quarta-feira, 31 de março de 2010

Monitoramento hidrometeorológico auxilia Defesa Civil do Vale do Paraíba

Já está funcionando o serviço de monitoramento hidrometeorológico, desenvolvido pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe/MCT), dedicado às atividades da Defesa Civil do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira. O sistema permite visualizar de forma rápida os níveis de chuva acumulada nas últimas 24 e 72 horas, em 22 municípios, indicando se estão ou não em níveis críticos, considerando os diferentes riscos geológicos de deslizamento na região.

Leia mais aqui.

Caminhos para o clima

Mais uma boa notícia trazida pela FAPESP (vide post anterior)

31/3/2010
Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Cientistas brasileiros e britânicos discutiram nesta terça-feira (30/3), por meio de videoconferência, possibilidades de cooperação entre instituições dos dois países para desenvolvimento de estudos e programas de pesquisa conjuntos na área de geoengenharia, que inclui diversos métodos de intervenção de larga escala no sistema climático do planeta, com a finalidade de moderar o aquecimento global.
O “Café Scientifique: Encontro Brasileiro-Britânico sobre Geoengenharia”, promovido pelo British Council, Royal Society e FAPESP, foi realizado nas sedes do British Council em São Paulo e em Londres, na Inglaterra.
O ponto de partida para a discussão foi o relatório Geoengenharia para o clima: Ciência, governança e incerteza, apresentado pelo professor John Shepherd, da Royal Society. Em seguida, Luiz Gylvan Meira Filho, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), apresentou um breve panorama da geoengenharia no Brasil.
A FAPESP foi representada pelo coordenador executivo do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, Carlos Afonso Nobre, pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com Nobre, a reunião serviu para um contato inicial entre os cientistas dos dois países. “A reunião teve um caráter exploratório, já que o próprio conceito de geoengenharia ainda não foi definido com precisão. O objetivo principal era avaliar o interesse das duas partes em iniciar alguma pesquisa conjunta nessa área e expor potenciais contribuições que cada um pode dar nesse sentido”, disse Nobre à Agência FAPESP.
Segundo Nobre, a geoengenharia é um conjunto de possibilidades de intervenção dividido em dois métodos bastante distintos: o manejo de radiação solar e a remoção de dióxido de carbono. Durante a reunião, os brasileiros deixaram claro que têm interesse apenas na segunda vertente.
O manejo de radiação solar, de acordo com o relatório britânico, inclui técnicas capazes de refletir a luz do Sol a fim de diminuir o aquecimento global, como a instalação de espelhos no espaço, o uso de aerossóis estratosféricos – com aplicação de sulfatos, por exemplo –, reforço do albedo das nuvens e incremento do albedo da superfície terrestre, com instalação de telhados brancos nas edificações.
A remoção de dióxido de carbono, por outro lado, inclui metodologias de captura do carbono da atmosfera – ou “árvores artificiais” –, geração de carbono por pirólise de biomassa, sequestro de carbono por meio de bioenergia, fertilização do oceano e armazenamento de carbono no solo ou nos oceanos.
A principal diferença entre as duas vertentes é que os métodos de manejo de radiação solar funcionam com mais rapidez, em prazos de um ou dois anos, enquanto os métodos de remoção de gás carbônico levam várias décadas para surtirem efeito.

Sem plano B
O relatório avaliou todas as técnicas segundo eficácia, prazo de funcionamento, segurança e custo. Seria preciso ainda estudar os impactos sociais, politicos e éticos, de acordo com os cientistas britânicos.
Nobre aponta que o Brasil teria interesse em contribuir com estudos relacionados à vertente da remoção de dióxido de carbono, que seria coerente com o estágio avançado das pesquisas já realizadas no país em áreas como bioenergia e métodos de captura de carbono.
“Sou muito cético em relação ao manejo de energia de radiação solar. A implementação dessas técnicas é rápida, mas, quando esses dispositivos forem desativados – o que ocorrerá inevitavelmente, já que não é sustentável mantê-los por vários milênios –, a situação do clima voltará rapidamente ao cenário anterior. Seria preciso, necessariamente, reduzir rapidamente a causa das mudanças climáticas, que são as emissões de gases de efeito estufa”, disse Nobre.
De acordo com ele, as técnicas de manejo de energia solar são vistas, em geral, como um “plano B”, em caso de iminência de um desastre climático de grandes consequências. Ou seja, seriam acionadas emergencialmente quando os sistemas climáticos estivessem atingindo pontos de saturação que provocariam mudanças irreversíveis – os chamados tipping points.
“Mas o problema é que vários tipping points foram atingidos e já não há mais plano B. O derretimento do gelo do Ártico, por exemplo, de acordo com 80% dos glaciologistas, atingiu o ponto de saturação. Em algumas décadas, no verão, ali não haverá mais gelo. Não podemos criar a ilusão de que é possível acionar um plano B. Não há sistemas de governança capazes de definir o momento de lançar essas alternativas”, disse.
A vertente da remoção do dióxido de carbono, por outro lado, deverá ser amplamente estudada, de acordo com Nobre. “Essa vertente segue a linha lógica do restabelecimento da qualidade atmosférica. O princípio é fazer a concentração dos gases voltar a um estado de equilíbrio no qual o planeta se manteve por pelo menos 1 ou 2 milhões de anos.”
Ainda assim, essas soluções de engenharia climáticas devem ser encaradas com cuidado. “A natureza é muito complexa e as soluções de engenharia não são fáceis, especialmente em escala global. Acho que vale a pena estudar as várias técnicas de remoção de gás carbônico e definir quais delas têm potencial – mas sempre lembrando que são processos lentos que vão levar décadas ou séculos. Nada elimina a necessidade de reduzir emissões”, disse Nobre.
 

CPTEC/INPE - Referência em previsões climáticas

A notícia abaixo foi divulgada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), uma das mais prestigiosas fundações de pesquisa do mundo, apesar de ser estadual. Esta novidade veio em boa hora, no momento em que a importância das ciências climáticas passa a ser percebida pela sociedade brasileira e, acreditamos, gestores públicos.

Referência em previsões climáticas

26/3/2010
Agência FAPESP – O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), passará a integrar um seleto grupo de centros mundiais de previsão climática sazonal.
O centro foi recomendado pela Comissão para Sistemas Básicos da Organização Meteorológica Mundial (OMM) como um Global Producing Center (GPC) ou Centro Produtor Global de previsões de longo prazo.
Após confirmação da OMM – prevista para junho deste ano – o CPTEC receberá um selo de qualidade para suas previsões climáticas sazonais. Segundo avaliação dos especialistas da OMM, o CPTEC atende a vários critérios, com destaque para a metodologia empregada, disseminação de produtos de previsão na internet e existência de um ciclo operacional fixo de previsão climática sazonal.
Em contrapartida, o centro passará a participar de atividades internacionais da OMM, contribuindo com o Centro de Verificação de Previsão de Longo Prazo. Desde 2006, a OMM, por meio do Programa Global de Processamento de Dados e Sistemas de Previsão, passou a atestar a qualidade dos centros de pesquisa e de previsão climática que atendam a determinados quesitos, intitulando-os GPCs de previsões de longo prazo.
Com a recomendação, o CPTEC passará também a integrar um grupo de centros mundiais de previsão climática sazonal, como os National Centers for Environmental Prediction (Estados Unidos), o European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (União Europeia), o UK Met Office (Reino Unido), o Meteo-France, o Metorological Service of Canada, o Bureau of Meteorology da Austrália e o Japan Meteorological Agency, entre outros
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Mais informações: www.inpe.br

terça-feira, 30 de março de 2010

Mudanças climáticas afetam o NE

“Só com um extremo otimismo, que não tem base na ciência moderna, podemos imaginar que nada vai acontecer em decorrência das mudanças climáticas que vêm se desenvolvendo no planeta.” O alerta é do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro da Academia Brasileira de Ciências, Carlos Afonso Nobre. Ele proferiu, na manhã de ontem, a aula inaugural do Programa de Pós-graduação em Ciências Climáticas da UFRN, que se inicia com um doutorado pioneiro no país.

Estudantes, professores e pesquisadores lotaram o auditório da Reitoria para acompanhar as análises de Carlos Nobre a respeito dos efeitos da ação do homem na natureza. “O aquecimento global está acelerando e não é exagero dizer que a longo prazo, e até em um curto prazo, isso afeta a vida no planeta. Se não controlarmos esse aquecimento, seremos responsável por uma grande extinção de espécies. Hoje, observamos um nível insustentável do uso de recursos naturais”, advertiu.

A preocupação aumenta, segundo o pesquisador, porque atualmente não há soluções tecnológicas “claras, fáceis ou simples” para os problemas que causam o aquecimento global, como o despejo contínuo de milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Daí a grande importância de pesquisas como as que devem ser desenvolvidas dentro do doutorado lançado pela UFRN, principalmente para entender o mecanismo de aquecimento dos oceanos e sua influência sobre o clima da região Nordeste.

O programa de pós-graduação é coordenado pelo professor Francisco Alexandre da Costa e terá 16 alunos em sua primeira turma de doutorado, sendo apenas dois oriundos da UFRN. O vice-coordenador, Paulo Sérgio Lúcio, destacou que a demanda vem principalmente de cursos da área de ciências exatas e explicou que grande parte dos participantes é da Paraíba e Alagoas, onde há cursos de graduação em Meteorologia. “Criar um curso desses na UFRN é algo que deveremos analisar nos próximos quatro anos, dependendo desse doutorado”, explica.

O reitor da UFRN, Ivonildo Rego, ressaltou a contribuição que o programá dará aos esforços da ciência em entender as mudanças globais, bem como para apontar medidas preventivas. Já a coordenadora de Meteorologia do Ministério da Ciência e Tecnologia, Darly Henriques da Silva, considerou a abertura do doutorado um marco para o setor, no Nordeste e no Brasil. “Precisamos estudar e ter mais conhecimentos sobre o Atlântico tropical e a interação do oceano com o clima”, afirmou.

O trecho acima faz parte da matéria publicada na Tribuna do Norte.

domingo, 28 de março de 2010

Contaminação por nitrato é crescente

Durante os últimos dez anos 38 poços tiveram de ser desativados em Natal, por conta da alta concentração de nitrato registrada nas águas retiradas dessas fontes. Uma das saídas encontradas pela Caern para impedir que o fechamento atingisse os demais 119, resultando na escassez de água potável para a população da capital, foi a construção de duas adutoras: do Jiqui e do Rio Doce. A primeira opera em fase de testes e a segunda deve ficar pronta no segundo semestre. Suas águas serão utilizadas para diluir a dos poços e reduzir a concentração de nitrato.

O texto acima faz parte de matéria publicada no diário Tribuna do Norte de Natal, RN, cidade constantemente ameaçada ambientalmente. Cuidar do ambiente é também cuidar do clima e vice-versa. Os gestores públicos precisam encontrar soluções para este tipo de problema. Para ler mais, leia aqui.

E saiba mais sobre "MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS E O BRASIL" assistindo à palestra do Dr. Carlos Nobre, no auditório da reitoria da UFRN, nesta segunda-feira, dia 29, às 10 horas da manhã. A aula é aberta ao público e é gratuita.

sábado, 27 de março de 2010

A HORA DO PLANETA - é hoje, dia 27 de março de 2010.

Reprodução abaixo do artigo para a campanha "HORA DO PLANETA". A idéia é que o máximo possível de luzes sejam apagadas por 60  minutos a partir das 20h30. Lutar contra o aquecimento global pode não ser ainda tão óbvio, mas economizar um pouco da energia elétrica é, no mínimo, uma boa atitude.

Imagine Paris sem a iluminação da Torre Eiffel e o Portão de Brandenburgo, em Berlim, totalmente no escuro. Ainda pense na esfinge e as pirâmides do Cairo; a Fontana di Trevi, em Roma; a ponte Golden Gate em São Francisco; a Catedral de Lima; a estátua de Alexandre O Grande, na Grécia; a Cidade Proibida, em Beijing; o Forte Vermelho, na Índia e o segundo maior prédio do mundo, Taipei 101, em Taiwan, todos apagados.

Pois no dia 27 de março, é isso que vai acontecer: o cenário das cidades ao redor do mundo será bem diferente do que o usual. Das 20h30 às 21h30, 2.383 cidades em 117 países participarão da Hora do Planeta 2010 e irão desligar as luzes de seus monumentos mais conhecidos e maiores construções para mostrar a preocupação com as mudanças climáticas e a degradação ambiental. No total, serão 812 ícones sem luz.


As três cidades situadas mais ao norte no globo, Murmank (Russia), Hammerfest (Noruega) e NuuK (Groelândia), e as três mais ao sul, Hobart (Austrália), Ushuaia (Argentina) e Queenstown, na Nova Zelândia, também estão engajadas na Hora do Planeta 2010 e levarão o movimento literalmente de norte a sul da Terra. E vai ser inclusive na Nova Zelândia que o movimento global irá começar. Pelo fuso horário, as Ilhas Chatham serão o primeiro local a apagar suas luzes.


No Brasil, até o momento, 145 monumentos e locais públicos serão apagados. A falta de iluminação no Cristo Redentor, no Rio de Janeiro; na Ponte Estaiada, em São Paulo; no Palácio de Cristal, em Curitiba; no Palácio Dante Martins de Oliveira, em Cuiabá; no Palácio Rio Branco, em Rio Branco; no Arco da Praça Portugal, em Fortaleza; passarão aos brasileiros o recado da necessidade de conter o desmatamento e proteger os ecossistemas terrestres e aquáticos e a biodiversidade do nosso país. 


A cinco dias da noite do evento, a Hora do Planeta no Brasil, que é liderada pelo WWF-Brasil, tem o apoio de 42 cidades - das quais 11 são capitais e representam todas as regiões -, de dois governos estaduais - Acre e Minas Gerais -, de 1.328 empresas e 226 organizações, além dos patrocinadores Coca-Cola Brasil, TIM, Walmart e HSBC. A construtora Rossi também está financiando a iniciativa.


Realizada pela primeira vez em 2007, em Sidney, na Austrália, a Hora do Planeta 2010 superou todos os recordes de adesões dos anos anteriores e tem se espalhado ainda mais pelo mundo. 33 países, entre eles o Nepal, Mongólia, Arábia Saudita, Nigéria, Paraguai, Uruguai e Marrocos, participam pela primeira vez e levam a mensagem de preservação do planeta a novas regiões.



Participe você também. Cadastre-se e saiba como aderir e divulgar a Hora do Planeta 2010:

Site oficial e cadastro: www.horadoplaneta.org.br
Kit de mobilização: www.horadoplaneta.org.br/divulgue.php

sexta-feira, 26 de março de 2010

O Aquecimento Global - causas naturais

Como fonte primária de praticamente toda a energia que chega até a Terra, a radiação solar que nos atinge sofre modificações em sua intensidade devido a vários fatores, como os processos físicos que ocorrem no  interior do Sol. Por ser uma estrela, sua principal fonte de energia é a queima de combustível nuclear - em um processo físico conhecido por fusão nuclear. Estes processos são estudados há longos anos por astrofísicos, e ainda existem muitas questões não resolvidas cientificamente. Isto afeta, entre outras coisas, a chamada variabilidade solar, que são as mudanças ocorridas na quantidade, intensidade, de energia solar que chega até a atmosfera terrestre. Além disto, outros fatores aqui na terra provocam mudanças na forma como a radiação solar atinge a superfície do nosso planeta e interage com os demais componentes do sistema climático (atmosfera, litosfera, biosfera, hidrosfera e criosfera). Fatos assim produzem mudanças climáticas - locais e globais -, que são consideradas naturais.

O comportamento dos oceanos, as alterações na circulação oceânica, as modificações de comportamento do El Niño e da La Niña (o primeiro diz respeito ao aquecimento de uma parte da superfície oceânica, enquanto a segunda se refere a um esfriamento; brevemente postaremos um artigo sobre este tema), são outros exemplos de causas naturais que podem produzir mudanças climáticas. Na realidade, a questão não é assim tão simples, e de fato as mudanças climáticas podem modificar esses processos oceânicos. Dito de outra forma, um afeta e é afetado pelo outro, de forma não simétrica e óbvia, mostrando a dificuldade enfrentada pelos cientistas e, desta forma, tornando o tema cientificamente fascinante.

Existem vários indícios de que as erupções vulcânicas também podem provocar mudanças climáticas globais (é certamente verdadeiro que causam profundas mudanças locais). Outras causas naturais também são capazes de modificar o clima em nosso planeta, incluindo alterações na órbita, no eixo de rotação da Terra, choques com objetos celestes, radiações cósmicas, etc.

Com respeito a essas causas, naturais, pouco ou nada podemos fazer. No entanto, o grande debate mundial se debruça sobre a questão da influência das atividades humanas no planeta, que possam levar a modificações no clima - o chamado efeito antropogênico. Para adentrarmos um pouco mais neste debate, precisamos saber algo a respeito dos gases de efeito estufa, o que será discutido no próximo tópico.
Antes disto, aproveitem e venham assistir à palestra do Dr. Carlos Nobre, pesquisador titular do INPE e membro do IPCC, nesta segunda-feira, dia 29, às 10 horas da manhã, no Auditório Prof. Otto de Brito Guerra, da Reitoria da UFRN, que discorrerá sobre "Mudanças Climáticas Globais e o Brasil".

quinta-feira, 25 de março de 2010

Crise no IPCC. 'Eu não acho que esse ceticismo vá durar muito''. Entrevista com Carlos Nobre

Especialista em mudanças climáticas, o cientista Carlos Nobre estará em Natal no próximo dia 29, e apresentará uma palestra intitulada "Mudanças Climáticas Globais e o Brasil", no Auditório da Reitoria da UFRN, às 10hs. A seguir uma de suas entrevistas acerca dos problemas enfrentados pelo IPCC.

Carlos Nobre, cientista brasileiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), comenta os ataques que o órgão internacional vem sofrendo e discorre sobre a posição dos cientistas céticos em relação às mudanças climáticas.
A reportagem e a entrevista é da ANDI Mudanças Climáticas e publicada pela Agência Envolverde, 12-03-2010.

Eis a entrevista.

Desde o segundo semestre do ano passado, o IPCC vem recebendo ataques em decorrência do suposto vazamento de e-mails e do erro em dados sobre o derretimento do Himalaia. Ao mesmo tempo, estamos tendo um inverno rigoroso na Europa. Somados, esses fatores trouxeram de volta a debate os questionamentos sobre a existência do aquecimento global, uma discussão que já estava praticamente encerrada. Na sua opinião, quais as causas desse retorno?
Esses acontecimentos servem de impulso para os céticos porque eles não conseguem trazer qualquer fato científico novo, surpreendente, que coloque realmente em dúvida a ciência robusta e sólida do aquecimento global. Assim, se apegam a qualquer coisa – por exemplo, o inverno rigoroso no hemisfério norte – para contestar o aquecimento do planeta. Como não têm condições de debater no nível da ciência, por isso querem jogar o debate em um nível político. Existem aí enormes interesses econômicos afetados pela mudança do paradigma da geração de energia, pela troca de todo o sistema de produção que a partir do qual construímos o bem estar moderno.
Eu não acho que esse ceticismo vá durar muito, pois a ciência não para de avançar. Não há uma semana em que não seja publicado pelo menos um paper da mais alta qualidade sobre o assunto nas melhores revistas científicas.
Todo esse alvoroço e os questionamentos sobre a legitimidade do órgão são mais uma jogada política de quem é contra a agenda climática. Mas essas coisas duram muito pouco, porque a força da ciência é tremenda. Os pseudo-cientistas que defendiam o tabaco na década de 1970, contratados a peso de ouro pelas companhias de cigarro, por exemplo, desapareceram. Isso porque a ciência explica como os fenômenos ocorrem. E tabaco, câncer e doenças cardíacas estão relacionados. Ninguém mais questiona isso. Da mesma forma, ninguém irá se lembrar dos pseudo-cientistas que se prestam a esse trabalho contra a ciência do clima.
Como a crise no IPCC pode afetar a credibilidade da ciência do clima?
Quem faz avançar a ciência do clima não é o IPCC. Quem faz avançar a ciência do clima é a ciência. O IPCC só sumariza resultados. E ao fazer esse sumário, o IPCC não é infalível, como nenhuma instituição científica é infalível. Semana passada, inclusive, a revista Nature Geoscience retirou de circulação um paper que havia publicado. E essa publicação científica tem um dos mais rigorosos sistemas de revisões do mundo.
Por isso, repito: nenhuma instituição científica é infalível. Nenhum cientista é infalível. E o método científico tem essa característica: a ciência está sempre se auto-corrigindo. É lógico que o que aconteceu com o IPCC é um alerta importante, apesar do problema ter sido relativamente pequeno. Nenhum dos erros apontados, vale destacar, chegou ao sumário enviado para os tomadores de decisão.
Por isso creio que essa ênfase exagerada que está sendo colocada no órgão é muito mais uma questão política do que científica.
Diante de suas afirmações de que este é um debate político e econômico, é possível apontar setores por trás dos céticos em relação às mudanças climáticas?
Antes de tudo, é preciso deixar claro que não sou especialista nesse tópico. Mas recentemente tive contato com a resenha do livro Climate Coverup: the cruzade to deny global warming (A dissimulação do clima: a cruzada para negar o aquecimento global), do advogado e ambientalista canadense James Hoggan, que mapeia como foi montada a estratégia do lobby anti-aquecimento global. Na resenha, feita pelo economista Ladislaw Dowbor, encontramos mais ou menos o seguinte: “A articulação envolve instituições conservadoras e poderosas. Sempre empresas petróleo, carvão e produtores de carro, muitos dos republicanos e a direita religiosa. A maioria desses movimentos [contra o aquecimento global] é originária dos EUA e é mantida por esse lobby”. Vale destacar o papel preponderante da indústria do carvão. Na área do petróleo a Exxon Mobil é uma das poucas companhias que insistem em apoiar esse tipo de pesquisa. A maioria já está mudando o foco e investindo em energias renováveis.
Como avalia as reportagens sobre a crise do IPCC?
A imprensa ocidental moderna é regida pelo pluralismo. Por isso, ela sempre procura dar espaço para quem tem uma visão diferente. O problema é que a dissidência acaba recebendo um peso muito grande. Foi demonstrado nos EUA que os céticos tinham um espaço na imprensa quase idêntico ao destinado aos cientistas que falavam de aquecimento global. O problema é que 0,1% dos cientistas que entendem de clima são céticos.
Isso significa que menos de 1% da ciência tinha 50% do espaço no debate sobre existência ou não das mudanças climáticas que chega ao público por meio da grande imprensa. É lógico que dessa forma os leitores vão ter uma idéia de que são duas teorias científicas equivalentes. Isso reflete muito mais a pluralidade da mídia, que às vezes é usada em excesso, do que necessariamente a força das teorias de vários cientistas.
Quais as perspectivas para o IPCC, após a questão do erro nos dados sobre o Himalaia?
Como disse anteriormente, esse foi um alerta importante e o IPCC já chamou um corpo de pesquisadores independentes, que irá divulgar em três meses um relatório revisando os dados. E não se surpreenda, eu prevejo que outros erros serão encontrados. É inevitável. São 3 mil paginas e tudo é realizado por meio de trabalho voluntário. Eu, por exemplo, eu já trabalhei e trabalho em vários relatórios, e posso afirmar que existe uma pressão enorme de tempo para a conclusão. Além disso, é necessária uma lógica complexa para que tudo seja levado em consideração. É impossível não encontrar algum erro.
Assim, para evitar esse tipo de problema, acredito que o IPCC deva contar com uma errata contínua, como os jornais apresentam todo dia, por exemplo. Se forem apontados erros após a publicação de um relatório, o órgão deve imediatamente divulgar uma errata. Não se pode esperar cinco anos para que o relatório seguinte cubra o assunto e divulgue erros encontrados.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Aquecimento Global - as origens

O Aquecimento Global é um capítulo das ciências climáticas que tem suas origens nos trabalhos pioneiros do físico e matemático francês Joseph Fourier em 1824 e do químico sueco Svante Arrhenius em 1896.

A fonte primordial de energia para manter o sistema climático terrestre é o Sol. Aplicando as leis fundamentais da Física, Fourier mostrou que sem considerar o que hoje é chamado de efeito estufa, a temperatura média do planeta deveria ser de 18 graus (centígrados) negativos, quando na realidade ela está bem acima deste valor (cerca de 15 graus positivos).

Os gases de efeito estufa existem naturalmente e fazem parte da atmosfera terrestre. O papel principal desses gases é o de aprisionar parte da radiação solar que chega à Terra, tornando-a aquecida, em condições favoráveis às formas de vida existentes atualmente.

A partir da revolução industrial, a humanidade passou a usar cada vez mais combustíveis fósseis. Isto resultou em um aumento na emissão do dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases de efeito estufa. Preocupado com isto, Arrhenius calculou o que aconteceria se a concentração do CO2 fosse dobrada, e estimou que a temperatura média do planeta chegaria a aumentar de 5 a 6 graus. Isto poderia ser bom para a Suécia, país natal de Arrhenius, mas seria um desastre para os países tropicais, como o Brasil. Em Natal, as noite amenas passariam a ser de 25 graus, enquanto os dias quentes iriam passar dos 40 graus.

Surgiu, assim, a suspeita de que o aumento das emissões dos gases de efeito estufa provocado pelas atividades humanas poderiam contribuir para um aumento da temperatura do planeta.

terça-feira, 23 de março de 2010

Mensagem do Dia Meteorológico Mundial

Reproduzimos mensagem do Presidente da Sociedade Brasileira de Meterologia, pela passagem do Dia Mundial da Meteorologia, neste 23 de março.
"A mensagem do Secretário Geral da OMM, Dr. Michel Jarruad, por ocasião do dia meteorológico mundial de 2010, mostra uma bela história desta organização que tem sido um dos principais exemplos de cooperação internacional. É bonito ver como o esforço dos países em encontrar soluções para os problemas meteorológicos e climáticos tem resultado em propostas claras e respeitadas pela sociedade. Vale ressaltar que boa parte dos avanços foram conseguidos com a cooperação e intercambio de informações entre as nações.

No Brasil estamos vivendo um momento de amadurecimento das Instituições Meteorológicas, com o aumento da cooperação entre setores públicos federal, estadual e o surgimento de novas instituições operacionais e de ensino, além, é claro, da iniciativa privada que se destaca como agente de transformação da meteorologia brasileira.

A confiabilidade das informações meteorológicas e climática no Brasil tem sido notada por toda a sociedade. É percebida de maneira clara pelo número de publicações na imprensa e como nossos profissionais estão sendo cada vez mais respeitados, ganhando prêmios nacionais, internacionais e reconhecimento público pelos serviços prestados.

Conscientes que estamos cada vez mais preparados para prestar serviço para a segurança e bem estar do povo brasileiro, neste dia 23 de Março de 2010, a Sociedade Brasileira de Meteorologia - SBMET, saúda e parabeniza  os profissionais que contribuem para o engrandecimento da meteorologia brasileira, meteorologistas ou não.

Aproveito a oportunidade para parabenizar o IPMET-Bauru e todos os profissionais a ele associados, pelos 35 anos de Meteorologia com Radar. Não tem como falar do avanço da meteorologia no Brasil sem destacar a importante contribuição e trabalho do IPMET. Lembro com carinho que foi no IPMET, lá na Vila Falcão, que há muitos anos, ainda como estagiário, aprendi os primeiros conceitos da Meteorologia.

Saudações,

Nelson Ferreira
Presidente da SBMET"

Carlos Nobre, membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)

O cientista Carlos Nobre, doutor em meteorologia, e um dos maiores especialistas mundiais em mudanças climáticas, estará em Natal no dia 29 deste mês, segunda-feira da próxima semana. Na ocasião ele fará a aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas da UFRN, em parceria com o INPE e o CRN-INPE.
Abaixo reproduzimos uma importante entrevista que ele concedu ano passado à amazonia.org (vide link www.amazonia.org.br ).
A mais recente entrevista do Dr. Carlos Nobre foi feita pelo programa Roda Viva, e pode ser acessada aqui.

Foto: Amazônia.org
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17/07/2009
- Criado em 1997 e ratificado em 2005, o protocolo de Kyoto representa a primeira tentativa de criar um acordo mundial com metas para combater as mudanças climáticas.  O tratado fixava que os países desenvolvidos deveriam reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 5,2%, em relação às emissões de 1990, até 2012.  Hoje, doze anos depois, diversos cientistas e especialistas da área ambiental criticam o protocolo como sendo tímido e sem efetividade para realmente evitar o aquecimento global.
Considerado um dos maiores especialistas do Brasil em mudanças climáticas, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Carlos Nobre não acredita que Kyoto seja suficiente.  Membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, Nobre foi um dos responsáveis pelas pesquisas científicas que mostraram ao mundo que a situação era muito pior do que se imaginava, e que as reduções teriam de ser mais acentuadas.
Segundo o pesquisador, para que o aumento de temperatura não passe de 2°C, margem segura para que não ocorram mudanças drásticas no clima, as reduções deveriam chegar a 80% até 2050.  "Portanto, o protocolo de Kyoto é absolutamente insuficiente até mesmo para servir de base para as futuras negociações", explica, em entrevista ao site Amazonia.org.br.
O cientista fala em futuras negociações já pensando na Conferência de Mudanças Climáticas da ONU, que acontece no final do ano em Copenhagen.  Grande parte da comunidade internacional espera que deste encontro saia um novo acordo para redução de emissões, que na opinião de Nobre, precisaria ser muito mais rigoroso.  "Copenhagen deve ser muito ambiciosa em colocar metas rigorosas: para os países desenvolvidos redução entre 30 e 40% até 2020 e para os países em desenvolvimento uma redução significativa no crescimento de suas emissões", explica.
Confira abaixo a entrevista na íntegra.
Amazonia.org.br - Pode se dizer que o protocolo Kyoto teve sua importância e cumpriu com sua função?
Carlos Nobre - O protocolo de Kyoto teve sua importância sim.  Ele mostrou que é possível a maioria dos países do mundo chegar a um acordo internacional que sinalize na direção de redução das emissões.  Muitos duvidavam até que seria possível chegar a este acordo.  Então o protocolo mostrou que a negociação diplomática que leva a estes acordos é possível, claro que é difícil, mas foi efetivado.  Agora, o acordo deixou muito a desejar em vários aspectos.
Em primeiro lugar ele foi muito tímido com relação às metas de redução das emissões.  Pode-se entender que ele foi assinado em 97 quando se imaginava que reduzir 5,2% em relação a 1990 dos países desenvolvidos seria um número razoável.  Mas a ciência, mesmo na década de 90 como nesta década, mostrou que as reduções deveriam ser muito superiores.
Então, esta foi a primeira falha.  O problema mais importante foi a não adesão dos Estados Unidos da América no acordo.  Isso é uma falha pós-assinatura, uma decisão do governo Bush.  Não é uma falha do protocolo em si, mas da efetivação do documento.
Uma última falha é que mesmo os países que assinaram o documento e estão tomando iniciativas não cumprirão suas metas.  Então vamos dizer que a nota de zero a dez que eu daria para o Kyoto seria quatro.  Menos do que cinco, o mínimo desejável, por que não cumpriu seu objetivo mesmo entre os países signatários.  Mas também não é zero porque ele tem sua importância histórica de mostrar que é possível atingir negociações entre um grande número de países.
Ele também permitiu que se testasse uma série de iniciativas de redução de emissões, como o comércio de certificação.  Diversas iniciativas de desenvolvimento limpo conseguiram recursos graças ao protocolo.  Principalmente no setor de energia dos países em desenvolvimento.  Nada disso aconteceria se não houvesse o protocolo.  Isso não pode ser jogado na lata do lixo, mas na minha avaliação o protocolo não tirou nem nota cinco.
Amazonia.org.br - O que deve ser mudado para que haja um protocolo com efeito?
Carlos Nobre - Eu considero que o protocolo de Kyoto foi um bom experimento para ser abandonado.  Temos que diminuir as emissões globais até metade do século em 80%.  Portanto o protocolo de Kyoto é absolutamente insuficiente até mesmo para servir de base para as futuras negociações.  A experiência sim, os erros e os acertos valem alguma coisa.  Agora não pode simplesmente imaginar que a partir de 2012 vamos melhorar Kyoto.  As bases de negociação têm que ser totalmente diferentes.
O protocolo de 97 fez metas para 15 anos depois.  Estamos em 2009 e temos que ter avanços significativos em 2015, com mensuráveis reduções dos países desenvolvidos.  Será discutido em Copenhagen algo entre 30% e 40%.  Além disso, os países em desenvolvimentos devem entrar neste novo acordo de forma significativa.  Não podem continuar crescendo suas emissões, eles precisam começar a reduzir.  A taxa de crescimento anual tem que cair muito.  Portanto prefiro nem discutir a sobrevivência do protocolo de Kyoto melhorado, mas um novo acordo.
Amazonia.org.br - Há esperanças de que Copenhagen assuma este papel?
Carlos Nobre - Todos têm essa expectativa.  Espero que Copenhagen não decepcione o mundo, que os negociadores estejam à altura do desafio histórico e à altura do que o planeta vive.  Com a ciência nos informando com muito vigor e segurança que os riscos são muitos maiores do que imaginávamos dez anos atrás, que as mudanças estão procedendo numa velocidade maior do que imaginávamos cinco anos atrás, em cima dessa crescente evidência científica nós temos que reduzir as emissões rapidamente, para não colocarmos o planeta numa rota de alto risco.  Que os negociadores e chefes de estado respondam com um acordo abrangente.  Esta é a expectativa.
Amazonia.org.br - De quanto seriam os cortes para que começasse a surtir algum efeito no clima?
Carlos Nobre - Cerca de 80% é número que a ciência hoje aponta para que houvesse 75% a 80% de probabilidade de que as temperaturas não aumentem mais do que 2ºC com relação à era pré-industrial.  Essa é uma margem de segurança boa de que nós não levaríamos o planeta a uma rápida e irreversível mudança.  Algumas mudanças hoje já se tornaram irreversíveis, mas precisamos que a irreversibilidade do colapso dos subsistemas climáticos não fosse uma norma.  Como já comprometemos 0,8ºC, e como nada pode ser feito para impedir mais 0,5ºC, a nossa margem de aumento de gases de efeito estufa é muito pequena, nós já estamos no limite.  É preciso uma redução global, não só dos países desenvolvidos, de 80% a menos do que se emitia em 1990 até 2050.
Amazonia.org.br - Existe vontade política dos países em agir nesta direção?
Carlos Nobre - Para os países, fazer compromissos de longo prazo, como até 2050, é algo mais fácil de acontecer, pois nenhum destes governantes nem vivo estará, então é fácil.  A grande questão é quais são os compromissos de 2015 e 2020.  Este é o intervalo que para que consigamos ter reduções de 30% a 40% precisaríamos pelo menos dos países desenvolvidos e uma redução marcante da taxa de emissão dos países em desenvolvimentos.  Por exemplo, se até 2020 o Brasil cumprir o que reza o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, com o desmatamento da Amazônia abaixo de 5mil km, o Brasil já reduziria suas emissões em 30% e seria um exemplo para o mundo.  Este é o exemplo que colocaria o Brasil no topo dos países limpos do mundo, se nós cumprirmos este compromisso.  Mas é importante que economias emergentes diminuam a velocidade de quanto suas emissões vêm crescendo.  Então Copenhagen tem que ser muito ambiciosa em colocar uma meta rigorosa, porém possível.
Amazonia.org.br - Você acredita que mecanismos de controle e punição ajudariam a manter a cumprir as metas?
Carlos Nobre - O protocolo de Kyoto também não tinha mecanismos de garantia do cumprimento, não havia nenhum mecanismo de punição.  Este assunto vai ser muito debatido ainda.  Eu particularmente não acredito em mecanismos de punição.  Acho que é muito difícil punir um país, ou começar a desenvolver um sistema que vai gerar inúmeras assimetrias, porque qualquer sistema que se crie em termos de mercado, e o mercado de carbono é um mercado, é historicamente usado contra os países em desenvolvimento.  Eu particularmente acho improvável a criação de mecanismos de punição.
Acredito que as metas rigorosas têm que ser objetivos que os próprios países incorporem em suas políticas internas e com muita força, da mesma forma que quaisquer metas globais de qualidade de vida, sistemas educacionais, saúde.  Os países entendem que elas existem para seu próprio benefício e correm atrás de cumpri-las.  Até existe certa competição para ver qual país vai cumprir primeiro.  Então, é muito mais provável que nós consigamos atingir metas de redução quando as populações dos países perceberem que são tão importantes quanto as metas de melhorias na qualidade dos atendimentos de saúde, da educação, etc.
Um exemplo é o caso do Brasil.  Somos nós que temos que querer reduzir este desmatamento ilegal na Amazônia.  Então em primeiro lugar somos nós que queremos seguir estas metas e entender a importância destas.  Eu entendo que assim é a melhor maneira de funcionar.
Amazonia.org.br - O Brasil tem feito um bom trabalho com a Amazônia?
Carlos Nobre - Sim e não.  Se a gente olhar a redução do desmatamento friamente nos números dos últimos anos, podemos dizer que não se pode criticar um país que de 2004 a 2009 terá reduzido mais de 60% do desmate.  Então, se a gente olha os números, só pode elogiar.  Mas é importante também observar se nós estamos criando condições de que esta redução do desmatamento seja sustentável, seja permanente, se outro paradigma de desenvolvimento da Amazônia tomou a frente do paradigma boi, da soja.  Mas ainda não, a economia da região não avançou na economia sustentável.  Então, vamos dizer assim, esta resposta é sim, nós temos que elogiar a redução e não, não ficarmos satisfeitos e comemorando este feito, porque todas as forças que pode levar ao aumento ainda estão presentes e não conhecem outra maneira de desenvolver a região sem desmatar.
Então a vigilância tem que ser muito grande, de não permitir o desmate ilegal.  O Estado de direito tem que se fazer presente.  Com relação há 10 anos, o Estado é muito mais presente hoje, é claro, mas ainda é pouco enraizado.  O fato de que tem havido progressos, principalmente através dos Ministérios Públicos Amazônicos, não pode nos deixar tranqüilos de que a legalidade do desenvolvimento está garantida.
Amazonia.org.br - A preocupação com a floresta pode entrar nos quesitos a serem discutidos em Copenhagen ?
Carlos Nobre - Tem que entrar, é muito importante.  Quando precisamos atingir a meta de 80% de redução para ficarmos no lado menos inseguro das mudanças climáticas, é lógico que o setor florestal pode colaborar com 10%, 12% desta meta até 2050 se nós hipoteticamente falamos de zerar desmatamento dos ecossistemas tropicais e subtropicais.  Alguém pode falar, "puxa, mas é muito pouco", mas não é pouco, pois as reduções têm que vir de todos os setores.  Seria ingênuo achar que só vai vir do petróleo, carvão, gás, tem que vir de todos os setores, desde a agricultura, da pecuária, da indústria.  Todos os setores tem que reduzir, e a florestas tem um papel muito significativo.
Amazonia.org.br - Diminuir o desmate não pode acentuar problemas sociais na região?
Carlos Nobre - Acho que não, acredito que este raciocínio seja completamente equivocado, porque a expansão da fronteira agrícola se dá através de grandes desmatamentos, que privilegiam uma agropecuária de baixíssima eficiência, pois as áreas desmatadas são proporcionais às áreas abandonadas, e isso não pode ser permitido.
Segundo, não há como justificar ilegalidade.  Temos que implantar o Estado de direito, o que é benéfico para todos, inclusive para a economia.  As atividades sustentáveis só conseguem competir economicamente se elas tiverem em uma competição leal.  É como justificar o tráfico de drogas porque emprega pessoas.
A pequena agricultura, que também responde por desmatamentos, também precisa receber um enorme apoio do governo, precisa ser subsidiada até que esta agricultura estabeleça padrões de qualidade e eficiência.  As áreas desmatadas por esta agricultura já são grandes e poderiam ser muito mais eficientes para as famílias que as fazem.  E isto não é expandindo esta área, mas aumentando a eficiência, e não só justificar o aumento das áreas desmatado pela agricultura familiar como uma necessidade incontornável.  Não se pode justificar uma agricultura ineficiente, que não aproveita as áreas desmatadas, para avançar, pois, dentro desta lógica, a floresta não tem salvação.
Nós não podemos nos render a um argumento fatalista, de que as pessoas precisam se alimentar.  Não é por ai, não está havendo uma explosão populacional na Amazônia, ao contrário.  A eficiência na questão agrícola é central, e deve se implantar permanentemente na produção agrícola, sem o ciclo perverso de desmate, cultivo, abandono, desmate.  Este ciclo vicioso em todos os lados deve ser interrompido, e a maneira de fazer isso é a implantação do Estado de direito de um lado e a eficiência agrícola em outro.
Amazonia.org.br - Existe algum exemplo de políticas que estão sendo aplicadas em outras florestas tropicais ao redor do mundo que sirvam para a Amazônia?
Carlos Nobre - Exemplos bons em pequena escala existe, como por exemplo a Costa Rica.  Ela vem tentando desenvolver mais sistemas para aproveitar as riquezas naturais sem agredir o ecossistema.  A Costa Rica é o país mais importante do mundo no termo de eco-turismo tropical, muito mais do que o Brasil.  É um bom exemplo, mas muito limitado.  Isso porque de fato nós não conseguimos, em termos globais, uma maneira de desenvolver regiões com florestas sem desmatar.  Este modo não existe.
Mas nós somos a única espécie animal dotada de inteligência.  Se nós transformamos o mundo a favor da nossa qualidade de vida, por que não usamos dessa inteligência para inventar um modelo de desenvolver estas regiões sem causar desmatamento?  Com a ciência que temos hoje, é possível imaginar uma economia de base florestal, com recursos da biodiversidade, dos serviços ambientais do ecossistema.  Tudo isso é possível, mas nós temos que querer.  Temos que falar que não queremos mais o desmate e inventar algo para substituí-lo.  Existem alguns projetos pilotos no mundo, mas ainda nada que consiga manter a vida de milhões de pessoas.
O desafio de inventar um novo modelo de desenvolvimento para Amazônia é um grande propulsor para o Brasil.  Está aí a oportunidade do país usar a Amazônia como alavanca para o próprio desenvolvimento.

Fonte: Amazônia.org

Salve a água potável de Natal

Esta é uma campanha do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte e achamos conveniente divulgá-la. A seguir, a nota do MP sobre a campanha e o link para assinatura online do abaixo-assinado.

O Ministério Público do Rio Grande do Norte e vários parceiros estão unidos em defesa da água potável de Natal. O esforço conjunto tem o objetivo de cobrar das autoridades a solução para o problema da contaminação do aquífero do San Vale, última reserva de água potável da Capital.

Assista o vídeo da campanha e saiba por que a água potável da cidade está quase toda contaminada e como os poluentes das fossas sépticas existentes nos bairros adjacentes ao San Vale caem no lençol freático, transformam-se em nitrato e se movimentam em direção aquela região de proteção ambiental.


Você pode ajudar a evitar esta poluição e conseguir a instalação de um sistema de esgotamento sanitário no entorno da área em que se encontram os poços de abastecimento.


A proposta é buscar o compromisso das instâncias competentes para implantar soluções efetivas para salvar o San Vale, impedindo que a contaminação do nitrato chegue na região e se perca o valioso manancial de água potável ali existente.


Participe do abaixo assinado eletrônico para pressionar o poder público estadual e municipal a priorizar a instalação de um sistema público de esgotamento sanitário para a área de ocupação do San Vale, Parque das Colinas e adjacências.
  
Aqui você pode participar do abaixo-assinado .

segunda-feira, 22 de março de 2010

Redes complexas

Na próxima quarta-feira, dia 24, teremos mais um seminário da pós-graduação em Ciências Climáticas. O palestrante será o Prof. Dr. Luciano Rodrigues da Silva, que falará sobre "Redes Complexas".
Estas redes têm sido usadas para formular a dinâmica de sistemas complexos, formados a partir de um número muito grande de elementos (ou agentes), que interagem entre si. Em alguns casos, a identificação de uma rede é simples, como os átomos ou moléculas em um material, ou indivíduos em uma dada população. Recentemente foram feitas algumas propostas para modelar aspectos do clima como redes complexas. Existe, portanto, um espectro muito abrangente de aplicações das redes complexas.
Uma boa introdução às redes complexas pode ser lida aqui.

Dia Mundial da Água

Hoje, 22 de março, é o Dia Mundial da Água.

No mês em que se comemora o Dia Mundial da Água, é preciso lembrar que, em diversos lugares do planeta, milhares de pessoas já sofrem com a falta desse bem essencial à vida.
A água é um bem precioso e insubstituível. É um elemento da natureza, um recurso natural. Na natureza podemos encontrar a água em três estados: sólido (gelo), gasoso (vapor) e líquido. Ainda classificando a água ela pode ser: doce, salobra e salgada.

O trecho acima faz parte da apresentação feita pelo portal ambientebrasil.

sábado, 20 de março de 2010

A Física da Modelagem Climática

Abaixo postamos um artigo que traduzimos do inglês. A publicação foi autorizada pelo autor, Dr. Gavin A. Schmidt, climatologista da NASA, trabalhando no Instituto Goddard para Estudos Espaciais, a quem ficamos agradecidos.



A Física da Modelagem Climática

Por Gavin A. Schmidt, janeiro de 2007


O clima é um fenômeno de larga escala que surge de interações complicadas entre sistemas físicos de pequena escala. Mesmo assim, apesar da complexidade desse fenômeno, os modelos climáticos têm apresentado resultados de um impressionante sucesso.

Projeções climáticas feitas a partir de sofisticados programas de computadores têm informado os gestores públicos do mundo acerca dos potenciais perigos da interferência humana com o sistema climático da Terra. Esses programas buscam modelar uma grande parte do sistema. Mas, qual é a física que entra nos modelos?
Como são avaliados os modelos? E quão confiáveis eles são?

A tarefa para a qual os modeladores do clima se propuseram é usar o conhecimento que eles tem das interações locais de massas do ar, água, energia e momento e, a partir deste conhecimento, explicar as nuances de larga escala do clima, sua variabilidade e resposta às pressões externas, ou "forçantes". Esta é uma tarefa formidável, e apesar de estar longe de ser completa, os resultados obtidos até agora tem sido surpreendentemente bem sucedidos. Por isto, os climatologistas tem a confiança de que suas iniciativas não são à toa.

A modelagem climática surgiu dos esforços de formular, inicialmente no anos 1920, a previsão numérica do  tempo. Todavia, somente nos anos 1960 é que os computadores eletrônicos começaram a ser capazes de atingir as extensivas demandas numéricas de um simples descrição dos sistemas do tempo. Desde então, cada vez mais foram adicionados componentes  aos modelos climáticos - terra, oceanos, gelo e, mais recentemente, aerosóis atmosféricos, a química da atmosfera e representações do ciclo de carbono. De fato, uma parte significante do trabalho interdisciplinar necessário para compreender  a mudança do clima tem sido guiado pelos desenvolvimentos dos modelos climáticos. Os modelos atuais são ferramentas flexíveis que podem responder a um amplo leque de questões, porém a certo preço: eles podem ser tão difíceis de analisar e de compreender quanto o mundo real.

Física Básica, Comportamento Emergente

A física de modelos climáticos pode ser dividida em três categorias. A primeira inclui princípios fundamentais como a conservação da energia, de momento e de massa, e processos, tais como o da dinâmica orbital, que podem ser determinados a partir dos princípios fundamentais. A segunda inclui física muito conhecida na teoria, mas que na prática deve ser aproximada devido à discretização de equações do contínuo. Exemplos incluem a transferência de radiação através da atmosfera e as equações de Navier-Stokes para o movimento de fluidos. A terceira categoria contém física que é conhecida empiricamente, tais como fórmulas para evaporação como função da velocidade dos ventos e da umidade.

Para as duas últimas categorias, os modeladores frequentemente desenvolvem parametrizações que tentam capturar a fenomelogia fundamenta de um processo de pequena escala. Por exemplo, a cobertura média de nuvens dentro de uma caixa com 100 km2 não é claramente relacionada à umidade dentro da caixa. No entanto, à medida que a umidade média cresce, a cobertura média de nuvens também cresce. Esta relação monotônica pode ser tomada como a base de uma parametrização, embora os esquemas atuais sejam significativamente mais complexos do que este meu exemplo.

Dada a natureza das parametrizações entre outros aspectos, um modelo climático depende de várias especialidades. Desde modo, cada modelo possui detalhes que lhes são únicos. Todavia, grande parte do comportamento de larga escala previsto por modelos climáticos é robusta, na medida em que ele não dependem significativamente das especificidades da parametrização e da representação espacial.

A propriedade mais interessante do sistema climático é a emergência. Isto é, os fenômenos de larga escala não são simplesmente funções triviais da física de pequena escala, mas são resultados da complexidade do sistema. Por exemplo, nenhuma fórmula descreve a Zona de Convergência Intertropical que surge de um combinação da sazonalidade do ciclo de radiação solar, das propriedades de convecção de umidade, da rotação da Terra, e assim por diante. As qualidades emergentes fazem com que a modelagem climática seja fundamentalmente diferente da resolução numérica de equações delicadas.

A modelagem climática também é fundamenalmente diferente da previsão de tempo. O tempo meteorológico é um problema de valor inicial: dada a situação de hoje, qual é a situação de amanhã? O tempo meteorológico é caótico: diferenças imperceptíveis no estado inicial da atmosfera conduzem a condições radicalmente distintas depois de uma semana ou mais. O clima por sua vez é um problema de condições de contorno - uma descrição estatística do esta médio e da variabilidade de um sistema, e não uma trajetória individual através do espaço de fase. Modelos climáticos atuais produzem climas estáveis e não caóticos. Isto significa que questões a respeito da sensibilidade do clima a, por exemplo, o aumento dos gases de efeito estufa, são bem postas e podem ser justificadamente feitas aos  modelos. Entretanto, à medida que mais componentes - como complicados sistemas biológicos e a dinâmica completa das camadas de gelo, por exemplo - são incorporados, as possibilidades de reações contrárias aumentam e passa ser concebível o surgimento de climas caóticos.

Testando Modelos Climáticos

A avaliação de modelos ocorre em dois níveis distintos - a escala menor, na qual se avalia as especificidades de uma parametrização, e a escala maior, na qual as características emergentes previstas podem ser testadas. O teste primário básico é o clima atual, particularmente a partir de 1978, quando dados significantes de satélites começaram a se tornar disponíveis.

A erupção do Monte Pinatubo, em 1991, se transformou em um bom laboratório para teste de modelos (veja a figura). Não apenas o resfriamento global subsequente de cerca de 0,5 ºC foi precisamente previsto logo após a erupção, como as respostas de radiação do vapor de água e da dinâmica incluidas no modelo foram quantitativamente verificadas.

Mais de uma dúzia de equipes pelo mundo afora desenvolvem modelos climáticos, e a capacidade de simular o clima atual tem melhorado significativamente nos últimos 20 anos. Curiosamente, a média de todos os modelos produz resultados melhores do que um modelo particular, mostrando que os erros nas simulações são surpreendentemente não tendenciosos. Tendências significativas comuns à maior parte dos modelos de fato existem - por exemplo, nos padrões de precipitação tropical.

Os modeladores de clima estão particularmente interessados em testar a variabilidade de seus modelos. Boa parte desta variabilidade é intrínseca, mas os modeladores também estudam a variabilidade causada por forçantes externas, como as órbita da Terra ou a atividade solar.  Estes estudos se tornam complicados devido às observações incompletas, à natureza dos dados de satélites, às incertezas nas forçantes e outros problemas.

A comparação mais completa de modelos já realizada está sendo atualmente feita, usando simulações que foram realizadas em 2004 e 2005 para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. As simulações realizadas para o século 20 e a posteridade estão sendo examinadas por centenas de equipes independentes que avaliarão a robustez dos resultados e ajudarão a esclarecer os problemas persistentes.

Várias questões climáticas desafiadoras continuam sem respostas. Exemplos incluem como as condições climáticas influenciam o El Niño, como respostas podem ser previstas em escala regional e como simulações de eventos raros, extremos, tais como furacões e ondas de calor podem ser validados. Tais questões podem requerer melhores representações de, por exemplo, comportamento turbulento na atmosfera próximo à superfície, efeitos dos turbilhões oceânicos, ou da microfísica das nuvens e dos aerosóis. A implementação de parametrizações mais sofisticadas e o crescente aumento na resolução à medida que os recursos computacionais crescem, sugerem que os modelos continuarão a melhorar. Porém, muitos resultados, como o efeito do aquecimento devido ao aumento dos gases de efeito estufa que fora inicialmente demonstrado em modelos mais simples há décadas atrás, foram comprovados serem extremamente robustos.

Modelos climáticos são inigualáveis na capacidade de quantificar hipóteses que, de outro modo, seriam qualitativas, e de produzir novas idéias que podem ser testadas frente às observações. Estes modelos estão longe de serem perfeitos, mas eles têm tido grande sucesso em capturar os aspectos fundamentais das circulações da atmosfera, dos oceanos e do gelo marinho, e suas variabilidades. Portanto, os modelos climáticos são ferramentas extremamente importantes para estimar as consequências das audaciosas experiências humanas conduzidas no planeta.

Figura. A erupção do Monte Pinatubo nas Filipinas produziu
aerosóis que afetaram o clima durante anos e ofereceu 
aos modeladores de clima uma oportunidade sem precedentes
para comparar modelos com observações. 
Crédito da fotografia: Dave Harlow
Foto cedida ao autor pela US Geological Survey


 O gráfico superior mostra a concentração de aerosóis atmosféricos
medidos pela profundidade ótica, representando uma indicação da
capacidade da atmosfera no bloqueio da transmissão de radiação
(neste caso, em 500 nm). A linha sólida preta mostra a média global, 
enquanto as curvas tracejadas mostram representam os hemisférios 
Norte (vermelha) e Sul (azul). O gráfico inferior mostra a temperatura
média global da superfície. As curvas verdes e púrpura foram geradas 
a partir de dois conjuntos de dados observacionais distintos. A curva vermelha
mostra a média de cinco rodadas de simulações do modelo de circulação global
E do GISS. Os círculos indicam junho-agosto e os asteriscos dezembro-fevereiro.
(Gráfico adaptado de Hansen et al.)
Referência

Hansen, J., Mki. Sato, R. Ruedy, P. Kharecha, A. Lacis, R.L. Miller, L. Nazarenko, K. Lo, G.A. Schmidt, G. Russell, I. Aleinov, S. Bauer, E. Baum, B. Cairns, V. Canuto, M. Chandler, Y. Cheng, A. Cohen, A. Del Genio, G. Faluvegi, E. Fleming, A. Friend, T. Hall, C. Jackman, J. Jonas, M. Kelley, N.Y. Kiang, D. Koch, G. Labow, J. Lerner, S. Menon, T. Novakov, V. Oinas, Ja. Perlwitz, Ju. Perlwitz, D. Rind, A. Romanou, R. Schmunk, D. Shindell, P. Stone, S. Sun, D. Streets, N. Tausnev, D. Thresher, N. Unger, M. Yao, and S. Zhang 2006. Climate simulations for 1880-2003 with GISS modelE. Climate Dynam., 29, 661-696, doi:10.1007/s00382-007-0255-8.

Artigo original disponível em: 
http://www.giss.nasa.gov/research/briefs/schmidt_04/