brasileiro, mediante a realização de debates sobre a temática e difundindo seus resultados.
Sobre o palestrante
Galvão é mestre em engenharia civil pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com especialização em concentração de recursos hídricos, além de doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1999) e pós-doutor pela Universidade de Lisboa (2011). Desde 1993, é professor da UFCG, onde atua nas áreas de hidrologia do Semiárido, hidrometeorologia e sistemas de suporte à decisão em recursos hídricos.
Sobre o Semiárido em Foco
O Semiárido em Foco é um espaço de debates e trocas de experiências. Ele faz parte de um conjunto de ações permanentes e articuladas do Insa, na perspectiva da difundir e popularizar pesquisas e conhecimentos acerca do semiárido.  A proposta é possibilitar um olhar amplo sobre a região, identificando potencialidades da e para a região, no campo da ciência, tecnologia e inovação. 
Desde 2011, o evento possibilita o diálogo entre os pesquisadores deste Instituto e de instituições e organizações que atuam em institutos de pesquisa, universidades, órgãos governamentais, estudantes, profissionais, agricultores, associações, organizações não governamentais e cooperativas.
Texto: Ascom do Insa - Ascom do MCTI

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Raupp defende desenvolvimento sustentável da Amazônia

 Clique para ver todas as fotos de Raupp defende desenvolvimento sustentável da Amazônia24/10/2012 - 19:57
Ao abrir a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) na cidade de Guajará-Mirim (RO), nesta quarta-feira (24), o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, destacou a importância da Amazônia no contexto dos desafios da ciência brasileira para os tempos atuais.  Raupp apontou o papel da área de auxiliar no desenvolvimento do país, atendendo a requisitos de sustentabilidade, da economia verde e da erradicação da pobreza, temas abordados na nona edição da SNCT, neste ano. Para o ministro, ao reunir esses três elementos numa única via, o país será conduzido, inevitavelmente, para os horizontes do desenvolvimento sustentável – “um modelo de desenvolvimento em que os recursos naturais serão explorados economicamente, mas de uma maneira que sejam permanentemente conservados”.
O ministro ressaltou o valor da ciência para a construção de um modelo de desenvolvimento para a região amazônica. “Nossa proposta é que a Amazônia ofereça meios de geração de trabalho e renda para seus habitantes, ao mesmo tempo que seus recursos naturais sejam preservados permanentemente”, disse.
“A visita é uma oportunidade de ouro, um momento importante para um recado de que a política de ciência e tecnologia não pode ficar parada em Brasília, deve ir aos rincões do país, voltada para as reais necessidades de cada região”, acrescentou o titular do MCTI. “Momento para sublinhar o papel das médias e pequenas empresas, que devem receber o apoio do Estado para poderem caminhar sozinhas.”
O governador Confúcio Moura destacou a presença do ministro e defendeu que o estímulo ao interesse na área deve começar na escola. Além disso, identificou a formação de pesquisadores como caminho para o avanço científico da região. “Devemos lembrar que o estado do Paraná possui um numero maior de mestres e doutores que toda a Amazônia”, comparou.
Sustentabilidade em pauta
O presidente em exercício do Conselho Deliberativo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Rondônia (Sebrae-RO), Cícero Alves Noronha Filho, avaliou que a SNCT será uma excelente ocasião para discutir a importância da sustentabilidade em nível regional, em consonância com as decisões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Ele entregou ao ministro uma carta de reivindicações do município com a finalidade de elaborar um projeto de desenvolvimento sustentável para a região. Raupp informou que enviará técnicos de sua pasta para avaliar possibilidades envolvendo créditos de carbono.
O diretor superintendente do Sebrae Rondônia, Pedro Teixeira Chaves, falou sobre os esforços da instituição e do Sistema S como um todo na disseminação do conhecimento. Ele contou que a SNCT em Guajará-Mirim contará com caravanas e a presença de consultores, empreendedores, estudantes e empresários em atividades de clínicas tecnológicas, palestras e um seminário.
A solenidade, na Câmara de Vereadores, teve a presença do prefeito Atalibio José Pegorini e do senador licenciado Valdir Raupp (PMDB), entre outras autoridades locais.
Guajará-Mirim, na fronteira entre o Brasil e a Bolívia, teve sua origem na construção da ferrovia Madeira-Mamoré, cujo centenário de inauguração é comemorado neste ano.




Condições climáticas do Rio Grande do Norte ganham destaque na mídia nacional

Com 400 quilômetros de extensão o litoral potiguar oferece as condições propícias para a prática esportiva e pesqueira, segundo análise do Setor de Meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). Devido a esses aspectos favoráveis o RN tem sido constantemente procurado pela mídia nacional para coberturas jornalísticas que exploram o assunto. A equipe do Programa Globo Mar da TV Globo foi à última produção a visitar o Estado para uma série de reportagens que será exibida em 2013.
O Gerente de Meteorologia da EMPARN, Gilmar Bristot, foi entrevistado pela repórter da TV Globo, Poliana Abritta, sobre as condições do vento no litoral potiguar e a sua influência na pesca do peixe Albacora e na prática de alguns esportes como o kitesurf. Para Gilmar Bristot o RN se destaca naturalmente graças à sua localização, próxima à faixa equatorial, onde existe a formação de uma faixa de baixa pressão facilitando assim o deslocamento do ar para essa região conhecida também como zona de convergência dos ventos alísios.
Inicialmente a equipe do Globo Mar partiu da praia de Caiçara do Norte acompanhando, via marítima, um grupo de pescadores até a praia de Baía Formosa, no litoral Sul potiguar. É justamente neste período do ano que acontece a pesca do peixe Albacora. Os barcos à vela se deslocam aproveitando o vento terral que sopra do Continente para o mar. A equipe também fez a trajetória entre as praias de Caiçara do Norte e São Miguel do Gostoso. 


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Navio impulsionará conhecimento da “Amazônia Azul”

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, participou nesta segunda-feira (22), no Rio de Janeiro, da assinatura do acordo de cooperação para aquisição de um novo navio de pesquisa hidroceanográfico no valor de R$ 162 milhões. Ele afirmou que esse reforço permitirá ao Brasil avançar no conhecimento de seu ambiente marinho.
“Tenho dois grandes desafios para vencer, os de gerar ciência tanto na Amazônia Verde como na Amazônia Azul”, disse, numa imagem que estabelece um paralelo entre as riquezas dos biomas amazônico e marinho. “E, com essa ampliação da infraestrutura embarcada para pesquisas, estou começando a alcançar um desses objetivos. É fundamental e estratégico termos o domínio territorial e a soberania nacional. Mas também é imprescindível termos conhecimento sobre nosso território, e este acordo de cooperação é mais um passo que damos para avançar no conhecimento do nosso território marítimo.”
O acordo para  a compra foi firmado com o Ministério da Defesa e a Marinha, a Petrobras e a Vale S.A. A cerimônia foi realizada no Centro Cultural Finep, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI). A agência será a responsável pelo repasse dos recursos do MCTI, de R$ 27 milhões. É a mesma quantia a ser aportada pela Marinha, enquanto a Vale entrará com R$ 38 milhões, e a Petrobras, com R$ 70 milhões.

Com a ampliação de infraestrutura, o MCTI planeja obter avanços significativos no conhecimento científico sobre os oceanos para melhor aproveitamento das riquezas potenciais contidas no Atlântico Sul e Tropical, bem como em águas internacionais contíguas, transformando assim o setor em um componente estratégico do desenvolvimento econômico e social do Brasil.
“Este é um esforço que envolve dinheiro público e privado, e que demonstra a importância desse casamento para o desenvolvimento do sistema de C,T&I [ciência, tecnologia e inovação]”, disse Raupp.
Características
A coordenadora-geral de Mar e Antártica do MCTI, Janice Trotte, afirmou que a embarcação será equipada com o que há de mais avançado em tecnologia de experimentação marinha. Ela apresentou as funcionalidades do equipamento, como capacidade para 146 pessoas, camarotes individuais e autonomia (período que pode passar sem reabastecimento) de 60 dias. “A ideia é que até setembro do ano que vem já esteja entrando aqui na baía de Guanabara”, acrescentou.
Segundo Janice, a nova estrutura vai intensificar a geração de conhecimento e a formação de recursos humanos sobre o ambiente marinho, promovendo avanços nas pesquisas das áreas de química, geologia, biologia e física. "A ênfase será nos trabalhos de levantamento de recursos minerais e bioprospecção em águas sob jurisdição brasileira", completou.
Durante a solenidade, Marco Antonio Raupp destacou a importância do acordo, saudando a Marinha, a Petrobras e a Vale: “Vocês são parceiros de longa data, qualificados e virtuosos, que estão sempre empenhados em colaborar com o avanço da pesquisa científica”.
Também participaram da cerimônia o comandante da Marinha em exercício, almirante Fernando Eduardo Sturdart Wiemer; o presidente da Vale, Murilo Ferreira; o diretor de Inovação da Finep, João Denegri; o gerente executivo do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, Marcos Assayag; e o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis.
  Texto: André Gonzalez – Ascom do MCTI, com informações complementares da Finep

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Seca no RN: prejuízos de 5 bilhões

A governadora Rosalba Ciarlini apresentou na manhã desta segunda-feira (22) as ações em execução e as futuras iniciativas para atender as 142 cidades do Rio Grande do Norte que estão em estado de emergência em decorrência da estiagem. Na ocasião, a Governadora falou como a seca vem prejudicando a economia do Rio Grande do Norte. “No início do ano tínhamos a previsão que iríamos ter um ano normal, porém, em março, fomos pegos de surpresa pela estiagem. Já em abril, estivemos reunidos com a presidenta Dilma para fazermos o possível para resolver esse problema. A seca já atingiu no Estado 83% do rebanho bovino e 92% do rebanho caprino e ovino. O prejuízo já chega a R$ 5 bilhões”, explicou Rosalba Ciarlini.

Os representantes do Comitê Estadual de Combate aos Efeitos da Seca, apresentaram as ações emergenciais que já foram realizadas para superar a estiagem. Entre elas: o Seguro Garantia Safra, que em parceria com o Governo Federal está atendendo atualmente 113 municípios do RN, com um total de 37.138 famílias, no qual o valor pago a cada família é de R$ 680 dividido em cinco vezes de R$ 136; a Bolsa Estiagem, que desde julho conta com 43.030 famílias beneficiadas, que estão recebendo o valor R$ 400 divididos em cinco vezes de R$ 80; a distribuição de 7.878 toneladas de forragem para rebanho; o programa de venda de milho em Balcão, realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), onde serão repassados, até dezembro, 64 mil toneladas de milho para o Rio Grande do Norte; e a Operação Carro-Pipa, que está atendendo 89 municípios, num total de 193.902 pessoas.

Combate


O Coordenador Estadual de Defesa Civil, Ten. Cel. BM Josenildo Acioli, falou sobre a atuação de sua equipe no combate à seca. “Já visitamos 130 municípios e fizemos relatórios do que essas cidades estão precisando para conviver com a estiagem. O nosso trabalho é de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação”, explicou o Cel. BM Acioli.

O secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Gilberto Jales, apresentou as ações estruturantes, como a instalação/recuperação de 72 poços; a recuperação de nove dessalinizadores; a construção de cisternas; implantação de 535 barragens subterrâneas; recuperação de 12 barragens rompidas; implantação de adutoras etc.

Nas ações futuras se encontram o PAC SECA, que já tem R$ 120 milhões autorizados pelo Governo Federal para ser utilizado na Adutora Umari-Campo Grande e na Adutora Pendências-Macau-Guamaré; o Programa Água Doce, com a instalação de 64 dessalinizadores; o Programa Água Para Todos, com a implantação de 96 barreiros e 192 sistemas simplificados de abastecimento de água; e a ampliação do Garantia Safra, para a safra 2012-2013, com o objetivo de beneficiar 52 mil agricultores.

Para finalizar, a governadora Rosalba Ciarlini explicou que, com o trabalho de todos que fazem parte do Comitê, o Rio Grande do Norte conseguirá superar a situação atual.  “Precisamos colocar no nosso estado toda a estrutura necessária para convivermos com este momento. E com a união de todos com certeza conseguiremos”, concluiu a Governadora.

Ainda estiveram presentes na coletiva os secretários de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca, Betinho Rosado; do Trabalho e da Assistência Social, Luiz Eduardo Carneiro; o Secretário-Chefe do Gabinete Civil, Anselmo Carvalho; e demais integrantes do grupo de acompanhamento das ações de combate aos efeitos da estiagem.

A matéria acima foi publicada no DNOnline, em 22/10/2012.

Cidades, Clima e Saúde

Agência FAPESP – O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) sediará encontro acadêmico internacional sobre participação da universidade no enfrentamento das mudanças climáticas e sua interlocução com as diversas instâncias do governo e da sociedade civil em busca de proposições.
O evento será realizado no dia 5 de novembro, das 14h às 17h30, no IAG-USP. O endereço é Rua do Matão, 1226, Cidade Universitária, São Paulo. Será oferecido certificado aos participantes inscritos.
A iniciativa do encontro surgiu da convergência de interesses do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas (Incline), da Faculdade de Saúde Pública (FSP), do IAG e do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), unidades pertencentes à USP.
Mais informações e inscrições: http://www.incline.iag.usp.br/data/noticias_BRA.php#N0
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cooperação do Brasil com Unesco criará Cidade das Águas

A criação da Cidade das Águas no município de Frutal (MG) foi apresentada na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em Brasília, realizada até este domingo (21).  A iniciativa consiste na implantação de um centro de pesquisa, ensino e capacitação de recursos humanos, voltado para o desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos existentes na região.
O projeto da Fundação Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em Águas (Fundação Unesco-HidroEX) integra o Programa Hidrológico Internacional, de cooperação intergovernamental científica de pesquisa hidrológica, gestão, educação e criação de capacitação em recursos hídricos. É o único com abordagem global sobre o tema no sistema das Nações Unidas.
Aproximadamente 30% da obra de construção da Cidade das Águas em Frutal já estão prontos. O centro terá salas de aula e de videoconferência para educação à distância, laboratórios, biblioteca, alojamentos para estudantes e professores, restaurante universitário e vila olímpica.
Os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC) e o governo do estado de Minas Gerais devem investir cerca de R$ 250 milhões no projeto.
Garantir alimentos
“Temos que garantir a manutenção dos recursos hídricos existentes no planeta para subsidiar e garantir a produção dos alimentos em todo o mundo”, ressalta o vice-presidente da Unesco-HidroEX, Alexandre Augusto Saad.  Ele explica ainda que a instituição atuará na promoção da formação de gestores que serão responsáveis pelo desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos. “O objetivo é minimizar conflitos e efeitos ocasionados pela falta d’água, especialmente nas regiões com maior índice de exclusão social”.
Está prevista a participação de 16 instituições no projeto. Até o momento, atuam na Cidade das Águas a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), o Núcleo de Referência e Inovação em Irrigação (Nurii), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Mapa), o Centro de Educação para as Águas e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
“Levando em conta a estrutura em construção, iremos nos candidatar para elevar o nível da HidroEX,  hoje na categoria 2, para a 1. Isso significaria estar ligada diretamente à Unesco”, diz Saad. Nessa condição, o projeto seria responsável pela produção de trabalhos de representação direta para a organização na América.
São parceiros também na iniciativa os ministérios das Relações Exteriores (MRE), Meio Ambiente (MMA), Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Pesca e Aquicultura (MPA).

Texto: Ricardo Abel – Ascom do MCTI
 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Visitante pode seguir eventos do clima monitorados pelo Cemaden

Clique para ver todas as fotos de Visitante pode seguir eventos do clima monitorados pelo Cemaden
19/10/2012 - 09:30
Uma amostra do acompanhamento das chuvas, massas de ar, raios e nível de rios no território nacional está disponível para o público na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em Brasília. No estande do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI), duas telas mostram em tempo real o que os técnicos da instituição acompanham nos 32 monitores da sala de situação do centro, em Cachoeira Paulista (SP): imagens de sensoriamento remoto (feito por satélites, radares e outros equipamentos) e informações hidrometeorológicas (relativas à transferência de água e energia entre a superfície e a atmosfera).
A Plataforma Salvar, desenvolvida para esse acompanhamento ininterrupto com o objetivo de antecipar possíveis deslizamentos, enchentes ou enxurradas, reúne elementos meteorológicos (precipitações, umidade do ar, velocidade do vento, descargas elétricas, previsão de tempo), hidrológicos (como a situação de cada bacia hidrográfica e setores de risco hidrológico) e geológicos (como áreas suscetíveis a desmoronamento) fornecidos por mais de 20 instituições parceiras. “Temos, hoje, 210 municípios em nossa base de dados. São os que já têm as áreas de risco mapeadas”, explica a especialista em desastres naturais Maria Medeiros, da equipe de operação.
Além do nível municipal, as camadas do sistema permitem visualização por país – para identificar, nos países vizinhos, eventos naturais que podem ter impactos no Brasil –, por estado ou somente as capitais, e ainda aeroportos e rodovias. “Trabalhamos em quatro turnos de seis horas, com quatro a seis pessoas. Sempre está presente pelo menos um especialista de cada uma das quatro áreas envolvidas – meteorologia, hidrologia, geociências e desastres naturais”, explica Maria. “Além dessa visão multidisciplinar, que é inédita, as fontes nos permitem ter uma visão não só dos fenômenos em curso, mas também o número de pessoas que podem estar expostas.” Leia entrevista com o novo diretor do centro nacional sobre os desafios trazidos pelos eventos climáticos extremos

Os visitantes do estande no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade (ExpoBrasília) podem ver combinações de fatores que levam ao risco de desastres que são alvo dos alertas enviados pelo Cemaden ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional(Cenad), responsável por mobilizar os estados e municípios para ações de prevenção e socorro. Mas para hoje, felizmente, não há previsão de alerta, conta a operadora.
Trabalho apresentado
No espaço da SNCT na capital federal, também é possível saber mais sobre o trabalho do centro do MCTI, criado em julho de 2011 por decreto da presidenta Dilma Rousseff. Cartazes e um vídeo institucional com algumas seções interativas apresentam a rotina de atenção e as áreas de pesquisa.
“Estamos buscando, por exemplo, determinar os limiares em que ocorrem deslizamentos”, explica a pesquisadora em hidrologia Graziela Scofield, do Cemaden. A intenção é saber a intensidade de chuva que provoca esse tipo de acidente em lugares específicos. O recorte inicial abrange, principalmente, a área serrana do Rio de Janeiro e o litoral norte de São Paulo. “Nosso trabalho de pesquisa gera produtos que o pessoal da operação usará diariamente, aperfeiçoando o monitoramento.” No site do centro nacional há mais informações sobre a atuação das duas áreas.

Texto: Pedro Biondi – Ascom do MCTI

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

CNPq recebe projetos sobre desertificação na África até dia 20

1/10/2012 - 10:30
Segue até o dia 20 o prazo para envio de projetos com solicitação de apoio financeiro para combater a desertificação na África e promover o desenvolvimento sustentável no continente. A chamada pública integra acordo tripartite assinado por Brasil, França e um bloco de países africanos durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho. A participação brasileira garantiu ao acordo um financiamento de R$ 800 mil, recurso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI). Cada proposta poderá contar com um valor de R$ 26 mil (visitas exploratórias e eventos) e R$ 78 mil (projetos conjuntos). Acesse a chamada.
O Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD-Aird), da França, e a Agência Pan-Africana da Grande Muralha Verde (APGMV), serão responsáveis pelo financiamento de R$ 800 mil para despesas de mobilidade e custos adicionais de pesquisadores estrangeiros envolvidos nas propostas, a título de contrapartida.
As propostas encaminhadas devem priorizar áreas como: agricultura e alimentação, gestão de recursos naturais (água, solo, biodiversidade), adaptação às mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e humano, tecnologia e inovação e governança. Além disso, elas deverão contemplar visitas exploratórias, projetos conjuntos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação e a organização de eventos, por meio de cooperação internacional.
O foco do acordo são as regiões desérticas africanas, com destaque para a Sahel-Saariana, no entorno da Grande Muralha Verde, onde estão nove países: Senegal, Sudão, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Chade, Níger, Etiópia e Nigéria. O edital do acordo contempla, ainda, países de língua portuguesa do continente africano que apresentem condições climáticas semelhantes.
O Centro de Gestão de Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo MCTI, também participa do acordo dentro de outras linhas de atuação.


Países das Américas devem criar sistema para prevenção de desastres naturais

Reunidos em Montevidéu, no Uruguai, os ministros da Defesa das Américas, representados por 28 dos 34 países-membros, aprovaram a criação de um Sistema de Cooperação Internacional para Prevenção de Desastres Naturais. As autoridades do Chile apresentaram a proposta em conjunto com representantes de Trinidad e Tobago, do Canadá e do Uruguai. Inicialmente, a ideia é reunir países que queiram integrar o projeto.

Países das Américas sofrem com vários tipos de desastres naturais, como terremotos, tsunamis, erupções de vulcões e alternância entre períodos de chuva intensa e seca. O ministro da Indústria do Chile, Andrew Allamand, disse que a proposta é "um avanço e um sucesso concreto".

Allamand disse que a implementação do sistema é "relativamente fácil", pois consiste na criação de um banco de dados alimentado por todos os países em busca de ações humanitárias "rápidas, eficazes e recíprocas".

Segundo o ministro do Chile, a proposta original sofreu "modificações" nas negociações, mas as alterações não geraram divergências. "Nós buscamos o consenso máximo. As diferenças não foram grandes, espero que, eventualmente, todos os países das Américas participem", acrescentou.

Com informações da Agência Brasil

Seleção de Mestrado e Doutorado em Ciências Climáticas - 2013

Estão abertas as inscrições até o dia 12 de novembro de 2012, para o período letivo 2013.1 no Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas da UFRN.

São oferecidos 10 vagas para Doutorado e 10 vagas para Mestrado, sendo 4 vagas ao Programa de Qualificação Institucional (PQI) da UFRN.

Informações no Edital 03/2012-PPGCC, é só clicar aqui.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Novo manifesto da SBPC e ABC sobre o Código Florestal

4/10/2012
A tramitação da MP 571/2012 do Código Florestal foi concluída no Congresso e retorna para apreciação da presidente da República. Confira a íntegra da carta encaminhada pela SBPC e ABC para a presidente Dilma Rousseff.

"Senhora Presidenta,
 
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) vêm mais uma vez manifestar sua preocupação com o Código Florestal, desta vez por meio de alterações na MP 571/2012 aprovadas pelo Congresso Nacional, que representam mais retrocessos, e graves riscos para o País.
 
O Brasil deveria partir de premissas básicas que ele próprio aprovou em fóruns internacionais, como na Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O documento aprovado na Rio+20, denominado "O Futuro que Queremos", ressalta o compromisso com um futuro sustentável para o planeta de modo que haja a integração equilibrada das dimensões social, econômica e ambiental.
 
O documento reconhece a importância da colaboração da comunidade científica e tecnológica para o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento da conexão entre a ciência e as políticas, mediante avaliações científicas confiáveis que facilitem a adoção de decisões informadas.
 
Reafirma a necessidade de promover, fortalecer e apoiar uma agricultura mais sustentável, que melhore a segurança alimentar, erradique a fome e seja economicamente viável, ao mesmo tempo em que conserva as terras, a água, os recursos genéticos vegetais e animais, a diversidade biológica e os ecossistemas e aumente a resiliência à mudança climática e aos desastres naturais.
 
Também reconhece a necessidade de manter os processos ecológicos naturais que sustentam os sistemas de produção de alimentos. Além disto, ressalta os benefícios sociais, econômicos e ambientais que as florestas, seus produtos e serviços, podem proporcionar para as pessoas e para as economias. Para que isto ocorra, os países concordaram em envidar esforços para o manejo sustentável das florestas, a recomposição, a restauração e o florestamento, para aumentar as reservas florestais de carbono.
 
Com a aprovação da MP 571/2012 pelo Senado o Brasil deixará de cumprir os compromissos que assumiu com seus cidadãos e com o mundo, aprovando medidas que não privilegiam a agricultura sustentável e que não reconhecem a colaboração da ciência e da tecnologia nas tomadas de decisão.
 
A ABC e a SBPC são contra as seguintes alterações na MP 571/2012:
 
Definição de Pousio sem delimitação de área - Foi alterada a definição de pousio incluída pela MP, retirando o limite de 25% da área produtiva da propriedade ou posse (Art. 3o inciso XXIV). Para a ABC e SBPC as áreas de pousio deveriam ser reconhecidas apenas à pequena propriedade ou posse rural familiar ou de população tradicional, como foram até o presente, sem generalizações. Além disto, deveriam manter na definição o percentual da área produtiva que pode ser considerada como prática de interrupção temporária das atividades agrícolas.
 
Redução da obrigação de recomposição da vegetação às margens dos rios - O texto aprovado pelo Senado Federal beneficiou as médias e grandes propriedades rurais, alterando o Art. 61-A da MP 571/2012. Nele, a área mínima obrigatória de recuperação de vegetação às margens dos rios desmatadas ilegalmente até julho de 2008 foi reduzida. As APPs não podem ser descaracterizadas sob pena de perder sua natureza e sua função. A substituição do leito maior do rio pelo leito regular para a definição das APPs torna vulneráveis amplas áreas úmidas em todo o país, particularmente na Amazônia e no Pantanal, onde são importantes para a conservação da biodiversidade, da manutenção da qualidade e quantidade de água, e de prover serviços ambientais, pois elas protegem vidas humanas, o patrimônio público e privado de desastres ambientais.
 
Redução das exigências legais para a recuperação de nascentes dos rios - A medida provisória também consolidou a redução da extensão das áreas a serem reflorestadas ao redor das nascentes. Apesar de que a MP considera como Área de Preservação Permanente (APP) um raio de 50 metros ao redor de nascente, a MP introduziu a expressão "perenes" (Art. 4o, inciso IV), com o intuito de excluir dessas exigências as nascentes intermitentes que, frequentemente, ocorrem em regiões com menor disponibilidade anual de água. Para fins de recuperação, nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de nascentes e olhos d'água perene, é admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recomposição do raio mínimo de 15 (quinze) metros (Art. 61-A § 5º).
 
Reflorestamento de nascentes e matas ciliares com espécies arbóreas frutíferas exóticas - É inaceitável permitir a recuperação de nascentes e matas ciliares com árvores frutíferas exóticas, ainda mais sem ser consorciada com vegetação nativa, em forma de monocultivos em grandes propriedades. Os cultivos de frutíferas exóticas exigem em geral uso intensivo de agrotóxicos, o que implicará contaminação direta dos cursos de água (Art. 61-A, inciso V).
 
Áreas de Preservação Permanente no Cômputo das Reservas Legais - As Áreas de Preservação Permanente não podem ser incluídas no cômputo das Reservas Legais do imóvel. As comunidades biológicas, as estruturas e as funções ecossistêmicas das APPs e das reservas legais (RLs) são distintas. O texto ainda considera que no referido cômputo se poderá considerar todas as modalidades de cumprimento da Reserva Legal, ou seja, regeneração, recomposição e compensação (Art. 15 § 3o ). A ABC e a SBPC sempre defenderam que a eventual compensação de déficit de RL fosse feita nas áreas mais próximas possíveis da propriedade, dentro do mesmo ecossistema, de preferência na mesma microbacia ou bacia hidrográfica. No entanto, as alterações na MP 571/2012 mantêm mais ampla a possibilidade de compensação de RL no âmbito do mesmo bioma, o que não assegura a equivalência ecológica de composição, de estrutura e de função. Mantido esse dispositivo, sua regulamentação deveria exigir tal equivalência e estipular uma distância máxima da área a ser compensada, para que se mantenham os serviços ecossistêmicos regionais. A principal motivação que justifica a RL é o uso sustentável dos recursos naturais nas áreas de menor aptidão agrícola, o que possibilita conservação da biodiversidade nativa com aproveitamento econômico, além da diversificação da produção.
 
Redução da área de recomposição no Cerrado Amazônico - O Art. 61-B, introduziu a mudança que permite que proprietários possuidores dos imóveis rurais, que em 22 de julho de 2008, detinham até 10 (dez) módulos fiscais e desenvolviam atividades agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente, recomponham até o limite de 25% da área total do imóvel, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) e até 10 (dez) módulos fiscais, excetuados aqueles localizados em áreas de floresta na Amazônia Legal. Este dispositivo permitirá a redução da área de recomposição no Cerrado Amazônico. Toda a Amazônia Legal seguia regras mais rígidas. Com a mudança, apenas áreas de florestas da Amazônia Legal ficam excluídas do limite de 25%.
 
Delegação aos Estados para definir, caso a caso, quanto os grandes proprietários devem recuperar de Áreas de Preservação Permanente (APPs) ilegalmente desmatadas - A delimitação de áreas de recuperação, mantidos os parâmetros mínimos e máximos definidos pela União, foi remetida para o Programa de Regularização Ambiental (PRA) a delimitação de áreas de recuperação. Atualmente esta competência é compartilhada entre municípios, Estados e governo federal. Determinar que cada estado defina o quanto os grandes proprietários terão de recuperar das áreas de preservação irregularmente desmatadas, pode incentivar uma "guerra ambiental".
 
Diminuição da proteção das veredas - O texto até agora aprovado diminuiu a proteção às veredas. A proposta determina ainda que as veredas só estarão protegidas numa faixa marginal, em projeção horizontal, de 50 metros a partir do "espaço permanentemente brejoso e encharcado" (Art. 4o, inciso XI), o que diminui muito sua área de proteção. Antes, a área alagada durante a época das chuvas era resguardada. Além desse limite, o desmatamento será permitido. As veredas são fundamentais para o fornecimento de água, pois são responsáveis pela infiltração de água que alimenta as nascentes da Caatinga e do Cerrado, justamente as que secam durante alguns meses do ano em função do estresse hídrico.
 
Regularização das atividades e empreendimentos nos manguezais - O artigo 11-A, incluído pela MP, permite que haja nos manguezais atividades de carcincultura e salinas, bem como a regularização das atividades e empreendimentos de carcinicultura e salinas cuja ocupação e implantação tenham ocorrido antes de 22 de julho de 2008 (§§ 1o 6º). Os manguezais estão indiretamente protegidos pelo Código Florestal desde 1965, e diretamente desde 1993, na Mata Atlântica, e 2002, na Amazônia. Esse artigo, além de promover a regularização de áreas desmatadas irregularmente, permite que novas áreas sejam abertas para instalação de criações de camarões.
 
Senhora Presidenta, se queremos um futuro sustentável para o País, se queremos promover o desenvolvimento do Brasil, se queremos que a agricultura brasileira perdure ao longo do tempo com grande produtividade, que minimizemos os efeitos das mudanças climáticas, que mantenhamos nosso estoque de água, essencial para a vida e para a agricultura, que protejamos a rica biodiversidade brasileira, temos que proteger nossas florestas.
 
Portanto solicitamos cordial e respeitosamente que Vossa Excelência atue para garantir que os itens acima apontados sejam considerados na MP 571/ 2012, aprovada pelo Senado Federal.
 
Atenciosamente,
 
Helena B. Nader
Presidente SBPC
 
Presidente ABC

Professor brasileiro é dos mais mal pagos do mundo

Fugimos um pouco da temática central do Blog para reproduzir o artigo abaixo de Jamil Chade, publicado no Estadao Online, pelo seguinte:
  1. Não se desenvolve nenhuma Ciência de qualidade com alunos despreparados;
  2. O bom preparo dos alunos depende, entre outros fatores, de Professores motivados e motivadores;
  3. Não se pode ter Professores motivados (e, exceto exceções honrosas, motivadores), sem um salário digno.
Como podo um país que apostar pesadas fichas em um programa como o Ciência sem Fronteiras, sem uma massa crítica mínima de estudantes preparados? Como motivar jovens a escolher a carreira de Professor e/ou Pesquisador sabendo que futuramente, depois de muito esforço, terão uma remuneração bem aquém do esperado ou, melhor, merecido?
Prof. Francisco A. da Costa


JAMIL CHADE
Genebra
Professores brasileiros em escolas de Ensino Fundamental têm um dos piores salários de sua categoria em todo o mundo e recebem uma renda abaixo do Produto Interno Bruto (PIB) per capita nacional. É o que mostram estudos realizados por economistas, por agências da ONU, Banco Mundial e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Num estudo realizado pelo banco UBS em 2011, economistas constataram que um professor do Ensino Fundamental em São Paulo ganha, em média, US$ 10,6 mil por ano. O valor é apenas 10% do que ganha um professor nesta mesma fase na Suíça, onde o salário médio dessa categoria em Zurique (Suiça) seria de US$ 104,6 mil por ano.
Numa lista de 73 cidades, apenas 17 delas registraram salários inferiores aos de São Paulo, entre elas Nairobi (Quênia), Lima (Peru), Mumbai (Índia) e Cairo (Egito). Em praticamente toda a Europa, Estados Unidos e Japão, os salários são pelo menos cinco vezes superiores ao de um professor do Ensino Fundamental em São Paulo.
Prestes a comemorar o Dia Internacional do Professor, nesta sexta-feira, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um alerta, apontando que a profissão em vários países emergentes está sob “forte ameaça” diante dos salários baixos.
Guy Ryder, o novo diretor-geral da OIT, emitiu um comunicado nesta quarta-feira apelando que governos adotem estratégias para motivar pessoas a se tornarem professores. Sua avaliação é de que, com salários baixos, a profissão não atrai pessoas qualificadas. O resultado é a manutenção de sistemas de educação de baixo nível. “Muitos já não consideram dar aulas como uma profissão com atrativos”, disse. Para Ryder, a educação deve ser vista por governos como “um dos pilares do crescimento econômico”.
Outro estudo – liderado pela OIT e pela Unesco (órgão da ONU para educação, ciência e cultura) e realizado com base em dados do final da década passada – revelou que docentes que começam a carreira no Brasil têm salários bem abaixo em relação a uma lista de 38 países – apenas Peru e Indonésia pagam menos. O salário anual médio de um professor em início de carreira no País chegava a apenas US$ 4,8 mil – na Alemanha, esse valor era de US$ 30 mil por ano.
Numa comparação com a renda média nacional, os salários dos professores do Ensino Fundamental também estão abaixo da média do País. Segundo o Banco Mundial, o PIB per capita nacional chegou em 2011 a US$ 11,6 mil por ano. O valor é US$ 1 mil a mais que a renda de um professor, segundo o UBS.
Já a OCDE alerta que professores do Fundamental em países desenvolvidos recebem por ano uma renda 17% superior ao salário médio de seus países, como forma de incentivar a profissão. Na Coreia do Sul, os salários médios de professores são 121% superiores à média nacional.
O Fórum Econômico Mundial apontou recentemente a Coreia como uma das economias mais dinâmicas do mundo e atribuiu a valorização da Educação como um dos fatores que transformaram uma sociedade rural em uma das mais inovadoras no século 21.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pesquisa coleta dados sobre emissões de queimadas na Amazônia

Para entender como as emissões de queimadas na Amazônia estão alterando o clima local e de todo o planeta, um grupo de pesquisadores brasileiros e britânicos tem sobrevoado a região desde o dia 12 de setembro.
Ainda não é bem conhecido o impacto das queimadas na previsão do clima - Robson Fernandjes/AE
Robson Fernandjes/AE
Ainda não é bem conhecido o impacto das queimadas na previsão do clima
Com o auxílio de equipamentos de ponta, os cientistas coletam dados sobre a composição química e as propriedades físicas da fumaça emitida. Verificam ainda de que forma os gases e as partículas sólidas lançados no ar modificam a composição das nuvens, alteram a química da atmosfera e interagem com a radiação solar.
"Foram realizadas 35 horas de voo até o momento. Nossa meta é chegar entre 60 e 70 horas até 5 de outubro, quando termina a fase de coleta de dados", disse Paulo Artaxo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos coordenadores do projeto South American Biomass Burning Analysis (SAMBBA).
O SAMBBA, resultado de uma parceria entre a USP, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Universidade de Manchester, no Reino Unido, e o serviço meteorológico britânico, conhecido como UK-Met-Office, foi destaque esta semana na sessão de notícias do site da revista Nature.
A iniciativa conta com apoio do Natural Environment Research Council (Nerc), da Inglaterra, que ajudou a financiar a aeronave. Os equipamentos usados na coleta de dados foram cedidos por diversas universidades britânicas.
No Brasil, os experimentos estão sendo financiados pela FAPESP, por meio de dois projetos de Auxílio à Pesquisa – Regular, um coordenado por Artaxo e outro por Karla Longo, do Inpe.
"O projeto teve origem em uma cooperação já existente há vários anos entre Inpe e UK-Met-Office para o desenvolvimento de modelos de previsão climática", contou Longo.
Tanto os pesquisadores britânicos como os brasileiros, acrescentou Longo, sentiam a necessidade de melhorar a previsibilidade dos modelos para a região amazônica. "Ainda não é bem conhecido o impacto das queimadas na previsão do clima", disse.
Ben Johnson, do Met Office do Reino Unido, destaca que a Amazônia está entre as quatro maiores regiões do globo em termos de queima de biomassa. "Realizamos experimentos semelhantes em países como Canadá e África do Sul. As previsões de nosso serviço de meteorologia abrangem todo o globo e esperamos, com esses dados da América do Sul, melhorar a qualidade das previsões", disse à Agência FAPESP.

A matéria completa está publicado no EstadaoOnline
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